Um Segundo Governo para Fazer Concorrência

E se ao invés de elegermos um governo, elegêssemos dois? Seria boa a concorrência, não? Teriam que ser governantes profissionais, de carreira — como se já não fossem agora. Nossos impostos seriam rateados entre eles na proporção do uso que a população fizesse de seus serviços. Teríamos dois sistemas de saúde paralelos e usaríamos o que nos tratasse melhor. Existiriam aparatos educacionais distintos e matricularíamos nossos filhos no mais eficiente. A infraestrutura comum, como rodovias e ferrovias, teriam seus custos de administração compartilhados. Ou não! Poderiam existir a rodovia do governo A e a do governo B. Pagaríamos o pedágio na que atendesse melhor nossas necessidades. Poderia ter o governo que investisse mais em ferrovias e se tornasse logisticamente mais eficiente. Se houvesse duas polícias e duas justiças, elas seriam remuneradas de acordo com sua performance. Teríamos um custo total mais elevado para manter dois governos? Não acredito que fosse maior do que o atual custo-Brasil, que financia a corrupção incrustada em todas as esferas governamentais. Sem dúvida haveria uma guerra entre os dois, ou uma civil entre os adeptos de cada um. Mas isso já não existe hoje, de uma forma ou de outra?

Hoje eu vi…

Hoje eu vi um adolescente querendo ajudar a qualquer custo. Eu vi um velho sem saber bem o que fazer, mas procurando ser parte. Eu vi uma mulher rica, bonita e delicada subindo em árvore e sendo a mais envolvida. Hoje eu vi uma criança pobre tendo uma experiência que levará para toda vida, que ajudará a formar seu caráter, sua personalidade. Eu vi outra mais privilegiada se divertindo como nunca junto com as da comunidade. Eu vi um cara com toda pinta de marginal provando para mim — e para si mesmo! — que as coisas podem ser diferentes. Eu vi uma menina linda, com as roupas sujas, ser mais valente que muito marmanjo. Hoje eu vi um homem de posses, que poderia estar em casa com sua família, agarrado numa enxada para construir o sonho de muita gente. Eu vi um rosto cheio de lágrimas por não acreditar no que presenciava. Eu vi uma senhora da comunidade perceber o valor do que estava sendo feito, e trabalhando não só para que sua filha tivesse o exemplo, mas para o futuro de todas as crianças. Hoje eu vi um lugar antes vazio e inóspito encher de moradores tomando chimarrão e conversando. Eu vi as crianças girarem em pneus pendurados em árvores tão felizes como nunca presenciei. Eu vi abraços, agradecimentos, olhos brilhando. Eu vi incrédulos presenciarem a materialização de um sonho brotar do chão diante de seus olhos. Hoje eu vi um gordinho de 13 anos pegar no pesado e ser o mais motivado de todos. Eu vi areia e barro virar uma praça. Eu vi um sonho nascer, sendo construído pela mobilização de pessoas. Somente pessoas.

Hoje, vi coisas que não costumo ver.

Hoje foi um dia muito, mas muito especial.

Manisfesto ao Estranho

weird-eye[1]O estranho não é ruim. O estranho não é bom. O estranho só é diferente, incomum, não ordinário. Se prestarmos atenção, qualquer establishment já foi moda, foi tendência, foi estranho. Depois de estabelecido, pode até sucumbir a outro modismo, que foi tendência, foi estranho, foi ideia maluca. Isso é reinvenção.

O estranho enriquece nossas vidas, cutuca nossa realidade, nossos preconceitos, nossas burrices. O estranho é inusitado, quebra a rotina, realiza sinapses, enriquece social, cultural e espiritualmente.

A geração antiga sempre questiona os hábitos da nova, sem lembrar que a expressão de sua época também fora questionada por ser estranha, e antes ser ideia maluca, ser lampejo. Esses conflitos de gerações acontecem nas artes, nos comportamentos sociais, nas crenças, nas relações interpessoais: “Antigamente é que era bom!”

Só pelo fato de não ser comum, arrisco em me contradizer: o estranho é bom, sim! Pelo menos, até que provem o contrário. Só por trazer mudança, desconforto, questionamentos, o estranho já vale.

Por que as pessoas são tão fechadas ao estranho? E, então, por que alguns investem tanto no estranho se muitos preferem o conforto do convencional, que antes foi moda, foi tendência, foi estranho, foi ideia maluca, foi lampejo, foi observação. Eles são chatos ou loucos? São gênios visionários ou pseudointelectuais? São bobos? Não há nada errado em se emocionar com as mesmas coisas, os mesmos filmes, as mesmas músicas, o mesmo padrão de roteiro que se repete a cada blockbuster, a mesma estrutura musical que permeia as mais ouvidas. O problema é não estar aberto ao novo.

Quando nos depararmos com o estranho, não devemos desdenhar, mas observar, ser amplos, nos permitir. A menos que ele ofereça balas.

A Quem Interessa Vender Vacina Contra a Meningite?

11062758_739517189526764_6969707564074592419_n[1]

Prefeitura de Pelotas
Há dois anos não são registrados casos de meningite meningocócica do tipo C em Pelotas. A notícia é boa. Mas os cuidados e a prevenção não podem ser deixados de lado – principalmente no inverno quando há mais chance de contágio.

Leia a notícia completa no site.

++++++++

Gostei do post tranquilizador da Prefeitura de Pelotas no Facebook. Está havendo um campanha popular alarmista (espontânea ou não, não sei) sobre a meningite no estado. Fui, então, investigar sobre assunto. O que está acontecendo, segundo os jornais, é um surto em um bairro de Cachoeirinha. Até a semana passada, houve 48 casos e 10 mortes, o que fez triplicar os casos gaúchos, mas só por causa desse bairro. A Secretaria de Saúde disse que no restante do RS o número de casos continua igual ao do ano passado. 83% do público-alvo desse bairro já foi vacinando e o governo não vai (até então) ampliar a campanha para outros locais pois não há necessidade e disse que vai recorrer se as Prefeituras exigirem na justiça. Ou seja, é importante ficar atento, mas sair enlouquecidamente pagando mais de mil reais para vacinar seu filho é meio desespero. Segundo um amigo do setor da saúde, é mais provável, na situação atual da doença, ser acometido pelos efeitos colaterais da vacina do que seu filho ser contaminado. Não sou médico, por isso, meu conselho, na situação atual é: informe-se com o seu pediatra, tenha seu próprio discernimento e fique atendo aos sintomas. Ah: e consulte a carteira de vacinação do seu filho: ele já pode ter sido vacinado e você nem lembra.

Pode acreditar: tem muita gente mais interessada em lhe vender uma imunização desnecessária por mais de mil reais do que com a saúde do seu filho. A indústria da saúde é assim. Sinto informar.

O Polêmico Comercial de O Boticário

gregorioO comercial para TV de O Boticário vem causando frisson nos últimos dias (ou seriam “últimas horas”?). Quem já assistiu e sabe da celeuma que se instaurou, pode pular para o próximo parágrafo. O filme publicitário é editado intercalando cenas de homens e mulheres comprando presentes, se arrumando em casa etc., como se aguardassem alguém. A construção do roteiro cria a expectativa de que haverá encontro dos casais no Dia dos Namorados. E realmente há. Mas o plot twist se dá na hora que percebemos que dois dos três casais são homossexuais, um masculino e um feminino. A trilha sonora é o instrumental da canção de Lulu Santos “Toda Forma de Amor”, mas a assinatura da campanha, apesar de graficamente usar cores inspiradas nas do arco-íris, não aborda o tema, dizendo “Entregue-se à tentação de Egeo” — a linha de produtos que está sendo vendida.

A iniciativa é linda! Em um mundo repleto de preconceitos de todos os tipos, é uma benção (se é que os detentores do direito de uso desta palavra me permitem “blasfemá-la”). Só que, claro, diversos ditos defensores da moral, dos bons costumes e da instituição familiar brasileira estão resmungando. E, por causa disso, recebendo tais “denúncias”, o CONAR (órgão de autorregulamentação da propaganda no país) precisa avaliar a situação e julgar se o comercial deve ou não ser retirado do ar. Não acredito que farão uma besteira tão grande.

Devido ao sucesso duplo da campanha (por seu próprio brilho e pelo buzz que o embate está causando nas mídias sociais), algumas pessoas levantam a hipótese de tudo ter sido planejado. Como publicitário, já me passou pela cabeça, várias vezes, criar propositalmente uma crise falsa e estúpida (como esta) contra algum trabalho meu, justamente para promovê-lo ainda mais e fazer o cliente posar de bonzinho. Ele sairia ainda mais fortalecido e com reputação de benfeitor injustiçado. Mas nunca levei a cabo por questões éticas óbvias. Sendo assim, é impossível não pensar na hipótese para o caso atual. O que me dissuade de acreditar nisso, não é genialidade da ideia, pois se até eu a tive, não deve ser tão brilhante assim. O que a torna improvável é o cliente aprovar a conspiração.

Só que as pessoas começam a conversar nas mídias sociais, a pensar (direito ou não) e chegam coletivamente à conclusão de que empresas que têm uma inciativa “corajosa” como essa devem ser valorizadas. Criam uma batalha entre a corrente retrógrada (que nem ousa se pronunciar no Facebook) e a superempresa que vai salvar o mundo do preconceito. E decidem que, mesmo sem gostar dos produtos da marca, consumi-los neste momento é uma forma de incentivo a tamanho ato exemplar de bravura. Artistas também começam a publicar seu apoio, como a foto postada no Instagram do ator Gregório Duvivier.

A campanha será exitosa. O Boticário venderá como nunca!

A partir de agora entra a parte o-que-tu-fumou? da minha abordagem, de onde pode sair, no máximo, um livro de ficção malsucedido. Outras empresas, surfarão na onda e darão representatividade cada vez maior às “minorias”. De repente essas “minorias” começarão a se sentir exploradas em excesso. Irão promover passeatas contra ao capitalismo selvagem que utiliza sua personalidade sem representá-las de fato. E todos sabem o que acontece quando há superexposição de algo, né? Deixa de ser cool e quem vale-se desse apelo sem legitimidade começa a ser mal visto, é repudiado no social media e tudo vira, de novo, o que era antes. Voltam a usar cachorrinhos e crianças na propaganda. Isso, sim, vai vender sempre.

Novo Restaurante Natureba

ovo quebrado

Juro que não fico escutando conversa alheia. Mas não tive como evitar.

Estava com a Alice em um restaurante novo, pseudossofisticado, meio lanchonete, do tipo saudável-fitness que traz no cardápio as propriedades nutricionais dos alimentos; do tipo que o dono acha que basta abrir as portas e está tudo certo. Treinamento de funcionários pra quê? Ainda mais quando o local tem um proposta específica, que é atender um público que busca um tipo de alimentação, digamos, chatinha de vender, pra que treinar seu pessoal, não é mesmo? Sabe funcionário que não entende que ele representa a empresa (ou deveria representar) e não que são duas coisas diferentes?

Entra um brutamontes, malhado (ou gordo, não identifiquei). Senta na mesa atrás da gente, olha o cardápio e conversa, com voz grossa, de macho, com o garçom.

— Quantos ovos vem neste omelete?
— Puxa, acho que uns dois.
— Dá pra fazer ele com mais duas claras?
— Hmmm… Vou ter que ver na cozinha.

(…)

— Infelizmente, não, senhor?
—Por quê?
— Não sei bem. Me disseram que não podem porque não sabem como cobrar…
— Mas tinha que poder, não?
— Eu acho que, sim. Tinha. Mas…
— No concorrente de vocês ali dobrando (falou o nome do lugar), eles fazem.
— Pois é. Tinham que fazer aqui, mas os donos não disseram nada pra gente sobre isso.
— E lá eles nem cobram a mais. Eu peço com seis ovos e não ficam me cobrando o ovo.
— Pois é.
— “Ovo”! Vão me cobrar um ovo? Não, né?
— É. Não… Um ovo…
— Porque assim… O cara às vezes tem que perder peso rápido, pra uma luta. E aí tem que comer o troço certo. E aí o restaurante tem que fazer.
— É… É… Imagina…
— Deveria ter as calorias aqui, não?
— Sim, eu já falei pra eles… Mas os nutricionistas ainda não calcularam.
— Mas tinha que ter.
— Mas tem as corzinhas no cardápio, dizendo se é proteína, carboidrato, o senhor viu?
— O vermelho é proteína?
— É.

(…)

— Tá, me diz como é essa tapioca. Nunca comi tapioca.
— Ah, é com farinha de tapioca e…
— Tá, mais é boa?
— É… É boa.
— Tu já comeu? Gostou?
— É boa, sim.
— Tá.
— O senhor vai querer?
— Me traz o omelete de vocês mesmo, porque eu tô morrendo de fome, depois eu vejo essa tapioca.

(…)

— Senhor, seu omelete e seu suco…
— Pode mandar fazer a tapioca.
— Tá bem. Mas pode deixar, eu vou falar com os donos, para resolverem essas coisas que estão erradas… Não pode ser assim.
— É.
— Tá errado.
— (arrut)

Sim, o cliente acabou soltando um arroto que todo lugar ouviu. Claro que nem se desculpou.

 

O polêmico artigo de Paulo Sant’Ana

santana_3[1]O mais recente artigo de Paulo Sant’Ana para a Zero Hora está sendo objeto de alvoroço nas redes sociais. Leia aqui.

O que espanta nem é o artigo, mas a ânsia das pessoas em demonstrarem sua opinião sobre ele. Não é novidade no meio on line: a tal democracia digital mostra o quanto seria melhor muita gente permanecer calada. Provavelmente, eu também. Ninguém se dignou — diante da perplexidade ao ler palavras aparentemente chocantes — a refletir sobre o que realmente o colunista pretendia transmitir. É muito mais fácil sair esbravejando em defesa de uma causa que o fará mais popular, trará mais “curtidas”, aumentará seu “klout” (não, “klout” não é “pau”) e levará você pro Céu (talvez não o de Paulo Sant’Ana). Difícil é ter o bom senso, a responsabilidade, a inteligência, a crença no ser humano e, mais que tudo, a boa-vontade de tentar encontrar uma segunda interpretação para o que nos é apresentado.

Não estou defendendo Paulo Sant’Ana. Apenas dizendo que tenho dúvidas do que ele quis dizer. A visão mais simplória nos leva a crer que ele foi racista, xenofóbico etc., mesmo apenas relatando o que se vê em Punta del Leste. Uma segunda possibilidade, que ele está demonstrando uma situação plastificada de um mundo à parte ao que a maioria de nos vive, se valendo da ironia e acidez que um bom escritor há de ter. Sant’Ana pode estar velho, caduco — vai acontecer com todos nós — mas talvez sua maior insanidade neste momento não foi a de pensar e escrever merda, mas a de correr o risco de ser incompreendido por uma horda descontrolada de facebookers. É uma possibilidade.

Todo texto merece uma segunda interpretação. Principalmente quando ele te peita a fazer isso.

Ação entre Amigos

açaoTodo final de ano, na empresa, recebo ligação do Sargento Palhares da “Poliça” (troquei o nome da pessoa e da corporação para proteger inocentes — no caso, eu). Quando o telefone toca dizendo “Bom dia, aqui é o Sargento Palhares da “Poliça”, gostaria de falar com o Senhor Daniel”, a secretária já sabe que não é pra transferir. Só que este ano, depois de algumas despistadas e tentativas frustradas de me encontrar, a sagacidade do oficial falou mais alto. Apresentou-se só pelo primeiro nome: “Gostaria de falar com o Sr. Daniel. Aqui é o Marcelo”. No momento em que atendi e escutei o bom-dia da imponente voz acostumada a mover um batalhão, não tive dúvidas e esbravejei internamente: “Malditos! Conseguiram de novo!” Não que eu seja um fugitivo, tenha culpa no cartório ou na delegacia. A questão não é essa. Trata-se, apenas de um pressentimento que irei entrar pelo cano outra vez. Explico melhor:

— Daniel, bom dia!
— Bom dia. Quem fala?
— Aqui é o Sargento Palhares. Marcelo Palhares. Estou entrando em contato pois tenho um convite do Comandante Magalhães — (mudei o nome novamente).
— Pois não.
— Como o senhor sabe, estamos reformando nossa sede, ampliando a estrutura para melhor atender à comunidade. É uma obra que custará X mil reais. Já temos Y mil e precisamos finalizar. Como o senhor vem colaborando com a gente há alguns anos, estamos ligando mais um vez.
— Pois não. O que seria?
— Então… Estamos promovendo uma rifa de uma motocicleta. Cada cartela contém três números. São três chances de ganhar.

Essa parte do “três chances de ganhar” me soa particularmente engraçada.

— Quanto é?
— Então… O Comandante pediu para separar três cartelas para o senhor. Sendo assim, seriam nove chances de ganhar.
— Nove? Olha!
— Isso mesmo!
— Quanto é?
— Seriam, no caso, 200 reais.
— Não entendi o valor. Pode repetir?
— No caso, seriam 200 reais.
— As três cartelas?
— No caso, uma só. As três seriam 600 reais.
— Quanto?
— No caso, 600 reais, senhor.
— Olha… “No caso”, acho que posso contribuir com uma cartela só.
— Muito obrigado, senhor. Será muito útil para a corporação. Quando posso passar para receber?

Eu sempre achei que rifa fosse ilegal. Mas se é a polícia que está fazendo, já sei que não é. E, afinal, quem sou eu para não atender um pedido desse calibre?

Brasil 1 x 7 Alemanha — Uma metáfora para a vida

futebol_rua[1]Não se ganha respeito na vida simulando pênalti.
Não se encara desafios de chuteira dourada.
Vitória se faz com competência.
Não há conquistas solitárias. Somos um time.
Ninguém vence por antecipação.
Deus não tem nada a ver com um jogo de futebol, com o sucesso ou o fracasso.
Não é porque você chora que tem razão.
Você não merece mais que ninguém, principalmente quando se quer ganhar pela sexta vez.
O seu país não é melhor que nenhum outro, muito menos dos melhores de fato em todas as instâncias.
O futebol não é a vida. A vida não é o futebol.
Apesar da patrocinar a metáfora.

Senhas Diferentes, Simples e Fortes

Este artigo foi escrito há 5 anos e precisa de uma atualização que faço agora, 23/03/2019, baseada da dica de um amigo especialista em segurança no mercado financeiro.

No post original dou exemplo de palavras pequenas, mas não se contente com elas. As ferramentas de hackers as quebram muito rapidamente. Hoje em dia, os sistemas mais atuais permitem o uso de senhas longas. Então, prefira frases complexas, como “minhamãemandoueuescolherestedaqui”. Pode ser um frase de um filme, versos de um poema ou, melhor, algo maluco tirado de sua cabeça. Segue o artigo original…

Vou deixar a introdução de lado. Não é preciso explicar por que é importante ter senhas fortes, seguras e diferentes para cada tipo de serviço. Só que é um saco administrar uma infinidade delas. Por isso, desenvolvi um método (acredito que não inédito, mas, sem dúvida, não corriqueiro).

Pense numa palavra ou expressão que seja significativa para você, como o nome de um filme, de uma banda (de preferência que você não tenha a camiseta). O bom é que não seja o nome puro, mas uma mistura maluca da sua cabeça, por exemplo: “starsimpsons”. Esqueça os nomes de seus filhos, sobrinhos, parentes. São óbvios demais. Pense também em um conjunto de números, uns quatro está bom (que não seja de datas de aniversários, número da casa, nem algarismos sequenciais como “1234” ou repetidos “1111”). Pegue dois do início do número de sua casa e misture com seu número da sorte, sei lá. Você terá uma coisa como “starsimpsons2307”. Alguns sites exigem que você tenha números, letras minúsculas e maiúsculas. Então, já estipule uma letra para ser a sua maiúscula, mesmo que não seja exigido. Exemplo o “P”: “starsimPsons2307”. Você também pode colocar esse número entre as duas palavras, ou colocar dois no começo e dois no final; fica melhor. Mas vamos tomar este exemplo para seguir.

Bom, agora, como ter uma senha diferente para cada site?

Imagine se suas senhas são todas iguais e roubam-na de um serviço. Todas suas contas ficam vulneráveis. Por outro lado, ter que memorizar uma para cada necessidade é inviável.

Se você vai fazer uma senha para o site Submarino, use o “S” do nome do site para substituir a letra maiúscula da sua senha. Fica assim: “starsimSsons2307”. E assim por diante. Se quiser ter uma segurança extra, sugiro que tenha dois padrões de senhas, um para serviços que envolvem dinheiro — como lojas online, bancos etc. — e outro para o resto — como Facebook, Twitter, aplicativos em geral.

O mais importante: lembre-se que senha salva é senha esquecida. Por isso, se você apertar o botãozinho de salvar senha nos sites e aplicativos, saiba de antemão que, quando precisar acessar de outro local, ou trocar seu dispositivo ou computador, você, certamente, não a recordará mais. Nunca salve. Também não recomendo que as anote ou use esses aplicativos de gerenciamento de senhas. Você não sabe de onde eles vieram e nem o que fazem com suas informações. Além do quê, você também pode perdê-lo em um bug da máquina ou device, bem como ter a senha de acesso a eles roubada.

Isso tudo que falei parece meio bocó, mas mudou minha vida. :)