No Que Tu Tá Pensando?

— No que tu tá pensando?
Ela se deita de bruços, esconde o rosto e dá uma risada como quem diz “como é que ele sabe que eu tô pensando?”
— No que é que tu tá pensando? — Repito.
— Tô pensando que eu vou crescer.
— É? — Me encho de orgulho que minha filha de 3 anos já está “pensando na vida”.
— É.
— E o que é que tem “quando tu crescer”?
— Quando eu crescer eu vou ser uma bailarina.
— É? Queres ser bailarina?
— É. E depois, quando eu crescer mais, quero ser que nem vocês dois.
— Tu não gosta de ser criança?
— “Criança” que nem o Miga? — Miga é o Miguel, primo de menos de dois anos.
— Tu acha que o Miga é criança?
— É. Ele é bem pequeno.
— E tu não é?
— Eu quero ser grande — desconversa.
— E eu quero ser criança — contraponho.
— Eu gosto de ser criança também, mas eu quero ser grande.
— Os adultos querem ser crianças e as crianças querem ser adultos.

Ela fica pensativa de novo.

— Filha, olha só. Quero te dizer uma coisa.
— Ã…
— Sempre que tu quiser, mesmo depois de ficar grande… Sempre que tu quiser conversar sobre a vida, o pai vai estar sempre aqui pra falar contigo, tá?
— Tá bom.

Manja Agência de Propaganda?

Comparações músico-fonográficas para você entender a fauna da publicidade.

Criação
É formada por compositores frustrados, que tentam inserir em todos os trabalhos as idéias e inspirações que não tiveram oportunidade de lançar por si só comercialmente.

Arte-final
É o músico contratado que fica o tempo inteiro tentando mudar o arranjo original ou inserir um acorde mais complexo do que o necessário, para impressionar o compositor, pleiteando um dia ter o seu lugar.

Atendimento
É o cara da gravadora, que fica querendo que o compositor faça alterações para agradar os ouvidos do cliente, ser mais palatável e dentro de expectativas medianas.

Cliente
É o cara que na primeira chance que tiver vai comprar o seu disco pirata em um camelô.

Perguntas que me tiram o sono

O carimbo de validade ter desbotado evidencia que o produto está vencido?

Por que quando um imortal da Academia Brasileira de Letras morre, ele é substituído?

Por que espreguiçar bloqueia a audição?

Por que só lembramos do que esquecemos?

Por que estacionam os carros de ré no supermercado, se guardarão as compras no porta-malas?

Dizem que Santos Dumont se matou quando soube que estavam usando aviões para fazer a guerra. Ou foi Einstein por causa da bomba atômica? Não importa. Será que Grahm Bell suicidaria-se ao saber que usam o telefone para tele-marketing?

O Ecad não deveria fiscalizar e cobrar taxas dos playboys que andam ou estacionam seus carros com música (ou algo parecido) a todo volume? Afinal, trata-se de execução pública!

Madonna disse há 15 anos: “não tem por que falar algo se não há uma câmera filmando.” Contemporizando: “não há por que fazer algo se não for para publicar no You Tube.”

“Se uma árvore cai no meio da floresta mas não há ninguém para ouvir, faz barulho?” Contemporizando: “Se um participante do Big Brother dá um peido, mas os microfones não captam, ele realmente peidou?”

Ah! Pára, olímpico!

foto do Terra

Nas Paraolimpíadas, que iniciaram esta semana em Pequim, um acontecimento tomou conta do segmento esportivo dos noticiários. O nadador Clodoaldo Silva teve revista a categoria em que estava inserido. Nos “paraesportes”, o atleta é enquadrado de acordo com o seu nível de deficiência, para tornar as provas mais competitivas e justas. Pois então, nosso competidor brasileiro, que era favorito absoluto na piscina em diversas modalidades, (nosso Michael Phelps) precisou subir de categoria, de acordo com a reavaliação médica do comitê paraolímpico. Isso reduziu as chances do atleta. Num gesto inexplicável de falta de espírito esportivo, Clodoaldo desisitu de disputar as provas onde se sairia pior. Não sei o que é mais triste. O novo enquadramento deveria ser motivo de felicidade, pois houve uma evolução na capacidade física do nadador; ele está menos deficiente. Não é isso que alguém com qualquer tipo de deficiência busca? Deveria estar radiante. Outra questão: ele não está ali para superar seus limites e, antes de mais nada, competir? Ficou o mau exemplo a todos os deficientes brasileiros, aos quais o esporte paraolímpico e seus atletas deveriam causar inspiração, superação e orgulho. Essa é a utilidade do esporte. É por esse motivo que o Brasil investe nele, incluindo nos paraolímpicos. Sei que não tenho condições de avaliar o lado psicológico do atleta, pois nesses casos, esse tipo de problema talvez seja proporcional aos físicos, mas me atrevi.

Para quem quiser tentar entender as justificativas de Clodoaldo, ele tem um blog no Terra e fez um post sobre o assunto: aqui.

Resgatando Posts Antigos – Kill Bill – Volume 1

Quando eu assisti o já clássico do Tarantino. Postado no Torcicolo, dia 1º/05/2004.

É por filmes como esse que eu tenho forças de levantar a minha bunda velha e gorda da cadeira para alugar um filme ou ir ao cinema. É por causa da possibilidade e da expectativa de ver algo diferente e incomum que eu gosto de cinema. Poucas vezes eu tenho vontade de ver algo convencional. Eu gosto de ser surpreendido. Tarantino é o rei. E olha que todo mundo disse que o filme era ótimo antes de eu ir, ou seja, achei que por eu esperar muito não gostaria tanto. Mas Tarantino é entretenimento, é sutileza, é porrada. Li que ele não escreve roteiros da forma convencional, mas como se fossem romances. Quem conseguiria, então, dirigir um de seus filmes melhor do que ele próprio? Podemos dizer que Tarantino faz isso como ninguém e que 90% das idéias devem aparecer na hora de rodar. Ouvi também que “Kill Bill – Volume 2” é melhor ainda. Estreiou nos EUA já.

Receita com ingredientes fáceis de achar mas difícil de fazer: misture “Os Irmãos Cara-de-Pau”, “Happy Tree Friends”, “Monty Phyton” e “Bruce Lee”. Coloque umas pitadas de clichês de filme de ação elevados à décima potência. Regue tudo com muito catchup, toneladas de catchup. Não esqueça de enriquecer os detalhes ornamentais inúteis à história, para contrastarem com a falta de sutileza do resto. Não esqueça do bom gosto tarantinesco pra completar. Pronto, você fez um grande filme. Serve muitas porções. Ah! Trilha sonora, como não poderia deixar de ser, nota 10.

Naninha Vivo

Meu afilhado tinha um naná. Alguns chamam de naninha. Era uma fralda com cheiro de baba, imprescindível para dormir, tomar mamadeira e secar o choro. Nunca entendi. O Charlie Brown tem o cobertor. Acho que era mais ou menos a mesma coisa. Não lembro de eu ter algo assim. Minha mãe nunca falou a respeito.

Pois a Malu, minha filha de três anos e meio, não tem nada disso. Sempre se mostrou bem madura com relação a bebezices. Chupeta a gente só ofereceu porque a avó insistiu muito, dizendo que ajudava a acalmar. Foi bom. Principalmente, porque antes de fazer um ano de idade (pelo que me lembro) ela disse que não queria mais e deixou de lado. Enjoou, vai ver. “Que maravilha” — pensei. “Segura. Dona de si.” E eu que não consigo nem largar o meu Toddy matinal?

Mas outro dia me dei conta que ela tem o seu naná improvisado. Trata-se do cabelo da gente. Sempre quando vai tomar sua dedê (mamadeira, para os íntimos), ela precisa fazer um tipo de cafuné em cabelo alheio. Sua lista de preferências começa pelo da mãe. Se não estiver disponível pode ser o da Raquel. Em última opção, é claro, vem o meu — que já é escasso na frente e eu só deixo puxar dos lados ou atrás. Fico me retorcendo para que ela pegue no lugar permitido. A guria fica em êxtase, como se tivesse fazendo uso de uma droga qualquer. O olhinho fica metade fechado, a respiração tranquila. Ela tem controle total da quantidade da dose que precisa — neste caso, é medida pelo tempo e não pelo volume de leite. Quanto mais ela quer ficar “se chapando” mais lento torna o fluxo.

Talvez o naná da minha filha seja mais problemático do que os convencionais, porque faz parte do nosso corpo. Imagina a gente dirigindo, tendo que se curvar de modo com que ela consiga puxar nossos cabelos do banco de trás do carro? Tenho que dar um fim nisso antes que seja tarde, ou arranjar uma peruca para ela levar dependurada.

Mas é um carinho muito gostoso. Acho que é melhor ficar velhinho e continuar sentindo a mãozinha dela no meu cabelo (ou careca) enquanto toma uma xícara de café com leite (ou Toddy).

Cabelo

A melhor parte de cortar o cabelo no mesmo salão da minha mulher era a hora de lavar a cabeça. Beldades “macias” massageavam meu couro cabeludo, minha nuca, como um cafuné quase maternal. Pois, de uns três cortes para cá, a encarregada dessa tarefa mudou. A nova parece aquelas governantas ou enfermeiras alemãs que usam em filmes para dar a entender que o paciente “se deu mal”. Ela puxa meu cabelo com força, empurra, aperta, esfrega. É praticamente uma agressão. Tenho certeza que o serviço fica muito mais bem feito pela Inga, porém não é exatamente a limpeza que faz a diferença pra mim. Ainda por cima, na última vez, a indelicadeza ultrapassou a barreira física e invadiu a psicológica. Fräulein começou a discorrer sobre minhas deficiências capilares. Era possível imaginar perfeitamente o sotaque alemão: “que ‘fininha’ seu cabelo”; “faz tempo que tu tem essas ‘entrrradas’?”; “tem quase nada aqui em cima, ã?”. Ah, sai fora, Frida!

Olimpiadas (“Olim-piadas”, para quem achou que errei o acento)

Tinha um desenho animado do Pateta que, na tradução para o Brasil, foi entitulado “Olimpiadas do Pateta” (será que estou confundindo com alguma edição especial da Turma da Mônica? Bom, todo mundo usa esse trocadilho). O fato é que o desenho da Disney era muito massa e não passava a toda hora como os outros. Aliás, nem sei se, nas poucas vezes que eu vi, era nas tradicionais sessões matutinas na TV, como de costume.

Alguns acontecimentos das Olimpíadas de Pequim me lembraram do Pateta:

George Bush, assistindo Michael Phelps no Cubo d’Água da arquibancada, ergue a bandeira norte-americana em frente a seu rosto, acha que ela está ao contrário. Inverte, agora sim para o lado errado. Sua acompanhante (esposa?) tenta corrigir, mas ele desconsidera a ajuda como quem diz “sai pra lá, chata”;
– a Geórgia (país que fazia parte da União Soviética e que tá em “guerra” com a Rússia) está repatriando atletas do mundo inteiro para defender suas cores nos Jogos. No vôlei de praia, a dupla georgio-brasileira perdeu para a brasilo-brasileira; na entrevista para a TV, Geor disse que estavam levando um pouco de alegria a seu povo que passa por um momento muito difícil. Como assim? Qual é o povo de alguém que vende sua cidadania para participar de uma Olimpíada?
– ah, não! Não bastasse no Carnaval… Leci Brandão é comentarista do futebol feminino na Globo. Assista um jogo e entenda;
Galvão Bueno falando merda sobre a China na fantástica festa de abertura.

Bola fora da Saraiva

Fiz uma pesquisa de preços do novo DVD dos Los Hermanos (em pré-venda). Fui ao Buscapé e achei na Saraiva por 28,90 (clique para ver um print screen). Achei o preço bom e segui o link para comprar. Só que no site da loja, o preço não era o mesmo, mas 39,90 (aqui). Fui logo ao atendimento on line. Transcrevo abaixo – o nome do atendente foi mudado para proteger inocentes.

Xavier: Olá, em que posso ajudar?

Eu: Ao pesquisar no site www.buscape.com.br pelo produto “Los Hermanos na Fundição Progresso – 09 de Junho de 2007 – DVD”, apareceu a Saraiva com o preço de 28,90 (este é o link: http://compare.buscape.com.br/procura?id=2922&kw=+los+hermanos&titulo=&diretor=los+hermanos&submit=Buscar). 

Eu: Ao clicar no link fui para o site de vocês e o preço não era o mesmo, mas 39,90 

Xavier: O preço do produto foi alterado e no outro site ainda não foi atualizado, o preço será o que estiver no site da Saraiva no momento da compra. 

Eu: você sabe que eu tenho direito a comprar pelo preço anunciado 

Eu: o problema de atualizar ou não o site é de vocês ou das parcerias de vocês, sei lá 

Eu: certamente, você ignorará minha questão e esta conexão cairá em poucos segundos… 

Xavier: O senhor pode realizar a reclamação no e-mail [email protected] 

Eu: já estou fazendo pra você 

Xavier: Como lhe disse O preço do produto foi alterado e no outro site ainda não foi atualizado, o preço será o que estiver no site da Saraiva no momento da compra. 

Eu: não acredito que o site Buscapé seja atualizado manualmente, preço por preço. E, mesmo que fosse, preço anunciado é preço anunciado 

Eu: É como acontece no supermercado, em comerciais promocionais em geral… 

Eu: É o que diz no código do consumidor 

Eu: já fiz print screens das telas 

Eu: Com respostas como esta, a Saraiva cai brutalmente no meu conceito e no dos leitores do meu blog 

Xavier: O preço será o que estiver no site da Saraiva no momento da compra, se o senhor deseja realizar a reclamação pode enviar um e-mail para [email protected] 

Xavier: Posso ajudar com mais alguma informação? 

Eu: Sim: tá chovendo aí?

Xavier: tenho autorização para responder pergunta referente a Saraiva. 

Eu: Ah. Ok. Me diga então quantas pessoas por dia, em média, costumam reclamar esse tipo de problema entre a Saraiva e o Buscapé? 

Eu: Uau. Gosto de me sentir um líder. 

Eu: Bom, cansei. Vou tomar um cafezinho lá no Procon. Tenha um ótimo dia. 

Xavier: A Saraiva.com.br agradece seu contato. 

Xavier: Boa tarde.