Algumas vezes me deparo com duas barras de chocolate. Se forem iguais, ou se me agradarem da mesma maneira, ingresso em um grande dilema: preciso decidir qual abrir.
“Já sei! Vou comer a que a data de validade estiver mais próxima. Assim, a segunda corre menos risco de estar velha quando bater a próxima larica.” Verifico, mas as datas são iguais.
Tento usar a razão para me definir. Como estou sozinho, escolher a com menos calorias é prudente. A mais engordante ficaria para uma possível divisão com alguém. “Mas as tabelas nutricionais são idênticas. Droga!”
Penso mais um pouco e crio novo critério de desempate: “Comerei a de pior embalagem, deixando a mais bonitinha dentro da cristaleira, de onde ornará minha cozinha”. Me dou conta que a cristaleira fica dentro do armário. Nem eu nem ninguém irá enxergar.
Imagino, então, quem poderá me visitar e qual delas gostará mais. Tanto faz. “Qual há mais tempo não como?” Não lembro. “Qual parece ter a embalagem mais vulnerável a possíveis formigas?” Equivalem.
Quando estou quase desistindo — o que seria até uma boa para a manutenção do meu peso —, uma luz brilha sobre minha cabeça: “Ordem alfabética! A solução para a maioria dos dilemas do mundo. É isso!” Prestes a desempacotar o Diamante Negro em detrimento do Shot, sou traído por meu cérebro doentio: “Por que não a ordem alfabética inversa?”