A cultura musical do Tik Tok

Volta e meia minha filhas estão cantando músicas antigas, da década de 60, 70, 80…Semana passada foi ABBA, ontem foi George Michael. Só pra citar as mais recentes.

Mas não se trata de um trabalho de pesquisa antropológica e cultural delas. É que algumas canções de décadas passadas viralizam no Tik Tok, sendo trilha sonora de vídeos replicados, trends e sei lá mais como chamam.

Acaba sendo uma ajuda para manter o repertório e o gosto musical das meninas fora da câmara de resistência cultural que é meu carro, onde quem manda no som que toca sou eu.

Mas quem diria, hein? — “Tik Tok”! Dando um forcinha lá em casa…

Outra constatação sobre esse resgate que a plataforma promove, e que enche meu coração de revanchismo, é que as pessoas vão acabar descobrindo de onde vêm as ideias de Bruno Mars pras suas músicas.

Um novo formato de amigo-secreto

Amigo-secreto é sempre um saco. Você tira quem não quer, compra um baita presente que a pessoa não gosta e ganha algo que odeia. A maioria não são matchs, são dismatchs. Então, pensando nesse ódio que destila depois de uma noite ensanguentada por um amigo-secreto, tive uma ideia para inovar o Natal de todas as famílias.

Chama-se chantagem-secreta. O segredo não é o amigo (ou inimigo) mas informação que aquela relação esconde.

Há sorteio prévio, mas serve apenas para definir uma ordem. O primeiro escolhe uma pessoa de quem ele guarda um segredo e anuncia o nome para todos: “Eu sei um segredo sobre o João! Ele será meu chantageado”. E a sequência segue até que todos tenham alguém para chantagear e alguém para o chantageá-lo. A tendência é que os últimos não sejam tão interessantes ou comprometedores, mas os primeiros terão potencial de acabar com casamentos e causar assassinatos misteriosos, na própria noite de Natal.

No dia da revelação, ele começa a falar sobre o que sabe sobre seu dismatch, de forma cifrada, até que o chantageado resolva o calar com o presente. Se o chantageador achar o agrado chinfrim, segue a narrativa até que fique satisfeito com a oferta.

O que acham?

Não? Não tem clima de Natal?

O Som do Silêncio

Eu achava o máximo o seriado Armação Ilimitada — programa que passava na Globo nos anos 80, dirigido por Guel Arraes. Juba, Lula, Bacana, Zelda Scotch… A linguagem dinâmica, cortes rápidos, supria a ânsia adolescente por rebeldia. Se o jovem de hoje assistir, ficará entediado com o ritmo lento para os dias atuais. Na época, meus pais achavam uma insanidade a câmera e os cortes “rápidos”.

Pois bem, eu fiquei velho, virei pai e, neste último ano, tem me feito mal a velocidade das narrativas contemporâneas. Sejam filmes, seriados, vídeos no Youtube, entrevistas. Tudo é curto, podado, sem desenvolvimento. E não é só linguagem de edição. É profundidade mesmo. Ninguém quer mais respirar, refletir, aprofundar, ouvir os silêncios.

No cinema

Compare o filme Superman de 1978 com um Avengers da vida. No primeiro, temos meia dúzia de personagens desenvolvidos em uma história de 2h20min. Dá pra nos aprofundarmos em suas personalidades, aflições, angústias, propósitos, peculiaridades. Os melhores Superman (e Clark Kent), Louis Lane, Lex Luthor de todos os tempos. Não tem pra ninguém. Um baita filme até hoje. Agora pense no último Avengers: 50 personagens disputando cada frame dos 180 minutos, em uma edição frenética que te deixa tonto, com um roteiro construído em uma planilha de Excel, para conseguirem engatar um filme com o outro e licenciar tudo que for possível para o mercado. Eu gosto da Marvel e acho que fizeram um trabalho excelente, sem precedentes. Mas fico cada dia mais desestimulado a consumir propostas assim.

Acredito que as séries estão se tornando populares por isso. A gente quer entrar dentro de cada personagem e sentir o que eles sentem. Queremos nos identificar com dilemas, dores e entusiasmos.

Talk Shows

Agora vamos aos talk shows. Tanto os americanos, como os nacionais, todos são supereditados, os assuntos são cortados para caberem no formato comercial da TV. Tem programa com entrevistas de 10 minutos. Como assim?!

Mas, quem diria, que a Internet e sua propensão ao descartável, ao consumo rápido, veio para suprir essa deficiência dos bate-papos? Nos foram trazidos os podcasts que, no começo, também eram curtos (não havia nem banda suficiente nem dispositivos confortáveis para se consumir algo mais longo). Agora, o formato estendeu e é difícil encontrá-lo em episódios de menos de 60 minutos. A grande sensação do momento são os podcasts que também vão pro Youtube, em vídeo, e chegam a ter quatro horas de duração. Sim! Parece inadmissível você parar por quatro horas (o bom é que não precisam ser ininterruptas) para consumir um conteúdo de bate-papo. Alguns canais “piratas” ainda criam os cortes, que são fragmentos mais curtos com um título clickbait, e que acabam auxiliando a divulgar os canais originais. Eles gostam e agradecem.

Flow — O Fenômeno Improvável

O maior expoente do momento é o Flow. Igor e Monark são dois não-jornalistas, despretensiosos, com pouco ou nenhum conhecimento sobre os entrevistados (e até sobre a maioria dos assuntos que apresentam), que sacaram que havia gente, como eu, ávida por uma conversa informal, com tempos de respiro, sem pesquisas prévia, com bolas-fora, com vergonhas-alheias, com erros e acertos, entre pessoas que, às vezes, nunca ouviram nem falar umas nas outras. A curiosidade dos dois sobre o convidado dá o tom e a espontaneidade suficientes para tornar o assunto bacana, como se fosse você conversando. E dentro dessa premissa, os caras estão construindo uma grande indústria de conteúdo, com diversos programas (muitos entram ao vivo) em um complexo de estúdios em São Paulo, capitalizando views no Youtube.

Na cola, além dos próprios programas do conglomerado Flow, tem o Inteligência Limitada, do Rogério Vilela, e o Mais Que 8 Minutos, do Rafinha Bastos, entre outros. Eles parecem que estão formando um circuito que os assessorem de imprensa e RPs descobriram ser um caminho oportuno para divulgar seus clientes. Frequentemente acontece de um convidado, na mesma semana, frequentar esses três que citei. Mandetta, Ciro Gomes, Gabriela Prioli, Eduardo Bueno, Luciano Hang, Guilherme Boulos, Luciana Gimenez, Fernando Haddad, Eduardo Bolsonaro, Kim Kataguiri, Rogério Skylab, Danilo Gentili…  São alguns dos nomes que já foram nos 450 episódios do Flow. Às vezes, os caras chegam a fazer dois por dia.

Estou cansado de conteúdos que não se aprofundam, que não dão tempo de respiro, que não te fazem conhecer de fato o convidado (ou os personagens), que te cospem na cara algo que não te satisfaz. Já bastam os áudios em 1,5 ou 2x do WhatsApp aos somos obrigados a dar play na correria do dia a dia.

Quando chegar em casa, quero paz, espaço para pensar e uma boa conversa para assistir, quando faltarem os amigos.

Por que os brasileiros são bons no skate?

A skatista Rayssa Leal — a Fadinha —, de 13 anos, é a medalhista olímpica mais jovem do Brasil. E isso diz muito, não só por ser uma conquista relevante para o país mas sobre a importância do apoio ao esporte em uma nação.

O skate sempre foi uma modalidade marginal. Há algum tempo, poderia ser até questionável para alguns chamá-lo de esporte. Mas não há dúvidas que, dentre os mais populares, um pouco depois do futebol — que, de forma genérica, só precisa de uma bola — ele é um esporte até bastante democrático. Você não precisa necessariamente de uma pista, o capacete é opcional, a joelheira também. Mais acessível que uma bicicleta, que é meio de transporte de tanta gente, a prancha com rodinhas chama atenção das crianças de todas as classes sociais. E repetindo: um pouco depois do futebol.

Para um país ser destaque em um esporte, a primeira coisa que precisa é que tenha uma grande população: quanto mais, maiores as chances de alguém praticar e alcançar sucesso. A segunda necessidade é que ele seja disseminado: quanto mais pessoas praticarem, o resultado do funil de talentos será mais rico. Não somos referência no futebol mundial por causa de um dom que se adquire quando alguém (descendente de qualquer uma das dezenas de etnias que nos formam) nasce dentro dos limites geográficos do nosso território. Somos bons nisso porque nossas crianças chutam bolas desde que nasceram e porque nossa população é de 211 milhões de brasileiros. Em outro patamar, uma relação parecida também está presente no skate e no surf.

Agora, vamos inverter o raciocínio. Todo mundo já ouviu falar em Torben e Lars Grael. Esses irmãos, juntos ou separados, ganharam seis medalhas olímpicas para o Brasil de 1988 a 2000. Filhos de uma família iatista, com posses, e bons mesmo na modalidade, tiveram sucesso em competições. E, agora, a filha de Torben está em Tóquio disputando um lugar no pódio e é favorita. E se a prática fosse mais disseminada no país? E se mais pessoas (ou famílias) tivessem condições de bancar um esporte caro como este? E se houvesse mais apoio a esportes de qualquer tipo no país? Quantas medalhas teríamos nas olimpíadas? Basta olhar para as nações que levam o esporte a sério.

Um país que apoia o esporte, além de criar exemplos de saúde, bem-estar, superação e recompensa para seus cidadãos, ganha visibilidade no mundo. Você já ouviu falar no Pelé, né? A simples menção de seu nome continua abrindo portas no exterior para qualquer brasileiro.

Além disso, apoiar o esporte não é assistencialismo nem a mão do estado cuidando do que não deveria. Apoiar o esporte significa tornar diversas modalidades mais populares, incentivar tanto sua prática quanto sua audiência. Isso ajuda a criar campeonatos os quais a iniciativa privada terá interesse de patrocinar, bem como atletas e equipes. Olhem onde o futebol chegou. Talvez tenha ido até longe demais. Nem precisava tanto.

Mas a linha de raciocínio não para nas práticas esportivas. E se todas as pessoas tivessem mais oportunidades, por exemplo, na educação, ampliando para o campo profissional, nas artes, na ciência? O que seria este país no mundo? Sua relevância nos meios produtivos, tecnológicos, científicos e, inclusive, de “imagem de marca”?

O capitalismo é uma bicicleta em curso. No início, precisa de uma rodinha para aprender a se equilibrar, depois pedala por conta própria, talvez com algumas paradas para encher os pneus.

Nomes de bandas que não tive

Para quem sempre gostou de música e teve projetos musicais com os amigos, é impossível não surgirem ideias de nome de bandas, mesmo quando não se está em busca. Passei a anotar. Daí surgiu uma lista de nomes para bandas que talvez um dia fosse ter.

Hoje tenho clara convicção que um nome de banda (ou a marca de qualquer coisa) deve surgir de acordo com a identidade do projeto e não o escolhendo de uma lista. Como tenho muito mais ideias do que reencarnações pela frente para criar projetos musicais, então resolvi compartilhar as mais legais. Se não servirem para o conceito específico que alguém procura, podem ser úteis como brainstorming. Em último caso, apenas para algumas risadas. Pois é, a maioria é pra banda bem-humorada.

Os Implicantes

Todo mundo conhece os Replicantes, né? Mas quando se tem um clima bom dentro da banda, é impossível que a intimidade não crie implicâncias saudáveis entre os membros.

Desmamados no Vizinho

Antigamente, principalmente no meio rural, quando as famílias tinham muitos filhos, era comum, para que o rebento mais novo deixasse logo de ser tão dependente da mãe (afinal ela tinha muitas outras coisas para fazer), que o mandassem passar um mês na casa do vizinho. Sem ver a mãe todos os dias, seria mais fácil abandonar a amamentação materna. Imagina o trauma.

Guri de Merda

Esse é um clássico. Aquela forma “carinhosa” de chamar o piá que só faz besteira. Cabe bem em uma banda rebelde.

Punheta Interrompida

Imagine uma banda punk de adolescentes de apartamento, cuja a maior revolta é quando acontece isso. Só imagine.

Ainda

Esse seria para uma banda dedicada a covers de canções antigas.

Os Cafonas

Na mesma vibe da de cima, ou na de uma autoral, inspirada na Jovem Guarda e com trajes específicos.

E Eu Com Isso

Meu vô sempre dizia.

Como Diz O Outro

Mais uma do Vô Peres.

Os Bocomocos

Expressão para aquele que é meio abobado. Nem existe no VOLP.

Gasguitas

O adjetivo é comum de dois — até existe no VOLP — mas cai muito bem para uma banda só de mulheres, onde as guitarras têm papel preponderante.

Liganete Viscolycra

Na esfera non sense, baseado nesses tecidos modernos com nomes engraçados.

Doble Chapa

Esse é capaz de até ter. Cabe bem para propostas de bandas do sul, que misturam espanhol e português. Além, claro, do duplo sentido viajandão que algumas apreciam.

Burro Freguês

Outra expressão dos tempos de criança. Seria legal para grupo de animação de festa infantil, ou projeto musical para os pequenos.

Três-Contigo

Mais uma do meu avô. Ele usava como vocativo: “ô, três-contigo!”. Ficaria bem para uma dupla, onde o terceiro é o ouvinte.

Mil Invertido

Como se fala em CNPJ, para uma banda de um homem só. Sabe aqueles homens-banda? Ou uma banda de administradores.

9 Entre 10 Dentistas

Pô, esse é massa para bandas formadas na faculdade de odontologia. Ou não.

Aqui Jazz

Para aquela banda de jazz que só toca clássicos de compositores falecidos.

Aqui Abriu Normal

Banda de designers.

Branda

Um sonzinho relaxante.

Quibebes Selvagens

Banda cover do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens.

Undercover

Covers só de bandas underground, ou banda de cover que toca em metrô.

Cólica

Formada só por mulheres, fazem só covers da banda Cólera.

Ninguém Nada Menos

Serviria bem para banda cover de um artista muito icônico, como Elvis, Michel Jackson…

Desaforo

Combina bem com músicas de dor de cotovelo.

É Cáqui ou Caqui?

Uma banda que veio pra confundir ou pra explicar?

Los Hermenas

Banda cover do Los Hermanos que reside na Praia do Hermenegildo.

Compreensão

Meu pai dizia isso e eu achava-o um chato! Mas já faz um tempo que o compreendi totalmente.

“EU PERGUNTO UMA COISA E AS PESSOAS RESPONDEM OUTRA.”

Eu falava para ele: “foi tu quem não fez a pergunta direito!”

Mas não é. Vou exemplificar com um caso simples. Veja:

— Vai ter lasanha hoje?
— Eu não gosto de lasanha.

Eu não perguntei se você gosta de lasanha. Eu até sei que você não gosta de lasanha. Eu só perguntei se vai ter. Este é um exemplo em que até se entende a resposta. A pessoa não fez lasanha porque não gosta.

Mas essa mania de responder outra coisa pode ser mais complexa:

— O contrato pode ter data retroativa?
— Já existe um contrato.

Como assim, “já existe um contrato”? Eu não perguntei isso e nunca assinei um contrato. Então, começam as divagações e se instaura uma conversa enorme que não vai direto ao ponto. Lá pelas tantas, com muita fuga de assunto, entendendo que havia um contrato implícito, verbal, que deve ser tomado como tal. Portanto, deve-se encarar o atual como uma alteração e tem que ser com data de agora.

Tenho gatilhos de compreensão que exigem uma resposta direta ao ponto para minha pergunta. Depois pode — e deve — vir a explicação, ou eu fico batendo biela: “Não, não pode ser com data retroativa porque já havia um contrato verbal anterior e ele vale do mesmo jeito.” Ou seja, responde o que eu perguntei e depois explica ou eu fico totalmente boiando no assunto. Até porque eu realmente preciso de uma explicação para as coisas complexas. Não aceito um “sim” ou um “não” sem explicação.

Outro dia a Silvia fez um sorvete em uma fôrma de bolo, daquelas que tem um cone no meio. À noite fui inaugurar o doce. A Alice disse: “Tem que desenformar”. “Mas por que tem que desenformar?” — pensei. “A Silvia disse que tem que desenformar!” “Mas vai ficar mais difícil de guardar de volta no congelador, as outras coisas vão encostar nele”. E meti o pegador de sorvete para nos servir. No outro dia a Silvia viu o “arrombamento” que fiz no prato e falou: “Mas não desenformaram?”. “Não. Achei mais prático assim.” “É que tem cobertura.”

Sou teimoso. Não aceito também apenas a resposta. Preciso da explicação :)

Previsões para a pandemia de Covid-19

ACIONEI MINHA BOLA DE CRISTAL, CONECTEI COM MEU CHUTÔMETRO E COM MEU PHD EM PALPITE E PREVI O FUTURO DA PANDEMIA

black woman in epidemic riding in bus

Alguns artigos de gente mais especialista do que eu (ou seja, simplesmente “especialista”) dizem que a pandemia de Coronavírus vai durar até 2023. Outros dizem que vai levar sete anos e por aí vai. Por essas divergências, me pergunto: o quanto mais especializada do que eu essa gente é?

O Ministério da Saúde está — eu ia dizer “organizado”, mas creio que esta não é a palavra correta… O Ministério da saúde está — eu ia dizer “planejado”, mas acho que não é bem isso… O Ministério da Saúde está trabalhando no tocante a essa “cuestão” e disse “isso daí”: que em 12 meses estarão vacinadas 60 milhões de pessoas. Resumidamente, essa parcela inclui profissionais da saúde, homens e mulheres acima de 60 anos e outros grupos de risco. Claro que vai depender do abastecimento do imunizante pela indústria, mas, por outro lado, estados também estão trabalhando com outras opções para acelerarem o processo.

Esse número de 60 milhões está longe de representar imunidade de rebanho. Especialistas — ó, os caras de novo — dizem que vacinando 70% da população se chega lá. Só que isso levará tempo.

Pois acho que a gente vai se livrar de boa parte do clima de pandemia, e das restrições a que precisamos praticar, bem antes do previsto. Na medida em que os mais propícios a desenvolverem a forma grave da COVID-19 forem sendo imunizados, as UTIs vão começar a esvaziar. Hoje, em Pelotas, temos 19 desses leitos ocupados. Já tivemos 45. Aos poucos, só estarão sendo internados aqueles abaixo dos 60 e fora dos grupos de risco detectados. O que vai significar números parecidos com os dos agravamentos provocados, por exemplo, pelas várias formas de influenza. Você sabe quantas pessoas são internadas por este motivo na sua cidade? Você alguma vez usou máscara ou deixou de ir em uma festa com medo de pegar H1N1 e desenvolver uma pneumonia?

Quando isso acontecer, vamos continuar usando máscaras? Talvez. Vão permanecer medindo nossa temperatura na entrada dos estabelecimentos? Seria prudente. Vamos manter o hábito de lavar as mãos e usar álcool em gel? Menos, mas acho que sim. O home office vai perdurar? Em empresas em que isso pode acontecer, talvez de alguma forma híbrida, mas realmente essa é uma tendência que se consolidará. Alguns dos novos hábitos virarão questão de etiqueta (pequena ética) social. Será como limpar os sapatos no tapete antes de entrar, usar talheres para comer etc.

Mas o que vai acontecer de bom mesmo é que vamos voltar ao grosso de nossa rotina habitual. Os decretos vão afrouxar, os eventos presenciais vão adotar algumas medidas pró-forma mas vão voltar… Gente gosta de gente, por mais que às vezes não pareça, e a naturalidade poderá retornar em poucos meses. Não vou dar data, pois não renovei minha carteirinha de PhD em imunologia, não tenho controle de todas as variáveis e as coisas também são graduais, mas certamente, a partir do meio do ano, estaremos bem adiantando nesse processo.

Claro que isso tudo também vai depender das cepas variantes. Não sabemos muito sobre as vacinas. Nem mesmo os fabricantes sabem direito. A “fase quatro” de teste está sendo feita agora, na vida real, para descobrirmos o que vai acontecer sobre imunização e sobre efeitos colaterais a longo prazo, principalmente em tecnologias novas, como a da manipulação de RNA. Mas é o preço que se paga. As vacinas limparam o mundo de diversas doenças e milhares de mortes no último século. Isso não é de se desconsiderar.

O que você mesmo pode fazer para ficar mais tranquilo enquanto a vacina não chega é reforçar seu sistema imunológico. Coisa que já deveria ser preocupação mesmo antes da pandemia. Com ele em dia, você reduz drasticamente a necessidade de uso de qualquer tipo de droga, preventiva ou não. Procure um médico e pergunte sobre isso. Só recomendo desconfiar dos que você achar que podem ter algum conflito de interesse e serem mais fieis aos laboratórios que financiam seus cursos e eventos no exterior do que com a própria saúde de seus pacientes. No geral, não tem indústria santa.

Estou acompanhando o Big Brother

human eye, watching eys, bbb

“Assisto” apenas através dos relatos que minha filha maior traz durante os momentos de conversas em casa. Ela está empolgadíssima; fissurada. Aliás, é desde a edição passada, quando a Globo superou a queda da audiência incluindo digital influencers no grupo de participantes. Foi genial! Tanto que o Silvio Santos já tinha feito algo idêntico há 20 anos na Casa dos Artistas. Fazer algo que o Silvio já fez há duas décadas é sempre genial. :)

Só que sábado à tarde, quando liguei a TV, estava passando um flash ao vivo do programa. Para ter assunto com a Malu, fiquei alguns minutos assistindo, antes de colocar no final da terceira temporada de Cobra Kai. O “plantão BBB” era para mostrar que havia tocado o “big phone”. Um cara fantasiado e embrulhado em uma caixa, estilo das de fósforo, atendeu. A voz demoníaca do outro lado disse pra ele salvar uma das três pessoas que estavam indicadas ao paredão e, que se ele fosse uma delas, poderia se salvar. Foi só ele que ouviu a mensagem. Imediatamente, ficou meio desnorteado, pensativo, aflito.

Ele chamou as pessoas e compartilhou com todos a mensagem. Ofegante e nervoso, proferiu: “eu vou correr o risco… Vou me salvar do paredão”. Foi então eu soube que ele estava no paredão. Algumas pessoas vieram pra volta dele dizendo: “relaxa, qualquer um faria a mesma coisa”.

Segundo as palavras dele qual “o risco” que correria? Da imagem pública que se formaria sobre ele por ter salvado a si próprio e não outra pessoa? A Malu já tinha me dito que os participantes desta edição estavam com um comportamento bizarro de tão politicamente correto; totalmente fora do aceitável de tanto mimimi. Olhem o nível em que chegamos: o cara, em um jogo no qual entrou para ganhar, para não ir pro paredão, para se salvar, para chegar na final, tem esse tipo de dilema com medo do que vão pensar dele.

Eu não tô acreditando. Chega a ser incorreto de tão politicamente correto 😱

O dia da minha formatura

auditorium benches chairs class

Não sei o que é festa de formatura conjunta nem colação de grau. Não que nunca tenha ido nas de amigos nem tampouco não tenha me formado. Falo da experiência de ser “anfitrião” nesses eventos coletivos. Na do segundo grau (ensino médio, hoje) estava viajando. Na da faculdade, vou contar a história.

Cursei Comunicação Social — Habilitação Publicidade e Propaganda, na UCPel. Entrei em 1992, mas acabei me perdendo de minha turma. Não, não rodei. Na verdade, até rodei em uma, mas a disciplina acabou sendo tirada do currículo e não precisei refazê-la. O que ocorreu é que, na ânsia de frequentar matérias mais legais e práticas, acabei antecipando umas e deixando para depois outras que não deveria. Só faltavam dois semestres do tempo regulamentar (quatro anos) mas ainda cinco cadeiras para cursar em sequência. Eram pré-requisito umas das outras. O coordenador do curso não deu mole e acabei entrando pelo cano. Fiquei muitos períodos fazendo apenas uma disciplina… Na real, não lembro bem — ”Não sei. Só sei que foi assim.”

Ao frigir dos ovos, acabei me formando só em 1998 e, sem colegas muito chegados, não estava na pilha da cerimônia da colação de grau e da festa conjunta. Acabei na formatura interna e fazendo uma festa só para mim — o tradicional “coquetel”.

Na minha cabeça, colação interna era uma sala de aula adaptada, com um representante da reitoria sentado à mesa do professor. Receberia o diploma, apertaria uma ou duas mãos e estava feito o carreto. Pois que, na data marcada — um dia de semana à tarde —, estava trabalhando quando alguém me perguntou: “Cuca, e a tua formatura?”. Estava atrasado. Nem tanto, mas para meus padrões virginianos, sim. Saí em disparada.

Era no teatro do Colégio São José, onde nunca havia estado até então. Não imaginava que se tratava, de fato, de um “teatro”. Vislumbrava um estrado e algumas cadeiras escolares na plateia. Mas era um teatro mesmo. Quase com “th” — “theatro”.

Não precisa dizer que cheguei como saí do trabalho, em um dia bem informal na agência. Estava de calça de moletom, daquelas bem folgadas e coloridas. Coisa que nem me vejo usando, mas eu era “xóvem e xóvem é outro papo”. Na chegada ao local, já senti que teria problemas. Só dava gente engravatada, em plena terça-feira (ou o que o valha), em um horário improvável como 15h30, e marcando uns 30 graus. Fui entrando pelo corredor em meio às cadeiras. Eram plumas e paletós de um lado, cheiro de naftalina do outro, maquiagens nos trinques. Todos me olhando e achando que eu fosse o “rapaz do som”. Aliás, nem quem está a serviço em uma formatura se vestiria como eu. São profissionais o suficiente para saber que a forma com que vão vestidos influencia na experiência dos convidados.

Avistei uma plaquinha escrito “formandos”, que reservava assentos nas primeiras filas, e me dirigi para lá. Sentei o mais depressa possível para passar menos tempo em pé. Vergonha em pé é sempre pior que vergonha sentado. Uma senhora com sangue nos olhos, daquelas que gostam de fazer justiça com as próprias mãos, cutucou meu ombro e, com voz afiada, atacou: “Esses lugares são exclusivos para formandos”. Vesti minha cara blasé e, como um estilista de moda trajando modelito tendência para 2030, respondi: “Eu sei”.

Era uma solenidade para diversos cursos ao mesmo tempo. Toda universidade que decidiu não colar grau com suas turmas naquele semestre estava ali. E mais eu, claro, de abrigo roxo.

Na hora que chamaram meu nome, respirei fundo, fingi determinação, pisei os quatro ou cinco degraus para subir ao palco, apertei com vigor umas seis mãos, peguei meu diploma, virei para a foto, fiz um X e fui embora direto. Ah! Essa foto eu queria ter!

Quando cheguei de volta na agência — afinal o dia estava corrido e a tarde ainda na metade — a Dani e a Gigi me deram o recado:

— Tua mãe ligou.
— E o que vocês disseram?
— Que tu tinhas ido te formar.

As regras centenárias do futebol

A Fórmula 1 altera regulamento todo ano. Assim, oferece mais desafios às equipes e pilotos, além de aumentar a competitividade e renovar o interesse dos apreciadores.

Por que o futebol não se inspira nesse pensamento?

A adoção do VAR foi a única grande mudança que vi. E não se tratou de regra mas de arbitragem — para verificar com maior eficiência AS MESMAS REGRAS.

Proponho, então, O FIM DO IMPEDIMENTO PARA 2021!

O que aconteceria? Mais gols. Uma necessidade enorme de alterar pensamentos táticos — o que seria bom até para o combate ao Alzheimer de técnicos, jogadores e torcida!

Mas sério, é uma das poucas regras que não têm uma justificativa para existir. Por exemplo: lateral, escanteio e tiro de meta, servem para que a bola não saia dos limites do jogo. É importante ou o jogo entraria nas arquibancadas, chegaria às ruas… Falta e pênalti servem para conter a violência e tentar que o jogo fique dentro da civilidade e do espírito esportivo. Idem os cartões amarelo e vermelho. Toque de mão serve para que o jogo continue se chamando “football”.

Agora, o impedimento serve pra quê?! Se ambos os times pudessem receber a bola à frente de seus adversários, não significaria vantagem para algum deles.

Imagino que a regra exista pra que o jogo seja mais aberto e não tão concentrado perto do gol. Mas acho que seria legal um ano de teste sem impedimento.

Vocês devem estar percebendo que não entendo nada de futebol. Entendo de criar elementos que atraiam a atenção das pessoas, vendendo mais ingressos e patrocínios às transmissões. :)