Aqui no sul, todo mundo só fala neste final de Campeonato Brasileiro de Futebol. O Internacional pode ser campeão se houver uma combinação de resultados que inclui a vitória do Grêmio sobre o Flamengo no próximo jogo. Como manda a ridícula tradição desse esporte, os torcedores preferem a desgraça de seu rival do que a vitória de seu time.
Tanto os fanáticos tricolores quanto a esquadra gremista e seus dirigentes não escondem a intenção de perder propositalmente a partida contra o rubro-negro para prejudicar seu conterrâneo e desafeto colorado. Agora me diga: como a CBF, a FIFA, a mãe de cada jogador, o bispo, Deus — ou sei lá a quem mais cada um deles deve satisfação ética, legal, espiritual, ou moral — permitem que tamanha antidesportividade e falta de vergonha na cara aconteça sem punição? Não é o esporte que ajuda a formar o caráter do jovem, a construir uma nação patriota? Não é o esporte que une pessoas e povos em torno de disputas saudáveis; que inspira os homens a ultrapassarem seus próprios limites? Não é o esporte que nos ensinou a máxima “o que importa é competir”?
A disputa entre torcidas em tom de brincadeira é saudável. Cultivar a raiva e a falta de escrúpulos e de espírito esportivo é desprezível. Se esse tipo de conduta é condenável em outros níveis, como no profissional (quando se sabota um concorrente) e no social (quando se prejudica outra pessoa) para obter-se qualquer tipo de benefício, por que é tolerável no âmbito esportivo?
É por essas e outras que eu não acompanho futebol. Prefiro Mario Kart.
Eu tava pensando nisso esses dias. Concordo totalmente contigo.
Concordo. Mantenho uma distância do futebol que só reduz em época de copa do mundo, e só por que é motivo para reunir os amigos na frente da TV. :)
A questão é muito mais complexa e precisa ser analisada fora do ponto de vista alarmente da imprensa. Os caras falam como se o Grêmio tivesse a obrigação de ganhar do Flamengo na hora que bem entender. A verdade é que o Flamengo tem um ótimo time e o Grêmio tem uma campanha péssima em partidas fora de casa nesse ano (ganhou apenas do Náutico) e perdeu a maioria dos jogos. Ou seja, mesmo que o Grêmio “queira” ganhar, dificilmente vai conseguir. Além do mais, a partida não vale absolutamente nada para o Grêmio. Que obrigação e motivação tem o clube para essa última rodada? Nenhuma. Já o Flamengo encara a partida como o jogo mais importante dos últimos 20 anos. O Grêmio não precisa entregar o resultado, claro, mas tem o direito de escalar um time misto e testar novos jogadores se assim entender. O resultado não faz a menor diferença. E o Inter, bem, devia ter feito uma campanha melhor para não chegar na última rodada dependendo de resultados que fogem de seu alcance.
“alarmante”, não “alarmente”. :)
Mas a questão não é ter ou não capacidade para vencer. A questão é não ter a mínima vontade de fazê-lo. No momento em que um jogador entra em campo, seja profissional ou amador, seja o Robinho, o Tcheco, o Bruno Mezzenga (sim, existe um jogador com esse nome no Flamengo) ou eu, tem que haver a vontade de vencer. Caso contrário, acabou o esporte.
Concordo, mas só tem sentido vencer se isso te traz algum benefício. O Grêmio, no caso, tá ferrado, não tem condições de alcançar mais nada no campeonato. Ganhar por ganhar, ainda mais beneficiando o maior rival… não vai rolar. Também acho um absurdo um time entrar pra perder e acredito que não irão fazer isso. Mas jogar à sério uma partida irrelevante, também não tem por quê. A rivalidade Grenal já extrapolou todos os limites da civilidade, infelizmente, e nisso concordo plenamente contigo. Mas voltando ao campeonato: no meu caso, já estou feliz de os bambis não levarem a taça de novo esse ano. Hehehe
Pra mim um jogo vale o prazer de tentar vencê-lo. O que vier a mais é lucro.