Sim, eu sou do século passado, como todos que devem estar lendo isto. Mas não é desse tipo de geração que estou falando. Minha questão é sobre equipametos eletrônicos portáteis
Tenho certo constrangimento quando me ponho, em público, a manusear certos gadgets. Explico melhor: quando foi lançado, é claro que eu queria ter um iPod, tanto que comprei pouco depois. Mas preferi um preto e pequeno (Nano). Ao encomendar, achei que os fones também seriam escuros; discretos. Minha intenção era não parecer estar usando um iPod. Era sinal de status andar com fones brancos nos ouvidos, mesmo que o som estivesse saindo de um Jwix ou qualquer outra marca-diabo – sou avesso a modismos e mais ainda a exibimentos. A decepção foi quando chegou e os fones não eram da cor aparelho. Só não fiquei mais frustrado do que com a anatomia e som que saiam dele. Imediatamente resgatei os meus antigos fones Sony que, além de tudo, são pretos.
Uma vez estava em um aeroporto, quietinho com meus in-ear pretos e com o Nano em sua capa de couro no bolso, quando sentou ao meu lado um gurizão com um iPod Video gigantesto, branco e, pasmém, dependurado no pescoço. Deu vontade até de mudar de lugar. Sabe vergonha alheia?
E quando chegaram os celulares? Na época, disse que só teria um quando deixasse de ser extravagante e chamativo atender a uma chamada no meio da “Mesbla”, por exemplo. Mas os dito-cujos se popularizaram rápido e logo tive meu telefone móvel. E a Mesbla, coitada, fechou.
Penso o mesmo sobre o iPhone. Claro que eu estou me mordendo pra ter um. Mas imagina eu escrever este texto, no meio da festa de aniversário da minha afilhada, em um iPhone. Ninguém percebeu enquanto eu fazia isso com meu Nokia de 3 anos atrás. Mas não passaria incólume com um iPhone.
O pior é que, à medida que vou ficando mais velho, só tende a piorar.