Com frequência vou à loja Mundo Verde comprar barrinhas de chocolate sem lactose para a Malu. Na última vez, havia uma cliente que perguntava sobre todos os produtos: “e este aqui?”, “quanto custa?”, “é bom?”. Prestativa, a atendente respondia. Peguei o que queria e fui pagar. A mulher meteu o olho no que eu levava e perguntou:
— O que é isso? Chocolate?
— É.
— E é bom?
— Bem bom.
— Da próxima vez vou levar. Adoro coisas naturais.
— Mas não é “natural”. É só sem lactose.
— Sem o quê?
— É que minha filha tem intole…
— É que eu gosto de coisas naturais, coisas saudáveis. Quanta coisa boa você têm, né? Adorei esta loja. Vou vir sempre aqui. É bom a gente se alimentar bem.
— … (não conseguiria falar nem se eu quisesse).
— Vou vir sempre aqui. Tchau.
Olhei para a atendente que não segurava o riso. “Como tem gente louca.”, eu disse. Simpática, fez apenas uma cara de “nem imagina”, meio que respeitando o meu eu-cliente. Mas não se conteve: “isso foi soft, tem que ver o que aparece”. Lembrei de quando tínhamos uma locadora de DVDs e me solidarizei imediatamente com ela. Se para alugar filmes já se passa por poucas e boas, imagina em uma loja com apelo ecológico, cheia de produtos naturais e pretenso-naturais.
Nessa moda de ecoengajamentos e preocupações com a saúde de qualquer espécie — na maioria das vezes, totalmente equivocadas — meu pai classifica esses tipos como os “idiotas do natural”. E assim o são. Pessoas que mal sabem o que fazem mas vão na onda.