Encontrar conhecidos no supermercado é constrangedor. Pelo simples fato de que você não topa com a pessoa apenas uma vez só. Principalmente, se vocês tomaram decisões diferentes no começo do trajeto. O mais trágico é quando se cruzam em todos os corredores. Alguns dão “oi” na primeira vez, um sorrisinho na segunda, depois fazem uma piadinha na gôndola da cerveja, do tipo “o pessoal na sua casa manda ver, hein?”. Por aí vai, até fingirem que não se conhecem no último corredor.
Mas pior mesmo é quando o caso é com aquele chato do seu vizinho. A cada passada de carrinhos ele lembra de um assunto diferente: são as árvores do seu pátio que jogam folhas nas calhas dele, os cachorros que usam seus canteiros como banheiro ou sobre o vizinho em comum que ele cisma em falar mal e jura que é mais chato do que ele mesmo. Nesses casos, aconselho que você faça hora na gôndola da maionese, fingindo que olha a tabela nutricional com atenção, para ver se descompassa o sincronismo.
Quando for para o caixa, é bom voltar ao início da loja para ver se fica bem longe. Se tiver sorte, ele não terá tido a mesma ideia que você: “Ah-rá, te achei!”