Após este tweet, se desenrolou outra história. A mulher do presunto estava à minha frente na fila do caixa. O presunto não era presunto, de fato, mas mortadela. Não por isso — eu adoro mortadela — mas por outros atributos físicos (que não são convenientes propagar), além da sujeira da criatura, meu DNA de preconceito acionou meu estado de alerta. Ela trazia no carrinho esse pacotão da fiambreria pesando cerca de 1kg, algumas latas de ervilhas e um sachet de molho de tomate. Perguntou à atendente quanto custava a mortadela, como se não houvesse etiqueta de preço. A moça respondeu: “dois e sessenta e oito.” “Barato! Foi por isso que ela comprou 1kg” — pensei — “Aproveitou a promoção”. Porém, registrou apenas os frios e pagou, deixando o carrinho com os demais produtos atrapalhando minha passagem. Pediu para que eu empurrasse-o para trás. Virginiano que sou, neguei. Além de ter uma fila considerável e o Nacional da Bento não esbanjar espaço físico, carrinho se passa para frente. Sugeri e ela atendeu. Foi nesse momento que a ocasião fez o ladrão.
Das demais coisas que sobraram, devolveu apenas o extrato de tomate, dizendo que não iria levar. Jogou a mortadela sobre as latas e saiu empurrando o carrinho como se nada tivesse acontecido. Fiquei puto. Denunciei, mas a atendente se fez de desentendida para evitar confronto direto com a “cliente”. Quando fingiu entender, deu-se o tempo suficiente para a mulher estar a dez passos de distância. Sem ter como justificar a conivência, a caixa meteu um olhar 43, semifechou um dos olhos, franziu a testa e disse ardilosa:
— Pode deixar. Ela volta!
Imagino que vá esperá-la com uma emboscada do nível da SWAT ou alguma vingança estilo Charles Bronson em Desejo de Matar.