Saramago

Sábado, a Federal FM estava transmitindo direto da Feira do Livro de Pelotas. Não sei quem, então, estava lendo este trecho de José Saramago. Só a 107.9 mesmo para ficar quase, ou inteiros, 10 minutos lendo parte de um livro. Eu estava chegando em casa e fiquei sentado no carro ouvindo até acabar. Não conhecia o texto, mas achei interessante, principalmente pelo resgate da linguagem, além de outras coisas.

“Um homem foi bater à porta do rei e disse-lhe, Dá-me um barco. A casa do rei tinha muitas mais portas, mas aquela era a das petições. Como o rei passava todo o tempo sentado à porta dos obséquios (entenda-se, os obséquios que lhe faziam a ele), de cada vez que ouvia alguém a chamar à porta das petições fingia-se desentendido, e só quando o ressoar contínuo da aldraba de bronze se tornava, mais do que notório, escandaloso, tirando o sossego à vizinhança (as pessoas começavam a murmurar, Que rei temos nós, que não atende), é que dava ordem ao primeiro-secretário para ir saber o que queria o impetrante, que não havia maneira de se calar. Então, o primeiro-secretário chamava o segundo-secretário, este chamava o terceiro, que mandava o primeiro-ajudante, que por sua vez mandava o segundo, e assim por aí fora até chegar à mulher da limpeza, a qual, não tendo ninguém em quem mandar, entreabria a porta das petições e perguntava pela frincha, Que é que tu queres. O suplicante dizia ao que vinha, isto é, pedia o que tinha a pedir, depois instalava-se a um canto da porta, à espera de que o requerimento fizesse, de um em um, o caminho ao contrário, até chegar ao rei. Ocupado como sempre estava com os obséquios, o rei demorava a resposta, e já não era pequeno sinal de atenção ao bem-estar e felicidade do seu povo quando resolvia pedir um parecer fundamentado por escrito ao primeiro-secretário, o qual, escusado se ria dizer, passava a encomenda ao segundo-secretário, este ao terceiro, sucessivamente, até chegar outra vez à mulher da limpeza, que despachava sim ou não conforme estivesse de maré.

Contudo, no caso do homem que queria um barco, as coisas não se passaram bem assim. Quando a mulher da limpeza lhe perguntou pela nesga da porta, Que é que tu queres, o homem, em lugar de pedir, como era o costume de todos, um título, uma condecoração, ou simplesmente dinheiro, respondeu, Quero falar ao rei, Já sabes que o rei não pode vir, está na porta dos obséquios, respondeu a mulher, Pois então vai lá dizer-lhe que não saio daqui até que ele venha, pessoalmente, saber o que quero, rematou o homem, e deitou-se ao comprido no limiar, tapando-se com a manta por causa do frio. Entrar e sair, só por cima dele. Ora, isto era um enorme problema, se tivermos em consideração que, de acordo com a pragmática das portas, ali só se podia atender um suplicante de cada vez, donde resultava que, enquanto houvesse alguém à espera de resposta, nenhuma outra pessoa se poderia aproximar a fim de expor as suas necessidades ou as suas ambições. À primeira vista, quem ficava a ganhar com este artigo do regulamento era o rei, dado que, sendo menos numerosa a gente que o vinha incomodar com lamúrias, mais tempo ele passava a ter, e mais descanso, para receber, contemplar e guardar os obséquios. À segunda vista, porém, o rei perdia, e muito, porque os protestos públicos, ao notar-se que a resposta estava a tardar mais do que o justo, faziam aumentar gravemente o descontentamento social, o que, por seu turno, ia ter imediatas e negativas consequências no afluxo de obséquios. No caso que estamos narrando, o resultado da ponderação entre os benefícios e os prejuízos foi ter ido o rei, ao cabo de três dias, e em real pessoa, à porta das petições, para saber o que queria o intrometido que se havia negado a encaminhar o requerimento pelas competentes vias burocráticas. Abre a porta, disse o rei à mulher da limpeza, e ela perguntou, Toda, ou só um bocadinho. O rei duvidou por um instante, na verdade não gostava muito de se expor aos ares da rua, mas depois reflexionou que pareceria mal, além de ser indigno da sua majestade, falar com um súdito através de uma nesga, como se tivesse medo dele, mormente estando a assistir ao colóquio a mulher da limpeza, que logo iria dizer por aí sabe Deus o quê, De par em par, ordenou. O homem que queria um barco levantou-se do degrau da porta quando começou a ouvir correr os ferrolhos, enrolou a manta e pôs-se à espera. Estes sinais de que finalmente alguém vinha atender, e que portanto a praça não tardaria a ficar desocupada, fizeram aproximar-se da porta uns quantos aspirantes à liberalidade do trono que por ali andavam, prontos a assaltar o lugar mal ele vagasse. O inopinado aparecimento do rei (nunca uma tal coisa havia sucedido desde que ele andava de coroa na cabeça) causou uma surpresa desmedida, não só aos ditos candidatos mas também à vizinhança que, atraída pelo repentino alvoroço, assomara às janelas das casas, no outro lado da rua. A única pessoa que não se surpreendeu por aí além foi o homem que tinha vindo pedir um barco. Calculara ele, e acertara na previsão, que o rei, mesmo que demorasse três dias, haveria de sentir-se curioso de ver a cara de quem, sem mais nem menos, com notável atrevimento, o mandara chamar. Repartido pois entre a curiosidade que não pudera reprimir e o desagrado de ver tanta gente junta, o rei, com o pior dos modos, perguntou três perguntas seguidas, Que é que queres, Por que foi que não disseste logo o que querias, Pensarás tu que eu não tenho mais nada que fazer, mas o homem só respondeu à primeira pergunta, Dá-me um barco, disse. O assombro deixou o rei a tal ponto desconcertado, que a mulher da limpeza se apressou a chegar-lhe uma cadeira de palhinha, a mesma em que ela própria se sentava quando precisava de trabalhar de linha e agulha, pois, além da limpeza, tinha também à sua responsabilidade alguns, trabalhos menores de costura no palácio como passajar as peúgas dos pajens. Mal sentado, porque a cadeira de palhinha era muito mais baixa que o trono, o rei estava a procurar a melhor maneira de acomodar as pernas, ora encolhendo-as ora estendendo-as para os lados, enquanto o homem que queria um barco esperava com paciência a pergunta que se seguiria, E tu para que queres um barco, pode-se saber, foi o que o rei de facto perguntou quando finalmente se deu por instalado, com sofrível comodidade, na cadeira da mulher da limpeza, Para ir à procura da ilha desconhecida, respondeu o homem, Que ilha desconhecida, perguntou o rei disfarçando o riso, como se tivesse na sua frente um louco varrido, dos que têm a mania das navegações, a quem não seria bom contrariar logo de entrada, A ilha desconhecida, repetiu o homem, Disparate, já não há ilhas desconhecidas, Quem foi que te disse, rei, que já não há ilhas desconhecidas, Estão todas nos mapas, Nos mapas só estão as ilhas conhecidas, E que ilha desconhecida é essa de que queres ir à procura, Se eu to pudesse dizer, então não seria desconhecida, A quem ouviste tu falar dela, perguntou o rei, agora mais sério, A ninguém, Nesse caso, por que teimas em dizer que ela existe, Simplesmente porque é impossível que não exista uma ilha desconhecida, E vieste aqui para me pedires um barco, Sim, vim aqui para pedir-te um barco, E tu quem és, para que eu to dê, E tu quem és, para que não mo dês, Sou o rei deste reino, e os barcos do reino pertencem-me todos, Mais lhes pertencerás tu a eles do que eles a ti, Que queres dizer, perguntou o rei, inquieto, Que tu, sem eles, és nada, e que eles, sem ti, poderão sempre navegar.”

José Saramago

Leia toda a parábola, “O Conto da Ilha Desconhecida” aqui.

Em 1978…

Caro Picadura,

Confesso que a primeira coisa que estranhei foi seu nome. Sei que a sua mãe não tem culpa disso. Deve ser, provavelmente, um pseudônimo artístico. Por isso, aconselho-o a repensá-lo. “Picadura” não é muito pop. Definitivamente. Quanto à fita-demo de sua banda, preciso ser franco: ela é muito inconstante. Algumas músicas são muito ingênuas e o fato de vocês serem só três, deixa o som um pouco vazio na maioria do tempo. O mercado não quer isso. Olhe as bandas de sucesso. Essa história de punk (estilo no qual vocês embasam sua “pegada”) não vai durar muito tempo. O lance agora vai ser muito teclado, backing vocals. A música vai crescer. Pode acreditar.

Mas entre todas as faixas de sua fita, percebi que algumas até têm potencial, mas precisam ser melhor trabalhadas. Entre elas, a faixa 2. Em primeiro lugar, vocês deveriam trocar ela de posição. Ela tem que ser a primeira, pois é uma canção de impacto e se não mudar, assim como eu, as pessoas podem ter vontade de parar de ouvir o disco antes dela chegar. Aí, dançou. Ê, musiquinha chata aquela 1. Seguindo na 2, ela inicia muito de soco. O vocal não pode começar assim tão direto. Tem que ter introdução para o pessoal ir se preparando. Ir dançando, entende? Tem que ter um riff forte na introdução também. Quem inventou esse padrão na música pop sabia o que estava fazendo. Acredite em mim. Repensem.

E você (você é o vocalista, certo?) canta bem até, mas o tom tá muito alto. Você tá gritando muito, pô. Tá se esgoelando! Baixa uns 2 dois tons que fica bem melhor. E esse guitarrista de vocês? Cá entre nós, ele não toca nada. Fica só enrolando e não sai do lugar. Muito barulho e pouca nota. Pouquíssima nota. Ele por acaso é pago por nota e vocês tão em contensão de despesas? Isso que essa faixa ainda tem solo, porque as outras nem solo têm. Onde se viu música sem solo de guitarra? Isso é rock, meu amigo! Rock! Tem que trocar esse cara. Urgente! Esse pessoal do metal é que entende de guitarra. Quem sabe você não coloca um desses cabeludos? De repente, ao invés de substituir, se não querem perder o amigo, coloca uma segunda guitarra. O metaleiro fica de solo e o outro fica nos chaca-chacas dele. E quanto ao batera? De onde ele saiu? Ele até é criativo, mas é muito exibido — demais — e dá umas baquetadas meio fora do tempo, né? Eheheh. Bem fora. Não percebeu? Não vai me dizer que é música de vanguarda. Música de vanguarda ninguém compra. Tem que ser tudo quadradinho. Pop, meu amigo. Tem que ser pop!

Outra coisa, reavalie a letra dessa 2. O pessoal não vai cantar junto algo tão melancólico “Me sinto tão sozinho, tão sozinho, tão sozinho…”. Aproveita também e revê o nome da banda. “A Polícia”? Os jovens não gostam de polícia. E se fosse “Os Bandidos”? Isso sim tem cara de rock! Rebeldia. Atitude. Te lembra dessa palavra: “atitude”.
Picadura, troque de nome, siga também meus outros conselhos e, depois, me mande uma nova versão de sua demo. Aí, sim, vai vender milhões. Pode acreditar. Pode acreditar.

Marketing Gravadora

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Para ler escutando “So Lonely” do primeiro disco do “The Police”.

Balas 7 Belo

Depois que pararam de embrulhar as balas 7 Belo com papel, por debaixo da embalagem principal, nunca mais o sabor foi o mesmo. O gostinho estava justamente naquele invólucro que, por mais que tentássemos tirar, nunca saia todo. Eu desistia. Dizia assim: “Mãe, não consigo tirar tudo!”. Ela respondia: “Não tem problema, meu filho. Um pouquinho de papel não vai te fazer mal”. E lá estava eu, no cinema, enchendo a barriga de 7 Belo com papel. Quando me aplicava para retirar todo ele, a unha ficava cheia de bala. Era impossível comer só a massa rosa. Mas tinha um gostinho especial; um gostinho de infância. Hoje, o produto vem embrulhado com um plástico ou algo semelhante, o que fez com que perdesse totalmente o charme e o sabor. As vendas devem ter despencado — óbvio que despencaram! — e as crianças de hoje em dia vão ficar sem saber o que é uma verdadeira bala 7 Belo. Ah, bons tempos que não voltam mais.

Gauchada

A Semana Farroupilha passou e, além do cheiro de bosta no ar, me deixou “matutando” a respeito desse “orgulho gaúcho” que permeia nosso Estado. Não vou nem entrar em detalhes sobre aspectos obscuros do tradicionalismo gaúcho e da exaltação de uma guerra perdida (como muitos falam) pois nem tenho conhecimento histórico para tanto. Mas essa de bradar aos quatro ventos o tal (novamente) “orgulho gaúcho”, seja em forma de grito de torcida, em jingle no rádio, em adesivo de carro, em comercial de televisão, em discussão de bar e até em hino, sempre me pareceu uma coisa esquisita.

Eu não tenho orgulho de nenhuma qualidade minha que não seja um adjetivo de valor. Por isso, ser alto, ser gordo, ser branco, negro, ser homem, ser mulher, ser homossexual, heterossexual, não deveria ser motivo de orgulho nem de “desorgulho” para ninguém. Porém, ser inteligente, ser bom, ser ético, ser justo, ser competente, isso sim pode ser encarado com orgulho.

Quando alguém diz que tem orgulho de ser gaúcho, já traz na própria sentença um sentimento de superioridade que me causa náuseas. Eu sou gaúcho e não tenho nenhum problema com isso. Como não teria se fosse paulista, paranaense ou piauiense. Mas também não tenho nenhum motivo para me considerar superior aos outros.

Certa vez uma empresa da cidade realizou um encontro de vendedores de todo país. Os levou para um CTG. A ideia foi brilhante. É sempre curioso vermos a cultura de outros estados. A nossa tradição, com dança, música e costumes, apesar de montada por Paixão Cortes, é bonita de se ver. Só que ninguém esperava que a prenda prodígio de menos de 10 anos declamasse um poema tão ufanista que me fez ter vergonha das pessoas com quem eu dividia a mesa. Ela dizia coisas como “… povo como o nosso não há…”, “… ninguém é tão bom quanto a gente…”, e por aí vai. E vai além: basta lembrar dos versos do hino rio-grandense: “Povo que não tem virtudes, acaba por ser escravo”.

Esse negócio pra mim soa meio fascista. Como devem se sentir então os canadenses, os suíços, os noruegueses — pessoas que vivem em sociedades-exemplos, das quais teriam muito mais motivos para se orgulharem do que nós da nossa?

Mas que mania…

Entre diversas coisas ruins que a gente sempre espera que nossos filhos não passem ou que não façam, algumas parecem tão bobas que geralmente nem chegam a ser preocupantes de fato. Mas são justamente essas que podem repercutir em (ou ser consequência de) outros aspectos da personalidade da pessoa, aí sim, bem mais graves.

Algumas das manias com desdobramentos ocultos que prefiro que minha filha não tenha:
– tirar a casca de pão de sanduíche;
– separar passas do arroz à grega, o pimentão do salpicão, a azeitona do pastel;
– deixar a borda da pizza no prato;
– estacionar o carro de ré no supermercado (pra quê, se é preciso guardar as compras no porta-malas?);
– não tomar leite, ou leite quente, ou leite gelado, ou café com leite;
– dizer que não gosta de comidas que nunca provou;
– cochichar na frente dos outros;
– valorizar somente os amigos que possam lhe dar algo em troca, que não só amizade;
– reclamar da vida sem parar, achar que é vítima do mundo.

Entre outros.

RBS TV na Sky

Resolvi postar sobre isso porque vasculhei a Internet e não encontrei nenhuma informação sobre este problema.

Sou assinante da Sky e tenho um aparelho Sky+, aquele que grava em HD. Já falei sobre isso neste blog. Para quem mora em Pelotas, não há como sintonizar a Globo. Então, mudei meu endereço de instalação para o Rio de Janeiro e abriram o sinal da Globo Rio pra mim. O problema é que a programação local deles não me interessa, como os telejornais que falam sobre uma realidade que não é a minha. Fiquei cerca de dois anos assim. Há duas semanas atrás, digitei o número 13 no meu controle e descobri que a Sky estava transmitindo também a RBS TV Porto Alegre, pois aparece o nome do canal, mesmo sem imagem. Imediatemente liguei para a Sky e pedi a troca do endereço de instalação para Porto Alegre. Abriu o sinal, uma maravilha. Posso ver até o Jornal do Almoço. Porém, o canal 13 não aparece na grade de programação. Ou seja, só posso assistí-lo digitando “13” no controle. Isso não é o maior problema. O maior problema é que não posso agendar uma gravação de um programa futuro, pois isso é feito justamente no guia de programação, dando um “rec” no programa específico. Há pouco tempo também, a Sky atualizou o software do aparelho, permitindo que sejam feitas duas gravações simultâneas e, o melhor, gravações por horário. Isso era algo que eu queria muito, pois às vezes o programa atrasava seu fim e a gravação acabava antes dele. Com a gravação por horário também é possível programar para gravar numa hora fixa em uma freqüência de um dia por semana, de segunda a sexta ou todos os sete dias. O problema é que como o canal 13 (RBS TV) não consta na grade, também não pode ser escolhido nem na gravação por horários. Ou seja, só é possível gravar o programa que está passando na hora ou o seguinte, acessando pela barra inferior durante sua exibição.

Tá bem, não preciso muito gravar a RBS. Eu só gravava o Altas Horas e algum evento aleatório como shows esporádicos e tal, mas fiquei de cara. Liguei para a Sky e, depois de meia hora me transferindo de um ramal para o outro, me disseram que a Globo (talvez tenham querido dizer “RBS”) não permite que a programação regional seja inserida no guia de programação. Não me explicaram o motivo disso, nem mesmo eles sabem, é o que parece. Vou considerar mudar o meu endereço novamente para o Rio, além do que a RBS não transmite em estéreo mas a Globo Rio, sim.

Se alguém, que procurou pelo assunto e encontrou este post, souber de algo, por favor, me avise.

Brasil: Caos

As instituições de nosso País são essenciais para garantir os nossos direitos de cidadão. E isso é muito mais profundo do que possa parecer.

Quando os hospitais públicos (e todo o sistema) começaram a dar sinais de falência, passamos a freqüentar opções privadas e a contratar planos de saúde; quando a previdência social se mostrou incapaz de nos garantir uma aposentadoria digna, migramos para as ofertadas pelas grandes instituições financeiras; quando a segurança pública iniciou a ficar caótica, aumentamos nossos muros, compramos seguro contra roubo e contratamos seguranças para nosso comércio e, alguns, até, para suas próprias vidas; quando a educação pública começou a ficar impensável, colocamos nossos filhos em escolas particulares; quando descuidaram de nossas estradas ainda as venderam para a iniciativa privada e, agora, pagamos para andar nelas (mais uma vez); quando o transporte público começou a dar sinais de ineficiência, compramos mais carros e, muitas, muitas motos; enfim, quando nos demos conta que o imposto que pagamos ficou exorbitante, não estava sendo utilizado como deveria, era roubado na maioria, achamos que deveríamos passar a sonegar, a dar um jeitinho de minimizar a perda.

O brasileiro aceita tudo, não reclama, e sua passividade acaba virando mais que isso; em alguns casos vira falta de caráter. Agora, o nosso sistema aéreo, até então, motivo de orgulho da nação, começa a entrar em caos. O que iremos fazer? Andar só de ônibus. E o pior é que os mais prejudicados com isso são, novamente, quem não tem grana para pagar pelas alternativas, nem entendimento suficiente para questionar. Não se muda leis fingindo que elas não existem. Não se faz valer um direito, procurando outra forma de utilizá-lo. Só existe uma forma de mudar: é reivindicando. Vocês já pensaram como todos seríamos ricos se nosso país funcionasse de verdade? “Ricos” em todos os sentidos?

Decifrei o Lost (de novo)

O Mito da Caverna, de Platão, explica tudo. Comparem os passageiros do avião com os que vivem na caverna. Compare os Outros com os que vivem na luz. Compare os passageiros que têm mais contato com os Outros, com os que estão cegos pela nova luz. Compare os passageiros lutando com os que matariam para não deixarem seus companheiros serem ofuscados pela nova luz.

Está tudo aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito_da_caverna

Sem Fio

Não sei se pode-se chamar tecnicamente de ruído de comunicação. Na verdade, é uma imperícia, falta de cuidado ou, talvez, até falta de atenção/respeito pelo que os outros dizem. Se bem que, às vezes, algumas pessoas não sabem nem como dizer claramente, mas precisamos cercar todas as possibilidades para ter certeza que estamos entendendo o que querem dizer. Também precisamos ter certeza que estamos sendo perfeitamente compreendidos. Comunicação é aquillo entendem do que falamos e não o que falamos.

Sabem telefone sem fio?

Pessoa 1: Tem algo de estranho com este morango. Pode ser que esteja estragado.
Pessoa 2: Ele disse que o morango está estragado.
Pessoa 3: Disseram que não gostam de morangos.
Pessoa 4: Odeiam morangos.
Pessoa 5: Se aparecer um morango na frente deles, a gente tá morto.

É assim que começam as guerras.