Moro perto do Laranjal. Tecnicamente, é Laranjal. Eventuais domingos, preciso fazer compras de última hora. Tenho duas opções próximas: Bito e Peruzzo. Desisti de ir no Bito, porque, além da pouca higiene que aparenta e carnes de validade duvidosa, não dão nota fiscal – imprimem um cuponzinho vagabundo que não levanta questionamentos dos menos atentos. Na primeira vez, pedi um comprovante fiscal. A caixa se agachou, pegou um bloco de notas e tirou manualmente. Imagina se tiverem que fazer isso para todos os clientes. Teriam que aumentar o número de check-outs ou seriam obrigados a adotar o sistema tradicional. Na segunda vez, pedi novamente mas ela se negou, dizendo que estava sem o bloco. Desde então, tenho ido somente ao Peruzzo. O problema é que o Peruzzo não abre domingos à tarde e, hoje, Dia dos Pais, nem pela manhã. Contrariado, tive que ir ao Bito para suprir os esquecimentos do meu rancho de ontem; ingredientes que precisava para o almoço de hoje. Cheguei ao caixa e fui atendido por um jovem que, pela petulância, só pode ser filho do dono. Ele me perguntou:
– Precisa de notinha? – Pensei “ó, uma evolução!”
– Preciso.
Ele me entregou o tradicional cupom não-fiscal, lambuzado de valor e CNPJ. Questionei:
– Fiscal não, né?
– Não.
Virou para o lado e iniciou a atender o próximo.
Para um estabelecimento que já foi noticiado por jornal local, acusado pela CEEE de fazer gato de energia, negar cupom fiscal é café pequeno.