Imagine que você abre um negócio. É um clube secreto. Ele tem sede em um prédio preto, com a porta preta, com placa preta sem letras. Pessoas se associam, e apesar de terem fornecido seus dados, as carteirinhas de acesso que recebem não contêm nenhuma identificação. Quando entram no clube, se tornam anônimos. Não há luz no interior e o porteiro encapuzado entrega a elas uma máscara após suas carteirinhas de acesso serem liberadas na catraca. Lanternas e velas são proibidas lá dentro.
Os membros tateiam as paredes e conseguem saber o que está escrito nas portas das salas internas, e escolhem uma para ingressar. No interior, encontram pessoas também não identificadas. Elas só podem falar e ouvir. Não veem nada. Mas conseguem criar novas amizades com outros que, como elas, estão interessados na proposta de assunto da sala.
Em determinado dia, acontece um crime na cidade, e o criminoso é pego com uma carteirinha do clube secreto. As investigações descobrem que a ação foi planejada em uma de suas salas, e que, possivelmente, outros membros do clube são cúmplices e/ou membros da mesma quadrilha.
A Justiça expede um mandado de busca e apreensão na sede do clube secreto. Mas chegando lá os agentes da polícia são barrados pelo porteiro. Ele chama seu superior que diz que não pode permitir que a polícia ingresse no local, pois, afinal, se trata de um “clube secreto” e que entrar ali significaria ir contra o contrato de adesão de seus usuários, a liberdade de expressão e os “direitos humanos” que regem seu propósito.
A Justiça, então, determina multa diária elevada até que o dono do local ceda. Mas ele continua irredutível e argumenta que todo interior da casa é escuro e que não pode, nem se quisesse, acender as luzes, porque elas nem ao mesmo existem. E que há um aparato tecnológico que apaga imediatamente qualquer tipo de iluminação que adentre no espaço.
O que você acha que tem que acontecer com o Telegram e com todas as redes sociais que, não só se isentam da responsabilidade sobre o que acontece lá dentro, como criam meios para acobertar qualquer tipo de “privacidade” e “liberdade”?
Ah, você não confia na Justiça ou na Polícia? Mas confia no Clube Secreto e no que acontece lá dentro às escuras?