Quando uma grande banda que gosto vem pro Brasil, meu instinto grita para ir. Ter perto de mim aquele som que tanto ouvi, ao vivo, visceral; ver ídolos próximos; sentir a vibração das pessoas que compartilham o mesmo meu sentimento, nos mesmos pontos das músicas que eu ou em outros. Isso me faz muito querer, gastando o dinheiro que for (quando tenho disponível). Mas sempre me decepciono. Não com o artista.
Geralmente, os concertos são em estádios, o que torna a sonorização impossível de ser feita com uma qualidade aceitável. Você também não consegue ficar próximo do palco se não arcar com um ingresso pra área VIP. E quanto a compartilhar o momento mágico com o público que ali está, esqueça. Megaeventos atraem 90% de curiosos contra 10% de fãs de fato (estatística totalmente tendenciosa inventada por mim mesmo). Me irrito com as pessoas que vão apenas pela festa, pela cerveja, pelas gatinhas ou para fazer parte da história.
É por isso que o meu sonho é ver m show do Roberto Carlos em um navio. Não que eu seja fã do Rei, mas quem mais de renome, que mereça ser visto, toca em um espaça pequeno, com acústica privilegiada e sem cobrar uma fortuna pelo ingresso?
Os únicos shows memoráveis que já tive oportunidade de assistir, com qualidade irrepreensível, foram:
– Procurado Vulgo, em uma das primeiras Fenadoces, na Associação Rural (o primeiro show de rock da minha vida), em Pelotas;
– Titãs, show do O Blesq Blom, no antigo Teatro Avenida, em Pelotas;
– Fito Páez, show do Circo Beat, no antigo Engenho Santa Ignácia, em Pelotas;
– Sting, show do Mercury Falling, em Paris, em um ginásio poliesportvo em Bercy;
– Djavan, show do Novena, no Teatro do Sesi em Porto Alegre;
– Vitor Ramil com Paulinho Moska, juntos no mesmo palco, no Teatro da UFRGS em Porto Alegre;
– Fernanda Takai, show do Onde Brilhem os Olhos Teus, no Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre;
– Jorge Drexler, show do Cara B, no Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre.
Eu não estou citando Weezer, que vi em Curitiba, apesar de ter curtido pra caramba, pois não eram as melhores condições acústicas. E ficaram fora dessa lista, por razões que expliquei acima, U2 Pop Mart em Buenos Aires, The Police no Maracanã em 2009, Seupultura/Ramones/Raimundos, juntos, no Gigantinho em Porto Alegre, e diversos outros de menores proporções, como Ultraje a Rigor, Kid Abelha, Nei Lisboa, Biquni Cavadão, Fausto Fawcet, Lobão, Living Colour, Faith no More, Paralamas, Capital Inicial, Pato Fu, Nenhum de Nós, Ed Motta, Caetano Veloso, Nando Reis, Mutantes, 14 Bis, Kleiton & Kledir, Los Hermanos… Cito os piores de todos: Barão Vermelho, no ginásio da Associação Rural de Pelotas, e Fito Páez, no Pepsi On Stage em Porto Alegre, não por culpa dos artístas, mas das condições acústicas. Que fique claro.
Atualmente, o único local que é possível de ter um show de qualidade em Pelotas é no Theatro Sete de Abril, e depende muito do técnico de som. Em Porto Alegre, temos três: o Teatro do Sesi, da UFRGS e do Bourbon Country. O Opinião ainda dá, quando o técnico coopera.
É por isso que eu não entro mais em frisson quando um artista anuncia sua vinda para as bandas de cá. Primeiro e avalio o local, depois o artista.
Prudente avaliação, com o tempo ficamos cada vez mais exigentes.
seus comentários no amigos de pelotas tem tornado aquele blog mais leve. Não era para rimar, mas adorei a publicação sobre a neve…