Nossa região começa a mostrar sinais de aceleração do desenvolvimento. Com isso, o principal reduto das franquias – os shopping centers – vão surgindo e deixando de ser meras promessas. Não sou especialista, mas busquei informações sobre franchising. Aliás, se você conhece mais do que eu (o que não é difícil), convido-o a ingressar no debate pelos comentários deste post.
Além de ler muito sobre o assunto, em junho deste ano, estive em São Paulo, na Franchising Expo – feira do setor promovida pela ABF (Associação Brasileira de Franchising). É o maior evento do setor no país. Visitei diversos estandes, de varejos de roupas a corretoras de seguros, de sorveterias a aluguéis de máquinas de construção. Praticamente todos franqueadores estavam lá. Pelo menos os que estão precisando investir em expansão. Alguns são iniciantes, outros já estabelecidos no mercado. Depois de dois dias, cerca de 30 visitas, horas e horas de conversas com consultores e uma visão bastante crítica, o mito das franquias começou a se desfazer. A imagem, construída pelas revistas de negócios e programas de TV, foi se desmontando.
Arrisco alguns pontos positivos e negativos do formato.
Positivos
– Não é preciso inventar a roda; alguém já fez isso e aprimorou.
– Valer-se de uma marca forte; que não precisa ser construída, se o franqueador tiver tempo de mercado e mantiver investimento constante em comunicação.
– Além de suporte administrativo, uma grande rede de pessoas iguais a você, com quem poderá compartilhar impressões, dilemas e resultados.
– Facilidade de ser aceito em shopping centers que, no geral, só aceitam franquias ou negócios próprios já bem-sucedidos.
Negativos
– A maioria das franquias está interessada que você seja seu gerente de luxo. Nesses casos, se você é apenas um investidor, com outras responsabilidades, terá um problema: o custo de contratação de um gerente vai eliminar ou reduzir drasticamente seu lucro. Sim, esse é o nível de lucratividade que te prometem. Bem baixo. Fico imaginando qual seria o real. Resta a opção de abrir várias lojas, o que também é um complicador.
– A maioria das marcas não investe em mídia, seu marketing é fraco; ou seja, um dos pontos positivos se esvai.
– Tem muita franquia de serviços. Cuidado com elas. Que diferencial realmente oferecem? Há algumas que parecem grandes sacadas para tempos modernos, como de sapataria e costureira. Mas adivinha quem vai ficar dependente desses profissionais? E quando seus funcionários especializados e escassos no mercado te deixarem na mão?
As melhores são as que fabricam e oferecem produtos únicos, pois já obtêm parte de seu lucro dessa comercialização e dependem menos de royalties. Pena que são poucas. Tem muito franchising de alimentação genérica, depilação, sorvete italiano e outros tantos pífios em diferenciais e em reconhecimento de marca que, praticamente, só te oferecem o modelo de negócio. Será que vale a pena?
O que as pesquisas vendem é que apenas 3% das franquias fecham as portas no primeiro ano, contra 25% das empresas próprias. Mas essa informação é, no mínimo, capciosa.
Explico: todos os franqueadores informam que o negócio só começa a dar retorno depois de um período – geralmente dois anos. É óbvio que o investidor só entra se tiver respaldo financeiro para isso. Já aqueles que abrem negócios próprios costumam ser um pouco mais otimistas e não calculam bem os riscos.
Se pensar bem, o sistema existe para que o franqueador possa expandir a um custo baixo, sem se comprometer com vínculos empregatícios, RH e reduzindo drasticamente sua gestão.
Franquia é um excelente negócio se você tiver recursos para investir pesado e aprovação de perfil, por exemplo, por um McDonalds ou um O Boticário (que, aliás, não encontrei nos imensos pavilhões da Expo Franchising). Certamente não estavam lá pois não precisam de uma estratégia de expansão tão agressiva, os interessados os encontram.
Se você está interessado no sistema, meça bem suas expectativas ao optar. São mais de 1800 marcas licenciadas no Brasil. Quantas realmente atendem suas necessidades?
Concordo que as franqueadoras têm um lucro absurdo e expandem suas redes facilmente. Mas trabalharam para tal, fizeram por merecer. Acho justo até. Em contrapartida, discordo quando falas que querem apenas gerentes de luxo, porque o que mais tem por aí são franqueados sem habilidades de gerenciamento, sem o menor luxo, contratando gerentes bem normalzinhos e lucrando bastante. Certamente ter mais de uma franquia é o caminho. Pelo que tenho visto, franquia pode dar muito lucro sim, mas exige trabalho, como qualquer outro negócio. Quanto maior a dedicação, maior o retorno – como em tudo na vida, não é mágica! ;)
Cissa, Cissinha… Eu não falei que não tem que trabalhar. E gerente é uma coisa, administrador é outra. Investidor é uma terceira. Os três até podem ser a mesma pessoa. Mas imagina tu ter uma grana para investir em um negócio próprio, a grana da tua vida, e tu opta por uma franquia. Porém se contratar um gerente e resolver ficar só na administração, o lucro todo se esvai, o que não aconteceria (ou não seria o que tu somhou e planejou) se o negócio fosse só teu. Eu não estou dizendo que todas são assim, mas a maioria é. Eu acho que, se tu quer ser gerente de um lugar, tu não precisa abrir um negócio próprio, correr riscos, investir o dinheiro da tua vida etc. Basta conseguir um emprego.
Do emprego tu pode ser demitido.
Moro no exterior ha 12 anos e aqui nao e nada diferente…
http://exame.abril.com.br/pme/noticias/6-erros-que-podem-acabar-com-uma-franquia
A Exame é a maior divulgadora das franquias, como a Veja é da indústria farmacêutica.