Ninguém Sabe Nada de Câmbio

(29/12/13 — Nota do editor: o Governo anunciou que o IOF de todas as operações com cartões de débito no exterior passa a ser 6,38%, como a dos cartões de crédito. Leia aqui.)

Resolvi fazer este post devido à inexistência de artigos competentes na Internet sobre esse assunto. Então, lá vai o que eu aprendi em minhas investigações online e offline.

Você vai viajar para o exterior e precisa comprar a moeda do país de destino. O que vale mais a pena no quesito economia? Comprar espécie em uma casa de câmbio? Usar seu cartão de crédito? Usar o cartão de débito? Comprar um Travel Card?

Antes, algumas coisas devem ser compreendidas.
1. Não existe mais controle de câmbio no Brasil (desde 2005). Não existe dólar/euro oficial. Não existe dólar/euro turismo. O mercado é livre. Cada casa de câmbio ou banco emissor do seu cartão pratica a taxa de conversão que quiser.
2. Existe a taxa PTAX, do Banco Central, que é apenas uma simples média aritmética das consultas feitas aos dealers no mercado, entre 10h e 13h daquele dia. É um valor de referência, apenas. Ou seja, ninguém é obrigado a utilizá-la, como eu disse no item anterior.
3. Tem quem chame de “dólar comercial”, aquele usado pelas empresas de importação e exportação, e de “dólar turismo”, aquele que chega para o consumidor final em suas importações domésticas e custos de viagens. A única diferença é a quantidade de intermediários que existe entre um e outro, que faz o valor conhecido como “dólar turismo” ser maior que o “comercial”. Trocando em miúdos, o dólar e o euro são um só, o que varia são as condições de compra e venda e a quantidade de intermediários envolvidos. É como comprar leite direto do produtor ou ir a um supermercado. Porém, ninguém fala “leite comercial” e “leite turismo”.
4. Isso explica o fato de por que cada banco, cada estabelecimento que divulga a taxa de câmbio a seu cliente final, tem uma taxa diferente no mesmo dia. De novo: não há tabela. O mercado é livre.

Então, qual opção levar para sua viagem? Escolha.

CARTÃO DE CRÉDITO
É a mais arriscada em termos econômicos, pois o valor do câmbio será definido no dia do pagamento da fatura. Ela chega com o câmbio do banco de seu cartão no dia de sua emissão. Você paga com esse câmbio, mas depois, na fatura seguinte, é calculada a diferença para o dia que efetivamente a fatura foi paga. Te devolvem o que sobrou ou cobram o que faltou. Não esqueça que para compras no exterior com cartão de crédito há ainda a incidência de IOF/IOC que somam 6,38%. Recentemente, analisei diversas faturas das mais variadas bandeiras e bancos emissores de cartões de crédito e comparei o valor do dólar com a taxa PTAX do Banco Central do mesmo dia. A variação era absurda. Em alguns bancos chegava a 10%. No meu cartão, Mastercad Dotz Ibi (agora Bradesco), o câmbio era o melhor, apenas um ou dois centavos acima da PTAX. Ou seja, mesmo pagando os 6,38% ainda valia mais a pena do que comprar a moeda em casas de câmbio ou usar alguns cartões de débito.

CARTÃO PRÉ-PAGO — TRAVEL CARD
É uma opção conservadora. Você escolhe o quanto vai gastar e compra antecipadamente a moeda. Nada de surpresas depois. Essa modalidade, no meu banco — o Banrisul — tem o custo da emissão do cartão (R$ 15,00). É cobrado também o IOC de 0,38%. Sem falar que o câmbio é o mais próximo do PTAX entre as demais opções. Dia 24 de agosto, o euro fechou em R$ 2,53 na PTAX e eu comprei a R$ 2,62 no Banrisul. Em casas de câmbio fica em torno de R$2,70 pra cima. O cartão pré-pago é também a melhor forma de alguém lhe mandar dinheiro para lhe socorrer em uma viagem ao exterior. Basta deixar uma procuração para a pessoa que ela poderá depositar valores no seu cartão, com os mesmos 0,38% de IOC. Outra vantagem é que você pode sacar o dinheiro em caixas eletrônicos pagando uma taxa de €2,50 por saque. É aceito nos mesmo locais do seu cartão de crédito. Ou seja, você não vai ficar na mão. Se, ao final da viagem, sobrarem créditos, você pode sacar tudo e trazer de volta ou resgatar aqui, na volta, com uma pequena variação de câmbio (2 centavos, segundo a taxa do meu banco no dia).

DINHEIRO
É sempre bom levar algo em espécie. Seja para mostrar à imigração que você tem onde cair morto no país deles, seja para quebrar algum galho logo na chegada. Porém, já sabe que as taxas são as piores. Por outro lado, dependendo do câmbio do banco do seu cartão e do da casa de câmbio, pode valer mais a pena, pois não tem o IOF/IOC. Mas nunca esqueça: dinheiro pode ser perdido ou roubado. Se acontecer isso com cartão, basta cancelar.

O bom mesmo é nunca ir viajar com apenas uma opção. Assim, qualquer problema que der, você estará resguardado.

UMA DÚVIDA QUE NINGUÉM SABE RESPONDER
Todas as compras em cartão de crédito no exterior são convertidas para dólar, não importa a moeda em que ela é feita. Você pode fazer como eu, e pesquisar se o câmbio de dólar para real do seu cartão costuma ser bom ou ruim. Mas e como saber o câmbio de euro para dólar, de iene para dólar, de libra para dólar, de pesos para dólar? A fatura do seu cartão não informa. Ninguém sabe te informar. Se você ligar para o 0800 do seu cartão eles irão lhe dar a resposta mais fajuta do mundo:

— É utilizado o câmbio do dia, senhor.
— Sim, mas qual é o câmbio do dia de euro para dólar?
— É o valor utilizado no dia, senhor.
— Sim… Mas qual é? Por exemplo, qual é o câmbio de euro para dólar de hoje?
— Senhor, não temos acesso a isso agora, mas será convertido automaticamente na emissão de sua fatura.

E você pode ficar horas no 0800 que a conversinha não vai ir além disso. Pode mandar chamar o gerente, o superior, o presidente da companhia. Não vão te responder. Ou seja, é um baita engodo. Fazem uma transação cambial sem te informar sob quais parâmetros ela é feita. Para saber, só comprando algo pelo cartão e pagando pra ver. Talvez seja aí que os cartões que praticam os melhores câmbios de dólar para real, tirem o prejuízo: no câmbio de euro para dólar.

O que eu quero dizer com tudo isso é: se você quer economizar, não adianta só optar por uma modalidade sem IOC, sem IOF, sem os dois! O câmbio também tem que ser levado em consideração. E o câmbio é o mercado quem dita.

Ninguém sabe nada de câmbio. Se você souber mais que eu, por favor, me corrija, mas só o faça se tiver certeza, por favor. : )

Outros 10 Apps Massas

Claro que faltaram apps no post anterior. Complemento agora com outras boas dicas, não óbvias, para iOS.

Grocery Gadget
Sou virgiano, metódico e chato. E, quando vou ao supermercado, uso todo meu poder. Por isso, demorei a achar uma lista de compras perfeita. Nunca faziam tudo que eu queria. Depois de umas 20 tentativas, encontrei. Grocery armaneza os produtos, facilitando novas listas; permite ordenar os itens na sequência que quiser (por exemplo, na ordem das gôndolas do mercado que você costuma frequentar — e, mesmo em novas listas, a ordem é mantida); trabalha com contas (ou seja, suas listas ficam na nuvem e sua mulher pode adicionar itens também a partir do gadget dela); permite incluir preços, seja para ir obtendo o resultado parcial enquanto compra, seja simplesmente para ter uma noção do valor mais baixo que já pagou pelo produto; tem um sistema de checking que vai separando os já comprados dos restantes; possui leitor de código-de-barras, se você achar que cadastrá-los e lê-los a cada vez for mais fácil que digitar os nomes dos produtos (eu não acho). Uso Grocery sempre.

 

Pacotes
Não tenho usado muito, mas para quem tem diversas encomendas simultâneas enviadas ou a receber pelos Correios, é ótimo. Com ele você pode rastrear a situação de suas entregas através do código de cada encomenda. É isso. Simples assim. Mais fácil que acessar o site dos Correios, e de qualquer lugar.

 

Lanterna.
O nome deste app é “Lanterna.”. Com este “.” mesmo no final. Usa o flash da câmera de seu iPhone para iluminar a escuridão, mas o mais legal são os efeitos estroboscópicos que pode fazer, incluindo código morse. É uma bobagem, claro, mas especialmente útil para festas.

 

SkyView
Aponte para o céu e te mostrará o nome das estrelas, das constelações, sua movimentação, a trajetória do sol e da lua durante o período. Bom para engenheiros e arquitetos, que precisam simular exposição solar e para curiosos em astronomia (e astrologia, até, por que não?).

 

DropBox
Precisa falar do DropBox? Conheci quando era uma simples caixinha para onde você arrastava seus arquivos; a forma mais simples e fácil de compartilhar aquivos. Agora, DropBox virou coisa de gente grande. Ele sincroniza seus documentos em todos os seus dispositivos e na nuvem. Tudo na palma da mão, pronto para visualizar e compartilhar.

 

Minha Operadora
Trocou de operadora e prcisa alterar os números de sua agenda? O app insere e troca sozinho a operadora preferida e o DDD da sua cidade naqueles contatos que não têm.

 

 

Multi Edit
Serve para organizar sua lista de contatos. Busca por telefones, nomes e emails repetidos e lhe dá opção de o que fazer com eles. Bastante útil pra mim, que compartilho a lista de contatos com minha esposa e duplicidades podem ocorrer.

 

Fone (Facebook)
Acessa sua conta do Facebook para ver quais dos seus amigos estão nos seus contatos e baixa fotos, data de aniversário e sei-lá-mais-o-quê para seu iOS. Também baixa todos os seus amigos do Facebook que tem telefone visível.

 

Gibson Learn & Master
Uso apenas o afinador de violão, mas tem metrônomo gravador e outras features que não explorei ainda, como aula de violão, processos colaborativos etc. Dentre tantos afinadores medíocres e/ou pagos (que não testei), Gibson Learn & Master é um alento.

 

Song2Email
No meio de todas as limitações que a Apple lhe impõe através do iTunes, é inacreditável que este app existe. Você pode selecionar qualquer música de sua biblioteca e enviá-la por email. Pasmém! Nem precisa de Jailbreak! (Estranho: procurei na App Store brasileira agora e não encontrei. Acho que baixei da uruguaia.)

Meus 10 Apps Preferidos no Momento

 

 

 

 

Dicas de apps são sempre bem-vindas. Por isso, resolvi dar as minhas para aplicativos baseados em iOS. Aqui estão os 10 que eu mais tenho usado (tirando, claro, os que todo mundo está careca de conhecer) e que acho que podem ser úteis a alguém. Alguns deles têm versões para Android também.

 

Câmera+
É como a câmera fotográfica do iOS, porém, tem algumas funções extras e/ou mais bem resolvidas, como balanço de branco e fotometria manuais, temporizador e estabilizador de imagem — neste caso, a câmera só dispara quando o app julgar que você parou de tremer o suficiente. É meio engodo, mas dá certo.

 

PagBoleto+
Muito funcional. Para quem não tem seu banco no iOS, este app permite que você escaneie o código-de-barras da conta, armazene em seu dispositivo para futura referência, envie para o seu PC através da rede sem fio e digite automaticamente no campo apropriado da tela do seu banco on line. Claro que para enviar para o PC você precisa baixar um software para ele. Mas é mole e quebra um baita galho. Bem melhor do que correr o risco de errar um número na sequencia enorme de caracteres dos códigos-de-barras.

 

WeightControl
Pra quem já pesou mais de 100kg como eu, este aplicativo ajuda a manter no peso. Todo dia, no mesmo horário e situação gastrointestinal, me peso e anoto nele a marcação. É possível determinar metas de prazo e peso a alcançar. O app faz gráficos de sua evolução e serve de guia para você não deixar a linha entrar numa ascendente irreversível.

 

Remote Desktop Lite (RDP)
Com ele você pode acessar a área de trabalho remota o seu micro de casa ou do “serviço”. Basta autorizá-la no seu sistema operacional. Em meio a tantos apps que cobram caro para fazer isso, RDP é uma solução gratuita que dá conta do recado naquelas situações de emergência. Cumpre o que promete.

 

eMeetMe
Você vai marcar uma festa ou reunião com muitas pessoas e quer definir uma data que tenha o máximo de adesão. Quando um pode o outro não pode e você fica louco. Este app permite cadastrar todos os convidados. Eles receberão por email suas sugestões de datas e horários, acessarão via web e classificarão cada sugestão com uma das três opções (mais ou menos como estas): “prefiro”, “pode ser”, “não posso”. Além de você ter acesso às preferências de cada convidado, o sistema tem um método de pontuação que define a data melhor para que você tenha maior número de convidados presentes.

 

DataMan
Se você tem um plano limitado de dados, o DataMan te ajuda a controlar qual o consumo durante a decorrer do mês contratual. Você insere o volume de dados 3G contratado e o dia em que ele zera. O app pode lhe gerar alertas indicando quando determinada porcentagem foi atingida. Também traz o volume de tráfego gasto via wi-fi.

 

SnapSeed
Sem dúvida, o melhor, mais profissional e ágil editor de fotos para iOS. Com interface intuitiva e de grande usabilidade, dezenas de controles podem ser usados para dar um toque especial ou corrigir suas imagens. O destaque é para o controle de ambiência, que aumenta ou diminui as curvas de sobras entre objeto e fundo, ampliando ou achatando suas relações. Você também pode ajustar brilho, contraste e cor de pontos específicos da imagem, com um sistema de seleção muito inteligente e fácil de fazer. Você terá uma ferramenta brutal em mãos e, potencialmente, uma arma para cometar vários exageros. Mas, como tudo na vida, tenha em mente que os melhores ajustes são feitos subtraindo e não somando.

 

CineMobits
Este app traz todas salas de cinema (das cidades do Brasil onde vale a pena ir ao cinema), com as sessões sempre atualizadas. Muito fácil de consultar e escolher a melhor opção para assistir. Apesar de nunca ter usado, há a opção de comprar o ingresso pelo aplicativo e compartilhar a sessão em suas redes sociais.

 

Remote
Com ele você comanda sua biblioteca do iTunes em seu desktop, através do compartilhamento familiar disponível. É especialmente útil para quando você promove uma festinha em casa e não quer ficar indo ao micro trocar a música. Claro, você precisa ter rede sem fio e Internet disponível. Está última, apenas para se logar na Apple e autorizar o seu ID a fazer isso, depois, pode desconectar.

 

Perfect RSS Reader (apenas para iPad)
Exigências: um leitor de feeds que aceite a conta do Google Reader e permita compartilhar as notícias por email com o texto completo. É pedir muito? Pois todos que eu procurei deixavam a desejar em um desses aspectos. Antes, usava o RSS Mobile. Porém, um bug — que acontece apenas no meu iPad (mesmo desinstalando, instalando de novo e baixando as versões pagas) — fez com que eu buscasse um substituto. O Perfect RSS permite você acessar sua conta do GReader, compartilhar por email, com o texto na íntegra do RSS, nas redes sociais e os-cambau. Apesar de eu achar o RSS Mobile na medida exata, o Perfect RSS tem muito mais opções e funções e não deixa nada a desejar. Escolha um deles e tenha tudo que precisa para ficar atualizado com seus feeds.

Free Shops — Grandes Engana-trouxas

Me sinto assim em um free shop

Desde 1986, o governo uruguaio começou a instituir, em algumas cidades fronteiriças com o Brasil, zonas de duty free shops, ou seja, comércio livre de impostos. Primeiro foram Chuy e Rivera, depois Rio Branco, Aceguá e Artigas. Estas áreas são exclusivas para consumo de turistas e proibidas para os uruguaios — pelo menos isso é o que diz na lei do país.

Desde então, os locais começaram a virar frisson entre os brasileiros, por alguns motivos:

– oferta itens importados não encontrados naquela época no Brasil, devido a restrições de mercado;
– preços convidativos;
– qualidade de produtos primários nos quais o Uruguai detém excelência, como derivados de leite (queijo, doce de leite etc), por exemplo.

Porém o tempo foi passando. Os itens importados já estão disponíveis no nosso país. Os donos dos free shops foram enricando, tomando conta do mercado e adotando estratégias muito inteligentes para faturar mais, como todo bom negócio deve ter. Antenados na demanda dos brasileiros, o preço das mercadorias varia também em dólar de acordo com os valores dos produtos encontrados no Brasil e não apenas conforme os custos que têm. Assim, mantém-se o maior preço possível sem gerar desinteresse dos brasileiros.

Hoje os grandes free shops concentram-se na mão de duas ou três pessoas. Todos possuem os mesmos itens (quando variam, variam em todos). Por exemplo, uma marca de mostarda que tem em um está em todos, e assim por diante. As únicas coisas que ainda valem a pena comprar nesses locais são os produtos primários de origem uruguaia, alguns tipos de bebidas importadas e alguns itens de beleza feminina. Fora isso, praticamente todo o resto é um GIGANTE engana-trouxas.

Ontem estive em Rio Branco e resolvi listar alguns exemplos dos motivos que me fazem achar os free shops uma grande balela.

1. Se você vai em busca de uma marca famosa de roupas para ostentar no peito, você é um imbecil. Continue indo comprar, pois você merece. Hoje o Brasil está muito bem servido de roupas de qualidade, sejam nacionais ou importadas com preços similares ou menores do que os praticados lá.

2. As pessoas se confudem e, por pequenos lapsos de raciocínio, encaram as etiquetas com preço em dólar como se fossem valores em reais. É psicológico.

3. Um pacote de Kit Kat custa 17 dólares? “Como? Eu li bem? Tem Kit Kat no Guanabara a preço de Bis!” É assim como todas as “comidinhas”. Faça a conta.

4. Azeite! Compra-se azeites extravirgens ótimos como Gallo e Borges no supermercado por 10 reais a garrafa de meio litro. Em Rio Branco, 10 dólares a garrafa de um litro. Bullshit!

5. Uma garrafinha de alumínio por 34 dólares? “Como?” 68 reais?”

6. Um copo com bico para criança por 15 dólares? “Tem um ótimo no Big por 19,9 reais!”

7. Um barril Heikenen de 5 litros (excelente, por sinal), tá R$ 59 no Nacional e no Neutral US$ 25. “Vou comprar fora do país para economizar 9 reais?”

8. Há cinco anos atrás comprei lá uma calça Levis por 80 dólares. Há dois anos, por 110 dólares. Hoje, está 245 reais. “Nem a pau, Juvenal!” Nos Estados Unidos, os modelos variam de 30 a 60 dólares, no varejo. Imagino o preço que os free shops compram no atacado.

9. Os preços não representam vantagem que pague sua gasolina e, convenhamos, não é um local bom para passear, a não ser que o seu estilo seja consumista-desenfreado. Ou seja, nem o programa justifica.

10. Você vai voltar cheio de merda supérflua de que não precisa.

11. Ontem, o dólar em todas as lojas estava 1,94 (o de referência do Banco Central, 1,88). Se você usar cartão de crédito internacional terá uma cotação melhor que a deles, porém gastará 6,38% de IOF, o que acaba significando mais.

Coloque isso tudo na balança:

– preço nem sempre melhores;
– risco de pegar uma estrada;
– probabilidade de você ser parado na aduana;
– deixar dinheiro fora do país, em comerciantes de fora da sua cidade, para marcas estrangeiras, que não geram impostos no seu país (nem no Uruguai);
– correr o risco de ser visto em um free shop e ser reconhecido como um “semelhante”.

Decidi: tô fora!

Anonymus Gourmet — Os Ataques Continuam

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A série de ataques do grupo conhecido como Anonymous continua, agora na televisão, sob a forma atentado gastronômico. Um integrante dos rebeldes, conhecido como Anonymus (sic) Gourmet, vem, sistematicamente, agindo contra o sistema alimentar global. Todo sábado, pela manhã, na RBS TV, quase sempre com auxílio de sua arma preferida — o liquidificador —, o rebelde propaga seus ideais desconstrutivistas.

Mas não é apenas contra a SOPA que o militante protesta. Hoje, foi contra o RISOTO (de camarão). Apesar de insistir que os espectadores não precisavam usar arroz arbório, mas um arroz “normal” (eu não sabia que o arbório era anormal), acabou valendo-se da tal variedade, que é mais indicada ao prato. Ao invés de colocar água aos poucos, secando e umedecendo diversas vezes, mexendo sempre, Gourmet cobriu os gãos com água, cozinhando como se fosse um prato convencional de arroz branco.

Depois de cozido, deixou de lado para preparar o camarão. Todo mundo que conhece o vero risotto italiano sabe que isso não se faz pois, depois que o arbório esfria, vira uma pedra. Porém, na hora de misturar o arroz com o camarão, acrescentou um copo de requeijão e um pote de nata. Ou seja, para tentar simular o efeito de um risoto bem feito, colocu 400g de gordura láctea em apenas duas xícaras de arroz.

Sei que Anonymus Gourmet é um personagem de José Antônio Pinheiro Machado, que tenta levar a simplicidade de preparo à mesa dos gaúchos. Acho surpreendente a capacidade que ele tem de ser fiel ao conceito por tanto tempo. Mas o programa peca no que tange a responsabilidade cultural. Acaba sendo um desserviço. Para quem já fez um suco de goiaba passando uma goiabada no liquidificador e disse que se deve colocar amido de milho a deixar reduzir o molho de tomate pois o sabor evapora, “desserviço” é elogio.

Ainda: se alguém souber em que língua está escrito “Anonymus”, por favor me diga.

Jogando Par-ou-ímpar com Sérgio Chapelin

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Eu nunca vejo. Sério. Mas só as chamadas já me deixam nervoso. Sistematicamente, o Globo Repórter alterna os temas saúde e natureza em suas edições. Culpa do Sérgio Chapelin. Só pode.

Como é que um programa, com 38 anos de idade, se permite cair em uma mediocridade e monotonia de pautas tão absurda? É sempre a mesma coisa. Penso nisso há anos, cada vez que anunciam o próximo programa. Cheguei a desenvolver a seguinte teoria (que suponho ser usada pelos produtores para traçar eternamente a rotina de pautas):

– nas sextas pares, falam de natureza;
– nas sextas ímpares, de saúde;
– quando o mês tem 31 dias, o que faz com que sua última sexta seja da mesma paridade da primeira do próximo — por consequência, causaria uma repetição de temas — trocam a abordagem para algo inesperado, como construção civil, viagens, economia e nem lembro mais o quê.

Só pode ser coisa do Chapelin.

Óbvio que trata-se de estratégia comercial para atingir um público que não sai da casa à noite e sem opção melhor que lhe agrade para assistir: faixa etária elevada, dorme relativamente cedo, interessado pelos assuntos “doença” e “coisas-bonitas-desse-mundão-de-meu-Deus”. Ou seja, o Sérgio Chapelin. Aflitivo.

Deve ser mal de Sérgios, pois o programa do Groisman também não costuma apresentar temas novos, mas pelo menos tem música ao vivo. Tá certo, estou ficando muito chato; velho demais para o Altas Horas e ainda novo para o Globo Repórter.

Uma Grande Ideia

Imagine que você tem uma ideia genial mas não tem acesso a um sócio que ajude a colocá-la em prática no nível global que vislumbra. Como faria? Se lançasse de forma acanhada, apenas em sua cidade, com os recursos financeiros e tecnológicos acessíveis, logo apareceria alguém maior, uma grande empresa internacional, que, se não quisesse comprá-la, poderia realizá-la de forma aprimorada, com maior divulgação e te deixaria chupando dedo.

Há alguns meses, uma sacada bacana foi destaque em diversos blogs sobre tecnologia, comunicação e mercado imobiliário. Gabriel Kolisch – 21 anos, estagiário da agência de publicidade F/Nazca – e Isabella Pipitone – 22 anos, redatora da agência Casa (do Grupo JWT) – tinham o hábito de pesquisar apartamentos em São Paulo. Aproveitando o hobby, criaram um conceito que, se não 100% inédito em sua função, sem dúvida, aparentava ser extremamente elaborado em sua estratégia.

Projetaram o Google Rent, um serviço no qual, através do Google Street View, o usuário encontraria imóveis para alugar ou vender nas proximidades de onde está, simplesmente deslocando-se pelas ruas.

Incentivados pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, onde estudam, inscreveram a ideia em um festival. Trata-se do Future Lions, de Cannes, que premia anualmente as melhores ideias de estudantes de comunicação social do mundo todo. O briefing pedia o desenvolvimento de algo que não pudesse ser feito 5 anos atrás. Porém, para participar, era necessário criar um vídeo explicativo, publicá-lo e enviar o link. E é aí que, a meu ver, começava a desenhar-se o grande diferencial.

Tornando público o conceito no Vimeo e Youtube e evocando o Google no nome do projeto, os publicitários garantiram o “registro” da ideia na data de publicação do vídeo e a atenção da maior empresa online do mundo. Pelo destaque que teve, certamente, os “donos” do Vale do Silício já viram e, se tiverem interesse, serão praticamente coibidos a procurar a dupla de criadores.

Três dos quatro vencedores do Future Lions 2011 também usaram marcas famosas em seus projetos, mas a meu ver, sem possibilidade de um desdobramento comercial tão bom quanto o do Google Rent. Aqui estão (note a similaridade da primeira que também é de um estudante da ESPM São Paulo):

  1. Netflix Places: ao passar próximo a onde foi gravado algum take de um filme que você gosta, o aplicativo de iPhone avisa e até mostra a cena em questão. Você pode bater fotos e compartilhar com os amigos;
  2. 1-800 Flowers: transforma em uma flor cada cumprimento de aniversário que te enviam pelo Facebook. Ao final do dia, o aniversariante recebe em casa um buquê com todas elas;
  3. WWF Powernap: ao afastar-se com seu celular, o seu computador entra em modo de espera. O aplicativo visa reduzir o consumo de energia das máquinas nos momentos em que ninguém as está usando.

Isabela me disse que a estratégia não foi proposital; que a publicação do vídeo de forma aberta foi imposição do regulamento do festival e que a escolha do Google foi inspiração óbvia. Já eu, admiro-os justamente por isso, acaso ou não. Os jovens, que já tiveram trabalhos publicados no Anuário de Criação de São Paulo, não venceram o Future Lions, mas se fosse jurado, meu voto seria deles.

Vale A Pena Abrir Uma Franquia?

Nossa região começa a mostrar sinais de aceleração do desenvolvimento. Com isso, o principal reduto das franquias – os shopping centers – vão surgindo e deixando de ser meras promessas. Não sou especialista, mas busquei informações sobre franchising. Aliás, se você conhece mais do que eu (o que não é difícil), convido-o a ingressar no debate pelos comentários deste post.

Além de ler muito sobre o assunto, em junho deste ano, estive em São Paulo, na Franchising Expo – feira do setor promovida pela ABF (Associação Brasileira de Franchising). É o maior evento do setor no país. Visitei diversos estandes, de varejos de roupas a corretoras de seguros, de sorveterias a aluguéis de máquinas de construção. Praticamente todos franqueadores estavam lá. Pelo menos os que estão precisando investir em expansão. Alguns são iniciantes, outros já estabelecidos no mercado. Depois de dois dias, cerca de 30 visitas, horas e horas de conversas com consultores e uma visão bastante crítica, o mito das franquias começou a se desfazer. A imagem, construída pelas revistas de negócios e programas de TV, foi se desmontando.

Arrisco alguns pontos positivos e negativos do formato.

Positivos
– Não é preciso inventar a roda; alguém já fez isso e aprimorou.
– Valer-se de uma marca forte; que não precisa ser construída, se o franqueador tiver tempo de mercado e mantiver investimento constante em comunicação.
– Além de suporte administrativo, uma grande rede de pessoas iguais a você, com quem poderá compartilhar impressões, dilemas e resultados.
– Facilidade de ser aceito em shopping centers que, no geral, só aceitam franquias ou negócios próprios já bem-sucedidos.

Negativos
– A maioria das franquias está interessada que você seja seu gerente de luxo. Nesses casos, se você é apenas um investidor, com outras responsabilidades, terá um problema: o custo de contratação de um gerente vai eliminar ou reduzir drasticamente seu lucro. Sim, esse é o nível de lucratividade que te prometem. Bem baixo. Fico imaginando qual seria o real. Resta a opção de abrir várias lojas, o que também é um complicador.
– A maioria das marcas não investe em mídia, seu marketing é fraco; ou seja, um dos pontos positivos se esvai.
– Tem muita franquia de serviços. Cuidado com elas. Que diferencial realmente oferecem? Há algumas que parecem grandes sacadas para tempos modernos, como de sapataria e costureira. Mas adivinha quem vai ficar dependente desses profissionais? E quando seus funcionários especializados e escassos no mercado te deixarem na mão?

As melhores são as que fabricam e oferecem produtos únicos, pois já obtêm parte de seu lucro dessa comercialização e dependem menos de royalties. Pena que são poucas. Tem muito franchising de alimentação genérica, depilação, sorvete italiano e outros tantos pífios em diferenciais e em reconhecimento de marca que, praticamente, só te oferecem o modelo de negócio. Será que vale a pena?

O que as pesquisas vendem é que apenas 3% das franquias fecham as portas no primeiro ano, contra 25% das empresas próprias. Mas essa informação é, no mínimo, capciosa.

Explico: todos os franqueadores informam que o negócio só começa a dar retorno depois de um período – geralmente dois anos. É óbvio que o investidor só entra se tiver respaldo financeiro para isso. Já aqueles que abrem negócios próprios costumam ser um pouco mais otimistas e não calculam bem os riscos.

Se pensar bem, o sistema existe para que o franqueador possa expandir a um custo baixo, sem se comprometer com vínculos empregatícios, RH e reduzindo drasticamente sua gestão.

Franquia é um excelente negócio se você tiver recursos para investir pesado e aprovação de perfil, por exemplo, por um McDonalds ou um O Boticário (que, aliás, não encontrei nos imensos pavilhões da Expo Franchising). Certamente não estavam lá pois não precisam de uma estratégia de expansão tão agressiva, os interessados os encontram.

Se você está interessado no sistema, meça bem suas expectativas ao optar. São mais de 1800 marcas licenciadas no Brasil. Quantas realmente atendem suas necessidades?

O Frisson dos Megapixels


A primeira câmera fotográfica digital que usei foi uma Sony Mavica, da minha amiga Gigi, de 1,3MP, que salvava os arquivos em disquetes de 3 1/4. Cabiam de 10 a 15 fotos em um disco de 1,44Mb. Era o que tinha de melhor. Um trambolhão, mas não precisava mandar para o laboratório. Era isso ou usar filme, revelar, ampliar e escanear para trabalhar com a imagem. Hoje não se encontra nada com menos de 5MP de resolução no mercado (nem celulares) e os menores cartões de memória são de 2Gb. Cá entre nós, 5 megapixels são mais que suficientes para as necessidades da esmagadora maioria dos consumidores.

Com 5MP pode-se imprimir no tamanho de uma folha A4 com qualidade profissional. Para se ter uma ideia, cabem 4 fotos 10 x 15cm em uma folha A4. Ou seja, bastariam os 1,3MP da citada Mavica pra deixar quase todo mundo feliz com seus albinhos impressos. Por coincidência, ou não, é a mesma quantidade de pixels da maioria dos monitores domésticos de hoje em dia – 1280 x 1024. Então, por que as pessoas continuam querendo mais e mais resolução? Para ocupar mais espaço no HD?

Uma vez um jornalista da TV fez um teste (veja a reportagem aqui). Pegou três câmeras amadoras (point-and-shoot) da mesma marca e modelo, cuja única diferença era a quantidade de megapixels (7, 10 e 13MP). Levou-as a um estúdio profissional e fez três imagens idênticas de um cesto de frutas, com iluminação controlada e resolução máxima. Depois imprimiu em laboratório fotográfico no formato 30x25cm. Expôs na rua, uma ao lado da outra, e solicitava a quem passasse identificar qual a melhor. Depois de dezenas de opiniões e uma confusão generalizada, muitas pessoas preferiram a de 7MP. A explicação é a seguinte: em equipamentos não-profissionais, o CCD (sensor que capta a luz para formar a imagem) não tem qualidade suficiente para grandes resoluções. Quando elas ocorrem, a quantidade de pontos sensíveis à luz é maior em um mesmo espaço do CCD, causando seu aquecimento ir além do desejado e a precisão de cada pixel ser prejudicada. Isso gera imperfeição na reproduçāo de cada cor e na definição das formas. Sutil, mas acontece. Isso sem falar no ruído que aparece principalmente em condições de menos luz. Já em câmeras profissionais, o tamanho e as características de arquitetura dos CCDs são projetados para as resoluções as quais o equipamento se propõe.

Por isso, ao procurar uma câmera, esqueça os megapixels. Acredite: todas as atuais já lhe oferecem a quantidade suficiente. O que vai influir na qualidade da imagem é a parte ótica do equipamento e o tamanho do sensor CCD. Valorize isso em conjunto com um fabricante eletrônico inquestionável e com tradição no segmento.

Para quem está rindo da Mavica com disquete, reflita que talvez a sua Xing-Ling de 15MP seja bem mais engraçada.

Rock in Rio em HD? Duvido

Fatos:
1. Globo, Multishow e SKY anunciaram que têm os direitos de transmissão do Rock in Rio;
2. somente Globo e Multishow anunciaram a transmissão de fato;
3. a grade de programação do Multishow HD não agenda o evento, apenas a do Multishow convenciaonal (SD);
4. não há nenhuma divulgação nem canais reservados na grade da Sky para a transmissão especial da Sky (no Rock in Rio 3, a DirecTV tinha quatro canais simultâneos mostrando diversos palcos do evento ao vivo e durante todo tempo);
5. o slogan da Sky para o Rock in Rio é “A melhor definição do Rock in Rio”.

Vou especular forte agora:
1. se patetearam foda. Descobriram que não têm equipamento HD suficiente para caputrar, editar ao vivo e transmitir diversos palcos ao mesmo tempo, por isso não terão canais especiais; a Globo até poderia ter, mas está alocado para outras produções da casa. Uma coisa é transmitir um show, como o de Paul McCartney, outra é ter cameras e switchs suficientes para caputurar de vários palcos ao mesmo tempo;
2. de repente poderiam até transmitir em HD pelo Multishow HD, mas não de todos os palcos – seria constrangedor alternar palcos em HD e outros em SD;
3. duvido que a Globo, nos locais que têm HD, passe a programação em HD. Se isso se confirmar, minha teoria fará todo sentido.

Aguardemos.