Apesar do show ter sido sensacional não me inspirei para escrever nada. Tem coisas que basta ver, presenciar e deu. Porém, não posso deixar passar batido um espetáculo como o do uruguaio Jorge Drexler, domingo, 20 de julho, no Teatro do Bourbon Country, Porto Alegre. Então vou me puxar.Depois de uma indiada sem sucesso para comprar os ingressos para o, então, único dia de apresentação (dia 21), a organização do evento resolveu abrir sessão extra um dia antes. Lá foi nossa solícita estagiária de Porto Alegre, Marina, tentar garantir novamente nossa presença no show. Levou mãe e namorado (pois só era permitida a venda de 2 ingressos por pessoa – precisávamos de 6) e, como estratégia, foi uma hora antes para a fila. Resultado: 100% de sucesso.
O estilo do show é o mesmo do mais recente lançamento do cantor, “Cara B” – um duplo que traz 31 registros ao vivo. Drexler usa programações junto com seu violão, que intercala, vezes, com uma guitarra semi-acústica com distorção. Em momentos, ele grava vozes e harmonias ao vivo para se repetirem ao infinito, como base para o que vai tocar. Tudo muito espontâneo, rápido e com bastante efeito performático. Aliás, a perfomance visual é show à parte. Não pelo excesso, mas pela simplicidade. A luz é muito bem feita, cheia de sacadas também. E o espetáculo corre assim, com pequenas surpresinhas a cada música, incluindo a participação de seus técnicos de som em algumas delas, tocando teremim, serrote e um seqüenciador com som arcaico e visualmente interessante.
Ele é muito carismático e se comunicou com a platéia em um bom português, cheio de bom-humor. Houve a participação de Vitor Ramil (parceiro na canção “12 Segundos de Oscuridad”), em 3 músicas do set list e mais uma no bis. O ponto mais engraçado da participação foi quando, no meio de uma música, Vitor disse “vai, Jorge” e Jorge foi. Era a hora do solo e o uruguaio, entrou em um solo improvável daqueles que a gente não sabe se é simplesmente estranho ou fora da escala. Mas era fora da escala… Quando acaba a música, ele diz: “é o primeiro solo da minha vida”. Percebeu-se. Mas o fato só serviu para deixar o show mais animado. Jorge sugere que a audiência troque as palmas por estalos de dedos, criando um clima muito mais sutil e delicado.
Me impressionou também o fato de que as pessoas cantavam junto apenas as músicas antigas e pareciam não conhecerem as novas do disco lançado em 2006, homônimo à canção em parceria com Vitor Ramil. Apesar de ser um ótimo compositor, gosto muito mais das canções recentes e achei que todos concordariam comigo. A impressão que ficou é que muita gente gosta de Drexler como expoente de uma música latina mais tradicional – como se o vissem como uma espécie de herdeiro de Mercedez Soza. As composições anteriores puxam um pouquinho mais para esse lado mesmo (eu disse “um pouquinho”), ao contrário das novas, que são mais relaxadas, livres de estilo definido. Eu gosto mais.
Uma vez, quando adolescente, eu fiquei de cara por ter perdido a chance de ver um show dos Replicantes na minha cidade. Daí em diante prometi que eu nunca mais perderia uma oportunidade de ver um concerto de quem eu gostasse. Não tenho cumprido isso à risca, mas se eu tivesse faltado ao de Jorge Drexler, certamente acordaria diferente na manhã de segunda do que acordei – um pouco pior, claro.
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Espero que semana que vem eu possa contar como foi o show por aqui. Tá dificil de saber onde vendem os ingressos antecipados.O show não é em Sevilla, é em Cádiz, mas como estamos indo passar o final de semana lá espero descubrir. Se não vou acordar na quarta-feira de mau humor!
Só pra constar…a desorganizaç4ao do evento em Cádiz não permitiu que eu descobrisse nem onde e nem que horas seria o show. Nem preciso de contar que não fui… :(