Sobre o Gauchão

1. Segundo a Wikipedia, o primeiro Gauchão aconteceu em 1919. Falhou alguns anos, mas em 2019 faz 100 anos que foi criado. Amigos futebolistas me disseram que não houve divulgação do fato. Ou seja, a mídia e a Federação Gaúcha perderam uma boa chance de valorizar a edição.

— Não me deixa na mão, Wikipedia!

2. Não mais de cinco vezes (as informações da Wikipedia não são muito precisas), o campeão não foi da dupla Grenal. Ou seja, a competição não passa de um campeonato porto-alegrense de futebol. Por isso, me pergunto, por que há tanta comoção em uma final entre Grêmio e Internacional. Será por falta de conquistarem algum outro título?

3. Sugiro, neste fórum democrático onde se apresentam todas as soluções dos problemas do mundo — a blogosfera —, que o paranauê seja o seguinte: anualmente, Grêmio e Internacional farão o maior evento do RS (o Super Grenal). Trata-se de uma disputa (ou duas, uma em cada casa) que atrairá os olhares dos gaúchos, paranaenses, mato-grossenses e tocantinenses (esses estados que foram povoados por gaúchos e que não têm time que os agradem). Amplamente coberto por rádio, TV, internet, a disputa decidirá qual torcida ficará de boca calada pelo próximo ano.

4. O Gauchão continuará acontecendo, mas agora sem a presença da dupla da capital, e o seu primeiro colocado irá disputar com o vencedor do Super Grenal. Assim, um time do interior terá a oportunidade de jogar uma final, vencer e, com os proveitos financeiros e de imagem conquistados, ter recursos para investir em sua estrutura e ter chance de se igualar aos primos porto-alegrenses.

5. Como toda opinião de merda na Internet, você não tem o direito de contestá-la. Mas se quiser, pode.

Festejar exatamente o quê?

Todos temos o direito de ter nossas crenças, estudá-las e disseminá-las, desde que essas não subjuguem ninguém.

Em 64, as crenças de alguns, seu estudo e disseminação (não importa se você discorda delas ou não) foram tidas como perigosas ao País. Então, usando isso como justificativa, aqueles que possuíam força militar apareceram em um ”acordo” com o governo para “proteger” a nação “pobre e indefesa”. Mesma justificativa que o nazismo utilizou duas décadas e meia antes. Alguns falam que as barbáries cometidas pós-AI5 foram para defender o país do comunismo. E batem palmas. Em meu parco conhecimento de história, não tenho informação de algum ato de violência desses ativistas de esquerda antes de 64. Mesmo depois de 68, quando centenas de mortes, desaparecimentos e torturas aconteceram por conta do Governo, não tenho conhecimento de mortes geradas por ações “terroristas” desses ativistas.

O fato é que acabou tudo na mão do Sarney.

Então, me pergunto, qual era o risco real que a nação corria que justificasse a entrada dos militares e uma ação tão violenta e inescrupulosa. A URSS estava enviando tropas? Cuba estava prestes a se infiltrar? Ou era apenas o medo que essas pessoas de esquerda convencessem mais pessoas a pensar como elas? Não é isso que fazemos diariamente aqui no Facebook? Não estamos colocando nossas ideias para que outros reflitam, concordem ou discordem? Sendo assim, os militares devem intervir no Facebook?

As Forças Armadas existem para defender os interesses da nação que, em uma democracia, são sempre os da maioria. Mas “defender” quando há iminente perigo que deva ser combatido com força bruta, não impor seu poder bélico para reprimir uma ideia.

Sou contra qualquer tipo de violência. Mas ainda mais àquelas que são ação e não reação.

Estamos, a todo momento, sendo julgados se somos de esquerda ou de direita. E você está fazendo isso comigo neste momento. Enquanto o nível de discussão e entendimento for este, cheio de preconceitos, ninguém vai escutar o que o outro tem pra dizer.

Não estamos sós

Na primeira vez, poderia ter sido acidente. Na segunda, talvez achasse que não se repetiria e foi pega de surpresa. Na terceira, eu deveria ter chamado a atenção, mas como sou bicho do mato, não fiz. Na quarta, fui em frente e falei:

— A senhora poderia colocar o celular no silencioso, por favor?

Ela não respondeu, fez cara feia e guardou o aparelho na bolsa. Vai ver não sabia como reduzir o volume ou isso iria contra sua filosofia de vida, não sei. Mas foi o que fez.

Eram 7h da manhã. Todos voltaram a dormir no ônibus para Porto Alegre.

Meu papo de boteco preferido: Evolução

Evoluímos?

Há seis milhões de anos surgiu o último de nossos ancestrais humanos em comum com os chimpanzés. E isso nem é o ponto inicial de nossa espécie, se considerarmos a evolução humana um anel contínuo e não “dentado” — é homogênea e constante.

Durante esta trajetória, descobrimos o fogo, criamos ferramentas de pedra e começamos a nos organizar em pequenas comunidades, na maioria, nunca maiores que 50 indivíduos. Nossa rotina diária se baseava em sair para caçar ou colher pelas 8h30 e voltar para casa pelo meio-dia. O resto do tempo era só tranquilidade.

Nossa alimentação por milhões de anos foi baseada em grande diversidade, dependendo das espécies sazonais disponíveis e na oferta da natureza. Chegamos em nosso formato anatômico e biológico atual devido a esse comportamento e alimentação. Aqueles indivíduos que, por algum motivo, não compatibilizavam com o estilo de vida sucumbiam e os mais aptos se reproduziam. Somos frutos dessa evolução. E enganam-se aqueles que pensam que nossa expectativa de vida natural era pequena. A média poderia ser baixa, devido à grande mortalidade infantil e predadores, mas, considerando causas naturais, éramos bem longevos.

Até que há 12 mil anos aconteceu o que, talvez, tenha sido o maior divisor de águas de nossa história: a Revolução Agrícola. Compreendemos como produzir alimentos em larga escala e nossa alimentação foi ficando cada vez menos diversificada. Isso sem falar dos efeitos colaterais secundários, como aumento da carga de atividade para cuidar das plantações, instituição da propriedade privada, vínculos de trabalho, criação do dinheiro. Mas não é sobre os aspectos secundários que quero falar aqui.

O que são 12 mil anos se comparados aos seis milhões sob os quais nossos hábitos foram base de nossa evolução? Eu faço a conta para você: 0,2%! Ou seja, estamos praticando em nosso cotidiano uma alimentação atípica para a qual não fomos histórica e biologicamente preparados — e só vem piorando. Estou falando de praticamente toda a base de nossa vida: açúcar, álcool, inorgânicos (conservantes, corantes…), sem falar nos queridinhos-odiados do momento, que antes eram esporádicos e agora são os mais consumidos por nós: o glúten e a lactose. Sem mencionar também os hábitos físicos e mentais que mudamos drasticamente.

Não é papo de academia, de nutricionista, de revista underground com teoria da conspiração. É só olhar pra trás e raciocinar. Uma coisa é ingerir esporadicamente sal, açúcar, leite… Outra coisa é não comer mais nada além disso.

E como a gente não morre, então? A gente até morre. Mas nos últimos séculos a ciência e a medicina entraram em campo para nos salvar. É um tipo de evolução, mas diferente. O ser humano está manipulando seu próprio caminho evolutivo à revelia de Darwin, ou de Deus. Significa então que o ser humano não evolui mais? Eu não sei. A experiência observacional iria durar alguns milhões de anos para nos dar a resposta — a tecnologia avança muito mais rápido e muda nossos rumos antes que nossas células se multipliquem em uma direção definitiva.

Em contraste com a indústria da alimentação (ou trabalhando em conjunto, se preferirem), a medicina vem nos curando (ou nos mantendo reféns, se desejarem) dos males que criamos para nós mesmos. Repararam como, de um tempo para cá, os medicamentos que surgem não curam mais, apenas nos mantêm vivos com as doenças controladas? Será que as pestes que nos atingem estão ficando mais poderosas ou nossas indústrias precisam sustentar toda a cadeia criada sob elas? E isso também tem a ver com instinto e sobrevivência.

Eu não estou dizendo que isso tudo está errado. Eu não sei. Se olharmos sob o viés humanitário isso tudo parece muito do-mal. Se olharmos por um ponto de vista econômico, será que não é isso que faz a roda girar indefinidamente? Como estaríamos hoje se ainda caçássemos, colhêssemos, nos matássemos em disputas entre tribos? A gente ainda existiria? Seríamos mais felizes ou infelizes? A felicidade e a infelicidade existem?

Licença para Matar

Moro explicando seu projeto
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, durante entrevista coletiva, após reunião com governadores e secretários estaduais de Segurança Pública para apresentar o Projeto de Lei Anticrime.

De um lado policiais que não podem atirar porque serão enquadrados, comprometendo sua segurança e efetividade de atuação. De outro, policiais que atiram antes de ter certeza, fragilizando, claro, desprivilegiados e alvos de preconceito. E de um terceiro lado, policiais associados ao crime. Esse é um dos itens controversos do projeto de Moro. Se você acha que é fácil decidir, você tem problemas.

Será que a solução é tão simples? Licença para matar? Ou será que reforçar treinamento, investir em inteligência e equipamento policial não seria solução mais efetiva? Será que correr o risco de piorar ainda mais a barbárie é a solução?

É só uma reflexão para os especialistas em porra-nenhuma. Não tenho a resposta, mas existem cases internacionais e gente que estuda isso a fundo, muito mais capaz de opinar do que eu e você.

Teste Comparativo entre Sony RX1r e iPhone X

Eu sei que isso não se faz, que são dois equipamentos com características distintas e, portanto, incomparáveis desta forma. E a mais importante delas é o tamanho do sensor (full frame X sei-lá-o-quê). Já havia feito uma comparação descabida entre minha antiga Leica D-Lux 4 e a, então, nova Sony Rx1r (leia aqui). Mas os motivos que me levaram a realizar este novo teste, agora entre a Sony RX1r e um iPhone X (o modelo de celular com a câmera mais aclamada atualmente), foram:

— a dúvida sempre presente se devo carregar minha câmera para alguns passeios em contraponto à portabilidade do celular (em viagens maiores nem questiono);

— o constante aprimoramento da ótica e eletrônica para fotografia com celulares.

OBJETIVO DO TESTE DE COMPARAÇÃO

Comparar a nitidez dos equipamentos; a qualidade da informação que eles entregam. Não pretendi testar cor, profundidade de campo, muito menos controle de recursos, apenas captação e nitidez de imagem.

AJUSTANDO AS DUAS IMAGENS

OBJETIVAS

As objetivas dos dois aparelhos são distintas. Enquanto a distância focal da RX1r é 35mm (full frame) a do Iphone X o fabricante não diz, mas imagino ser equivalente a uma 28mm. Captando um ângulo mais aberto, posteriormente precisei cortar a imagem do telefone para ficar com o enquadramento semelhante à da câmera.

RESOLUÇÃO

A Sony RX1r oferece 24MP enquanto o iPhone X 12MP. Não levei isso em consideração na avaliação, então, depois de cortar a imagem do celular (como falei acima) ressampleei a da câmera para ficarem semelhantes.

FOTOMETRIA

Com a RX1r, fiz a imagem no modo manual. Usei abertura 2.0, obturador a 1/160 e ISO 100. Com o iPhone X, por impossibilidade de usar o modo manual, apenas apontei e cliquei. Por conta disso, para que a comparação não ficasse muito discrepante, dei uma forcinha para o equipamento da Apple e, após, fiz uma leve corrigida nos níveis dos tons médios da sua imagem, pois ela havia ficado um pouco mais lavada.

MAGIAS

No iPhone X, usei o modo “foto” e não o “retrato”, que se vale de duas lentes para misturar imagens e conseguir um resultado mágico (!) quando se fotografa um objeto específico. Até porque, se optasse por um assunto assim, apesar da lente 2.0 da Sony RX1r conseguir um resultado de pouca profundidade de campo também incrível, a comparação sairia do aspecto “nitidez” e passaria a discutir “estética” — mascararia a percepção. Também não usei HDR e nada do tipo na Sony.

RESULTADO

Deixo para vocês avaliarem. Mas se querem saber minha opinião: eu continuarei levando minha câmera. Óbvio.

Quadro inteiro (clique para ver em tela cheia):

 

imagens comparativas feitas pela câmera SonyRx1r e pelo iPhoneX (quadro inteiro)

Meio quadro (clique para ver em tela cheia):

imagens comparativas feitas pela câmera SonyRx1r e pelo iPhoneX (meio qiadro)

Quadro de detalhe (clique para ver em tela cheia):

imagens comparativas feitas pela câmera SonyRx1r e pelo iPhoneX (quadro de detalhe)

O VAR, o futebol e a Justiça

árbitro usando o vídeo para decidir o lance

A Copa 2018 de futebol na Rússia ficará marcada como o mundial do VAR (Video Assistant Referee), ou como estamos chamando, “árbitro de vídeo”. Baseada nas imagens que são capturadas durante o jogo, em tempo real, uma equipe fora do campo analisa os lances um a um e oferece ajuda ao juiz oficial. Às vezes ele aceita, em outras não, mas o fato é que, por causa desse apoio que visa dirimir dúvidas e evitar injustiças, até o dia de hoje, início da segunda fase da competição, já foram batidos vários recordes, como, por exemplo, o número de pênaltis marcados.

Alguns dizem que o VAR acaba com a graça do futebol. Segundo eles, a diversão do esporte tem muito a ver com as discussões durante e pós-jogos; se foi ou não foi gol, se a falta foi bem marcada ou sobre a profissão das mães dos juízes. Ora, será que entre todas as bestialidades que o futebol oferece para o deleite da massa sedenta de sangue, essa é imprescindível que seja mantida?

Vivemos no Brasil uma época em que as leis são relativizadas, o que vale para um não vale para outro e em que algumas práticas ilegítimas são legitimadas com a desculpa do todo-mundo-faz. O poder judiciário, o último a ser questionado depois da derrocada total dos outros dois, agora se mostra também partícipe desse mecanismo nojento do qual somos vítimas, às vezes cúmplices.

Aí, quando surge um método inequívoco, inquestionável e isento de se fazer justiça (e das cegas) no esporte mais importante do planeta, tem gente que prefere o erro, a vantagem, a simulação, o jeitinho, a malevolência, o escárnio — a injustiça. Tudo em troca de um bate-boca, uma discussão de bar, um xingamento, uma — para muitos — diversão.

Pois sou totalmente a favor do VAR, de que vença o melhor, de que o fair play, o talento, o treinamento e as regras sejam protagonistas. Que o mundo possa ter diversos VARs para todas as esferas carentes de seriedade. Só, claro, não precisa chegar ao ponto apresentado no episódio 3 da primeira temporada de Black Mirror — “The Entire History of You”.

Bugando a atendente no cancelamento da Sky

Vou cancelar minha TV por assinatura. Mas vai ser um parto. Vão tentar me convencer, de tudo que é jeito, a desistir. Irão perguntar o motivo, oferecer redução de valor, ponto extra, os cambau! Preciso ter um plano para não ficar horas no telefone. Vou dizer que minha religião não permite TV. Não vai adiantar. Vão tentar que eu troque de religião ou falar que isso não é coisa da jurisdição de Deus. Já sei: vou dizer que irei me mudar para o exterior. Não haverá argumento contra.

Já na ligação, sou surpreendido com a opção “cancelamento sem atendente”. Perfeito! Só que lá pelas tantas: “você será transferido para um atendente”:
— Olá, Daniel. Em que posso ajudar?
— Quero cancelar sem atendente.
— Ok, mas eu vou estar precisando conferir mais uns dados, ok?
Depois de muitas perguntas e confirmações:
— Posso estar sabendo o motivo do seu cancelamento?
De pronto:
— Vou me mudar para o exterior.
Senti, meio, que buguei a atendente. Ela hesitou um pouco, disse uns “ããss” e até esqueceu o gerúndio:
— Mas irá viajar quando?
Que desgraça! Eles tentam espremer até o ultimo caldinho!
— Agora.
— Mas tem data marcada?
— Sim, tem. É bem logo — Eu tentando evitar outra mentira. kkkk
— É em algumas semanas?
Meu Deus! Tava achando já que ela ia perguntar meu destino para saber se tem Sky onde eu vou e me oferecer uma migração internacional!
— Não. É de imediato!
— Ah, compreendo. Então, não tem nenhuma condição especial que eu possa estar lhe oferecendo, né?
Percebi nesse momento que hackeei o sistema!
— Nem de graça. Porque, realmente, não irei usar.
— Entendo.
Mas aí veio o que eu não esperava mesmo.
— E por acaso o senhor não tem um amigo ou familiar para quem o senhor possa estar transferindo a titularidade da assinatura?
— Não. É por isso que estou indo embora daqui. Me sinto muito sozinho.

Depois de mais de meia hora respondendo perguntas idiotas, me transfere para o setor de qualidade, onde me questionam tudo de novo e digo que não vou falar tudo outra vez. Ele insiste que o cancelamento ainda não está terminado e que preciso responder. Falo para preencher “não quero informar novamente”, mas tenho que me render às reconfirmações de endereço e telefones de contato, sob pena de não completar o processo no sistema.

Meia hora depois, parece que consigo. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos; da retirada do equipamento.

Coldplay em Porto Alegre — Transcendental

chuca de papel coldplay

Comunhão. Benção. Milagre. Estou procurando as palavras certas relacionadas ao divino para descrever o que foi o show do Coldplay nesse sábado em Porto Alegre. Não importa se você gosta ou não da banda, o que se viu na Arena do Grêmio nessa noite transcende o que se entende por música; vai além de gêneros e estilos.

Por que o show foi o mais incrível da minha vida?

Dar à plateia uma parte do protagonismo do evento, ao distribuir a toda audiência pulseiras de LED que mudam de cor conforme a canção, é uma jogada de mestre. Não estamos lá apenas batendo palmas e respondendo aos ô-ô-ôs. Somos atores do espetáculo. Somos parte de uma estrutura luminotécnica viva! O estádio todo pulsa em conjunto com os holofotes. Em “Yellow” todas estão amarelas. Em “Viva La Vida”, piscam freneticamente, variando as cores em sincronia.

Ao contrário de outros megashows onde são raros os lugares nos quais se consegue apreciar com qualidade, esse dá vontade de assistir várias vezes, uma em cada ponto do estádio. Há cenas com grande impacto visual para se ver de longe, de perto, de cima e de baixo. A empatia da banda em distribuir sua performance por três palcos — um tradicional, um ao centro e outro no fim da pista — também mostra que o Coldplay, ao invés de privilegiar apenas a pista premium, se preocupa com o dinheiro que todos pagaram pelo ingresso.

Bolas coloridas, várias chuvas de papel (cada uma com forma diferente — borboletas, estrelas, serpentinas, quadradinhos…) criam um cenário flutuante que encanta as visões de todos os ângulos e fazem a plateia se divertir. É impossível não estar feliz. É impossível não se emocionar.

“Head Full of Dreams” é um evento do bem, no qual a plateia se entrega de corpo e alma, refletindo o que a banda transmite no palco. São 60 mil pessoas sorrindo, se divertindo, vibrando em um tipo e quantidade de energia capaz de mudar o mundo. Acordei no domingo ainda pulsando e feliz da vida por ter participado de um momento com esse. Estou ainda hoje, segunda, impactado enquanto escrevo este texto. É um momento para toda vida.

É típico dos grandes shows que boa parte da audiência não seja especificamente fã de carteirinha. Muitos vão pela festa, pela oportunidade, pelo programa. Os ingleses do Coldplay acertam novamente em entregarem muito mais do que se espera e catequizarem, pelo menos, as outras três dezenas de milhares de pessoas, que saíram com vontade de tatuar seu nome no braço e não perderem mais nenhum lançamento da banda. Isso é experiência, é entrega surpreendente.

Coldplay sabe o que faz. Suas canções são simples, bonitas, eficientes e extremamente tocantes. Elas parecem compostas para o filme da nossa vida. É o poder da música. É o poder de Chris Martin e seus amigos. Desculpe, U2, mas chegou a hora de passar a coroa.

Queria que todas pessoas que gosto estivessem ali comigo, sentindo o mesmo que senti, porque sabia que seria difícil explicar. Espero que entendam.

palco Coldplaypulseira coldplay