A instituição salário mínimo é comemorada até hoje como uma vitória da classe trabalhadora. Evidente sua importância, claro. Porém, tenho uma teoria (não sei se é só minha, pois sou ignorante no assunto) de que tão necessário quanto, seria convencionar também um teto de rendimentos, inclusive para empresários — um salário máximo. Não pense que não sou a favor da meritocracia e que sou contra os incentivos à maior capacidade produtiva. Não é isso. Mas quem precisa de seis milhões de EUROS por mês como o jogador de futebol argentino Lionel Messi? O que a pessoa faz com tudo isso? Imagino que nem se tentasse, com todo emprenho, não conseguiria gastar tanto. Bill Gates é um cara do bem. Com a fortuna que tem, talvez qualquer um de nós também fosse. Mas o dono da Microsoft já doou metade da sua fortuna bilionária para caridade e, pasmem, já acumulou tudo de novo!
Pode parecer ingenuidade, mas não é.
A questão do salário máximo não diz respeito apenas a quanto alguém consegue ou não gastar mensalmente. Ela é sobre uma melhor distribuição, não só de renda, mas de oportunidades. Pensem em um empresário cheio de mérito, que empregue centenas de pessoas, que comande uma companhia superavitária. Ao final do ano, nada mais justo do que receber o retorno (lucro) sobre o esforço que seu negócio fez. Em alguns casos, esse montante será tanto que esbarrará no caso exemplificado das grandes estrelas do futebol. Mesmo que tente, não dará vencimento na sua fortuna; acumulará recursos suficientes para viver 100 vidas, incluindo a de seus herdeiros. Convenhamos que ninguém precisa de tanto.
Quando falo em salário máximo, ou rendimento máximo, também não me refiro a pouca coisa. Não vejo problema em ser generoso com o esforço e trabalho das pessoas. Não cairei na armadilha de valorar quanto seria, mas vislumbremos um teto na casa das centenas de milhares de reais. Um profissional bem sucedido — muito bem sucedido (muito mesmo!) — poderia ter suas retiradas de resultados da empresa limitadas por esse rendimento máximo. Assim, o restante da lucratividade da companhia não viraria apenas dinheiro no bolso de alguns, mas reinvestimento no próprio negócio, ampliação fabril, conquista de mercado, injeção em inovação, mais qualidade de vida e de trabalho aos colaboradores, enfim, fazer a roda girar. E se, a retroalimentação for tão eficiente assim, criará um círculo virtuoso que exigirá a doação de recursos, como optou o tio Bill.
Tá aí a tal da utopia de novo.