Minha filha perguntou qual era o nome daquele “estribo” que há nos carros para segurarmos. Fiquei louco para dizer “chama-se ‘puta-merda’, querida”. Minha mulher pressentiu a vontade crescendo dentro de mim e lançou imediatamente um olhar de reprovação. Com toda razão. Afinal, não é aconselhável falar palavrões para uma criança de apenas quatro anos. Pelos menos, não em vão. Para não desperdiçar a satisfação em dar uma resposta que me enchesse de alegria, não hesitei: “O nome disso é ‘ai-meu-deus’, filha. Sabe por quê? Quando se passa em um buraco, a pessoa agarra nessa alça e grita ‘ai, meu Deus!‘”.
Ontem, no carro, sentadinha atrás, ela alertou a mãe:
— Segura no teu ai-meu-deus, mamãe! — e constatou — Não tem “ai-meu-deus” aqui no meu lugar…
— Quando a gente for trocar de carro, prometo que compro um que tenha “ai-meu-deus” no banco de trás também.
— Se não tiver com “ai-meu-deus”, pai, pode ser com “puta-merda” também, tá?
Essa última frase inventei, é claro.