Baixei a discografia completa de Richard Cheese. O cara é fantástico. Pra quem não conhece, um legítimo crooner, acompanhado de sua banda jazz em versões “cool” de grandes sucessos pop. Por exemplo, em “The Girl Is My” (de Michael Jackson e Paul McCartney), Cheese faz um dueto improvável com Stephen Hawking (um imitador, é claro). É de se mijar de rir.
Ouvir verdadeiros hinos da música contemporânea em versões surreais me fez lembrar. Sempre acreditei que uma canção boa de verdade, indiferente do estilo em que foi arranjada originalmente, se prova como tal quando interpretada com acompanhamento mais despretensioso, como com um piano despretensioso ou um humilde violão. A questão é que uma boa melodia sobrevive mesmo em um simples assobio (“um bom assobio”), sem necessidade nem de harmonia que a dê base.
Na voz e arranjos de Richard Cheese também conseguimos tirar a prova. As versões do Metallica, por exemplo, não passam no teste – além de serem engraçadas apenas nos 5 segundos iniciais da primeira audição. É nesse teste de essência que a música-arte distingue-se da música-entretenimento. Algum mérito ou demérito nisso? Não sei. Depende do momento. Apenas uma constatação.