Continuando

Sim, eu uso porto-e-vírgula, hífen e iniciais maiúsculas.
Sim, eu separo meus apostos com vírgulas.
Sim, eu tento escrever corretamente.
Sim, eu coloco o meu leite com Toddy por 1,5 minutos no microondas enquanto preparo meu sanduíche, todos os dias.
Sim, eu congelo o meu pão para não precisar comprar todos os dias e descongelo no microondas, depois de preparar o tal sanduíche.
Sim, eu tenho que tomar café vendo o Bom Dia Rio Grande/Brasil.
Sim, tenho que ter um leite fechado na geladeira e o outro em uso, para smpre ter leite gelado em quantidade suficiente.
Sim, eu guardo sempre os produtos mais novos atrás dos mais velhos para serem usado por último.
Sim, eu fervo a água do macarrão em dois recipientes (em duas bocas) para ferver mais rápido, enquanto faço o molho.
Sim, meu macarrão fica pronto em 20 minutos e não é Nissin.
Sim, eu baixo o fogo depois que estiver fervendo, pois a água não passa de 100ºC em estado líquido.
Sim, eu gosto de discutir sobre essas coisas.
Sim, eu gosto de aprender coisas novas, apesar de minha memória ser péssima.
Sim, minha tolerância é baixa.
Sim, eu morrerei de ataque cardíaco.

Virgem

Sim, eu molho a escova de dentes antes de colocar pasta e depois.
Sim, eu espremo o tubo até o final, mas ele nunca acaba. É como o buraco-negro só que ao contrário.
Sim, eu odeio sabonetes que te deixam melado, como o Dove. Gosto do Phebo que resseca.
Sim, coloco xampu na cabeça e deixo ela ensaboada enquanto lavo o resto do corpo. E faço isso de cima para baixo.
Sim, eu me visto dentro do banheiro a não ser quando tenho que pôr terno.
Sim, eu tenho que cadastrar muitos atores na ficha de um filme da locadora, pois alguém pode ser fã de um desconhecido e não encontrá-lo ao fazer a busca.
Sim, eu coloco as compras na esteira do supermercado separando os itens por limpeza, gelados e geral, para não se misturarem nas sacolas.
Sim, eu faço questão de ajudar a empacotar para não perder tempo.
Sim, eu presto atenção para que quando o caixa estiver quase acabando, eu tenha o meu cartão de crédito em mãos, pronto para entregar e dizer “crédito”.
Sim, eu faço tudo isso sempre. E muito mais.
Sim, eu sou um paranóico virginiano.

Apesar de, até então, eu não acreditar nem um pouco em horóscopo, um dia fiquei com-a-pulga-atrás-da-orelha quando li as caracaterísticas do meu signo em um livro da Zero Hora. Cheguei a ficar com vergonha que as outras pessoas pudessem ler aquilo e descobrir tudo sobre mim. Era eu, tal e qual. Todo mundo diz que o virginiano é organizado, mas descobri, em outra ocasião, que isso é um engano. Não se trata de organização, se trata de pavor de desperdícios. Seja desperdício de tempo, de dinheiro, de espaço, de comida, de qualquer coisa. Por exemplo, a minha mesa no trabalho é extremamente mal organizada, mas me peça para eu arrumar um porta-malas de carro – você poderia jurar que aquilo não iria caber. Me peça para gravar músicas em um CD – eu vou fazer questão de escolher a última música com o tempo exato para encher completamente o disco. Me peça para eu colocar algo em ordem alfabética (isso se enquadra no quisito “desperdício de tempo” ao procurar depois). E eu me divirto; pior que eu me divirto. O problema é que, como sou tão paranóico, acabo tendo pouca tolerância com quem não pensa assim.

Sim, esse sou eu.

Que time é teu?

Sempre achei (e continuo achando) ridículo o modo como um torcedor “ama” o seu time. Por que um seria melhor que o outro? Até parece que o motivo que fez a pessoa optar por um clube ou por outro foi algo baseado na razão. Se assim fosse todas as discussões entre gremistas e colorados, palmerenses e corintianos, flamenguistas e fluminenses até poderiam fazer algum sentido. Mas não. Geralmente, escolhemos nosso time quando crianças, antes mesmo de sabermos escrever nosso nome, por influência do pai, de um tio, ou de algum amigo que gosta mais de futebol do que as pessoas de nossa família.

Mesmo sem cultivar o gosto pelo esporte mais difundido no Brasil, defini os meus times desde cedo (sim, eu escolhi vários: um para cada nível de abrangência geográfica). Em Pelotas, sou Brasil, por causa do meu tio que me levava a alguns jogos na Baixada. Em Porto Alegre sou Grêmio, por influência de meu primo porto-alegrense Mateus. Em são Paulo eu tinha simpatia pelo Corinthians, pois ganhei uma camiseta de uns parentes que moravam lá. No Rio, eu escolhi o Flamengo. Este foi por causa do Zico. Todas essas escolhas se deram antes de eu entrar para o colégio. Eu também tinha uma bicicleta azul e costumo dizer que a pessoa também sofre a influência da cor de sua primeira bicicleta – no meu caso, Grêmio.

Ontem, sem nem saber direito o que estava acontecendo no futebol brasileiro – só sabia que o Grêmio estava na segunda divisão e lutava para subir de novo – meu tio (aquele Xavante) veio nos visitar e pediu que eu ligasse a TV para assisir o finalzinho do jogo Náutico x Grêmio, que definiria o destino dos times para o próximo ano. Bom, todo mundo deve ter visto notícias sobre esse jogo, então, vou pular a parte de contar como foi o final. Só vou dizer que nunca vi nada igual e nem uma final de Copa do Mundo seria tão emocionante.

A partida de ontem deve ter feito muitas crianças escolherem o seu time. Hoje, eu também escolhi de novo o meu: eu sou Grêmio, mais do que nunca, pronto para discutir com qualquer colorado.

Viajar é bom para colocar os sons em dia


Hoje – Paralamas do Sucesso
O último CD dos Paralamas não pode ser considerado decepcionante. Não posso cobrar que o primeiro CD com novas composições após o acidente de Herbert Vianna tenha o mesmo nível dos anteriores. Então, posso dizer apenas que o disco é fraquíssimo, de uma forma que eu nunca imaginei que fosse. Realmente, parece que o destino não só levou só sua mulher como seu dom de compor. É uma pena ter que dizer isso. Paralamas é uma banda referencial pra mim. Sempre foi e sempre será. Herbert continua tocando muito bem guitarra e cantando muito mal, mas perder seu talento criativo é uma lástima para quem superou a maioria dos problemas e deu a volta por cima. É triste.


Pressure Chief – Cake
Ter um disco do Cake é como ter todos. Ao mesmo tempo é um alívio saber que sempre será bom, mesmo que pareça o mesmo de sempre. Aliás, por que tem que mudar?


O – Damian Rice
Sim, este é o disco que tem a musiquinha (ou musicão) do filme Closer. Foi uma grande descoberta. O cara é bom mesmo. O mais engraçado sobre “Blower’s Daughter” é a competição do mundo pop brasileiro em lançar uma versão nacional para ela. Em um dia, no rádio, ouvi Ana Carolina e Seu Jorge, cometerem juntos em um show, um veredadeiro assassinato: “É isso aíííí…”. Na nova novela das oito, não é que eu escuto a Simone – sim, aquela criatura insuportável de “Então, é Natal…” – cantando “Então, me diiiiz…”. Ah, pó’pará!


Billy Corgan – The Future Embrace
Este CD está mais para Zwan do que para Smashing Pumpkins. É pop. Bem pop. Mas isso não quer dizer ruim. Billy Corgan pode cantar mal, mas isso não aparece no CD. As músicas são competentes e ele sabe o que faz.


Cafe Tacuba – MTV Unplugged e Un Viaje
O Unplugged foi gravado há bastante tempo, logo após do excelente “Re”. Só lançaram agora, não me pergunte por quê. Minha versão tem um DVD junto do programa da MTV. Junto com ele, comprei o mais recente lançamento dos mexicanos. O quádruplo “Un Viaje”. São 3 discos ao vivo e um DVD em comemoração aos 15 anos de carreira da banda (só?). Bom, o fato que ouvir Cafe Tacuba pra mim é uma das coisas mais prazerosas no mundo da música atual. Eu devo ter um pé no méxico. Aquelas levadas de charango, violão; aqueles tempos 2×4 (acho que é isso), são muito excitantes. É como comer um taco com bastante pimenta e às vezes refrescar a língua com uma cerveja Sol com limão. As melodias são sublimes, as dinâmicas são como um mergulho de 30 segundos e um regresso à superfície. Não dá pra explicar. Tem que ouvir!

Bom, rádido e rasteiro:

MTV Acústico – Ultraje a Rigor. Bom pra ouvir uma vez e lembrar das músicas.

In Your Honor – Foo Fighters. Nem o CD elétrico nem o acúsitico, chegam aos pés dos lançamentos anteriores da banda. A melhor banda que Kurt Cobain não teve parece estar perdendo o prumo a cada disco. Mas não deixa de ser bom.

Jagged Little Pill Acoustic – Alanis Morissette. É o mesmo disco de 10 anos atrás. É o grande disco de 10 anos atrás. Vale a pena ter.

Gates Of Metal Fried Chicken Of Death – Massacration. Ouça lendo as letras. Diversão garantida. Metal de primeira qualidade (ou seja, muito engraçado), com todos os bordões clássicos de qualquer banda de metal, e letras ao melhor estilo Hermes e Renato.

Ããaa. Deve ter mais algum, mas eu esqueci.

Escolha bem no que você vai ser medíocre

Mediocridade é abrir mão da felicidade; e ser meio feliz. Mediocridade é ter meia hora de almoço, é ter meio fim de semana, é gostar de meia pessoa. Quem é medíocre tem meios amigos, usa meias palavras e meias furadas. O medíocre trabalha por dois e cobra por meio; volta pra casa à meia-hora e acha que está se doando por inteiro para alguma coisa mais importante que ele mesmo. Ele não está acima nem tampouco abaixo; está na média. O problema do medíocre é que a metade acima da média consegue lhe dar uma sobrevida, garantindo a existência da metade média ou abaixo dela. O medíocre não ama ninguém, pois não existe meio amor. Todos somos medíocres em alguma coisa. Eu só não quero ficar no meio do caminho da felicidade.

Mais referendo

Só se fala isso no País e eu, devo confessar, não agüento mais o assunto. Esse referendo é ridículo e nenhum dos resultados vai resolver a situação da violência causada pelas armas de fogo. Mas minha posição continua sendo “NÃO”. recebi um e-mail bastante bem-humorado mas esclarecedor para algumas pessoas que colo aqui embaixo, mesmo com erros de português. A autoria é desconhecida.

MUDEI DE IDÉIA. AGORA É SIM!!!

Antes, eu tinha certeza de que ia votar no NÃO e ninguém ia me convencer do contrário. Mas o tempo foi passando, e depois que ouvi as propagandas no rádio e na TV os argumentos do SIM me convenceram. Vou votar SIM. Sabe por quê?

Vou dar 17 motivos:
1. Descobri que a chance de se sair bem ao reagir a um assalto é de uma em 288.345.774.324.500. As estatísticas provam que nos outros 288.345.774.324.499 casos, a vítima que reagiu morreu. Estes casos puderam ser provados pois fizeram parte de uma pesquisa encomendada pela NASA onde tudo estava sendo filmado e documentado para que valesse de prova.

2. Descobri que a arma legal é que alimenta os bandidos pois todas aquelas AR-15, AK-47, granadas e bazucas que os traficantes do Rio usam foram roubadas de cidadãos honestos que compraram as armas legalmente. Da minha casa mesmo, por exemplo ano passado me roubaram quatro mísseis stinger.

3. Descobri que todos os pais que têm armas de fogo costumam deixá-las carregadas e engatilhadas em cima do sofá da sala. Por isso que 94 milhões de crianças brasileiras morrem brincando com armas de fogo todos os anos.

4. Descobri que todos os assaltantes de casa têm superpoderes. Eles atravessam portas e paredes e se materializam imediatamente na sua frente e apontam uma arma para a sua cabeça enquanto você ainda está deitado, tornando impossível qualquer reação. Eles não perdem tempo fazendo barulho arrombando portas e grades.

5. Descobri que se eu vir ou ouvir algum bandido pulando a cerca e entrando no meu quintal, eu não vou conseguir afugentá-lo com um tiro para cima ou para o chão. Se ele ouvir o tiro, aí sim, é que ele vai ficar excitado e vai querer de toda forma entrar em casa e trocar tiros comigos. Eles adoram fazer isso, é divertido pra caramba.

6. Descobri que se o NAO ganhar, as armas de fogo vão imediatamente ficar 95% mais baratas e vai acabar a burocracia para a compra de uma. No dia seguinte à vitória do NÃO, qualquer pessoa (bandido ou não) vai poder ir numa loja de armas, comprar um 44 e oito caixas de munição, já vai sair armado e vai para o bar mais próximo para arrumar briga e me matar.

7. Descobri que delegados e policiais civis, militares e federais – que
são em sua quase totalidade favoráveis ao NAO – não entendem N-A-D-A de violência e criminalidade. Quem manja mesmo do assunto são atores, sociólogos e dirigentes de ONGs internacionais.

8. Descobri que estrangeiros que lideram ONGs como a Viva-Rio têm muita experiência no assunto. Afinal, todo mundo sabe que a situação social, econômica e de criminalidade da França, Inglaterra e Estados Unidos (que é de onde eles vêm) é IGUALZINHA à realidade do Brasil. Não tenho a menor dúvida de que as teorias que eles têm vão funcionar direitinho aqui.

9. Descobri que 90% dos casos de homicídios são cometidos pelos chamados cidadãos de bem. Claro que isso é só dos homicídios ESCLARECIDOS, que são de 95% dos casos. Mas pela lógica, os outros 5% dos homicídios, que não são esclarecidos, também deve ser causados pelos cidadãos de bem.

10. Descobri que o governo quer que a gente vote sim. E o governo sempre pensa no nosso bem. Afinal, todo mundo sabe que a qualidade da saúde pública, ensino público, segurança pública, e etc vem melhorando cada vez mais, dia a dia.

11. Descobri que se o SIM ganhar, não vão mais acontecer mortes banais. Maridos ciumentos só vão agredir as mulheres com travesseiros de penas de ganso, torcidas organizadas vão dar as mãos, facas e canivetes vão perder o fio, tijolos e paus vão ficar macios e os pitboys vão todos se converter ao budismo.

12. Descobri que o jovem é a principal vítima da arma de fogo. Claro que isso não tem nada a ver com o fato de o jovem ser o maior usuário de drogas, e nem o fato de que quase 100% dos envolvidos no tráfico de drogas têm menos de 30 anos (porque morrem ou são presos antes). Isso é só mera coincidência.

13. Descobri que todo mundo que tem arma de fogo é um suicida em potencial. E a única causa do suicídio é a arma de fogo, e não a falta de perspectivas, falta de um ideal, falta de um sonho a buscar ou então distúrbios mentais como a depressão.

14. Descobri que se algum bandido invadir a minha casa, basta eu ligar para o 190. A polícia sempre tem homens bem treinados, viaturas, armas e instrumentos de combate ao crime de ultima tecnologia e levará menos de 3 minutos para me atender.

15. Caso isso não aconteça, basta eu fazer o sinalzinho do “sou da paz” com as mãos e o ladrão vai saber que eu sou um sujeito legal, e então ele vai embora em paz sem levar nada e sem violência nenhuma. Eles sempre agem assim quando descobrem que você é da paz, e não um daqueles psicopatas malvados que são a favor do NÃO.

16. Caso o ladrão seja muito, mas muito malvadão, eu só preciso gritar por socorro. Em cinco segundos vão aparecer a Fernanda Montenegro, a Maitê Proença e o Felipe Dylon para me salvar e prender o bandido. Sem usar armas.
Êêêêêêêêêêê!!!

17. Se o SIM ganhar, o Brasil vai ser um país mais feliz. Que nem na novela!
Obaaaaaaa!

NÃO

O meu primeiro reflexo é dizer “não” ao desarmamento: cada um faz da sua vida o que quiser e a polícia e que cuide e prenda quem não presta.

Minha segunda análise me levou a acreditar no “sim” ao desarmamento: armas só servem para matar – devemos eliminá-las.

Minha posição final é “não” ao desarmamento: é utópico pensar que proibindo o cidadão de bem de ter armas, a violência será extinta. Os bandidos já estão armados. Não quero que eles tenham certeza que eu não estarei.

Por isso, fiz esse anúncio; por achar que muita gente pode ter os mesmos dilemas que eu. Quem for a favor do desarmamento, que não compre armas. Aliás, sabem quantas armas legais foram vendidas no último ano no Brasil? Um pouco mais de mil. Não é por culpa delas que o Brasil tem altos níveis de violência.

Curitiba Rock Festival (5ª e última parte)

O melhor de vir em um show destes não é ficar analisando como cada músico está tocando sua parte; se estão sendo competentes ou não. Eu não caio mais nessa furada de achar que música deve ser avaliada como um espetáculo circense, onde ficamos impressionados, ou não, com as habilidades dos malabaristas, com a ousadia dos trapezistas e com a flexibilidade da contorcionista. Eu vim pra ver a bailarina, que se move ao ritmo suave de uma linda e triste música de amor. Eu vim para ver e ouvir os caras que fizeram as músicas mais geniais e simples que ajudaram a mudar a minha forma de assimilação musical. Às vezes nem tão simples assim, mas sempre na medida da necessidade de sua expressão. Eu estou extasiado.

Além de tirar fotos, estou gravando em vídeo, com a própria câmera digital, partes de cada música, para não me esquecer depois do set list e ter um registro da vibração do momento. Não vai dar para trocar de cartão no meio dessas pessoas ensandecidas, então, preciso aproveitar a memória ao máximo sem desperdiçar espaço, pois tudo tem que caber nos meus 256mb. Eu ainda pretendo fazer um vídeo integral de toda a Across The Sea, quando eles tocarem. Pra mim, é a melhor música. Mas começa El Scorcho e eu não me contenho: filmo ela inteira.

Antes de o baterista largar a guitarra e voltar a seu instrumento, eles fazem uma improvisação programada, ao estilo da que aparece no DVD, só que aqui, os outros 3 vão para os tambores fazer barulho. É, acho que eles estão se divertindo. É o tipo de coisa que só quem toca se diverte, mas foi legal.
De repente eles saem do palco. Será esta a hora que se costuma fingir que o show acabou para esperar pelos pedidos de bis?

“Weezer, Weezer!”

Uma movimentação estranha no mezanino abaixo do meu (na ala VIP). Será que a banda está saindo por aqui? Não. É Rivers que pega o violão e se dirige a um elevado onda há um microfone. A luz do canhão ilumina o cantor e eu só vejo silhueta. Ele toca e canta Island In The Sun em uma versão ainda mais pacata. “Hip, hip”.

A banda volta ao palco, mas antes de começarem o bis, Patrick, ainda no microfone, pergunta ao público se alguém sabe tocar, na guitarra, Undone – The Sweater Song. Todos presentes respondem que sim. E agora? Como saber que está falando a verdade? O baterista aponta para um e o chama para o subir ao palco. Dão-lhe um violão. A música começa mas, de onde eu estou, não consigo distinguir muito bem o som que ele faz. Só sei que ele parece meio perdido no início mas, depois, pega o jeito e faz até chinfra com os outros. Naturalmente, ele se perde um pouco, novamente, na única mudança de harmonia que a música tem. Mas e daí? Imagina eu ali! Ia dar branco total também. De fato, ele se sai superbem e, no final, ainda se joga no chão junto com Rivers e o baixista. Esse guri nunca vai esquecer disso na vida. Ele fica assistindo o resto do show da coxia.

Apesar dos seus álbuns estarem cada vez mais populares e se distanciando da banda que me conquistou nos dois primeiros CDs (azul e Pinkerton), as 3 canções escolhidas do Make Believe empolgam e me fazem gostar um pouco mais do disco.

O show acaba com Surf Wax America. Os dois primeiros álbuns do Weezer têm somente 10 faixas cada – menos de 40 minutos. Eu costumava gravar os dois em MD, para ouvir em viagens. Mas era preciso tirar duas músicas para caberem em um só disco (na época, não existiam os MDs de 80 minutos). Eu eliminava sempre Surf Wax (do blue) e Why Bother (do Pinkerton). Hoje eu aprendi a gostar muito delas. Serviu como uma reserva especial. Depois de ouvir tanto os álbuns, elas foram duas músicas a serem descobertas.

O show acaba sem que toquem Across The Sea. Só para que eu tenha que ir vê-los outra vez, caso venham novamente ao Brasil – ou que eu esteja viajando por outras bandas. São cerca de 3 horas da manhã e eu não colocava nada na boca desde 5 da tarde. Eu lembro de ter visto uma banca de comida. Vou comer um cachorro-quente que anunciam em uma plaquinha como “dog”. Por que “dog” e não “hot dog” ou “cachorro-quente”? Descubro. É porque é frio e sem sabor. Mas pensando bem, que cachorro maravilhoso.

“I’ve got your letter. You’ve got my song.”

My Name Is Jonas (azul)
Tired of Sex (Pinkerton)
Don’t Let Go (verde)
In The Garage (azul)
This Is Such A Pity (Make Believe)
Big Me (Foo Fighters)
Perfect Situation (Make Believe)
Why Bother? (Pinkerton)
El Scorcho (Pinkerton)
Say It Ain’t So (azul)
We Are All On Drugs (Make Believe)
Good Life (Pinkerton)
Beverly Hills (Make Believe)
Buddy Holly (azul)
Photograph (verde)

Island in The Sun (verde)
Undone – The Sweater Song (azul)
Hash Pipe (verde)
Surf Wax America (azul)

Curitiba Rock Festival (parte 4)

As luzes se apagam. O alvoroço é tanto que mal se percebe os acordes iniciais de My Name Is Jonas. É claro que seria esta a música escolhida para abertura. A Freezer também abre os shows com ela (eheheh). Ela inicia o disco azul; é a música que começa a carreira do Weezer.

É nitidamente visível que o nível de partipação e satisfação cresceu exponencialmente. Chego à conclusão que, realmente, todos estão aqui só para ver Weezer: “Curitiba Weezer Festival”. Não vejo ninguém que não esteja pulando feito um louco e cantando toda a letra. Esta pode não ser a maior banda do mundo, mas o grau de devoção e satisfação dos fãs em estarem aqui, tendo esta oportunidade, são gigantescos. Para mim e para toda a platéia, é, sim, a melhor banda do mundo.

Começa a segunda canção. Brian Bell, o guitarrista, toca a introdução de Tired of Sex, que abre o Pinkerton, no teclado. Vou confessar que eu achava que o som daquilo era de guitarra, pois realmente tem uma boa dose de distorção naquele som. A escolha da música como segunda é justa; justíssima; ela é puro vigor. Mais que isso: começo a perceber que todas ganham mais força ao vivo, como geralmente tem que ser, mas como, em muitos shows cercados por um manto mítico, costumam vacilar e revelar uma banda fraca e sem coesão. Definitivamente, este não é o caso. Weezer não me desaponta. Aliás, aponta, e muito bem afiado.

O show segue com cada vez mais surpresas, como a cover de Big Me, do Foo Fighters – com quem o Weezer tem excursionado pelos EUA. Quem canta In The Garage (o hino do nerd roqueiro) é o baixista Scott Schriner, a cara do Elvis Costello. Em This Is Such A Thing, uma das únicas 3 canções do último álbum (Make Beleive) que eles tocam (graças a Deus), Brian fica nos teclados para o arranjo newordístico e o roadie 1 – sim, aquele que se esmerou tanto em consertar a guitarra que tinha mais umas 4 iguais de reserva – pega o instrumento e manda ver. Ele participa em diversas outras músicas, seja quando Brian ou Rivers assumem os teclados ou, simplesmente quando o vocalista prefere só cantar. Não sei por quê, mas isso me sensibilizou. O sonho de todo roadie é tocar com a banda para a qual trabalha. Aqui, isso é feito de uma forma tão normal, sem as apresentações geralmente usuais que, se feitas, poderiam ser interpretadas como uma tentativa forçada de demonstração de coleguismo e humanismo. Bom, coisas da minha cabeça. O fato é que acaba me passando justamente esta imagem da banda: uma banda legal, sem estrelismos e com um marketing que não inventa nada, apenas explora a verdade de cada um; o que eles realmente são.

Patrick Wilson, o batera simpático, troca de lugar com Rivers, empunha a guitarra e assume os vocais, enquanto o maior compositor do rock contemporâneo senta na bateria. Eles tocam Photograph (do verde). Cuomo usa as baquetas de forma esquisita, transparecendo total falta de intimidade com o instrumento, mas não desanda o ritmo nem comete deslizes. É o melhor show da minha vida e ainda não está nem na metade.