O estranho não é ruim. O estranho não é bom. O estranho só é diferente, incomum, não ordinário. Se prestarmos atenção, qualquer establishment já foi moda, foi tendência, foi estranho. Depois de estabelecido, pode até sucumbir a outro modismo, que foi tendência, foi estranho, foi ideia maluca. Isso é reinvenção.
O estranho enriquece nossas vidas, cutuca nossa realidade, nossos preconceitos, nossas burrices. O estranho é inusitado, quebra a rotina, realiza sinapses, enriquece social, cultural e espiritualmente.
A geração antiga sempre questiona os hábitos da nova, sem lembrar que a expressão de sua época também fora questionada por ser estranha, e antes ser ideia maluca, ser lampejo. Esses conflitos de gerações acontecem nas artes, nos comportamentos sociais, nas crenças, nas relações interpessoais: “Antigamente é que era bom!”
Só pelo fato de não ser comum, arrisco em me contradizer: o estranho é bom, sim! Pelo menos, até que provem o contrário. Só por trazer mudança, desconforto, questionamentos, o estranho já vale.
Por que as pessoas são tão fechadas ao estranho? E, então, por que alguns investem tanto no estranho se muitos preferem o conforto do convencional, que antes foi moda, foi tendência, foi estranho, foi ideia maluca, foi lampejo, foi observação. Eles são chatos ou loucos? São gênios visionários ou pseudointelectuais? São bobos? Não há nada errado em se emocionar com as mesmas coisas, os mesmos filmes, as mesmas músicas, o mesmo padrão de roteiro que se repete a cada blockbuster, a mesma estrutura musical que permeia as mais ouvidas. O problema é não estar aberto ao novo.
Quando nos depararmos com o estranho, não devemos desdenhar, mas observar, ser amplos, nos permitir. A menos que ele ofereça balas.