Me considero capitalista, mas alguns que encontro por aí me fazem ter vergonha do título.
Conta-nos o Google que o termo “de araque” vem da bebida árabe arak, com teor alcoólico de 80%, que propicia, em pessoas não acostumadas, grandes bebedeiras e falas repletas de besteiras. Daí a expressão brasileira que designa algo tão desacreditado quanto uma pessoa de porre.
Pois grande parte dos capitalistas brasileiros podem ser considerados “capitalistas de araque”. Vejam só: se o capitalismo é o sistema econômico baseado na obtenção de lucro, tudo que for contra isso não é capitalismo. Acontece que tem gente que se diz capitalista e vai contra o capitalismo.
Vejamos.
O capitalista real sabe que para conseguir continuar produzindo precisa zelar para que a fonte de sua matéria-prima não se esgote. Já o capitalista de araque acha que deve basear seu negócio em uma produção predatória, que vise apenas o resultado imediato e esqueça do horizonte a longo prazo.
O capitalista de fato entende que é preferível, em termos de esforços de produção, vender menor quantidade com maior lucro do que o contrário. O capitalista de araque prefere competir apenas pelo preço, e acha que valor agregado é só um termo batido guardado nos livros de marketing.
O capitalista inteligente sabe que quanto mais humanizadas forem suas relações empregatícias, mais engajados e felizes serão seus colaboradores; mais produzirão! O capitalista de araque não faz a mínima ideia do que é tratar os outros com respeito e ser um líder inspirador; usa a técnica do chicote e das metas produtivas insanas.
O capitalista de verdade sabe que para obter lucro é preciso consumidores com recursos financeiros; uma melhor distribuição de renda. O capitalista de araque acha que quanto mais pobres houver, melhor, pois poderá contratar força de trabalho mais barata.
O bom capitalista tem como objetivo entregar o melhor produto, fazer seu cliente feliz e, assim, gerar lucro recorrente. O capitalista de araque está interessado apenas em realizar vendas imediatas e baseia a qualidade de sua entrega no que o mercado está praticando, apostando em um formato de negócio fadado à morte.
O capitalista legítimo é um otimista, protege a vida, o meio em que está inserido e valoriza as pessoas, pois é isso tudo que fará a roda girar e gerará a crença no futuro, base econômica primordial para o aumento da riqueza. Para o capitalista de araque tudo está sempre ruim, ele nutre o ódio e pouco se importa com o ambiente a seu redor. Está sempre apostando que algo dará errado e se torna a causa da própria desgraça.
Há 24 anos, vejo capitalistas de araque por aí. Trabalho diariamente para ser um capitalista consciente, não só porque é a melhor forma de gerar lucro, mas porque é o jeito certo de fazer as coisas.