A melhor parte de cortar o cabelo no mesmo salão da minha mulher era a hora de lavar a cabeça. Beldades “macias” massageavam meu couro cabeludo, minha nuca, como um cafuné quase maternal. Pois, de uns três cortes para cá, a encarregada dessa tarefa mudou. A nova parece aquelas governantas ou enfermeiras alemãs que usam em filmes para dar a entender que o paciente “se deu mal”. Ela puxa meu cabelo com força, empurra, aperta, esfrega. É praticamente uma agressão. Tenho certeza que o serviço fica muito mais bem feito pela Inga, porém não é exatamente a limpeza que faz a diferença pra mim. Ainda por cima, na última vez, a indelicadeza ultrapassou a barreira física e invadiu a psicológica. Fräulein começou a discorrer sobre minhas deficiências capilares. Era possível imaginar perfeitamente o sotaque alemão: “que ‘fininha’ seu cabelo”; “faz tempo que tu tem essas ‘entrrradas’?”; “tem quase nada aqui em cima, ã?”. Ah, sai fora, Frida!
Cara, cabeleireiro adora vender produto pro cara não ficar careca! Impressionante. Deixei de ir no Michael por causa disso. Foda-se se eu vou ficar careca, problema é meu. Corta o que ainda tem aí e fica quieto, porra!