Antes da reforma ortográfica, a discussão era constante. Uns defendiam que o prefixo “tele”, por não exigir hífen, gerava “telentrega”. Outros, mais radicais (que vão na raiz do problema), eram enfáticos: “tele-entrega”. A justificativa era que “tele”, significa distância (telecomunicação, comunicação a distância; televisão, visão a distância; telefone, som a distância) e “tele-entrega” não é entrega a distância, mas telefone-entrega, ou seja, entrega realizada por solictação telefônica. Portanto, “tele”, nesse caso, não seria prefixo, mas a forma reduzida da palavra “telefone”. Mesmo que essa simplificação não seja formalmente permitida na língua portuguesa, para ficar menos errado, seria exigido o uso do hífen.
Eu, por outro lado, sempre preferi pensar que, se foi construído um verbete popular de forma imprópria, problema dele; sua escrita não deveria continuar colaborando com o equívoco. Que fique errado o significado, mas que escrevamos conforme a regra ortográfica. Sendo assim, sempre escrevi “telentrega”. Até porque, a segunda vertente é bem menos assimilada e conhecida do que a primeira e as chances dela ser uma baita de uma viagem é maior ainda.
Porém, depois da reforma que uniu as ortografias dos países de língua lusitana, a discussão foi pro saco. Diz a nova regra que quando a vogal final do prefixo é igual a inicial do radical, usa-se o maldito tracinho. É o caso de “micro-ondas”, coitado. Difícil de se acostumar.
Se você ainda tem a pulga atrás da orelha, acha feio ou tem medo que digam que está errado, use “delivery”, “telepedidos”, “telecompras” ou “ligue pra gente”.
Se é “por telefone”, infere-se “distância”. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa- VOLP, publicado pela Academia Brasileira de Letras- ABL registra teleducação, teleducando. Daí, a forma “telentrega”, por analogia, estar também correta!
Elmo, se a intenção da palavra fosse “entrega a distância”, você estaria certo. Mas a intenção da palavra é “telefone-entrega”, ou seja, “entrega feita via solicitação telefônica”. Ou seja, é uma abreviação de telefone conjugada com entrega. Não está se usando “tele” com o significado de “distância”, mas como de “telefone”. Então, você está enganado :)
Nas analogias que você fez, o significado de “tele” é o original: distância. Portanto, a analogia, não procede. Abraços!
Mais uma coisa me ocorreu. Sabe essas lojas de “auto-peças”? Na real, não são as peças que são “auto”. São “automóveis-peças”. Merece o hífen também.