Once — Apenas Uma Vez

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Quando mostrei ao Renato o clipe que fiz para o Coelho (ver post anterior), logo lembrou e me indicou, com bastante sensibilidade, o maravilhoso filme irlandês “Once” (“Apenas Uma Vez”, no Brasil). No domingo, assisti e acredito que entendi o motivo da relação.

“Once” parece ser uma história de amor. E é. Mas de amor à música. Conta uns dias na vida de um músico que divide seu tempo entre preformances na rua e consertos de aspiradores de pó na oficina de seu pai. Até que conhece uma garota, apreciadora de sua arte, que tem um aspirador com defeito. Os dois começam a andar juntos e ela revela-se uma humilde pianista de mão cheia — com uma voz linda. Ele a coloca em seu projeto autoral e, a partir daí, o que parecia apenas um romance muda de rumo. A protagonista da história passa a ser a música. Isso é percebido diversas vezes, principalmente nos momentos em que a relação entre os músicos da banda é regida por algo maior. Todos são pobres e usam as ruas como ganha-pão, porém embarcam no projeto do personagem sem esperar nada em troca senão satisfação pessoal e amizade. Impossível quem é ou já fez parte desse mundo não se sentir tocado. Ao final do filme, essa questão é jogada na nossa cara duas vezes. Uma delas não posso contar, pois estragaria a surpresa do desfecho. A outra é nos créditos, quando, pela primeira vez me dei conta que o casal não tinha nomes. Está lá: “guy” e “girl”, ao lado do nome dos atores.

As composições do “cara” lembram muito Damien Rice e surpreende (ou não) encontrá-lo nos agradecimentos. As canções são, de fato, de autoria do protagonista, que tem carreira musical ao lado da “garota”, mas com nomes bem mais específicos: Glen Hansard e Markéta Irglová, também conhecidos como “The Swell Season“.

E a relação com o clipe “Tronco e Cetim”? Não está só nesses fatores afetivos com a música, mas na estética crua, nos movimentos de câmera, no ritmo da edição, na captação de áudio ao vivo. Só faltou mesmo as pitadas de romance, mas isso eu deixo pras nossas esposas discutirem. : )

Assista!

Tronco e Cetim

O Coelho ficaria poucos dias na cidade e queríamos fazer um clipe. Trata-se do seu disco solo — Aclive — ainda em fase de finalização. Como todo pelotense que vai morar fora, o Laranjal acaba representando a saudade e servindo de âncora para as lembranças da terra natal. E foi onde gravamos, em menos de 20 minutos, as cenas. A ideia central era ser uma captação ao vivo de dois momentos em separado. Tosco como a gente, mas sincero e cheio de vontade de realizar.

Anonymus Gourmet — Os Ataques Continuam

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A série de ataques do grupo conhecido como Anonymous continua, agora na televisão, sob a forma atentado gastronômico. Um integrante dos rebeldes, conhecido como Anonymus (sic) Gourmet, vem, sistematicamente, agindo contra o sistema alimentar global. Todo sábado, pela manhã, na RBS TV, quase sempre com auxílio de sua arma preferida — o liquidificador —, o rebelde propaga seus ideais desconstrutivistas.

Mas não é apenas contra a SOPA que o militante protesta. Hoje, foi contra o RISOTO (de camarão). Apesar de insistir que os espectadores não precisavam usar arroz arbório, mas um arroz “normal” (eu não sabia que o arbório era anormal), acabou valendo-se da tal variedade, que é mais indicada ao prato. Ao invés de colocar água aos poucos, secando e umedecendo diversas vezes, mexendo sempre, Gourmet cobriu os gãos com água, cozinhando como se fosse um prato convencional de arroz branco.

Depois de cozido, deixou de lado para preparar o camarão. Todo mundo que conhece o vero risotto italiano sabe que isso não se faz pois, depois que o arbório esfria, vira uma pedra. Porém, na hora de misturar o arroz com o camarão, acrescentou um copo de requeijão e um pote de nata. Ou seja, para tentar simular o efeito de um risoto bem feito, colocu 400g de gordura láctea em apenas duas xícaras de arroz.

Sei que Anonymus Gourmet é um personagem de José Antônio Pinheiro Machado, que tenta levar a simplicidade de preparo à mesa dos gaúchos. Acho surpreendente a capacidade que ele tem de ser fiel ao conceito por tanto tempo. Mas o programa peca no que tange a responsabilidade cultural. Acaba sendo um desserviço. Para quem já fez um suco de goiaba passando uma goiabada no liquidificador e disse que se deve colocar amido de milho a deixar reduzir o molho de tomate pois o sabor evapora, “desserviço” é elogio.

Ainda: se alguém souber em que língua está escrito “Anonymus”, por favor me diga.

Que Colher Você Quer?

Vejo muita gente que não sabe distinguir colheres pelo nome. Sei que não é tarefa fácil, claro. Então, resolvi fazer um guia prático e ajudar essas almas aflitas.

– Colher de café: a pequeninha, usada para mexer cafezinho.
– Colher de chá; a pequena, usada para mexer chá.
– Colher de sobremesa: a média, usada para comer sobremesa.
– Colher de sopa: a grande, usada para comer (ou tomar) sopa.
– Colher de arroz: a grandona, usada para servir arroz.
– Concha: só tem este nome porque já existe uma colher de sopa, usada para servir sopa.

Se você tiver alguma dúvida, pode perguntar que eu respondo, com prazer e alguns palavrões.

Impasse Providencial

Decidiu. Se mataria. Mas não sem uma nota de adeus. Algo que reconfortasse os seus. Iniciou:

“Suicidei-me pois já não…”

— “Suicidei-me”, não — pensou. Ainda não tinha o feito. Começaria mal faltando com a verdade. Precisava ser o mais correto e verossímil possível. Era imprescindível o mínimo de consideração com os sentimentos de quem ficaria. Começou de novo:

“Suicidar-me-ei pois já não mais…”

Paranoico com a língua, não abria mão da mesóclise, mas o verbo no futuro o inquietou. Ainda não tinha cometido o ato. E se não fosse eficiente? Se não conseguisse? Afinal, tratando-se de suicídio, os mais experientes e competentes só o fizeram uma vez e não o farão novamente. Tinha grandes chances de falhar e, outra vez, estaria incorrendo em inverdade com quem deveria ser sincero.

“Tentarei suicídio pois já…”

— Porra, que merda de carta póstuma isto vai ficar? Serei lembrado como um perdedor, ainda mais se fracassar.

Desistiu. Foi trabalhar.

Carta Aberta a Rubens Amador

Eu escrevia para o Amigos de Pelotas. Desisti e mandei este email para o Rubens deixando a cargo dele publicar ou não. Não sei se o fará, então, publico aqui.

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Caro Rubens,

Não sou jornalista. Dá pra perceber pelo tipo de coluna que eu mantenho no Amigos de Pelotas. Sou publicitário. Talvez não dê pra perceber pelo tipo de coluna que escrevo. O fato é que como tal, minha agência tem clientes que algum dia poderiam se sentir prejudicados por questões levantadas pelo Amigos. Isso me deixaria em uma situação complicada. Mesmo que eu não tenha absolutamente nada a ver com a linha editorial do Blog e que eu seja totalmente independente, a impressão será sempre a contrária. Antes de uma situação desse tipo ocorrer, comunico que não mais escreverei para este veículo e nem para nenhum outro no qual eu possa ser questionado sobre pautas que não me competem. Eu não sou jornalista. Não fiz o juramento.

Confesso que tenho certa vergonha de agir assim. Parece que estou indo contra princípios, mas não. Certamente seria mais constrangedor se o fizesse em momento crítico ou se simplesmente desaparecesse do mapa. Sempre admirei tua postura jornalística, de levantar questões que nenhum outro veículo levanta, de ter coragem para questionar, de procurar ouvir todos os lados da notícia.

Para aqueles que te abominam, gostaria de dizer algumas palavras. Todas histórias têm pelo menos duas versões. E todos acusados sempre se sentem vítimas. Ninguém acha que está errado, nunca. Nem Hitler achava. Alguém duvida disso? Todas as pessoas têm pequenas desculpas para deslizes, contra-acusações para desvios de caráter, justificativas para ilegalidades, buscas por bem-maiores para crimes contra a humanidade. Ninguém nunca é do mal. Mau é sempre alguém. Quem sabe se colocar no lugar do próximo? Alguns te acusam de nem sempre ouvir o outro lado, mas por que o outro lado quase nunca aceita te dar entrevistas?

Não vou me alongar. Meu recado está dado. Entenda quem puder, questione quem quiser. Continuarei admirando teu trabalho enquanto ele continuar admirável. Sabe aquele texto sobre os chatos que publiquei aqui? Espero que continues sendo um dos chatos que salvarão o mundo ou, pelo menos, morrerão tentando. Descobri que não sou chato o suficiente e esse é um dos motivos pelos quais me retiro. Eu não sou jornalista (já disse?), mas tenho vergonha alheia por muitos que dizem que são.

Com respeito,

Daniel “Cuca” Moreira

Jogando Par-ou-ímpar com Sérgio Chapelin

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Eu nunca vejo. Sério. Mas só as chamadas já me deixam nervoso. Sistematicamente, o Globo Repórter alterna os temas saúde e natureza em suas edições. Culpa do Sérgio Chapelin. Só pode.

Como é que um programa, com 38 anos de idade, se permite cair em uma mediocridade e monotonia de pautas tão absurda? É sempre a mesma coisa. Penso nisso há anos, cada vez que anunciam o próximo programa. Cheguei a desenvolver a seguinte teoria (que suponho ser usada pelos produtores para traçar eternamente a rotina de pautas):

– nas sextas pares, falam de natureza;
– nas sextas ímpares, de saúde;
– quando o mês tem 31 dias, o que faz com que sua última sexta seja da mesma paridade da primeira do próximo — por consequência, causaria uma repetição de temas — trocam a abordagem para algo inesperado, como construção civil, viagens, economia e nem lembro mais o quê.

Só pode ser coisa do Chapelin.

Óbvio que trata-se de estratégia comercial para atingir um público que não sai da casa à noite e sem opção melhor que lhe agrade para assistir: faixa etária elevada, dorme relativamente cedo, interessado pelos assuntos “doença” e “coisas-bonitas-desse-mundão-de-meu-Deus”. Ou seja, o Sérgio Chapelin. Aflitivo.

Deve ser mal de Sérgios, pois o programa do Groisman também não costuma apresentar temas novos, mas pelo menos tem música ao vivo. Tá certo, estou ficando muito chato; velho demais para o Altas Horas e ainda novo para o Globo Repórter.

Uma Grande Ideia

Imagine que você tem uma ideia genial mas não tem acesso a um sócio que ajude a colocá-la em prática no nível global que vislumbra. Como faria? Se lançasse de forma acanhada, apenas em sua cidade, com os recursos financeiros e tecnológicos acessíveis, logo apareceria alguém maior, uma grande empresa internacional, que, se não quisesse comprá-la, poderia realizá-la de forma aprimorada, com maior divulgação e te deixaria chupando dedo.

Há alguns meses, uma sacada bacana foi destaque em diversos blogs sobre tecnologia, comunicação e mercado imobiliário. Gabriel Kolisch – 21 anos, estagiário da agência de publicidade F/Nazca – e Isabella Pipitone – 22 anos, redatora da agência Casa (do Grupo JWT) – tinham o hábito de pesquisar apartamentos em São Paulo. Aproveitando o hobby, criaram um conceito que, se não 100% inédito em sua função, sem dúvida, aparentava ser extremamente elaborado em sua estratégia.

Projetaram o Google Rent, um serviço no qual, através do Google Street View, o usuário encontraria imóveis para alugar ou vender nas proximidades de onde está, simplesmente deslocando-se pelas ruas.

Incentivados pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, onde estudam, inscreveram a ideia em um festival. Trata-se do Future Lions, de Cannes, que premia anualmente as melhores ideias de estudantes de comunicação social do mundo todo. O briefing pedia o desenvolvimento de algo que não pudesse ser feito 5 anos atrás. Porém, para participar, era necessário criar um vídeo explicativo, publicá-lo e enviar o link. E é aí que, a meu ver, começava a desenhar-se o grande diferencial.

Tornando público o conceito no Vimeo e Youtube e evocando o Google no nome do projeto, os publicitários garantiram o “registro” da ideia na data de publicação do vídeo e a atenção da maior empresa online do mundo. Pelo destaque que teve, certamente, os “donos” do Vale do Silício já viram e, se tiverem interesse, serão praticamente coibidos a procurar a dupla de criadores.

Três dos quatro vencedores do Future Lions 2011 também usaram marcas famosas em seus projetos, mas a meu ver, sem possibilidade de um desdobramento comercial tão bom quanto o do Google Rent. Aqui estão (note a similaridade da primeira que também é de um estudante da ESPM São Paulo):

  1. Netflix Places: ao passar próximo a onde foi gravado algum take de um filme que você gosta, o aplicativo de iPhone avisa e até mostra a cena em questão. Você pode bater fotos e compartilhar com os amigos;
  2. 1-800 Flowers: transforma em uma flor cada cumprimento de aniversário que te enviam pelo Facebook. Ao final do dia, o aniversariante recebe em casa um buquê com todas elas;
  3. WWF Powernap: ao afastar-se com seu celular, o seu computador entra em modo de espera. O aplicativo visa reduzir o consumo de energia das máquinas nos momentos em que ninguém as está usando.

Isabela me disse que a estratégia não foi proposital; que a publicação do vídeo de forma aberta foi imposição do regulamento do festival e que a escolha do Google foi inspiração óbvia. Já eu, admiro-os justamente por isso, acaso ou não. Os jovens, que já tiveram trabalhos publicados no Anuário de Criação de São Paulo, não venceram o Future Lions, mas se fosse jurado, meu voto seria deles.

O Vinil Voltou

“Vitrola” high-end de preço incalculável

“Ponta de areia, ponto final / Da Bahia-Minas, estrada natural…”

Lembro do primeiro álbum no formato “compact disc” que ouvi: um ao vivo do grupo Boca Livre, na extinta loja de departamentos Imcosul. A música “Ponta de Areia” começava um a cappèlla sensacional. A pureza do som que saia pelas caixas era inédita pra mim. Vidrei. Eu precisava ter um CD-player.

Ia a todas lojas de discos, semanalmente, para ver as novidades. A Beiro reservou uma pecinha no segundo andar, exclusiva, soturna, onde eu folheava os CDs ainda nas caixas de transporte. Me sentia VIP. Meu “The Final Cut” do Pink Floyd veio de lá. Eram pouquíssimos lançamentos, mas iniciei minha coleção antes mesmo de ter onde tocá-la, com o primeiro da Marisa Monte e o “Big Bang” dos Paralamas. Comprei do Júnior (dono da Estúdio CDs), quando trabalhava na Trekos. Deixei-os na estante ao lado das fitas K7, esperando que meu pai abrisse a mão e me desse um equipamento de presente. Quando aconteceu, descobri uma locadora de CDs, cheia de importados — a Alfaveloca. Que festa! Gravava tudo no tapedeck. Era muita BASF 60. Não havia como comprar tudo. Aliás, para um adolescente, praticamente nada.

Agora, cerca de 20 anos depois, em plena democracia digital liderada pelo mp3, não é que o vinil ressurge mais glamuroso que o CD? Meio acanhado, mas megacult. Cheio de defensores, gente descolada, cool. Eu acho bacana, mas meu fascínio não vai além da nostalgia e do apelo visual que as dimensões da capa proporcionam. Em termos de qualidade de áudio, tenho considerações bastante contundentes.

O CD, por ser digital, tem um limite de qualidade: 44,1kHz. Simplificando o entendimento, 44,1 mil informações por segundo. No vinil, o limite é orgânico, não tem essa precisão. Sua qualidade depende muito mais da matéria-prima, equipamentos e processos de fabricação do que o CD. É como comparar foto digital com em filme. Além da parte ótica e de captação de imagem, a digital não te dá mais qualidade do que a grade de pixels em questão possibilita. Já a analógica depende também do filme, da química, da revelação e ampliação. Se isso tudo for de extrema qualidade e estiver extremamente sob controle, você pode ter um suporte superior ao digital. Nos vinis, ainda é mais crítica e necessária a qualidade do toca-discos que você irá executar, passando pela agulha, prato e aterramento. Se for meia-boca, você não terá uma audição satisfatória — condição da esmagadora maioria dos equipamentos que todos nós dispúnhamos.

Tem muito bicho-grilo por aí viajando no vinil, na ambiência (que não passa de ruído da agulha) e na profundidade (trocando em miúdos, estática). Para mim, qualquer interferência não-intencional no som original é defeito, explicado pela ciência, ou experiência quase lisérgica. Prefiro escutar o que o artista e produtor do álbum pretenderam que eu escutasse. Meu amplificador está sempre em flat (zero de graves e agudos), mas isso fica para um outro artigo.

Fico feliz de ter ouvidos médios. Assim, não preciso de equipamentos que custem dezenas de milhares de dólares para me satisfazer. Ou centenas de milhares, se falarmos em tecnologia de ponta para vinis. Não preciso também de mais que 44,1kHz. Caso contrário, eu seria um infeliz eterno.

Vale A Pena Abrir Uma Franquia?

Nossa região começa a mostrar sinais de aceleração do desenvolvimento. Com isso, o principal reduto das franquias – os shopping centers – vão surgindo e deixando de ser meras promessas. Não sou especialista, mas busquei informações sobre franchising. Aliás, se você conhece mais do que eu (o que não é difícil), convido-o a ingressar no debate pelos comentários deste post.

Além de ler muito sobre o assunto, em junho deste ano, estive em São Paulo, na Franchising Expo – feira do setor promovida pela ABF (Associação Brasileira de Franchising). É o maior evento do setor no país. Visitei diversos estandes, de varejos de roupas a corretoras de seguros, de sorveterias a aluguéis de máquinas de construção. Praticamente todos franqueadores estavam lá. Pelo menos os que estão precisando investir em expansão. Alguns são iniciantes, outros já estabelecidos no mercado. Depois de dois dias, cerca de 30 visitas, horas e horas de conversas com consultores e uma visão bastante crítica, o mito das franquias começou a se desfazer. A imagem, construída pelas revistas de negócios e programas de TV, foi se desmontando.

Arrisco alguns pontos positivos e negativos do formato.

Positivos
– Não é preciso inventar a roda; alguém já fez isso e aprimorou.
– Valer-se de uma marca forte; que não precisa ser construída, se o franqueador tiver tempo de mercado e mantiver investimento constante em comunicação.
– Além de suporte administrativo, uma grande rede de pessoas iguais a você, com quem poderá compartilhar impressões, dilemas e resultados.
– Facilidade de ser aceito em shopping centers que, no geral, só aceitam franquias ou negócios próprios já bem-sucedidos.

Negativos
– A maioria das franquias está interessada que você seja seu gerente de luxo. Nesses casos, se você é apenas um investidor, com outras responsabilidades, terá um problema: o custo de contratação de um gerente vai eliminar ou reduzir drasticamente seu lucro. Sim, esse é o nível de lucratividade que te prometem. Bem baixo. Fico imaginando qual seria o real. Resta a opção de abrir várias lojas, o que também é um complicador.
– A maioria das marcas não investe em mídia, seu marketing é fraco; ou seja, um dos pontos positivos se esvai.
– Tem muita franquia de serviços. Cuidado com elas. Que diferencial realmente oferecem? Há algumas que parecem grandes sacadas para tempos modernos, como de sapataria e costureira. Mas adivinha quem vai ficar dependente desses profissionais? E quando seus funcionários especializados e escassos no mercado te deixarem na mão?

As melhores são as que fabricam e oferecem produtos únicos, pois já obtêm parte de seu lucro dessa comercialização e dependem menos de royalties. Pena que são poucas. Tem muito franchising de alimentação genérica, depilação, sorvete italiano e outros tantos pífios em diferenciais e em reconhecimento de marca que, praticamente, só te oferecem o modelo de negócio. Será que vale a pena?

O que as pesquisas vendem é que apenas 3% das franquias fecham as portas no primeiro ano, contra 25% das empresas próprias. Mas essa informação é, no mínimo, capciosa.

Explico: todos os franqueadores informam que o negócio só começa a dar retorno depois de um período – geralmente dois anos. É óbvio que o investidor só entra se tiver respaldo financeiro para isso. Já aqueles que abrem negócios próprios costumam ser um pouco mais otimistas e não calculam bem os riscos.

Se pensar bem, o sistema existe para que o franqueador possa expandir a um custo baixo, sem se comprometer com vínculos empregatícios, RH e reduzindo drasticamente sua gestão.

Franquia é um excelente negócio se você tiver recursos para investir pesado e aprovação de perfil, por exemplo, por um McDonalds ou um O Boticário (que, aliás, não encontrei nos imensos pavilhões da Expo Franchising). Certamente não estavam lá pois não precisam de uma estratégia de expansão tão agressiva, os interessados os encontram.

Se você está interessado no sistema, meça bem suas expectativas ao optar. São mais de 1800 marcas licenciadas no Brasil. Quantas realmente atendem suas necessidades?