Pensando em passatempos para ensinar à Malu e seus primos, me lembrei do Jogo da Bizuca e de uma história da minha adolescência.
Há cerca de 20 anos, quando estava no segundo grau – hoje, ensino médio —, a turma resolveu fazer uma festa de arrecadação de fundos para uma viagem de final de ano. Para decidir qual seria o nome da festa, propostas foram apresentadas e a turma toda votou. Os dois finalistas foram “Som, Bar & Love” (inspirada no bordão, então em voga, de um personagem da escolinha do Professor Raimundo: “somebody love” — ou seria “somebody to Love”?) e “Festa da Bizuca”. Este último, proposto por mim e nosso grupinho.
Bizuca é um dos nomes que se dá àquele jogo dos palitinhos, no qual cada participante tem três e casa, escondido em sua mão, a quantidade que desejar. Quem acertar a soma de todos os palitinhos dos competidores ganha e elimina um dos seus. Quando o palpite for zero, se grita “bizuca”. Quem ficar sem nenhum, ganha. A ideia da Festa da Bizuca era que os convidados ganhassem três palitinhos ao comprarem o ingresso e os levassem para a festa. Assim, poderiam fazer grupos de Bizuca. É claro que o mais importante não era o jogo acontecer, mas o conceito, curiosidade e comentários que a proposta diferente causaria. A divulgação ganharia maior poder devido ao boca-a-boca.
Óbvio que a vencedora foi “Som, Bar & Love”, muito mais popular. Todos a achavam supercriativa e se sentiam inteligentes por terem sacado o trocadilho. Hoje, avaliando o ímpeto publicitário da proposta “Festa da Bizuca”, vejo que, fazendo parte do grupo que a criara e defendera, eu já estava no meu caminho profissional. Porém, tenho que admitir que carregava uma certa dose de underground, coisa que até hoje não consigo me desvencilhar em tudo que faço. Vejo tudo que é pop demais como muito gratuito. O charme tem que existir sempre, mesmo que com isso, se perca um pouco de adesão. Prefiro a qualidade do que a quantidade.