No começo, o Supermercado Big de Pelotas era um oasis. Corredores amplos, boa variedade de produtos, muitos caixas, estacionamento coberto, pracinha de alimentação. Era o shopping center do pelotense. As famílias iam pra passear; pra mostrar pros parentes que vinham do “interior”. Nada mais ridículo e provinciano. Por um tempo eu fui cliente semanal, pois gostava da amplitude e variedade. Preferia ir aos domingos de manhã. Logo que abria lá estava, para pegar pouco movimento e esperar menos nas filas. Foi então que a rede mudou de dono. Passou do controle português do Sonae para as mãos dos americanos do Wal-Mart – a maior empresa do mundo.
O negócio do Wal Mart é preço. E todo mundo sabe que preço e qualidade são duas faces da moeda (tomemos isso como regra, para não entrarmos em um nível de discussão sensacionalista sobre as prováveis estratégias administrativas que não temos conhecimento real). E as mudanças começaram a acontecer: marcas habitais começaram a sumir das prateleiras; negligência com remarcação de produtos causava divergência entre código-de-barras e etiqueta; prateleiras não repostas; poucos caixas abertos. Mesmo nas manhãs dominicais, bem cedo, os check-outs já não davam mais conta do recado. As filas se formavam rapidamente. Além dos caixas rápidos, abria apenas um na primeira meia hora e iam acionando outros de tanto em tanto tempo. Um pensamento lógico até, mas em uma velocidade que subestimava o tamanho da demanda acumulada. Mesmo nos primeiros dias do mês quando, todo mundo sabe, o consumo aumenta significativamente em virtude do pagamento dos salárioso, o processo era o mesmo. O tempo útil do meu dia de descanso foi sendo, semana a semana, reduzido, até que, certa vez, depois de fazer um de meus ranchos dos grandes, me deparei com apenas duas filas, dos cerca de 20 caixas montados, e com mais de 10 pessoas em cada. Eram 10 horas da manhã de domingo, tinha chegado pouco depois das 9. Perderia, no mínimo, mais meia hora quarando ali. Uma hora e meia de supermercado é só pra quem gosta. Abandonei o carrinho e me dirigi bufando à saída. “Por que a gente tá indo embora, pai?” “Por que este supermercado não respeita a gente, filha.” No caminho, cruzei por algum tipo de gerente e questionei se não abririam outros check-outs. Extávamos no começo de mês. Tinha muito movimento. A resposta foi que novos funcionários assumiriam em meia hora. Excomunguei todos enquanto outra consumidora indignada dizia: “isso mesmo, a gente tem que reclamar”. Retruquei: “não temos que reclamar nada, temos que ir embora comprar em outro lugar. Simples assim.” Nunca mais voltei. O horário que eu frequentava nem é o mais caótico. As filas são muito maiores aos finais de tarde, por exemplo.
Sinceramente, não entendo esse povinho pelotense. Gosta de ser maltratado. Gosta de serviço de segunda. O fanatismo pelo Big é só mais uma prova disso. Sou a favor de empresas de fora quando vêm para mostrar excelência em produtos ou serviços, pois fazem a concorrência local evoluir. Agora, quando vêm para trabalhar mal e ainda são adoradas, abomino, bem como seus consumidores. E a culpa é de quem? Não mais minha, graças a Deus.
Esta semana surgiu um comentário na cidade que o Big estaria com as fundações comprometidas devido ao mau dimensionamento da estrutura. Dizem que irão se mudar provisoriamente para o lugar onde é o Maxxi, o macroatacado recém inaugurado do Wal-Mart que parece também ir mal das pernas, não estruturalmente, mas comercialmente. Mesmo com os “boatos” de possível desabamento que correm pela cidade, passei hoje em frente ao Big e estava, pasmém, cheio. Ô povinho desgraçado.
Eu rezo todo dia por um Zaffari em Pelotas.
Oi Cuca! Pois quando estive ai o que me chamou a atenção foi a pouca quantidade de produtos. Não digo com relação a variedade, digo quantidade de cada variedade… pouca coisa nas prateleiras. Bom, estou começando a praticar o comércio justo e responsável, ou seja, tentar comprar os produtos mais perto da minha casa e de preferência de comerciantes locais, para fomentar o pequeno comercio e fazer com que o dinheiro gire dentro da nossa própria escala. Deixar de comprar nas grandes redes, que usam o nosso dinheiro bem longe da nossa região, pode ser uma pequena atitude “social”. É dificil, porque estamos acostumados (e gostamos) de variedade e preços baixos… mas enfim, pouco a pouco podemos começar a mudar de mentalidade e também economizar. Abração! :)
Cuca, não são só os peloteneses que são mal tratados pela ditadura do Wall Mart de oferecer péssimos serviços, aqui em Porto Alegre não é diferente e ja escrevi mais de um post no meu blog falando mal deles. Mas não adianta, enquanto não houver um boicote por parte dos consumidores, eles vão preferir continuar perdendo clientes como tu. Só que as pessoas são muito ignorantes e jamais vão se dar conta de que somente a atitude delas pode mudar alguma coisa. Mas não, elas ainda preferem pegar sua cuia, sua garrafa térmica e ir passear no Big aos domingos. Beijos
cara, aqui em Curitiba eu só compro em supermercados locais, tem a rede muffato, a condor e a minha preferida, do festval eles empregam pessoas com deficiências leves como empacotador. Dai têm um para cada caixa, é um tanto mais caro que Big e Mercadorama mas foda-se o serviço é incomparável como um todo e têm variedade de produtos. Noto que esses super grandes fecha com uma marca de pepino, por ex, e só tem aquilo. O Andy me falava que ele gostava muito de comprar nas 3 vendas, não lembro o nome do super.