Cedo da manhã, de saída para o supermercado, mulher se despede do marido que está acordando.
— Tchau, amor.
— Tchau.
— Quer alguma coisa?
— “Alguma coisa”?
— É.
— Tipo “qualquer coisa”?
— É. Qualquer coisa. Tô indo ao supermercado.
— Tipo, gênio da lâmpada?
Fingindo acompanhar o bom-humor matinal do marido:
— É. ”Tipo gênio da lâmpada”.
— Quantos pedidos?
— Vamos logo, Breno! Tô com pressa.
— “Quantos pedidos?”, eu perguntei.
— Um. Só um pedido!
Se fossem três, certamente arriscaria queimar o primeiro com a tradicional técnica que desenvolveu mentalmente durante a vida, para caso um momento desses acontecesse: “eu quero ter pedidos infinitos”. Porém, como era um só, preferiu não correr risco de desclassificação e resolveu ser certeiro, inequívoco; pedir aquilo que todo homem almeja ao acordar com sua ereção matinal:
— Um boquete.
Ela não trouxe nem um iogurte.