A noite está barulhenta. Não são os carros, nem os vizinhos, nem a geladeira. Eu moro, digamos, “para fora”. Não há trânsito. É tranquilo. Costumava ouvir corujas, grilos, pasarinhos insones. Mas na última semana há um ronco baixo e constante. Parece uma betoneira distante, mas quem viraria noites trabalhando em construção? Parece um vento grosso, mas as árvores não se mexem. Parece um avião que nunca pousa. Um trovão permanente no horizonte limpo.
Pode ser apenas a minha cabeça.