A revolução digital está fazendo bem à música? As constantes mudanças no regulamento da Fórmula 1 estão surtindo o efeito esperado quanto à popularidade do esporte? Quando as canções que conhecíamos eram, predominantemente, as que as grandes gravadoras impunham, tínhamos mais tempo de contato com cada artista na mídia e mais chances de assimilarmos uma ideia, mesmo que à força; mesmo que ruim. Quando havia a supremacia de uma equipe e um piloto, como Ayrton Senna e Michael Schumacher, criavam-se heróis tão importantes, por exemplo, à formação da personalidade de crianças e que elevavam o nome do esporte. Agora, as opções musicais que temos são tantas, mas tantas, que, na ânsia de ouvirmos tudo, acabamos não ouvindo nada direito. São tão equivalentes as chances de cada time ou piloto chegarem ao pódio que nenhum desponta, chama nossa atenção ou desperta nosso imaginário em busca de um ídolo. “Eu ontem baixei 35 discos.” “Pô, viu como o campeonato este ano está equilibrado?”
Parece que estou reclamando que as majors estão perdendo a força e que a música independente tem mais chances de competir? Será que estou discordando que a cauda longa esteja atingindo até o automobilismo? Claro que não precisamos de um filtro com interesses comerciais ao invés de artísticos. Claro que o talento humano deve prevalecer ao poder econômico das máquinas de correr. Claro? Móveis Coloniais de Acaju não deveria estar dividindo as páginas da Rolling Stones com o Paralamas do Sucesso? A Brawn de Barrichello não merece ter as mesmas chances do que a Ferrari de Massa? Eu devo continuar baixando todos os álbuns de todos os artistas que tenho curiosidade e não dar atenção direito a nenhum deles? Devo continuar torcendo por um brasileiro que em um domingo pode vencer e no próximo chegar em último?
As pessoas estão virando pseudoconhecedoras de tudo mas especialistas em nada. Information overload. Será que o ser humano tem vocação para ser dono do seu próprio nariz? Por que estou colocando em dúvida tudo que sempre acreditei? Alguém que tenha a resposta me mande um e-mail, um SMS, uma IM, publica no blog que meu Google Reader me mostra, tuita, liga, manda carta ou picha num muro? Obrigado.