A vida é feita de opções. James Cameron soube escolher todas elas com maestria.
1) Por levar 12 anos para ser feito, Avatar não foi originalmente produzido para ser projetado com recurso 3D. Mas confrontado com a tecnologia presente na maioria dos blockbusters atuais, Cameron soube usar o recurso como ninguém, mesmo aos 45 do segundo tempo. Os efeitos não tiram o filme da tela como é comum se esperar. Ao contrário, jogam o espectador para dentro dele. Há, principalmente, profundidade de cena ao invés de elementos que pulam na sua cara e passeiam pela sala de projeção.
2) Usar traços dos rostos dos atores nos avatares que eles controlam e nos na’vies em geral, os tornam mais carismáticos e humanos, gerando identificação imediata com o público.
3) Escolher uma história medíocre e recorrente (apesar de muito bem contada) foi decisão acertada também. O foco do filme é a experiência; é a inclusão do espectador em um mundo de fantasia no qual ele nunca tinha estado com tamanha adesão sensorial. A história não poderia atrapalhar. Enquanto estamos apasbacados com o visual, abrimos a guarda e nos deixamos levar pela lenga-lenga lugar-comum do argumento. Avatar não é um filme que se vê; é um filme que se sente. Você está lá. É a “mentirinha” mais real a qual fui exposto. Cameron precisava levar isso para as massas. E conseguiu.
4) Claro que eu torci o nariz para o blá-blá-blá ambiental explorado pelo roteiro, mas foi outro acerto. Não posso subestimar o poder de influência global de um filme como este. Se é para ser veículo mundial de algum tipo de mensagem, que seja por uma boa causa, além de bastante pertinente.
Avatar é revolução, é uma nova escola. O cinema acaba de mudar, bruscamente. Avatar é um temporal repentino. Se ainda estiver passando em 3D, corra pra ver. Provavelmente, não haverá outra oportunidade.