Duas bandas que marcaram minha história musical. Duas bandas decadentes, atualmente. Duas bandas com histórias de sucesso, tragédia e superação. Duas baterias no palco. Erro a previsão de qual é de quem. A do Barone era a da esquerda. Fui ver Paralamas e Titãs em Porto Alegre, no Pepsi On Stage, dia 4 de abril. Não tinha como não ir. Nunca me perdoaria. O lugar é bonito, bem decorado. Recursos legais de iluminação. Só que dá para perceber que não vai passar disso. É um ginasião. Acústica terrível. Tudo bem. É um show de rock, me convenço. Compro uma água e espero o show começar.
Uma meia hora depois do marcado, eles aparecem. Começam tocando “Diversão” (uma péssima música para abrir show) e emendam “Calibre”. Achei que a minha banda era capaz de, algumas vezes, ser caótica. Eles estavam sendo muito caóticos. Não dava para entender nada. Alguém estava tocando outra música ao mesmo tempo. A acústica não ajudava. Confusão sonora. Som muito alto para um lugar assim. A performance de Herbert Vianna, principalmente quando a música era dos Titãs, era abaixo do aceitável. Ele erra as notas; não entra para cantar. Os músicos se dão conta; tentam ajudar; disfarçam com o velho truque do “vamos-fingir-que-está-tudo-bem-porque-ninguém-percebeu” levantando os braços, pedindo que o público os acompanhe com palmas. Eu sou chato e percebi, mas azar. Entendo perfeitamente a situação. Entendo as novas limitações que o destino impôs ao líder dos Paralamas. Acho que os Titãs estão exercitando a generosidade em doses elevadas para uma banda perfeccionista e com 25 anos de história. Não é para qualquer um. Tem que ter um desprendimento do tamanho do mundo. Mas, também, eles sabem que a esmagadora maioria do público não está nem aí; não capta os defeitos, apesar de serem bastante grandes.
Os Titãs saem de cena. O palco agora é só dos Paralamas. O som melhora – menos zoeira. Herbert está perfeito, agora. Os Titãs voltam. Tocam algumas juntos de novo e, logo após, o palco é só deles. Sonzeira. Agora sim. “AA-UU”, “Epitáfio”, “Cabeça Dinossauro”, “Bichos Escrotos”… É incrível a capacidade de adaptação dessa banda. Quando perderam Marcelo Frommer, contrataram um guitarrista. Quando Nando Reis saiu, contrataram novo baixista. Para este show estavam só os 5 remanescentes. Paulo Miklos assume, nesta hora, a segunda guitarra. Branco Mello pega o baixo. São os Titãs no palco. Eu me emociono com isso. Aquela trupe de 8 caras malucos e geniais, continua viva, apesar de restarem só 5. Os Paralamas voltam. Chamam Fito Páez para cantar “Track, Track” e “Go Back”, que é ovacionado na capital gaúcha: “Fito! Fito!”. Depois é a vez de Arnaldo Antunes aparecer para cantar “Lugar Nenhum” e “Comida”. Andreas Kisser entrou e saiu mais de uma vez durante todo o show. Ao meu ver, participação desnecessária. Mais uma guitarra para fazer barulho supérfluo no meio da confusão.
A noite acaba depois de 2 voltas ao palco, finalizando com uma improvisação de “Que País É Esse?”, puxada por Herbert. Um show para guardar para sempre.
eu os vi aqui em fpolis. foi tudo igual ao que tu falou, só nao tinha o fito paez. titãs: muito massa, paralamas: lamentável. barone já tem até um rolo de bateria próprio para encher todo o som quando o herbert erra…
Eu não captei as nuances, mas era claro que a bagunça tava grande. De qualquer forma, me emocionei pela generosidade e disposição dos caras. Foda-se que tem gente errando. Foda-se que já não são perfeitos. Eram amigos tocando e se divertindo. E o povo curtiu! Eu curti para caralho. Se faltou ajuste, qualidade técnica, sobrou prazer e devoção pela música!