O Faustão Engordou?

Fico abismado como o mercado foi inundado pelas TVs de plasma. Os preços caem virtiginosamente e muita gente está se atirando. Todo mundo quer ter sua tela “fininha”. O que essas pessoas não sabem é que, mesmo sendo anunciado que os modelos são preparados para a TV digital (esses que vemos em ofertas atrativas a toda hora), na verdade, eles apenas têm o decodificador capaz de receber o sinal digital sem necessidade de um conversor (que será necessário para quem não fizer a troca de sua TV). A resolução oferecida por essas plasmas dos folhetos de ofertas é apenas a mesma de um disco de DVD. A TV digital e os futuros aparelhos Blue-ray e HD-DVD têm resoluções muito superiores a desses “equipamentos-xodó”. Existem, sim, as com maiores resoluções (full HD), só que custam mais do que o dobro do preço.

Mas as pessoas não querem nem saber. Assim como na época da TV em preto e branco, quando se colocava um acetato colorido na tela para simular uma transmissão em cores, os consumidores-banana achatam a imagem da transmissão atual para ajustar o 4×3 ao 16×9 do aparelho. O Faustão nunca esteve tão gordo. Essas TVs apresentam algumas formas de ajustar a imagem no nova tela: pode-se cortar as partes superior e inferior para que as laterais preencham toda extensão; pode-se deixar barras pretas em ambos os lados, de forma a não se perder nada; mas o Zé-plasma prefere tela cheia e achatada. Afinal, pagou caro pelas polegadas a mais e é preciso diluir o custo fixo. :)

Restaurantes de Pelotas – Lobão

A Churrascaria Lobão é uma instituição em Pelotas. Cada vez que vou lá, fico maravilhado com a qualidade do serviço e da comida. É claro que fica difícil exigir esse altíssimo nível de atendimento quando o estabelecimento está superlotado, em ocasiões como o Dia das Mães. Mas, mesmo assim, eles conseguem se sair muito acima da média. Mesmo com a casa cheia, eles são perfeitos. Acho que a fórmula do sucesso do Lobão está no conhecimento do negócio (restaurante é para profissional) e no domínio completo de tudo que se propõe a oferecer. Determinaram que a casa seria simples e a comida também e, por isso conseguem se superar. O buffet de saladas é o melhor da cidade. Até os pratos quentes – incluindo o strogonoff (que normalmente seria um prato suspeito em uma churrascaria) é feito com carinho e sinceridade. O Lobão não tenta ser o que não é; ele consegue ser melhor do que parece ser; surpreender sempre. Assim, é possível ter o controle perfeito de tudo que oferece. O contrário disso é o pior deslize que um restaurante pode cometer – tentar ser elitista, metido à besta e, no máximo, conseguir ser falso. Alguns restaurantes incorrem nesse erro que pode destruir com todos os demais méritos que eles possam ter. Pra mim, o único problema do Lobão é a alta velocidade em que, às vezes, as carnes são oferecidas. Se o papo na sua mesa engrena, as interrupções que o serviço farto causa chega a atrapalhar um pouco. Acho que aquele sistema de verde-e-vermelho, comum em rodízios em todo o País, poderia ser bastante útil. Mas eles devem ter algum motivo que desconheço para não utilizá-lo. Apesar dos quadros na parede (para venda) serem a síntese do mau-gosto, é tradição no local e devem ser encarados como a expressão da simplicidade da casa. Aliás, quem seleciona aquilo? :)

Longa vida ao Lobão.

Um Grande Magazine da Cidade

Cliente habitual de grande e tradicional magazine pelotense, como faz periodicamente em alguns sábados, vai até a loja da Domingos de Almeida abastecer seu guarda-roupas. Na hora do pagamento, pergunta como ele pode ser feito. A caixa responde que é possível fazer à vista, com 10% de desconto, ou em 5 vezes, pelo cartão, pelo preço de etiqueta. Intrigado pela falta de opções intermediárias de número de parcelas, questiona se não dá para fazer em 3 vezes. A funcionária, educadamente, diz que até dá, mas que o preço será o mesmo da etiqueta. O cliente estranha não ter um desconto progressivo para a situação, mas resolve pagar à vista e aproveitar os 10% a menos. Após pagar, avista o dono do estabelecimento, que costuma dar plantões trabalhando no caixa. “Que legal, é uma boa forma de estar em contato direto com seus clientes. É um homem de visão!” Santa ingenuidade. Resolve tirar a pulga de trás da orelha sobre as opções de pagamento e as vantagens, afinal, a opção oferecida de pagar em 5 vezes deve ser a única que conseguiram negociar com a operadora de cartão de crédito. Ele cumprimenta o senhor, faz educadamente a pergunta, medindo as palavras para não ser mal entendido, mas recebe uma antipática, sisuda, arrogante, grossa e burra resposta: “cliente assim não me interessa”.

Se fosse comigo eu enfiava os R$500 em compras no orifício posterior do cidadão e exigia a devolução do meu dinheiro. Eu mesmo já vi este senhor, na hora de fechar a loja, barrando clientes que chegavam à porta no exato momento de encerrar as atividades, sem ao menos um “está na hora, mas entra rapindinho, vai”. Ele prefere um “tá fechado!” Ê, lojinha caipira, sô. Como é que consegue se criar? O pelotense merece e gosta.

Divide a pizza em 12 que estou com fome

Casal A esperou 45 minutos pelo casal B em uma pizzaria (40 minutos após a hora combinada). Casal A já está acostumado com atrasos do casal B.

Como se nada tivesse acontecido, macho do casal A, educadamente, oferece o cardápio para que o casal B escolha o sabor da pizza. Fêmea do casal B, decidida, mesmo antes de consultar o menu, manifesta preferência pelo sabor Tomates Secos com Rúcula. Casal A concorda prontamente e estão prontos para fazer o pedido. Macho do casal B pergunta: “Tá, mas só um sabor? Quantos sabores dá pra pedir na pizza grande? Não são três? Não querem escolher outro? Escolham outro aí, vai!”. O macho do casal A diz que não; que concorda com o pedido da fêmea do outro casal. Macho do casal B insiste: “Mas eles fazem com três, vamos aproveitar!” Macho do casal A aconselha que ele, então, escolha um segundo sabor, mas percebe que ele não sabe o que quer; pensa, pensa e, mesmo sem desejar realmente outro sabor específico, define um queijo com alguma coisa. Ainda resmunga que dá para escolher um terceiro sabor, mas o macho do casal A apressa-se a chamar o garçom para acabar com o dilema de uma vez por todas e, tomando dianteira, ordena ao atendente: “Faz dois terços com ‘tomate seco’ e um terço com ‘queijo com alguma coisa’. O macho do casal B interrompe: “Não, faz meio a meio”.

São três pessoas que estão definidas que querem de tomate seco e nenhuma que quer o queijo com alguma coisa. Macho do casal A exalta-se, comportado e sorridente, e diz: “A parte que me cabe eu quero de tomate secos com rúcula”. Mas o macho do casal B não entende a ironia e interfere: “Não, traz meio a meio”.

O cara que inventou que uma só pizza poderia conter várias nunca imaginou que as pessoas se obrigariam a escolher mais de um sabor mesmo sem ter vontade. Tem quem peça tanto sabor na mesma pizza que fica gente na mesa sem conseguir comer mais que um. Vai entender.

Outubro Tá Aí

Este Brasil não merece a torcida e a lágrima de ninguém. Este Brasil é a síntese da incompetência de todo um país. Este Brasil é o Brasil que a si mesmo exalta e que na verdade não é o melhor do mundo na música, na dança, na criatividade. Este Brasil que se auto-intitula o melhor em tudo, não tem as paisagens mais lindas do mundo, não; não tem as mulheres mais lindas do mundo, não. Por que insistem em impor isso pra gente? Por que a mídia faz isso? Este Brasil é o Brasil fracassado, arrogante e ufanista. É o Brasil que se acha melhor do que os outros mas que de fato, pensando assim, só consegue ser o pior; o mais incompetente, preguiçoso e vagabundo. Enquanto não mudarmos nossa forma de pensar seremos sempre este paisinho de merda. Este Brasil não merece a torcida e a lágrima de ninguém. Perdemos, de novo, para a competência de uma nação na qual devemos nos espelhar. Eu só não vou sair com a minha camiseta da França na segunda-feira, porque eu tô torcendo para o eficaz Felipão e seu Portugal. Parabéns ao Lúcio, pela sua eficiência e jogo limpo.

Conte Até Dez

Conte até dez:

– quando te fazem esperar;
– quando deixam uma meia fatia de queijo no pote;
– quando deixam meio pacote de miojo no armário;
– quando deixam metade de um paozinho de 50g no saco;
– quando os assuntos são sempre os mesmos, como sobre o tempo;
– quando não respeitam as suas coisas;
– quando não prestam atenção no que você fala;
– quando fingem prestar atenção no que você fala;
– quando não captam o real significado daquilo que você fala, entendendo outra coisa totalemente imbecil e superficial, mas concordando com ela tão veementemente que você fica constrangido só pela possibilidade de que tenham imaginado que esse segundo significado possa ter sido sua real intenção;
– quando não te deixam falar;
– com pessoas que se assustam por qualquer coisa dando pulos e te assustando mais do que o fato em si;
– quando não enroscam ou não prendem firmemente a tampa de algum recipiente, tornando a embalagem apta a despencar de sua mão no momento que agarrá-la;
– quando um convidado vai a sua casa e passa o tempo todo falando mal das suas coisas, seus gostos e seus hábitos, no mesmo momento em que você, reciprocamente, tem tanta coisa para ser dita mas, por educação, não diz nada;
– quando não é você que está com o controle remoto;
– quando pessoas usam resolução baixa no monitor, mesmo podendo usar maior;
– quando as pessoas não agem de acordo com o que dizem achar correto, justificando com um “não faço porque ninguém faz”.

Conte até mil.

A Vez do Zico

Tá certo que quando começarem os jogos do Brasil, provavelmente, irei pensar diferente. Mas eu não estou vendo graça no Brasil ganhar pela sexta vez uma Copa do Mundo. Eu gostaria de ver Togo ganhar, ou Portugal do Felipão. Melhor ainda, Japão do Zico. Zico é um cara muito pé-frio, coitado. Foi um grande jogador, mas nunca ganhou uma Copa. Jogou 3, fazendo parte, inclusive da melhor seleção do Brasil, a de 1982. Mas nem como assistente técnico, em 1998, ele deu sorte. E pior que já perdeu a primeira partida, contra a Austrália… Torço por ele. Ia ser legal vê-lo campeão do mundo. Zico merece.

Lig, lig, lig para o Burger

Comi 3 vezes do/no Lig Burger, – pra quem não sabe – o novo estabelecimento de lanches da cidade. Já provei um bauru de picanha, um hamburger duplo e um hamburger de provolone. Os dois primeiros, comprei para comer em casa. É ruim comer frio. Não faço mais. Mas deu pra perceber que o lance deles é, realmente, o hamburger, como o nome diz. Na minha opinião, nem deverim ter bauru. Não que seja ruim, mas o Circulus é melhor e mais “limpo”. ** Chamo de “limpo” o lanche que é sequinho, com pouca gordura; quando os ingredientes podem ser percebidos individualmente e não aquele molho gordo e homogêneo com um gosto só, encontrado em outros “trailers”. **

Já o hamburger deles é muito bom, feito com carne boa, apesar de eu achar que deveria ser mais temperado. Geralmente os restaurantes não gostam de temperar bem os pratos para não desagradar clientes mais sensíveis. Eu sou totalmente contra essa falta de personalidade – quando, realmente, é falta de personalidade. O ambiente é muito bonito e agradável, apesar de não ter muito a ver com “lanche”. Talvez a proposta tenha sido esta mesmo – fazer algo mais sofisticado para mostrar que lanche não precisa ser feio e coisa-de-guri-sem-dinheiro.

Os pedidos vêm em pratos quadrados, com apresentação excelente. Como todo restaurante que abre, ainda pecam em alguns quesitos de atendimento, como confusão em anotar o pedido, em entregar os pedidos… Mas isso aprimoram com o tempo. Quando fui lá pela segunda vez, para levar para casa, deixaram o meu pedido esfriando por 5 minutos em cima do balcão e só me entregaram porque eu desconfiei e perguntei. Depois, a garçonete não sabia se eu tinha pago ou não, mesmo eu mostrando o cupom. Quando cheguei em casa, não tinham colocado a batata frita que eu pedi e paguei. Só resolvi escrever este post depois que fui, pela terceira vez, para comer lá.

Fiquei impressionado com o investimento e com a quantidade de gente que trabalha ali. São 4 somente preparando os lanches; o dono e a dona (parece) que ficam no caixa e gerenciando; 3 garçonetes e, na cozinha, devia ter mais um ou 2. Ou seja, 11 pessoas para servir, sei lá, uns 30 lugares. Espero que tenham calculado corretamente os custos e que durem por muito tempo.

De modo geral, é uma ótima iniciativa, de grande qualidade que ainda precisa ser melhorada como todo novo negócio. Ao meu gosto, já saiu na frente do McDonald’s disparado. Acho até que a comparação é, no mínimo, grosseira.

O Código

O que esperar de um tema pop, em um livro pop, com repercussão extremamente pop, em uma adaptação hollywoodiana para o cinema? Pop, é claro. Eu sabia que veria o filme “O Código da Vinci” comparando o tempo inteiro com o livro. Todas as pessoas que leram – e não são poucas (cerca de 49 milhões até agora) – devem estar agindo da mesma forma. Levando isso em consideração, fiquei os 30 minutos iniciais do filme tentando esquecer que tinha lido sobre aquilo. Eu pretendia perceber o filme como um filme. Não sei se por este fato, a primeira metade me pareceu muito ruim. Entendi, então, por que o filme foi motivo de vaias e gargalhadas em sua estréia em Cannes. Todos os enigmas desvendados dentro do Louvre, no, digamos, primeiro ato, que, originalmente, levam mais de 10 capítulos para acontecer, não consomem mais do que 5 minutos de tela. No livro, já é uma baita apelação a história dos anagramas, imagine no filme. A minha próxima surpresa, foi o intervalo que o Capitólio fez depois de uma hora e 20 de projeção. Nunca eu tinha visto isso. Só quando fui ver uma sessão dupla de O Retorno de Jedi e O Império Contra-ataca, há mais de 15 anos. Claro que a pausa foi entre os dois filmes e não no meio de cada um. Quando a história dirigida por Ron Howard volta, tudo parece melhor. Cada fato acontece no seu tempo, apesar de uma certa correria ser inevitável para tentas teorias conspiratórias. A maioria delas precisou ser deixada de lado na adaptação. Aliás, adaptação bem fiel até, já que o próprio romance é bastante cinematográfico em si.

No final das contas, o filme ficou acima da média que eu esperava. Achei o fim do livro mais emocionante do que a forma escolhida para contá-lo na película.

Toda a grana disponibilizada em assessoria de imprensa e publicidade propriamente dita para aumentar a polêmica sobre o livro e o filme é claro que funcionou até para quem poderia estar à margem dos fatos. As ameaças da Igreja Católica em boicotar o projeto e as opiniões dos religiosos alimentaram ainda mais tudo isso. O que eu acredito é que o filme, mesmo cheio de teorias inventadas e, mesmo com grandes possibilidades de outras serem reais, acaba por ser de grande utilidade para a Igreja. Muita gente alheia à religião está sendo convidada a discutir sobre o assunto. Coisa que nenhuma escola católica ou mesmo outras ações da Igreja vêm conseguindo fazer com sucesso. A mensagem que o filme deixa, bem mais explicitamente do que o livro é que, às vezes, a fé é a única coisa que resta para as pessoas se agarrarem.