Caro Picadura,
Confesso que a primeira coisa que estranhei foi seu nome. Sei que a sua mãe não tem culpa disso. Deve ser, provavelmente, um pseudônimo artístico. Por isso, aconselho-o a repensá-lo. “Picadura” não é muito pop. Definitivamente. Quanto à fita-demo de sua banda, preciso ser franco: ela é muito inconstante. Algumas músicas são muito ingênuas e o fato de vocês serem só três, deixa o som um pouco vazio na maioria do tempo. O mercado não quer isso. Olhe as bandas de sucesso. Essa história de punk (estilo no qual vocês embasam sua “pegada”) não vai durar muito tempo. O lance agora vai ser muito teclado, backing vocals. A música vai crescer. Pode acreditar.
Mas entre todas as faixas de sua fita, percebi que algumas até têm potencial, mas precisam ser melhor trabalhadas. Entre elas, a faixa 2. Em primeiro lugar, vocês deveriam trocar ela de posição. Ela tem que ser a primeira, pois é uma canção de impacto e se não mudar, assim como eu, as pessoas podem ter vontade de parar de ouvir o disco antes dela chegar. Aí, dançou. Ê, musiquinha chata aquela 1. Seguindo na 2, ela inicia muito de soco. O vocal não pode começar assim tão direto. Tem que ter introdução para o pessoal ir se preparando. Ir dançando, entende? Tem que ter um riff forte na introdução também. Quem inventou esse padrão na música pop sabia o que estava fazendo. Acredite em mim. Repensem.
E você (você é o vocalista, certo?) canta bem até, mas o tom tá muito alto. Você tá gritando muito, pô. Tá se esgoelando! Baixa uns 2 dois tons que fica bem melhor. E esse guitarrista de vocês? Cá entre nós, ele não toca nada. Fica só enrolando e não sai do lugar. Muito barulho e pouca nota. Pouquíssima nota. Ele por acaso é pago por nota e vocês tão em contensão de despesas? Isso que essa faixa ainda tem solo, porque as outras nem solo têm. Onde se viu música sem solo de guitarra? Isso é rock, meu amigo! Rock! Tem que trocar esse cara. Urgente! Esse pessoal do metal é que entende de guitarra. Quem sabe você não coloca um desses cabeludos? De repente, ao invés de substituir, se não querem perder o amigo, coloca uma segunda guitarra. O metaleiro fica de solo e o outro fica nos chaca-chacas dele. E quanto ao batera? De onde ele saiu? Ele até é criativo, mas é muito exibido — demais — e dá umas baquetadas meio fora do tempo, né? Eheheh. Bem fora. Não percebeu? Não vai me dizer que é música de vanguarda. Música de vanguarda ninguém compra. Tem que ser tudo quadradinho. Pop, meu amigo. Tem que ser pop!
Outra coisa, reavalie a letra dessa 2. O pessoal não vai cantar junto algo tão melancólico “Me sinto tão sozinho, tão sozinho, tão sozinho…”. Aproveita também e revê o nome da banda. “A Polícia”? Os jovens não gostam de polícia. E se fosse “Os Bandidos”? Isso sim tem cara de rock! Rebeldia. Atitude. Te lembra dessa palavra: “atitude”.
Picadura, troque de nome, siga também meus outros conselhos e, depois, me mande uma nova versão de sua demo. Aí, sim, vai vender milhões. Pode acreditar. Pode acreditar.
Marketing Gravadora
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Para ler escutando “So Lonely” do primeiro disco do “The Police”.
estou ooooooommmmmm nvindo…vai fundo
esse texto é de onde? da tua cabeça, real, da cabeça de outro? o melhor é a parte do metaleiro… Muito bom.
Eu não publicaria nada que não fosse meu sem citar autoria.
sério? jurei que fosses capaz de se enganar, ou esquecer coisas. Ahhhhh nao, claro, imagina! Jamais!!! Parabéns!