As Nuanças do Preconceito 2

Nota do editor

Faz tempo que escrevi isso e minha opinião mudou bastante. Mas não irei apagar nem alterar por uma questão histórica de meu amadurecimento.

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Já escrevi sobre o assunto aqui. Despertei pra outra questão a respeito.

No censo recente do IBGE, na pergunta sobre raça, os entrevistadores são orientados a registrarem exatamente a expressão do cidadão sobre a sua. Ou seja, se disser que é negro, mulato, moreno, pardo, preto, amarelo, afro-descendente etc – mesmo que muitas delas nem mesmo sejam consideradas raças propriamente ditas –, assim será contabilizado. Deixando a cargo de seu próprio entendimento, corta-se pela raiz qualquer discussão desnecessária criada pelos polemicistas raciais de plantão. Mesmo assim, eles insistem em alimentar a discussão e fazer girar a roda do preconceito.

A questão que volta à pauta é o orgulho negro; o assumir-se negro. Alegam que muitos “negros”, por falta de identidade e consciência racial – ou qualquer outra acusação ainda mais preconceituosa que o próprio assunto – categorizam-se como mulatos, pardos, morenos. Ora, raciocinem comigo. Se a pessoa é fruto de uma miscigenação, obviamente, em primeira análise, é tão de uma raça quanto de qualquer outra que o tenha gerado. Em segunda análise, pode, inclusive, ter mais genes brancos do que negros. Então, por que, diabos, os conturbados e autoentitulados líderes da brigada antipreconceito esbravejam, cheios de razão, que deve-se “assumir negro”? “Negra” é apenas uma porcentagem de sua raça. Ou, geneticamente, os genes negros são mais importantes do que os brancos e, na presença de uma ínfima percentegem deles, deve-se considerar a pessoa negra como um todo? Creio que não.

Eu estou com o IBGE. Além de não fazer a menor diferença qual é(são) a(s) raça(s) de uma pessoa, enquanto não houver possibilidade científica de aferição, que cada um tenha a liberdade (e o bom senso) de se categorizar da forma que melhor lhe convir; que melhor sentir. Se não fosse por questões estatísticas importantes para estudos sociais, ainda ousaria dizer que de nada importa também a questão pesquisada. Azar a raça das pessoas. Vamos esquecer disso e ser felizes. Vamos discutir sobre religião, futebol e gostos. Isso sim se discute.

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