A Quem Interessa Vender Vacina Contra a Meningite?

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Prefeitura de Pelotas
Há dois anos não são registrados casos de meningite meningocócica do tipo C em Pelotas. A notícia é boa. Mas os cuidados e a prevenção não podem ser deixados de lado – principalmente no inverno quando há mais chance de contágio.

Leia a notícia completa no site.

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Gostei do post tranquilizador da Prefeitura de Pelotas no Facebook. Está havendo um campanha popular alarmista (espontânea ou não, não sei) sobre a meningite no estado. Fui, então, investigar sobre assunto. O que está acontecendo, segundo os jornais, é um surto em um bairro de Cachoeirinha. Até a semana passada, houve 48 casos e 10 mortes, o que fez triplicar os casos gaúchos, mas só por causa desse bairro. A Secretaria de Saúde disse que no restante do RS o número de casos continua igual ao do ano passado. 83% do público-alvo desse bairro já foi vacinando e o governo não vai (até então) ampliar a campanha para outros locais pois não há necessidade e disse que vai recorrer se as Prefeituras exigirem na justiça. Ou seja, é importante ficar atento, mas sair enlouquecidamente pagando mais de mil reais para vacinar seu filho é meio desespero. Segundo um amigo do setor da saúde, é mais provável, na situação atual da doença, ser acometido pelos efeitos colaterais da vacina do que seu filho ser contaminado. Não sou médico, por isso, meu conselho, na situação atual é: informe-se com o seu pediatra, tenha seu próprio discernimento e fique atendo aos sintomas. Ah: e consulte a carteira de vacinação do seu filho: ele já pode ter sido vacinado e você nem lembra.

Pode acreditar: tem muita gente mais interessada em lhe vender uma imunização desnecessária por mais de mil reais do que com a saúde do seu filho. A indústria da saúde é assim. Sinto informar.

Imagina o SUS da Jamaica

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Exame de urina do mundo perfeito

Não teve uma vez em que estivemos em Palmas e tenhamos deixado de dar uma passadinha no hospital. Calma. Nenhuma tragédia. Uma vez a mãe da Stela estava desidratada e ficou uma noite no soro. Outra ela estava internada mesmo, por problema de saúde. Noutra a Malu bateu com o dente na testa do primo. Há dois anos e meio, a Alice teve uma febrinha e levamos na Unimed. Desta vez, fomos com a Alice à Unimed novamente.

Ela estava sentindo uma dorzinha para fazer xixi e resolvemos ir ao pediatra de plantão. Uma hora para ser atendido mesmo ser não criança alguma na fila — explica! Se o plano particular do Brasil é assim, imagino o SUS do Paraguay. Entramos no consultório e, sem nem um boa-tarde, o médico me solta em portuñol tocantinense: “¿que pasa?“. Lembrei novamente do Paraguay. Alice achou divertidíssimo e ficou imitando ele falar. Perguntou “¿Toma baño de água corriente ou de bañera? (dizem — “dizem” — que eles não têm chuveiro no Paraguay). “Chuveiro!”, respondemos, “mas tem tomado banho de piscina”, para não dizermos “de lago também”. Mal olhou para a cara da criança, quanto mais a examinou, e deu o veredito (quer dizer, o diagnóstico): “¡infección urinária!“. “E não precisa fazer exame de urina?” — somos curiosos. “¡No!“. Tá bão, então. Receitou um antibiótico.

A dorzinha para urinar tinha passado, mas chegando em casa resolvemos ligar para nosso herói, doutor Chiucheta, em Pelotas. “Claro que tem que fazer exame de urina, antibiograma com cultura!” Não tínhamos prescrição. Poderíamos pagar particular e resolver o caso, mas decidimos voltar à Unimed no dia seguinte para outra consulta e pedir para o paraguaio prescrever.

Depois de uma hora e meia de espera, agora sim com bastante gente aguardando, fomos atendidos por outro plantonista. Eu cantei a pedra pra Stela, dizendo que ele não aceitaria cumprir com uma solicitação de um colega e indicar o exame. É o orgulho médico. E, mesmo se aceitasse, sugeriria uma análise diferente. Dito e feito. Pediu um exame simples e não de cultura. Se desse alguma coisa, aí sim, pediria o segundo. A Stela ainda perguntou se não poderíamos fazer os dois ao mesmo tempo. Ele deu a maior engambelada da história da medicina contemporânea. Disse que não era possível com uma única amostra, porque o de cultura se faz com coletor esterilizado e o simples não. “Cuma?!” Eu dividiria a amostra e cuspiria dentro da do simples se fosse preciso.

Mesmo a Alice não sentindo mais dor, autorizamos os exames, um pelo plano e o outro particular, com a mesma amostra, claro. O prazo é de 3 dias para ficarem prontos. Hoje é segunda e viajaremos na quarta. Mesmo a atendente insistindo e discutindo que de segunda à quarta são três dias — e que daria tempo — a gente vai pedir para alguém pegar na quinta e nos enviar, porque o pessoal da Unimed também não consegue mandar email.