Abra sua câmera na aula

Pensem no professor que abre a sala de aula on-line e vê os alunos entrando: imagens pretas com um círculo no meio e as inicias vão pipocando.

— Quem seria mesmo o AP, o CK, o MN, o JE?

Fazem a chamada e, depois, tirando o CDF que interage (quando há um), ministram a disciplina para o vazio. Não sabem se os alunos apenas deram entrada e desapareceram, não têm feedbacks sobre a compreensão da turma, não recebem um sorriso de canto de boca perante uma brincadeira, nem uma expressão de não compreensão a qual ele poderia ajudar a resolver. É uma aula solitária dada em frente a um abismo de incertezas. É quase como se gravasse um vídeo e reprisasse para todas as turmas. Acho que ninguém espera isso da educação.

Esta semana fui convidado para um bate-papo na disciplina de redação publicitária da Comunicação Social da UCPel. Só eu e a professora em vídeo. Todos os demais eram telas pretas. Pelo menos, alguns escreviam no chat. Outros nem deveriam estar escutando. Suponho que entraram apenas para ganhar presença.

Perguntei para as minhas filhas por que faziam isso. As respostas foram:

— Ah, a gente está feia, de pijama, tomando café.

— Não quero aparecer assim pra toda turma.

Mas aqui em casa mudou. Hoje a Malu abriu a câmera na aula de literatura. Em seguida uma colega também abriu e, logo, todos estavam de câmera ligada e o professor emocionado.

A partir de amanhã, acordarão meia hora antes para tomar seu café, se arrumar e assistirem as aulas sentadas à mesa. É o mínimo de respeito que um professor merece receber.

#AbraCameraNaAula