Eu não sei. Não sou e nunca fui petista. Mas sempre admirei a obstinação ideológica deles. Mesmo que eu não concordasse com ela. Esse escândalo todo me fez pensar em algumas coisas. Até o momento, pelo menos, o que parece é que nenhum membro do partido utilizou o “esquema” para tirar proveito financeiro próprio. A questão central era fortalecer suas idéias e seus projetos na câmara. Tenho a impressão que, ao tomar essa decisão, o PT pensou: “são todos uma corja; se é para serem corrompidos, que seja por um boa causa; a nossa causa.” Só que, aí, o PT se esquece de um detalhe, de que os fins não justificam os meios. E, pior, de que usar dinheiro público para isso é uma traição à nação e aos seus próprios princípios. E foi nessa mesma onda que a campanha para presidente se baseou, sendo extremamente populista, prometendo empregos que não existem nem existirão; falando o que o eleitor queria ouvir. O PT viu que para chegar lá, não havia outra forma senão a método comum, utilizado por todos há séculos: “minha causa é justa, não importa as ferramentas que eu use.” E é aí que entram todos os grandes vilões da história, acreditando na sua verdade e usando a mentira para alcançá-la. Heloísa Helena já sabia disso quando deixou o partido? Quem lá dentro do Planalto não sabia disso? Imaginem quantas situações semelhantes existem e ninguém comenta; acobertam, como quem diz: “ah, isso é assim mesmo”.
Meu ponto de vista sobre esta questão coincide exatamente com o teu, apesar da minha concordância com o posicionamento ideológico (pelo menos, teórico) do PT. Tudo isto que está acontecendo só me faz perder mais um pouco da pouca crença que me resta no processo democrático. O que adianta um partido (teoricamente) correto chegar ao poder, se apenas a maioria na câmera garante que as mudanças realmente vão acontecer? Eu sei que parece ridículo eu querer culpar a democracia pela corrupção, mas, enquanto disputas políticas forem a única razão para as transformações (ou a ausência delas), é assim que vai ser.