O palco começa a ser totalmente desmontado para dar lugar a Mr. Cuomo e seus comparsas. De onde estou, consigo ver perfeitamente a movimentação da equipe norte-americana e dos candangos brasileiros. Eles estão trocando tudo mesmo. Saem todos os monitores tradicionais que ocupavam completamente a boca do palco e deixam apenas um, no meio, certamente para Rivers. Eles deverão usar monitores auriculares e talvez o vocalista não goste, ou talvez esse último esteja sendo mantido como um backup, para caso de mal-funcionamento dos fones. Pode servir também para reforço do retorno do vocal, já que guitarras e baixo também são amplificadas em cima do palco e podem dificultar até mesmo a audição do que sai dos fonezinhos.
Só há dois roadies de instrumentos: um está cuidando das guitarras e outro dos teclados, baixo e bateria. Ambos têm suas lanterninhas que usam mesmo com a claridade sendo suficiente. Uma guitarra Gibson apresenta problemas na chave (a pingolinha aquela) e o roadie tem que abrí-la para soldar alguma coisa lá dentro. Espero que não cause atrasos. Ele já está nessa há uns 20 minutos e a galera começa a esboçar impaciência: “Weezer, Weezer!”.
Enquanto isso, o roadie 2 cola a pedaleira do baixista com silver tape no chão e testa dois baixos Fender. Há um careca que parece supervisionar as coisas e cuidar de detalhes diversos. Ele quer saber o que um cara com uma câmera de vídeo faz em cima do palco, no canto, esperando o show começar. O cinegrafista é contratado pelo Festival, mas é claro que, ali, não vão deixar ele ficar. Parece tudo ultraprofissional, mesmo não sendo o Weezer um exemplo de superbanda megalomaníaca. As coisas têm de funcionar, afinal de contas. Isto significa respeito po quem pagou ingresso e veio de longe, para vê-los. O gerentão também conta, apontando o dedo, quantos fotógrafos estão no fosso. Devem ter estipulado um número máximo em contrato e parece que ele vai ser rígido em fazer cumprir as exigências.
“Weezer, Weezer!”.
Tem um cara, que passeia pelo palco de vez em quando que só pode ser o Karl, do Karl’s Corner, do site oficial da banda. Não sei exatamente qual é a dele, mas deve ser amigo de longa data do Weezer. É ele que mantém o site e, no DVD, é o autor de 90% do material de vídeo, editor, diretor – enfim, fez tudo. Ele é o típico americanóide: bermudão, alto, desengonçado. É ele, sim.
“Weezer, Weezer!” Toca Pixies no som, o pessoal canta junto e se acalma um pouco.
O roadie 1 acaba o conserto da Gibson e começa a colar os set lists, é claro, com muita silver tape. Tem um violão no meio das guitarras. Não que não tenha violão em várias músicas deles, mas será que irão tocar Butterfly? Será que vão usar o flying W tradicional de seus shows? Não parece. Além de ter o logo do Festival no fundo, não há recursos na casa para esconder cenograficamente um aparato daqueles. Mas seria muito legal ver aquele luminoso ao vivo.