Voei pela primeira vez por uma dessas companhias aéreas cujo preço da passagem é o principal diferencial competitivo — a Azul. A comissária de bordo, logo antes da decolagem, abordou os cavalheiros das poltronas à minha frente, de ambos os lados do corredor. “Nesses lugares ficam as saídas de emergência”, disse. “E aqui estão os prospectos sobre como operar as portas.” Senti que não ficaram confortáveis com a notícia. “São bem leves. Apenas 12kg. É preciso empurrar, firme, com o pé aqui em baixo e puxar, forte, com a mão, esta alavanca.” Uma expressão blasé, como quem diz “simples, assim”, surgiu em seu rosto. “Tenham certeza, em caso de pouso de emergência no mar ou em terra, que não há fumaça ou fogo nas turbinas antes de abrir.” Eu olhei para o lado e compartilhei um riso incrédulo com minha colega de poltrona. A tripulante ainda iria arrebatar com um final majestoso. “Me chamem caso não se julguem capazes de realizar a operação e queiram trocar de lugares.” Ouvi tudo fazendo força para acreditar que o treinamento barato que recebem é mais impactante na redução do preço da passagem do que uma possível economia na manutenção da aeronave.
Faltou adicionar que o que me deixou de boca aberta foi a falta de sensibilidade da comissária ao explicar o procedimento e não a necessidade de orientar os passageiros.