Curitiba Rock Festival (parte 3)

O palco começa a ser totalmente desmontado para dar lugar a Mr. Cuomo e seus comparsas. De onde estou, consigo ver perfeitamente a movimentação da equipe norte-americana e dos candangos brasileiros. Eles estão trocando tudo mesmo. Saem todos os monitores tradicionais que ocupavam completamente a boca do palco e deixam apenas um, no meio, certamente para Rivers. Eles deverão usar monitores auriculares e talvez o vocalista não goste, ou talvez esse último esteja sendo mantido como um backup, para caso de mal-funcionamento dos fones. Pode servir também para reforço do retorno do vocal, já que guitarras e baixo também são amplificadas em cima do palco e podem dificultar até mesmo a audição do que sai dos fonezinhos.
Só há dois roadies de instrumentos: um está cuidando das guitarras e outro dos teclados, baixo e bateria. Ambos têm suas lanterninhas que usam mesmo com a claridade sendo suficiente. Uma guitarra Gibson apresenta problemas na chave (a pingolinha aquela) e o roadie tem que abrí-la para soldar alguma coisa lá dentro. Espero que não cause atrasos. Ele já está nessa há uns 20 minutos e a galera começa a esboçar impaciência: “Weezer, Weezer!”.

Enquanto isso, o roadie 2 cola a pedaleira do baixista com silver tape no chão e testa dois baixos Fender. Há um careca que parece supervisionar as coisas e cuidar de detalhes diversos. Ele quer saber o que um cara com uma câmera de vídeo faz em cima do palco, no canto, esperando o show começar. O cinegrafista é contratado pelo Festival, mas é claro que, ali, não vão deixar ele ficar. Parece tudo ultraprofissional, mesmo não sendo o Weezer um exemplo de superbanda megalomaníaca. As coisas têm de funcionar, afinal de contas. Isto significa respeito po quem pagou ingresso e veio de longe, para vê-los. O gerentão também conta, apontando o dedo, quantos fotógrafos estão no fosso. Devem ter estipulado um número máximo em contrato e parece que ele vai ser rígido em fazer cumprir as exigências.

“Weezer, Weezer!”.

Tem um cara, que passeia pelo palco de vez em quando que só pode ser o Karl, do Karl’s Corner, do site oficial da banda. Não sei exatamente qual é a dele, mas deve ser amigo de longa data do Weezer. É ele que mantém o site e, no DVD, é o autor de 90% do material de vídeo, editor, diretor – enfim, fez tudo. Ele é o típico americanóide: bermudão, alto, desengonçado. É ele, sim.

“Weezer, Weezer!” Toca Pixies no som, o pessoal canta junto e se acalma um pouco.

O roadie 1 acaba o conserto da Gibson e começa a colar os set lists, é claro, com muita silver tape. Tem um violão no meio das guitarras. Não que não tenha violão em várias músicas deles, mas será que irão tocar Butterfly? Será que vão usar o flying W tradicional de seus shows? Não parece. Além de ter o logo do Festival no fundo, não há recursos na casa para esconder cenograficamente um aparato daqueles. Mas seria muito legal ver aquele luminoso ao vivo.

Curitiba Rock Festival (parte 2)

O lugar é pequeno. Um pouco maior do que o Teatro Avenida, palco dos shows da minha adolescência. Não reconheço a banda que está se apresentando. A maioria do pessoal está na rua. Olho para cima e vejo dois níveis de mezanino circundando a platéia. Muito parecido com a antiga casa de shows que me referi (mas que só tinha um nível). Vou subir para checar. Escolho o lado direito. O primeiro andar parece uma ala VIP; tem segurança na entrada, baldes de champagne e sofás pretos espalhados. É ali que está a equipe da MTV.

Vejo um escadinha que leva ao segundo patamar – vou por aqui – o acesso estava livre; ninguém me abordou. Duas ou três pessoas só. Que maravilha! Me dei! Lembrei imediatamente de um dos melhores shows que já vi, no Avenida, no mesmo ângulo de visão: Titãs, Õ Blesq Blom. Só que agora, até cadeira tem. Vou me sentar e esperar  o show principal.

Confiro o programa para identificar pelas fotos qual é a banda que está tocando. Três mulheres e um cara… Só pode ser essa tal de Biônica. Como é que uma banda pode se autocontentar com tão pouco? Horrível. “Horrorível”, como diria o Fofão. O público inerte; nem aplaudem. Sem dúvida, ninguém veio aqui pra ver este troço. A vocalista tenta parecer com o David Bowie. Que bom que acabou.

A mudança de palco é rápida e entra (deixa eu conferir no programa… Não tem foto, mas, pela ordem, esta deve ser…) a Cidadão Instigado. E realmene é, pois diz que eles são do Ceará e, para minha grata surpresa, fazem um som psicodélico, nordestino e experimental, com grande criatividade, competência e boas composições. A banda toda manda muito bem e o baterista parece o sósia do Marcos Mignon que aprece no Covernation (enfim, parece com Marcos Mignon, é claro).

Pela ordem, a próxima, e última atração antes do Weezer, será Acabou La Tequila. Sempre ouvi falar deles mas nunca ouvi o som. Achei que era algo mais swingado com metais, mas acabo descobrindo que sempre confundi o nome deles com o do Funk Como Le Gusta (espanhol, sabe como é, tudo a mesma coisa – eheheh). O baixista é aquele que saiu da formação original do Los Hermanos (aliás, alguém, algum dia, soube por quê?). A banda toca com três guitarristas (nunca confie em uma banda que precisa de três guitarristas – tocar assim significa mais uma preferência pelo embolamento sonoro do que propriamente um benefício de nuanças harmonicas ou melódicas). De fato, acho que o terceiro tá ali por amizade. Essa sim seria uma boa justificativa. O cara é dos Autoramas e antigo Little Quail. Não me pergunte o nome que esqueci. Não creio que seja ingrediente também dessa marguerita sem tequila, sem sal e azeda. Ah! O guitarrista da esquerda é o Kassin, que consta nos créditos como produtor dos últimos álbuns do Los Hermanos. No DVD dos barbudos, ele aprece durante as gravações sem fazer absolutamente nada. Convenhamos: quem ousaria produzir quem sabe exatamente o que está fazendo? Tá bem, tá bem, não conheço o cara suficiente para falar mais nada contundete. Quem sabe o cara também não tem uma amizade muito grande com todo mundo; é o melhor amigo do mundo… ? Vai saber. O que eu sei é que Bloco do Eu Sozinho e Ventura têm falhas de mixagem que não passariam pelos ouvidos atentos, por exemplo, do Osório. :) De repente, o vocalista grita: “este é o nosso hit”. A música é totalmene desconhecida pra mim. Olha lá! Tem um cara na platéia cantando!

Curitiba Rock Festival (parte 1)

Está anunciado no site oficial que, hoje (24/9), os portões do Curitiba Rock Festival se abrirão às 19h. Eu não tenho interesse nem idade mais para agüentar 7 bandas desconhecidas que irão tocar antes. Cada banda não deve tocar mais de 30 minutos. Com mais 15 de intervalo entre elas e considerando um atraso inicial de meia hora, acho que iniciará mesmo pelas 12:45. O jornal local fez a prova dos nove e sugeriu 1 hora da  manhã. Pretendo chegar lá às 10:30 pra garantir.

A banda brasileira Hurtmold cancelou sua apresentação em protesto a não permissão da passagem de som. A organização disse que em nenhuma outra edição do festival houve passagem de som devido ao grande número de atrações e que houve uma falha de comunicação, pois isso já estava estabelecido previamente. Bom, eu acho que um festival que tem pretensão de ser levado a sério possui condições suficientes de passar o som de todas as bandas. Isso é o mínimo de organização que se espera. Mas acho também que essa tal de Hurtmold não deve gostar ou conhecer o Weezer, pois tocar no mesmo festival que os caras já deveria desbancar qualquer pretensão de igualdade de condições. Eu tocaria com a minha banda até de braço quebrado.

Eu estou prestes a ver e a ouvir, ao vivo, a banda que eu mais gostei em toda a minha vida. Estou numa cidade desconhecida, vou ao show sozinho e não sei o que eu vou encontrar. Li no site que eles não permitirão a entrada de câmeras fotográficas profissionais. Espero que não considerem a minha Leica digital, com design retrô, um equipamento nem perto de fazer alguém ganhar a vida com ele. Espero também que o segurança que vai me revistar não seja fã do Sebastião Salgado. Caso contrário, corro o risco dele achar a minha câmera mais sofisticada do que a do “Tião”.

Pra mim o show já seria perfeito se eles tocassem só as músicas do disco Pinkerton. Estou torcendo que as novidades pop dos últimos três álbuns sejam deixadas em segundo plano.

Tomara que tenha banca de camisetas oficiais. To louco por uma, ou duas, com o “flying ‘w'”. Vou chegar lá e, antes de mais nada fazer um reconhecimento de terreno para não perder nenhuma oportunidade capitalista. Vou tentar ficar bem posicionado, mas fora da zona do fedor.

São 10h e estou chegando no Curitiba Master Hall (sim, foi transferido da Pedreira Paulo Leminski para cá). Eu havia comprado ingresso para os dois dias pois custava apenas 15% a mais do que para um só. Minha intenção era vender o do dia 25, o que tornaria meu passe mais econômico. Estou quase na porta quando um cambista me aborda: “quer comprar ingresso?”. “Não, quero vender.” Fecho negócio e entro.

O segurança me revista, pede para eu abrir minha bolsa. Falo que é minha câmera dentro do case. Ele nem olha. Poderia ter entrado até com a mini DV. Pego um program e faço meu reconhecimento de terreno do lado externo.

Tendas de camisetas, modinhas, CDs, comida e só. Não tinha nada que me agradasse. Resolvo entrar.

10 Anos Depois

I.
A primeira coisa que eu pensei quando ouvi falar que a Alanis Morissette lançaria “Jagged Little Pill” em versão acústica foi que ela estava morta, sem conseguir escrever mais nada que valesse a pena ser ouvido e que essa seria sua última cartada. Provavelmente, eu esteja certo.

II.
Eu, agora, costumo ouvir rádio, coisa que eu nunca fiz, no meu trajeto de final do dia, da agência para casa. Eu sempre achei a programação das rádios que sintonizam-se em Pelotas terrível. É bem verdade que, hoje, temos a Rádio Com (comunitária), com uma proposta mais adequada ao meu estilo. Mas suplantar anos de intolerância radiofônica é difícil. O que acontece é que peguei me ouvindo o Programa Y e é isso que escuto ao entardecer, durante, no máximo, 15 minutos na direção. Quando dou azar, passo o caminho todo ouvindo Charlie Bronw Jr. Quando dou sorte, sou surpreendido com coisas magníficas como Alanis na versão acústica de “Perfect”.

III.
Sabe o que é tu ficar hipnotizado, chegar em casa, entrar na garagem e não conseguir sair do carro? Porra, eu já conhecia a música – quem não conhece? –, mas serviu para eu chegar à conclusão de que “Jagged Little Pill” deve ser gravado, pelo menos, mais umas 15 vezes, até Alanis não poder mais emitir um só som de sua boca desdentada e cheia de rugas.

IV.
Claro que comprei o disco. E como letra é uma coisa secundária pra mim, que eu só começo a prestar atenção depois de ouvir a música umas 100 vezes, “Hand in My Pocket” merece ser publicada aqui para os idiotas que nem eu que nunca ligaram para o que ela diz. Aconselho a não ouvir esse disco enquanto dirige, principalmente se for tentar descobrir a intenção de cada música – lágrimas nos olhos prejudicam a vista e os reflexos ao volante.

Hand in My Pocket

I’m broke but I’m happy
I’m poor but I’m kind
I’m short but I’m healthy, yeah
I’m high but I’m grounded
I’m sane but I’m overwhelmed
I’m lost but I’m hopeful baby

What it all comes down to
Is that everything’s gonna be fine, fine, fine
I’ve got one hand in my pocket
And the other one is giving a high five

I feel drunk but I’m sober
I’m young and I’m underpaid
I’m tired but I’m working, yeah
I care but I’m worthless
I’m here but I’m really gone
I’m wrong and I’m sorry, baby

What it all comes down to
Is that everything’s gonna be quite alright
I’ve got one hand in my pocket
And the other one is flicking a cigarette

What it all comes down to
Is that I haven’t got it all figured out just yet
I’ve got one hand in my pocket
And the other one is giving the peace sign

I’m free but I’m focused
I’m green but I’m wise
I’m shy but I’m friendly, baby
I’m sad but I’m laughing
I’m brave but I’m chicken shit
I’m sick but I’m pretty, baby

And what it all boils down to
Is that no one’s really got it figured out just yet
I’ve got one hand in my pocket
And the other one is playing the piano

What it all comes down to my friends
Is that everything’s just fine, fine, fine
I’ve got one hand in my pocket
And the other one is hailing a taxicab…

O Vendedor de Cestos

Era uma vez um vendedor de cestos de vime. Ele vivia viajando, de vila em vila, com sua charrete cheia de produtos. Certo dia, quando atravessava uma ponte sobre um pequeno córrego, ouviu uma voz lhe chamando: “olá?”. O vendedor ordenou que seu cavalo parasse, olhou para um lado, olhou para o outro mas não viu ninguém. Resolveu prosseguir viagem, mas antes que chacoalhasse as rédeas de seu animal, ouviu outra vez o chamado: “olá?”. O homem ficou pasmo. De onde viria aquela voz? Parecia estar tão perto, mas não via ninguém. Parecia vir de baixo da ponte e, então, resolveu debruçar-se sobre ela e averiguar se, ali, algum sem-afazeres estaria escondido, querendo rir do seu infortúnio. Mais uma vez, não encontrou nada. Começou a ficar temeroso. Seria um mau espírito que proferira aquele chamado? Não. Certamente que não, pois o som era suave. A não ser que a alma penada estivesse tentando aparentar coisa que não era. Definitivamente, não. Até porque não acreditava em coisas do outro mundo. Só que, de repente, quando se levantava da ponte para retornar sua viagem, avistou um pequeno peixe no rio. Era um bichinho amarelo, com a cabeça para fora d’água. “Posição estranha para um peixe”, pensou, e logo ouviu ele falar: “olá?”. “Santo Deus!”, exclamou. “É o peixe que está falando!”. “Olá?” Indagou novamente o bichinho. “Quantas vezes mais precisarei chamar?”. O vendedor, apesar de perplexo com aquela situação surreal, resolveu, mesmo incauto, responder:

– Olá! Você fala?
– Não. É uma alucinação – falou irônico.
– Engraçadinho. Então, me diga, o que você deseja?
– Eu gostaria de pedir para o seu cavalo fazer menos barulho com suas patas. Estou tentando dormir.
– Ah, por favor. Eu tenho trabalho para fazer; cidades a visitar; cestos a vender. Você interrompeu minha viagem para isso?
– Não, claro que não. Não vê que estou a ludibriar de sua perplexidade.
– Então, fale logo, que preciso prosseguir.
– Vou lhe fazer três perguntas, se você acertar duas, pode seguir viagem. Mas se errar duas, sua jornada se encerrará por aqui.
– A-rá-rá – riu o viajante – Até parece que um peixinho irá me deter.
– Você tem medo das minhas perguntas?
– Não. Muito menos da sua ameaça.
– Então, aceite o meu desafio.
– Está aceito. Mas seja breve que meu tempo urge e já está anoitecendo.

O peixe deu um mergulho e voltou à superfície com a primeira pergunta:
– Qual o seu nome?
– Hein? Esta é a pergunta? Você acha que eu não sei o meu nome?
– Apenas responda, por favor.
– João, O Vendedor. Não vai dizer que eu errei, não é?
– Não. Parabéns. Você acertou a primeira pergunta.
– Vamos logo para a segunda, preciso acertar para prosseguir viagem.

O peixe mergulhou novamente e voltou com a segunda questão:
– Qual o nome da próxima cidade em sua rota?
– Si…
O vendedor, abriu a boca para responder mas hesitou. Sabia que o nome iniciava com “Si”, mas não se lembrava se era “Sinar”, “Sigrer” ou “Siletus”.
– E agora, meu Deus? Como fui esquecer?
– Fale logo, homem, não estás com pressa? – indagou o peixe.
– Ã… Ã… Sinepe. Disse.
– É, meu amigo. Você errou. A cidade é Sinate. Você não sabe nem pra onde está indo?
– Claro que sei.
– Errou novamente – disse o peixe. Você não deveria ser tão apressado em responder. Essa era a terceira pergunta…
– Mas você nem mergulhou…

De repente, o peixe deu um pulo para fora do córrego, sua boca ficou gigantesca e ele engoliu, de uma só vez, vendedor, charrete, cavalo e cestos. O peixe reduziu de tamanho e mergulhou novamente no lago. Cinco minutos depois, outro vendedor de cestos atravessava a mesma ponte, quando ouviu lhe chamarem: “Olá?”

O mito dos prefixos

Que fique claro, de uma vez por todas.

1) Super-, semi-, sub-, hidro-, horti-, fruti-, auto-, re-, sob- (e mais um monte…) são prefixos, ou seja, palavrinhas usadas para iniciar um substantivo composto, como supermercado, hidroginástica, seminovos. Alguns desses substantivos levam hífen para separar o prefixo do radical (por exemplo “re-eleição”). Não existe uma regra lógica para saber quando de usa ou não hífen, portanto, vale a pena consultar uma gramática (tabelinha) sempre. Sabe-se que, os prefixos usados mais recentemente, como “radio-“, “tele-“, “micro-“, etc, não levam hífen. Ex.: telentrega, microondas, microcomputador, televisão, radiodifusão.

2) Os prefixos não existem se não estiverem atrelados a um radical (ou sufixo), como super+mercado, hidro+ginástica.

3) Só que, como as pessoas tendem a abreviar as palavras, acabam chamando o supermercado de “súper” e a hidroginástica de “hidro”. Devemos evitar isso ao máximo para preservar a língua portuguesa e o sentido das coisas. Pense bem: “hidro” quer dizer o quê? Uma coisa que tem a ver com água, mas está longe de significar “hidroginástica” (ginástica na água).

4) Às vezes, na propaganda, precisamos ser coloquias e falar a língua do público. Portanto, esses prefixos que só fariam sentido ao serem usados com um radical, passam a terem valor de substantivos ou adjetivos, conforme o caso, e acabam virando palavras usadas sozinhas. Para serem usadas como tal, elas caem nas regras de acentuação de qualquer palavra.

5) Portanto, “súper” é acentuado. Saiba por quê: são acentuadas todas as oxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s), em(ns) e todas as paroxítonas que não termianarem assim, desde que não tenham ditongos no final. Portanto, “súper” não acaba em a, e, o ou em (nem tem ditongo), é paroxítona e é acentuada. “Hidro” é paroxítona, mas termina em o. Portanto, não leva acento.

6) Ao procurar no dicionário, não se engane. Alguns trazem a opção prefixo com um tracinho depois, indicando que não a palavra não existe sozinha: “super-“. Assim, sem acento. Alguns, trazem a forma substantiva ou adjetiva deles “súper”. Aí, sim com acento.

7) Não acreditou em nada do que eu falei? Então, por que “rádio”, que é um prefixo originado do latim “radius” (radiação, radiocondução, radiocondução, radiotelefonia, radioativo…) é grafado com acento quando usado como substantivo? Sim, claro, “rádio” por si só, não poderia ser usado sem sufixo, mas é, substantivado, como “súper”. Segue as mesmas regras de acontuação de qualquer palavra.

O sei-lá que não vem

Sempre fui resistente a acreditar em qualquer coisa que eu não possa esticar o braço e tocar. Isso inclui dinheiro que eu ainda não recebi, filme que eu ainda não vi, promessas, deuses, lobisomem, conversas-pra-boi-dormir etc. Isso pode parecer pobreza de espírito, mas eu prefiro não depender do pode-ser ao estipular meus valores de bem e de mal. Apesar disso, tento manter o máximo respeito pelas coisas que os outros acreditam.

Já faz alguns anos — talvez uns seis — que eu não arranjo explicação lógica alguma para coisas que acontecem.

Começou comigo andando na rua. De repente, achei que via um conhecido. Olhei melhor e percebi que estava enganado. Ao dobrar a esquina topo com a pessoa. Se isso acontecesse uma vez lá que outra, eu diria “coincidência”. Se eu me enganasse a toda hora achando que vira alguém, mesmo que não esbarrasse com ela em seguida, também poderia desconfiar que as poucas confirmações não passariam de acaso. Só que tal fato começou a acontecer com frequência tamanha que fica difícil fingir que não é comigo.

Recentemente as manifestações mudaram um pouco de representação, mas continuam se baseando no mesmo tipo de sensibilidade. Eu penso que algo pode acontecer e, volta e meia, acontece. Isso inclui, com maior incidência, encontrar pessoas que eu pensei que encontraria em lugares não-prováveis.

Não sou estudioso no assunto, mas de repente sou sensível à aura da pessoa. Ela está ali, eu não vi com os olhos, mas senti de alguma forma. Corro o risco de parecer meio ridículo para alguns. Não pretendo buscar qualquer tipo de orientação ou conhecimento sobre o assunto — como falei, continuo bastante cético, apesar de respeitoso — a não ser que as coincidências aumentem em número e expressividade.

Presentes

Meu aniversário se aproxima e serei cara-de-pau. Vou fazer que nem a Gabi faz. Na verdade, estou é ajudando quem gostaria de me presentear. Então, aqui vai minha lista de desejos. À medida que eu for lembrando de mais coisas, vou acrescentando.

– chaveiro com bolso transparente para guardar controle do alarme do carro (pois não consigo comprar outro e o meu quebrou a parte que prende no chaveiro)
– cabo original USB para celular Nokia 6820, pois o genérico não funciona (pelo menos nos micros que tentei)
– DVDs Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, Quero Ser John Malkovich, Aimee Mann (o único que tem)
– porta-CDs, tipo álbum de fotografias, com folhas avulsas não-plásticas (tnt, pode ser), por causa da umidade

Eu queria ser um azulzinho

Onde essa gente tirou carteira de motorista? Ninguém tem a mínima idéia das mais básicas leis de trânsito. Não tem coisa que me deixe mais irritado do que dirigir em Pelotas. As pessoas não sabem o que são duas pistas, faixa de segurança, dar passagem pela esquerda, dar pisca, estacionar com inteligência para não ocupar o lugar de dois. Imaginem se vão saber como funciona uma rótula – sim, a moda, agora, na cidade são as rótulas, que eu me lembre, são, no mínimo, umas 3 feitas em cerca de 2 anos. Mas eu explico aqui como entrar numa. Não importa de onde você venha, não há via preferencial. Por isso, há placas de “PARE” ou de “DÊ A PREFERÊNCIA”. Olhem meu desenho.

Imagine que você está entrando na rótula vindo de “A”. Deve, então, dar a preferência somente para quem vem da sua esquerda (D), até porque ninguém pode vir da direita. Mas tem uns idiotas que, por estarem transitando em uma via aparentemente mais “importante” (B) acham que não devem se preocupar com quem vem da esquerda (A). Vou dizer, se eu venho de “A” eu nem olho para “B”. Claro que fico com o pé do freio de prontidão e cuido de canto de olho, mas toco ficha.
Outro caso é na esquina da Félix da Cunha com Avenida Bento Gonçalves.

Se você vem pela Félix e pretende atravessar a Avenida para dobrar na Anchieta, à direita, você se posicionar à direita desde a Félix. Para não cortar ninguém. Cara, que raiva que me dá quando alguém me fecha vindo da esquerda para dobrar à direita da Anchieta. As duas pistas continuam existindo mesmo na curva. As pessoas mal conhecem pistas vão entender que na curva elas não se misturam.

Bom, nem vou falar do que é aquilo na entrada do Big. Além de ser confuso, as pessoas complicam muito mais.

Se lembram do desenho aquele do Pateta no trânsito? Me sinto assim, às vezes. É claro que meus motivos são menos competitivos e mais inconformados, mas eu fico possesso. Eu queria ser um azulzinho e ganhar comissão pelas multas. Ah, que maravilha! Ia até tirar fotografia para que ninguém pudesse recorrer. “Tá aqui, ó. Sinal vermelho! Vinte uma horas do dia tal. Como não era você? Só porque estava com essa loira no banco do carona não era você? Vá se explicar para a sua mulher, a multa tá dada.”