A língua é um dos maiores patrimônios de um povo. Ela e suas diferentes nuanças e subdivisões. O jeito como nos expressamos, as palavras que criamos e que transformamos são parte do que somos. Esse processo ajuda cada sociedade e microssociedade a tornar-se única. Todo mundo está careca de saber. Porém, os diferentes acentos linguísticos são também causa de desavenças interculturais e preconceitos. Inclusive meus.
Não tenho dúvida alguma que o sotaque mais detestável do mundo é o do gaúcho. Mais precisamente do porto-alegrense. Mais precisamente ainda do “magrão” porto-alegrense. Lembrando que o termo “magrão” é mais uma das expressões típicas de nossa cultura e que ninguém reconhece nos demais cantos do país. Mas não é isso que me dá nos nervos.
O que me incomoda não é o acento natural do porto-alegrense (que espalha-se como peste no interior do estado), mas a forçação-de-barra para deixá-lo mais jovial; a cantada arrastada na tentativa de ser mais aprazível, mais delicado, carinhoso. E não são só os “magrões” que se valem do recurso. Olhem alguém comum dando entrevista na TV. Sempre exagera no arrastado, nos “nés”, nos “nés” arrastados. Arrrrgggg! Esses vícios só fazem piorar a já má impressão. Fico com vergonha alheia, (ou seria só “vergonha”) porque também sou gaúcho, também tenho sotaque, mas não faço parte desse grupo. Aos olhos de fora, todos falamos igual. Mas não falamos! Eu sou diferente! Eu juro.
Eu odeio mesmo é o “tá ligado?” que muitos porto-alegrenses usam no final de cada frase.
“véio, tá ligado?”
Odeio mesmo é sotaque de catarinense e mineiro. Paulista também. Mas concordo que o de gaúcho também é irritante. Na verdade, eu não gosto muito de gente que fala.
Por isso que eu prefiro escrever. : )
Malditos seres humanos!