Assim Como São as Pizzas São as Criaturas

Não pretendo agredir ninguém, mas preciso escrever.

Tenho uma missão: achar a pizza perfeita. Falando assim, até parece que sou expert no assunto; que não suporto comer nada fora da certificação da AVPN. Não sou tão chato assim. Só um pouco. Pra mim, algo que se chame “pizza” precisa de certas características, ou não passa de pão com cobertura. E não trata-se de pseudogourmetismo, mas do significado das palavras. Por exemplo, você sabe o que é “picolé”, né? Se servirem sorvete querendo se passar por picolé, você vai dizer: “Ei, isso não é picolé!” Simples. Note que não estou (ainda) estipulando valores, apenas conceitos.

Pois fui com minhas filhas ao Shopping Pelotas e vi que, ao lado do Chu (que tem a melhor pizza de Pelotas, disparado), abriu uma “trattoria/pizzaria”. Não citarei o nome do lugar porque não tenho interesse que cheguem aqui ao buscarem por ele; apenas que os frequentadores do blog leiam. Não quero magoar ninguém. :)

Seguindo minha missão, resolvi experimentar a novidade — vai que…

Já pela foto no estabelecimento baixei minha expectativa a quase zero: uma massa alta e porosa. Realmente, não fui surpreendido pelo prato. Era justamente a pizza-bastantão-praça-de-alimentação de sempre. A massa era tão ruim, mas tão ruim, que nem se percebia que existia. Estava embebida naquele exagero de catupiry (duvido que tenha alguma característica de queijo, me lembra mais farinha), formando um corpo único, e se dissolvia ao colocar na boca, molenga. Estava com medo que a quantidade não fosse suficiente para nós, mas sobrou. Sem querer influenciar a resposta, perguntei:

— Gostaram?
— Ã… Não.
— Por que não, Alice?
— Essa massa…
— E tu Malu?
— Também não. Tô com dor de barriga.

Mas a motivação deste post foi mesmo a família sentada na mesa ao lado. Pai, mãe e filha (cerca de 15 anos) também haviam comprado uma pizza do mesmo lugar. Degustavam-na em conjunto com uma porção de batata frita, cachorrinho-quente e alguma outra fritura não identificada. Elas comentavam:

— Hmm, filha. Que delícia esta massa; bem leve.
— Acho que é a melhor pizza que já comi.

A menina abre a mão e agarra um punhado de batatas fritas e joga no prato.

— Ai, filha! Que falta de educação.
— (mastigando)
— Como eu queria que tu fosse educada.

Ainda bem que as pessoas são diferentes, mas sempre me surpreendo com o quanto. O cidadão que decidiu abrir a franquia, provavelmente está muito mais certo do que eu quando escolheu as características do negócio. Tem muito mais gente do tipo que quer encher a barriga com algo que não precise mastigar, cheio de uma pasta melequenta parecida com queijo, do que do meu tipo, metido a besta. “Cada um com seu cada-um”, como diria minha tia.

“Acertou em Cheio”. Acertei?

ACE-logoEstou em um momento especial.

Sempre tive ideias de projetos fora do meu escopo profissional e estava ficando meio doente de não conseguir (talvez nem tentar) colocá-las em prática. Algumas delas estavam passando do prazo de validade — via outras pessoas as lançando e eu perdendo oportunidades. Resolvi, então, partir para a ação. Reencontrei depois de anos o Amadeu, colega de colégio. Por coincidência, além do destino tê-lo levado profissionalmente para a publicidade, também compartilhava dessa mesma minha angústia.

Ao mesmo tempo, um ex-estagiário da Incomum, Wagner, com quem já tinha ensaiado fazer esse projeto antes, me procurou novamente com seu amigo, também conhecido no colégio, Matheus, com a mesma proposta. Achei legal juntar os quatro, cada um com suas habilidades e, enfim, bancarmos algo no risco. Nasceu a Tutano — uma empresa start-up (nome da moda, para negócios tecnológicos pretensamente promissores a espera de investidores milionários – kkk).

aec-tela2Devido à proximidade do Natal, o primeiro projeto lançado foi o Acertou em Cheio. Um aplicativo para Facebook que permite criar listas de presentes totalmente personalizadas e independentes dos sites de e-commerces. Ou seja, liberdade total para inserir o que quiser, de dentro ou fora do mundo online. O sistema aceita qualquer coisa: de produtos a sentimentos. Experimente pedir um abraço. Pode ser que você ganhe mais rápido do que imagina. A ideia é distinta de tudo que existe justamente por isso. E não precisa de data especial. A sua lista fica ali, eterna, até você ganhar o item e excluí-lo. Quando um amigo for lhe presentear, certamente vai “acertar em cheio”, ou, na pior das hipóteses, se inspirar no que você publicou e lhe dar algo relacionado. 15 dias antes dos aniversários de seus amigos que estão no aplicativo, você é avisado que eles têm lista. E vice-versa — seus amigos também recebem alertas sobre o seu aniversário e irão fuçar nos seus desejos, certamente. O que eu acho mais legal na ideia, não é nem o ato de presentear em si, mas de confeccionar e manter uma lista de coisas que você gosta e deseja ter. Ali ficam registradas sua personalidade, seus requintes, suas ideias, seus sentimentos, suas sinceridades e, até, criancices.

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Acertou em Cheio é o primeiro dos nossos projetos e, claro, em constantes melhorias. A partir de janeiro, já inciaremos o segundo. A quantidade de ideias é grande, pois agora não são só as minhas, mas as dos quatro.

Para conhecer o aplicativo, acesse a nossa fan page ou nosso site. Adoraria saber o que acharam.

Elza

Do alto dos 96 anos, Seu Amâncio vê o passado com olhos de quem não se arrepende de nada. Porém, às vezes, imagina se as coisas não poderiam ter sido diferentes; se um capricho do destino não teria mudado tudo de lugar e feito seu caminho quebrar para o lado oposto em alguma esquina. Seu Amâncio só cogita.

A família está reunida para o Natal e o velho quieto, em sua poltrona, vendo netos e bisnetos, pensativo sobre as questões de sempre. Hoje, é o Marcelo, de 16 anos, que lhe chama atenção. Está acompanhado da primeira namorada. Ela nunca veio. Novidade para toda a família. Até que o filho de Seu Amâncio, pai de Marcelo, solta:

— Coisa boa, né, pai? Primeira namorada…

Seu Amâncio só balança a cabeça concordando.

— Nessa idade, a gente sempre acha que encontrou o amor da vida. Depois, essa paixão toda passa.

E o velho ri com o canto da boca e faz um “sim”.

— Pai. Quem foi sua primeira namorada?

Seu Amâncio, pensa, pensa, respira fundo como quem diz “tá bem, então lá vai toda a história”, mas apenas fala:

— A Elza?

Ao escutar sua voz, todos calam para ouvi-lo. É um momento especial. Pensativo, lembra que diziam não ser boa moça. Mas ele não acreditara. Certo dia, deu uma incerta e foi a sua casa, sem avisar. Encontrou-a com outro no portão. Partiu-lhe o coração. Foi falar com seu pai e comunicou: “a partir de agora, nosso compromisso está desfeito”. Toda a família aguardando. Seu Amâncio parece inquieto, mas não deixa escapar uma palavra. Quando parecem desistir de esperar, o velho enche o peito e solta:

— Será que a Elza já casou?

Deu para perceber?

az60b[1]— Sala 3, 20h, “O Segredo de Sarah”, por favor.
— Uma entrada só, senhor?
— Sim. Uma só.
— O senhor não vai… ? É… Não vai… ?
— “Não vai” o quê, moça?
— Não vai querer?
— “Querer” o quê, menina?
— Aquilo?
— “Aquilo”?
— É… “Aquilo”!
— Desculpa. Não estou entendendo.
— Aquilo que muitas pessoas que vêm ao cinema pedem.
— Pipoca?
— Não, senhor…
— Coca-cola?
— Não.
— Você está me oferendo drogas, senhorita?
— Não! Claro que não, senhor… Deusolivre. Sou de igreja…
— Ah, entendi… Por isso esse mistério todo. Não está acostumada com papos objetivos, né?
— Senhor…
— Vamos logo, minha filha. Me dá o ingresso logo que a sessão vai começar.
— Sim, mas eu preciso saber…
— Ah, não… Tudo de novo?
— Senhor, quantos anos o senhor tem?
— 59.
— É?
— Tá duvidando?
— Claro que não, senhor. É que parece que o senhor tem mais.
— Parece mesmo?
— Um pouco mais, só. Bem pouquinho.
— Tipo, quanto?
— Ah, tipo, assim… Ã… Tipo, assim… 60.
— Deu mesmo para perceber, é?
— Ué? Mas o senhor não disse que tem 59?
— Na verdade, fiz 60 semana passada…
— Então, senhor… Não vai querer?
— Não! Eu não vou querer pagar meia entrada! Não vou querer! Merda!

O Acidente da TAM — Coincidências oi

ft_ac_TAM_3054_48[1]Nunca contei isso.

Em 2007, a aeronave que fazia o voo 3054, da TAM, que ia de Porto Alegre para São Paulo (Congonhas) sofreu um acidente na aterrissagem. O fato impactou o Brasil inteiro e, principalmente, o povo gaúcho, pois grande parte dos passageiros era daqui. No dia seguinte, os jornais traziam em página dupla, as fotos das vítimas. Assim como à maioria das pessoas, as notícias do evento me aterrorizaram e tive a atenção voltada para os jornais e telejornais. Felizmente, não conhecia ninguém a bordo. (“Felizmente” é ruim de dizer, porque não houve felicidade alguma, já que tanta gente estava infeliz naquele momento e perdendo gente tão próxima.)

Eu havia feito uma música com uma letra antiga do Jefferson, baterista da minha banda, Água de Melissa. Porém, ele achara que a composição não combinava com a letra. Inspirado por aquelas 199 fotos 3×4 que estampavam os veículos de comunicação do país e pela ironia do destino de ter sua vida resumida a uma legenda de fotografia em página dupla de jornal, resolvi escrever uns versos e substituir a letra anterior. Os fiz em primeira pessoa, sob a ótica de um passageiro. Decidi que a personagem seria uma mulher. Senti a necessidade de dar um nome a ela. Pensei em um qualquer, aleatório, que coubesse na métrica e rimasse com algum número que seria sua idade. Inventei “Maria Inês”, para rimar com “23”. Juro que não me lembrava da lista de passageiros.

Há cerca de três anos, algum parafuso da minha cabeça soltou, ou prendeu, não sei. Lembrei da irresponsabilidade em ter escolhido um nome qualquer e não ter nunca verificado se realmente não havia passageiro homônimo. Fui para a internet e, pasmo, encontrei “Inês Maria Kleinowski”. Pesquisei mais a fundo, incrédulo, para encontrar a idade. Só faltava ser 23. Não era. Tratava-se de uma senhora de 49 anos. Fui atrás de parentes, pois pensei que a coincidência poderia ter algum valor para a família. Mandei e-mails para alguns com sobrenome igual, mais nunca obtive resposta.

A música se chama “Não Sou Eu (200 Fotos)” e pode ser ouvida no site da minha banda Água de Melissa ou aqui.

Fica aí, registrada, a curiosidade, seis anos depois.

Abaixo, a letra da música.

Não Sou Eu (200 Fotos)
(Cuca)

Esta da foto não sou eu
Nem sou o que me descreveu
Quem foi que veio me entrevistar
pra eu contar?

Eu não sou tinta de jornal
Em fonte bold, arial:
“Maria Inês, Porto Alegre, estudante, 23”

Só uma legenda
pra explicar minha vida inteira, vai caber?
Quem são as 200 fotos na página central?

Cadê o meu riso engraçado?
E meus poemas decorados?
O jeito que amarro o meu sapato?
Eu sou assim.

Só É Medíocre Quem se Acha Medíocre

media[1]Então, você tem uma ideia.

E ela parece ótima, genial. Mas você não consegue “vendê-la”. E acha que ela continua sendo genial, mas que é você não está sabendo utilizar argumentos eficientes para “vendê-la”. Você chega a ser presunçoso a ponto de pensar que seus “clientes” é que não tiveram a capacidade de compreensão; que você está acima deles. Acha que precisa de “clientes” de um nível mais alto. Aí, você alcança um “cliente” de um “nível mais alto”, mas seus problemas pioram. E você começa a concluir que a sua ideia genial, na verdade, é uma ideia de merda. Afinal, se o cliente-nível-mais-alto também não está comprando, é você, definitivamente, que está errado. Mas você se lança outra hipótese: se a sua ideia não parece medíocre para você, se ela está suprindo suas expectativas enquanto profissional, pessoa, gente, empreendedor, espírito, missionário, significa que está fazendo algo bom a você, algo que te faz bem, te deixa feliz e em paz consigo mesmo — sensação do dever cumprido; tudo que você quis na vida; o motivo de estar vivo. Porém, sem o respaldo da “venda”, da aceitação, você se frustra, não se retroalimenta, se acha ruim. Mas o que é ser ruim? Se você faz o seu melhor e o seu melhor lhe agrada, o que está faltando é encontrar alguém que “compre” a sua ideia e não a ache medíocre; que a valorize. Mesmo que esse alguém seja, teoricamente, “de um nível mais baixo” que suas expectativas. Se o melhor que você faz agrada a ele, se ele acha o seu melhor o melhor pra ele, vocês se acharam. Ele estará feliz e você estará feliz. Mas você deve se desligar totalmente da opinião dos outros “níveis” de pessoas que não compreendem suas ideias. Sejam elas pretensa e supostamente inferiores ou superiores.

Se o Latino é capaz de agradar milhões de pessoas, quem somos nós para dizer que ele está errado? Só estará errado, se estiver infeliz com o que está fazendo; se não for a verdade da sua natureza.

Danos Morais Contra à CEEE

Ano passado publiquei este artigo, sobre uma acusação da CEEE de que eu estava furtando energia elétrica. Fiz minha defesa e perdi. Entrei no Juizado Especial Cível e ganhei. Devido ao estresse causado a mim, a terem me colocado indevidamente no SPC e a todo o trabalho que tive que passar para provar minha inocência, resolvi acioná-los por danos morais. A sentença saiu ontem. Venci e serei indenizado. Segundo meu advogado (meu cunhado), as chances de um possível recurso deles ser atendido é mínima, pelo histórico desses tipos de causas.

Foi pelo mesmo motivo que publiquei o artigo anterior, que publico este. Que todos tenham em mente seus direitos, não só de cidadãos como de consumidores.

A Palhaçada da Apple

enhanced-buzz-20355-1378836772-0[1]Ninguém duvida que a Apple seja esperta. É por isso que se tornou o que é. Porém, nem na época do Steve Jobs, que era tido como alguém duro e difícil, a empresa fazia esse tipo de coisa. Ontem, foram anunciados os novos modelos de iPhone — o 5C e o 5S.

E qual a esperteza a que me refiro? Para muita gente, incluindo eu, era a oportunidade de comprar o modelo 5, que cairia de preço. Porém, retirarão o 5 do mercado, que será substituído pelo 5C, com o preço reduzido — o mesmo patamar para o qual iria o 5. Acontece que o 5C, apesar de ter as mesmas features do 5, é uma versão piorada, pois é de plástico e multicolorido. Ou seja, eliminaram totalmente minha vontade de comprar o modelo anterior ou seu substituto similar, induzindo a compra do 5S. Ninguém é obrigado a ter um produto da Apple, muito menos o mais top de todos, mas, psicologicamente, funciona. Definitivamente, não preciso de um telefone que combine com o Crocs!

Foi parecido com o que fizeram ao lançar o 5. O 4S de 16gb saiu de linha, e entrou o de 8gb. A estratégia, depois da morte de Jobs, é piorar o modelo anterior para que as pessoas sejam levadas a comprar o último, sempre. Não é algo ilegal, mas tem, no mínimo, intenções questionáveis.

Telemarketing — A Vingança

vingança telemarketingTrim… Trimmm

— Ã… Ã… Alô…
— Bom dia! O senhor Carlos se encontra?
— (…) Como o senhor esteve conseguindo este número de telefone?
— Como, senhor?
— Senhor, o senhor está ligando para o telemarketing da Editora Abril. Como esteve conseguindo este telefone?
— Como assim, senhor? Aqui é do telemarketing dos cartões Mastercard, senhor. Este telefone estava constando da minha lista de prospecções. Por isso que eu tenho que estar contatando, senhor.
— Sinto informar, senhor, mas o senhor está ligando de um telemarketing para o outro. Eu não recebo chamadas. Eu faço, senhor!
— Que estranho, senhor.
— Sim. Nunca vi este telefone tocar.
— O meu também não toca nunca, senhor.
— Então, se o senhor estiver permitindo, eu vou estar voltando ao trabalho. Ainda tenho 20 contratos para fechar hoje para alcançar minha meta, senhor.
— Eu ainda tenho 34. Aqui é bem puxado, senhor.
— Bom trabalho. Até mais.
— Pro senhor também. Tenha uma boa tarde, senhor.
— Obrigado.
— (…)
— Não vai desligar, senhor?
— Eu não posso. Só o cliente pode desligar. Não tenho esta opção no sistema.
— Aqui na Abril também, senhor!
— E agora?
— Não sei. A gente tá pendurado.
— Puta… Que enrascada!
— Pior!
— Se a gente esperar um pouco, será que a ligação cai?
— Olha, não acho uma boa ideia, pois a ligação nunca cai em telemarketing.
— Na verdade, cai mais em SAC, né?
— É! Tive uma ideia!
— Hm. Fala.
— E se a gente transferir para o setor de cancelamento? Lá sempre cai a ligação.
— Eu não tenho como transferir daqui.
— Droga. Nem eu.
— Eu vou chamar o meu gerente e perguntar o que eu faço.
(…)
— E aí? Conseguiu?
— Putz! Ele não sabe. Nunca viu isso acontecer. Talvez se deligasse a central da tomada, mas todos os operadores iriam se desconectar.
— E agora? Eu tenho uma meta pra bater! Não posso perder tempo.
— Bom… Já que a gente tá preso… O senhor possui cartão de crédito? Trabalha com Mastercard?
— Não estou interessado.
— A tentativa é grátis, né?
— E a gente tá com uma promoção de assinatura da Veja. Assina por um ano e ganha três meses de Playboy. O senhor sabia que o hábito da leitura é responsável por conexões cognitivas importantes para o desenvolvimento da pessoa?
— Bom apelo! Mas Playboy eu vejo na Internet.
— Eu estou falando de desenvolvimento do cérebro e da Veja!
— Sei… Desenvolvimento do cérebro… Pior, por isso a Playboy tá quebrando. Todo mundo vê na Internet. Que promoçãozinha de merda, hein?
— Depois ainda querem que a gente bata a meta.
(…)
— Senhor, se a gente conseguir desligar, o senhor pode estar me atribuindo uma nota de zero a dez para este atendimento?

Corro

imageEu corro.

Ligo a torradeira antes de fazer o sanduíche. Depois, aqueço o leite enquanto a torrada esquenta.
Abro o chuveiro para aquecer a água enquanto tiro a roupa.
Aciono a abertura do portão enquanto estou manobrando para sair.
Coloco a água do macarrão para ferver (dividida na panela e na chaleira, para ir mais rápido) enquanto preparo o molho.
Vou colocando o cinto de segurança enquanto desestaciono o carro.
Tenho mania de fazer duas coisas simultâneas.
Instalo vários softwares ao mesmo tempo quando formato o computador.
Cuido o sinal ficar amarelo para quem passa e me preparo para arrancar.
Aviso que estou saindo de casa, a quem vai comigo, antes de escovar os dentes, para que estejam prontos.

Eu tenho pressa.

Posiciono as compras na esteira do caixa enquanto atendem a pessoa anterior. Vou empacotando enquanto a operadora registra. Pego o cartão de crédito da carteira quando faltam cerca de três itens a serem passados, para a moça não esperar.
Dou uma olhada no Facebook aguardando que a água do chá esquente.
Leio no banheiro.
Já tentei limpar o ouvido ao mesmo tempo que usava enxaguante bucal, mas me peguei girando o cotonete descoordenado.

Tenho pressa em tanta coisa besta, mas por outras eu posso esperar.