Não teve uma vez em que estivemos em Palmas e tenhamos deixado de dar uma passadinha no hospital. Calma. Nenhuma tragédia. Uma vez a mãe da Stela estava desidratada e ficou uma noite no soro. Outra ela estava internada mesmo, por problema de saúde. Noutra a Malu bateu com o dente na testa do primo. Há dois anos e meio, a Alice teve uma febrinha e levamos na Unimed. Desta vez, fomos com a Alice à Unimed novamente.
Ela estava sentindo uma dorzinha para fazer xixi e resolvemos ir ao pediatra de plantão. Uma hora para ser atendido mesmo ser não criança alguma na fila — explica! Se o plano particular do Brasil é assim, imagino o SUS do Paraguay. Entramos no consultório e, sem nem um boa-tarde, o médico me solta em portuñol tocantinense: “¿que pasa?“. Lembrei novamente do Paraguay. Alice achou divertidíssimo e ficou imitando ele falar. Perguntou “¿Toma baño de água corriente ou de bañera? (dizem — “dizem” — que eles não têm chuveiro no Paraguay). “Chuveiro!”, respondemos, “mas tem tomado banho de piscina”, para não dizermos “de lago também”. Mal olhou para a cara da criança, quanto mais a examinou, e deu o veredito (quer dizer, o diagnóstico): “¡infección urinária!“. “E não precisa fazer exame de urina?” — somos curiosos. “¡No!“. Tá bão, então. Receitou um antibiótico.
A dorzinha para urinar tinha passado, mas chegando em casa resolvemos ligar para nosso herói, doutor Chiucheta, em Pelotas. “Claro que tem que fazer exame de urina, antibiograma com cultura!” Não tínhamos prescrição. Poderíamos pagar particular e resolver o caso, mas decidimos voltar à Unimed no dia seguinte para outra consulta e pedir para o paraguaio prescrever.
Depois de uma hora e meia de espera, agora sim com bastante gente aguardando, fomos atendidos por outro plantonista. Eu cantei a pedra pra Stela, dizendo que ele não aceitaria cumprir com uma solicitação de um colega e indicar o exame. É o orgulho médico. E, mesmo se aceitasse, sugeriria uma análise diferente. Dito e feito. Pediu um exame simples e não de cultura. Se desse alguma coisa, aí sim, pediria o segundo. A Stela ainda perguntou se não poderíamos fazer os dois ao mesmo tempo. Ele deu a maior engambelada da história da medicina contemporânea. Disse que não era possível com uma única amostra, porque o de cultura se faz com coletor esterilizado e o simples não. “Cuma?!” Eu dividiria a amostra e cuspiria dentro da do simples se fosse preciso.
Mesmo a Alice não sentindo mais dor, autorizamos os exames, um pelo plano e o outro particular, com a mesma amostra, claro. O prazo é de 3 dias para ficarem prontos. Hoje é segunda e viajaremos na quarta. Mesmo a atendente insistindo e discutindo que de segunda à quarta são três dias — e que daria tempo — a gente vai pedir para alguém pegar na quinta e nos enviar, porque o pessoal da Unimed também não consegue mandar email.