A vulgarização de tudo

Sempre pensamos que a tecnologia nos livraria do trabalho braçal e nos deixaria apenas no intelectual; que os robôs fariam aquilo que a gente não quer. Sempre houve teorias que diziam que a automação dos processos industriais tiraria empregos de pessoas. Outras diziam que apenas trocaríamos de função. Por exemplo, uma máquina de apertar parafusos em uma indústria de equipamentos eletrônicos tiraria o emprego de muita gente, mas criaria outros postos de trabalho para projetistas de máquinas de apertar parafusos, para recepcionista dessa fábrica, para serviços gerais, advogado, contador, transportadora, motorista, pneus, combustível, frentista… Enfim, é complexo calcular os impactos de uma inovação na cadeia econômica. Não sou daqueles que adota totalmente a crença sobre a redução dos postos de trabalho.

Mas aí chegou a IA, e a conta começou a ficar mais complexa, pois ela veio justamente para facilitar o trabalho intelectual; aquilo que a gente jurou que ia sobrar para fazer. Sem entrar no mérito da qualidade e adequação do que é produzido pelas ferramentas generativas, uma coisa é certa: elas estão ajudando a produzir conteúdo que exigia habilidade ou esforço intelectual grande. E sempre tendemos a valorizar esses feitos. Olhávamos para uma pintura e imaginávamos o ato de fazer, o talento do artista, contabilizávamos mentalmente o tempo que ele levara para produzir e todo o tempo pregresso de estudo e ensaios para conseguir chegar àquele ponto de excelência. Quando nos deparávamos com uma matéria jornalística, nos chamava atenção a narrativa que trazia dados e números comparativos para embasar uma ideia dentro do tema da reportagem.

Hoje, quando a gente é exposto a uma obra de arte, nos primeiros segundos pensamos: foi um trabalho artesanal de uma pessoa ou uma IA que o gerou? E na possibilidade de ter sido feito por IA joga nosso interesse lá embaixo. A mesma coisa quando o recheio de conteúdo de uma reportagem, que antes exigiria muita pesquisa, conhecimento prévio, fontes diversas, é trazido aos borbotões como em um show de pirotecnia para demonstrar repertório. “Foi feito por IA?” E em um instante o interesse pela produção (“humana ou artificial?”) se esvai.

Mesmo que a IA não possa ser chamada completamente de “criação”, pois se baseia em fragmentos de tudo que já foi produzido pela inventividade humana, será suficiente para atender os anseios do ser humano médio, que representa 99% do mundo.

A IA está facilitando muitos aspectos da nossa vida, mas trazendo um lado bastante triste e sombrio: a pasteurização e banalização da atividade intelectual e nosso interesse por ela.

Taylor Swift e o jeito errado de vender ingressos

Já escrevi uma vez sobre o desgosto que megaeventos musicais sempre me trazem sob o aspecto da experiência frustrante em diversos aspectos do evento (leia aqui). Agora, a decepção é com relação à compra de ingressos para minha filha ir na Taylor Swift.

Os sites especializados adotam a mesma estratégia: todo processo é criado para gerar a sensação de urgência e escassez: “compre agora!”, “garanta o seu!”, “vai acabar!”, “vai ficar no segundo lote será mais caro!”. E aí se monta uma corrida de fãs histéricos em busca do tíquete dourado.

Para ter uma ideia, a quantidade de lugares para os primeiros dois shows que Taylor Swift fará em São Paulo, em novembro de 2023, é de, aproximadamente, 80 mil espectadores no total (depois abriu um terceiro), mas a fila virtual ultrapassava um milhão de dispositivos conectados. Isso indica algumas coisas: (1) muita gente quer ver a cantora; (2) muita gente está acessando com mais de um dispositivo, para aumentar suas chances de pegar um lugar melhor na ordem de espera (são distribuídos de forma aleatória pelo sistema na hora em que está marcado o começo das vendas); (3) tem muito curioso que não vai comprar, mas participa do processo, atrapalhando a vida de quem realmente quer (um ingresso colocado no carrinho sem finalizar a compra, fica bloqueado para outro pretendente e o sistema alega não haver mais disponibilidade); (4) isso sem falar nos cambistas virtuais, que devem estar bem organizados para comprar em grupo o maior número de ingressos possíveis.

Outras dúvidas surgem do fato que a produção do espetáculo não informa quantos ingressos há para cada setor, criando algumas hipóteses conspiratórias. Por exemplo, será que a grade da pista premium não vai se afastando à medida em que há mais interesse em ingressos desse tipo? Quantos ingressos há para meia-entrada? Será que essa quantidade não é “flexibilizada” de acordo com a venda de inteiras? O certo é que todo processo é muito misterioso e não transparente, levando o fã, em quase todos os casos, a embarcar em uma jornada aflitiva que o faz pagar mais do que pretendia no início do processo.

IDEIA MAIS EFICIENTE PARA O PRODUTOR, ARTISTA E FÃ

Inspirado em algumas técnicas de venda utilizadas pelo mercado imobiliário, pensei em um formato melhor.

  1. LISTA DE INTERESSE. Antes da venda, o site abre inscrição para os interessados. Com um limite de quatro ingressos por CPF, o interessado deve arcar com R$ 100 por lugar. A adesão não tem limite total. Pode-se ter 1 milhão de cadastros para um show para 40 mil pessoas. Só quem realmente deseja ir ao evento participa do processo, afugentando curiosos e dificultando a vida dos cambistas. Esse processo também sinaliza para a produção do show e para o artista se é preciso abrir mais datas, qual o patamar de valor do ingresso pode ser praticado, e qual é a taxa de conversão que geralmente acontece. Claro que o valor ser devolvido ao cliente, sob a forma de desconto na etapa posterior de efetivação de compra ou em caso de desistência.
  2. VENDA. Haveria um sorteio entre todas as pessoas que entraram na lista para definir quando ela poderá comprar seu ingresso. Cada conjunto de 5, 10 mil pessoas teria um dia para converter seu interesse ou teria o investimento devolvido.
  3. TRANSPARÊNCIA NO PROCESSO. O sistema iria divulgar claramente quantos ingressos de cada tipo existe para cada setor e tipo. Ao final de cada etapa de venda, os dados seriam atualizados.

Me parece que a ideia acima não diminuiria a sensação de urgência e escassez, que faz vender mais ingressos, e ainda traria outras vantagens aos organizadores, como previsão de interessados, melhor definição de quantidade de datas, melhor definição de preço de ingresso, menor custo de servidores, maior tranquilidade de organização e credibilidade no processo.

Tetris no currículo escolar

Toda vez que vejo um escorredor de pia ou uma máquina de lavar louça mal organizados, com mau aproveitamento do espaço e correndo risco das coisas caírem e quebrarem, eu fico de cara.

Sempre que vou dobrar em uma sinaleira que dá para o miolo da Avenida Bento Gonçalves, e os carros ficam mal posicionados, não dando espaço para todos que precisam se acomodar no mesmo lugar, me dá um troço.

Estacionamento então… O cara usa o carro estacionado de trás como base para parar o seu, ao invés de se guiar pela rampa (ou a esquina) que está à frente. Fica um espaço inútil entre seu carro e o elemento fixo da calçada, inaproveitável por ninguém. A rampa não vai sair do lugar, mas o Opala de trás sim! Quando acontecer, provavelmente caberão dois no lugar dele, porque, é claro, estacionou totalmente errado.

E é aí que percebo o que faltou para esse pessoal: jogar Tetris! Tinha que ser disciplina no colégio. Vital para a formação de um ser humano completo.

Sim, sou virginiano.

Tem nos camelôs por 20 pila.
Tem de graça pra jogar online, aqui.

O Som do Silêncio

Eu achava o máximo o seriado Armação Ilimitada — programa que passava na Globo nos anos 80, dirigido por Guel Arraes. Juba, Lula, Bacana, Zelda Scotch… A linguagem dinâmica, cortes rápidos, supria a ânsia adolescente por rebeldia. Se o jovem de hoje assistir, ficará entediado com o ritmo lento para os dias atuais. Na época, meus pais achavam uma insanidade a câmera e os cortes “rápidos”.

Pois bem, eu fiquei velho, virei pai e, neste último ano, tem me feito mal a velocidade das narrativas contemporâneas. Sejam filmes, seriados, vídeos no Youtube, entrevistas. Tudo é curto, podado, sem desenvolvimento. E não é só linguagem de edição. É profundidade mesmo. Ninguém quer mais respirar, refletir, aprofundar, ouvir os silêncios.

No cinema

Compare o filme Superman de 1978 com um Avengers da vida. No primeiro, temos meia dúzia de personagens desenvolvidos em uma história de 2h20min. Dá pra nos aprofundarmos em suas personalidades, aflições, angústias, propósitos, peculiaridades. Os melhores Superman (e Clark Kent), Louis Lane, Lex Luthor de todos os tempos. Não tem pra ninguém. Um baita filme até hoje. Agora pense no último Avengers: 50 personagens disputando cada frame dos 180 minutos, em uma edição frenética que te deixa tonto, com um roteiro construído em uma planilha de Excel, para conseguirem engatar um filme com o outro e licenciar tudo que for possível para o mercado. Eu gosto da Marvel e acho que fizeram um trabalho excelente, sem precedentes. Mas fico cada dia mais desestimulado a consumir propostas assim.

Acredito que as séries estão se tornando populares por isso. A gente quer entrar dentro de cada personagem e sentir o que eles sentem. Queremos nos identificar com dilemas, dores e entusiasmos.

Talk Shows

Agora vamos aos talk shows. Tanto os americanos, como os nacionais, todos são supereditados, os assuntos são cortados para caberem no formato comercial da TV. Tem programa com entrevistas de 10 minutos. Como assim?!

Mas, quem diria, que a Internet e sua propensão ao descartável, ao consumo rápido, veio para suprir essa deficiência dos bate-papos? Nos foram trazidos os podcasts que, no começo, também eram curtos (não havia nem banda suficiente nem dispositivos confortáveis para se consumir algo mais longo). Agora, o formato estendeu e é difícil encontrá-lo em episódios de menos de 60 minutos. A grande sensação do momento são os podcasts que também vão pro Youtube, em vídeo, e chegam a ter quatro horas de duração. Sim! Parece inadmissível você parar por quatro horas (o bom é que não precisam ser ininterruptas) para consumir um conteúdo de bate-papo. Alguns canais “piratas” ainda criam os cortes, que são fragmentos mais curtos com um título clickbait, e que acabam auxiliando a divulgar os canais originais. Eles gostam e agradecem.

Flow — O Fenômeno Improvável

O maior expoente do momento é o Flow. Igor e Monark são dois não-jornalistas, despretensiosos, com pouco ou nenhum conhecimento sobre os entrevistados (e até sobre a maioria dos assuntos que apresentam), que sacaram que havia gente, como eu, ávida por uma conversa informal, com tempos de respiro, sem pesquisas prévia, com bolas-fora, com vergonhas-alheias, com erros e acertos, entre pessoas que, às vezes, nunca ouviram nem falar umas nas outras. A curiosidade dos dois sobre o convidado dá o tom e a espontaneidade suficientes para tornar o assunto bacana, como se fosse você conversando. E dentro dessa premissa, os caras estão construindo uma grande indústria de conteúdo, com diversos programas (muitos entram ao vivo) em um complexo de estúdios em São Paulo, capitalizando views no Youtube.

Na cola, além dos próprios programas do conglomerado Flow, tem o Inteligência Limitada, do Rogério Vilela, e o Mais Que 8 Minutos, do Rafinha Bastos, entre outros. Eles parecem que estão formando um circuito que os assessorem de imprensa e RPs descobriram ser um caminho oportuno para divulgar seus clientes. Frequentemente acontece de um convidado, na mesma semana, frequentar esses três que citei. Mandetta, Ciro Gomes, Gabriela Prioli, Eduardo Bueno, Luciano Hang, Guilherme Boulos, Luciana Gimenez, Fernando Haddad, Eduardo Bolsonaro, Kim Kataguiri, Rogério Skylab, Danilo Gentili…  São alguns dos nomes que já foram nos 450 episódios do Flow. Às vezes, os caras chegam a fazer dois por dia.

Estou cansado de conteúdos que não se aprofundam, que não dão tempo de respiro, que não te fazem conhecer de fato o convidado (ou os personagens), que te cospem na cara algo que não te satisfaz. Já bastam os áudios em 1,5 ou 2x do WhatsApp aos somos obrigados a dar play na correria do dia a dia.

Quando chegar em casa, quero paz, espaço para pensar e uma boa conversa para assistir, quando faltarem os amigos.

Estou acompanhando o Big Brother

human eye, watching eys, bbb

“Assisto” apenas através dos relatos que minha filha maior traz durante os momentos de conversas em casa. Ela está empolgadíssima; fissurada. Aliás, é desde a edição passada, quando a Globo superou a queda da audiência incluindo digital influencers no grupo de participantes. Foi genial! Tanto que o Silvio Santos já tinha feito algo idêntico há 20 anos na Casa dos Artistas. Fazer algo que o Silvio já fez há duas décadas é sempre genial. :)

Só que sábado à tarde, quando liguei a TV, estava passando um flash ao vivo do programa. Para ter assunto com a Malu, fiquei alguns minutos assistindo, antes de colocar no final da terceira temporada de Cobra Kai. O “plantão BBB” era para mostrar que havia tocado o “big phone”. Um cara fantasiado e embrulhado em uma caixa, estilo das de fósforo, atendeu. A voz demoníaca do outro lado disse pra ele salvar uma das três pessoas que estavam indicadas ao paredão e, que se ele fosse uma delas, poderia se salvar. Foi só ele que ouviu a mensagem. Imediatamente, ficou meio desnorteado, pensativo, aflito.

Ele chamou as pessoas e compartilhou com todos a mensagem. Ofegante e nervoso, proferiu: “eu vou correr o risco… Vou me salvar do paredão”. Foi então eu soube que ele estava no paredão. Algumas pessoas vieram pra volta dele dizendo: “relaxa, qualquer um faria a mesma coisa”.

Segundo as palavras dele qual “o risco” que correria? Da imagem pública que se formaria sobre ele por ter salvado a si próprio e não outra pessoa? A Malu já tinha me dito que os participantes desta edição estavam com um comportamento bizarro de tão politicamente correto; totalmente fora do aceitável de tanto mimimi. Olhem o nível em que chegamos: o cara, em um jogo no qual entrou para ganhar, para não ir pro paredão, para se salvar, para chegar na final, tem esse tipo de dilema com medo do que vão pensar dele.

Eu não tô acreditando. Chega a ser incorreto de tão politicamente correto 😱

Telegram x WhatsApp

6 pontos para mudar de mensageiro. Ou não.

A idade vai chegando e os mensageiros instantâneos são uma bengala para minha memória. Eu posso confiar que uma orientação que eu dei, um pedido que me fizeram, os termos de um negócio, os combinados de um projeto estarão registrados ali, acessíveis e de uma forma, senão inteligente, pelo menos simples de consultar. Não me vejo sem eles.

Quando falo “eles” é porque qualquer que fosse o de meu uso, nesse aspecto me salvaria do mesmo jeito: iMessage, Facebook Messenger, Telegram, mas uso o WhatsApp. Só pra lembrar, sou da época do ICQ e do Microsoft Messenger.

Mas nos últimos anos, é evidente que o Telegram vem conquistando muitos adeptos com suas funcionalidades, ameaçando alcançar a supremacia do WhatsApp e me fazendo ponderar sobre uma troca. Vou fazer uma comparação e expor aqui alguns motivos que pesam na minha balança entre WhatsApp e Telegram.

OS 4 MOTIVOS PARA USAR O TELEGRAM

  • Agendamento de envio de mensagem

Isso é MUITO foda! Mais útil ainda para quem usa a trabalho. Quantas vezes, em horário inapropriado, você teve uma ideia, lembrou de um assunto não urgente, mas não quis incomodar a pessoa? Às vezes, você perdeu o sono de madrugada, ficou pensando na vida e pimba! Lá veio a vontade de escrever pra alguém. Só que você não sabia se a pessoa usa o modo noturno no celular dela; não sabia se um alerta iria soar ao lado da cama e interromper o sono do seu amigo. Providencial nesses casos seria agendar seu texto para às 8h30 do próximo dia, né? Pois o WhatsApp não faz isso, mas o Telegram faz.

  • Enquetes em grupos

Peru assado ou lombinho de porco? Arroz com passas ou arroz sem passas? Imagina decidir o cardápio do Natal no grupo do familião com uma enquete formal, sem brigas, devaneios e criancices de paladar.

Segunda às 17h, terça às16h ou qualquer uma? Que mão na roda seria decidir a data de uma reunião no grupo da empresa com 30 pessoas, baseado no maior quórum possível, sem ter que consultar um a um individualmente e com resultados tabulados. O Telegram faz.

  • Grupos profissionais

E que tal fazer um grupo para divulgação de produtos e promoções (com adesão voluntária) em que só os administradores possam postar? Ok, o WhatsApp faz, mas com limite pequeno de usuários e não com participações anônimas. Afinal, você não quer divulgar os dados de todos para todos. Imagina, então, um concorrente ingressando e roubando seu cadastro. O Telegam faz isso.

  • Armazenamento do celular

Quantos gigabytes ocupa o WhatsApp em seu telefone? Você toda hora tem que ficar apagando vídeos, fotos? Tem gente que deleta até texto de conversas — relaxa, eles não ocupam tanto. No Telegram fica tudo na nuvem, só o app e as mensagens recentes ocupam espaço no seu dispositivo.

OS 2 MOTIVOS PARA CONTINUAR NO WHATSAPP

  • Mais tranquilidade mental

Você já está se perguntando “por que é preciso escolher?”; “por que não ficar com os dois?” Porque eu quero ter certeza onde falei com quem, onde procurar aquele combinado que fugiu da minha mente. Não esqueça, o WhatsApp é minha muleta de memória! Também não quero ficar perdendo tempo, vagando por mais um app no celular. Meus mensageiros não emitem alertas. É um hábito que adotei em prol da minha sanidade. Eu consulto iMessage e Facebook Messenger, sei lá, uma vez por semana. Como a maioria das pessoas está no WhatsApp, eu precisaria dele do mesmo jeito. Por uma questão de foco, prefiro ter só um como principal.

  • Mais segurança

Para terem acesso a suas conversas, no WhatsApp seria preciso roubarem seu celular, hackearem sua senha de entrada no aparelho e saberem seu código PIN do WhatsApp (que é solicitado apenas de tempos em tempos — não tão seguro assim). Pra fazerem isso no Telegram bastaria descobrirem seu código de verificação em duas etapas. Já pra clonarem seu número é meio parecido nos dois.

Deu pra perceber por que, pra mim, foco e minha tranquilidade mental ganham mais pontos que todo o resto? Enquanto isso, eu vou torcendo, pelo menos, para que o WhatsApp implemente o agendamento de mensagens. É o que sinto mais falta!

Você está medindo corretamente a velocidade da internet?

Para o pessoal que gosta de medir a velocidade da internet e reclamar do provedor nas redes sociais: você pode estar passando vergonha publicamente à toa! Existem alguns detalhes técnicos que talvez você não saiba sobre o assunto. E como ninguém é obrigado a conhecer, aqui vão umas dicas.

WI-FI NÃO SERVE PARA MEDIR A VELOCIDADE DE INTERNET.

Wi-fi depende de muitos fatores para funcionar 100%: da qualidade do roteador sem fio; da recepção do dispositivo pelo qual está medindo (celular, por exemplo); das interferências que o sinal pode estar sofrendo por outros equipamentos; da distância entre você e o roteador; da espessura e quantidade de paredes e lajes do ponto A ao B; da quantidade de dispositivos usando a mesma rede ao mesmo tempo (pra ter uma ideia, aqui em casa tem 12 conectados agora).

COMO MEDIR A VELOCIDADE DA INTERNET

Você precisa ter certeza que nenhum dispositivo extra está conectado, além do que medirá; usar um computador conectado com cabo de rede ao roteador; ter certeza que ele não está utilizando a internet para nenhum outro recurso. Pra ter uma ideia, a última medição que fiz assim me deu 120Mbps e meu plano é de 100Mbps.

AINDA, SOBRE A BANDA QUE VOCÊ PRECISA.

A Netflix só usa uns 3Mbps, e o Youtube é por aí tb. Se você tem quatro pessoas vendo vídeo ao mesmo tempo em casa, é capaz que um plano de — pasmem — 10Mbps ser suficiente. Claro que outros dispositivos também consomem banda sem que você nem saiba. Mas esteja ciente que o único uso capaz de precisar, por si só, dos 100Mbps, 200Mbps ou 400Mbps (!!) que você contratou é um download direto de algum servidor “topzera” (e acho que são raríssimos os que podem te entregar isso ao baixar um arquivo) ou em uma aplicação torrente com múltiplas fontes.

Então, fica a dica: não dê chilique antes de verificar esses pontos.

Instagram Pro

Eu fico de cara quando as pessoas falam que o Instagram é a rede da superficialidade. Eu gosto de fotografia, então, a rede é o Instagram. A superficialidade ou não está diretamente ligada às pessoas que tu segues e a tua sensibilidade ao assunto. Se não quer superficialidade, não siga essas pessoas e tua timeline será do jeito que desejas.

Agora, pensando que o Instagram é (ou nasceu prometendo ser) a “rede social de fotografia”, deixa muito a desejar a questão de valorização das imagens. Está na hora de surgir o Instagram Pro. Sim, porque se algum outro app como o que descreverei assim fosse inventado, Mark Zuckerberg o copiaria e o mataria em 60 dias. Com a denominação “Pro”, não intento que seja apenas para profissionais, mas que o app em si seja “pro” (ok, a gente pode pensar em outro nome. Quem sabe “Prata”, pelos sais de prata, hein? Acho que ninguém mais sabe o que é isso).

Com o Instagram Pro (ou Prata) você poderia:

— visualizar uma foto inteira por vez, e apenas ela, sem distrações;
— comentários e curtidas só apareceriam quando evocados;
— ver na horizontal ou vertical, de acordo com a orientação original da imagem;
— saber o modelo e marca da câmera usada em cada foto;
— ter seu perfil automaticamente catalogado com o de outros fotógrafos similares (claro que daria para editar manualmente isso);
— denunciar pessoas que estivessem sendo superficiais, ou deixar de segui-las (este item é só pra implicar).

:p

Comparação da Sony RX1r com iPhone 11 Pro

Mais uma vez estou cometendo o desatino de comparar a qualidade de imagem da Sony RX1r com o novo iPhone: agora, o 11 Pro, que tem a melhor câmera de um smartphone já lançado — segundo minha magnânima opinião.

Já fiz outras comparações com a mesma full frame neste blog. A primeira foi com a minha câmera anterior, uma Leica D-Lux4, e a segunda com um iPhone X. Aparentemente parecem testes sem valor, tendo em vista se tratarem de equipamentos com preço e características estruturais totalmente diferentes — e para finalidade também distintas. Porém, para mim, fazia todo sentido já que a questão era “qual equipamento devo levar para o passeio, a viagem ou aquela festa?” A Leica tinha 50% do tamanho da RX1r, e os celulares 25%. Sacou?

Então, vamos ao processo.

  1. Elegi um objeto com bastante detalhes e bem colorido: uma orquídea com pétalas de diversas cores.
  2. Usei a câmera com abertura 4.0, pois achei que seria semelhante à do iPhone. Ao analisar as imagens, descobri que deveria ter fechado mais o diafragma par algo com 16. Vocês irão notar que o fundo desfocou muito. Mas como isso só traria revés para a Sony — e estava confiante nela! — não repeti o clique. E aí se apresenta uma das desvantagens do telefone: não ter controles sobre abertura e velocidade — você fica à mercê da vontade do equipamento.
  3. Como a resolução da RX1r é bem maior que a do telefone, foi preciso ressamplear a imagem gerada por ela para se equivaler à do iPhone 11 Pro. E isso é outro complicador para a câmera: redimensionar a imagem sempre piora porque entrelaça os pixels e embaça um pouco. Mas vamos ao teste.

Abaixo as duas imagens. A primeira é da Sony RX1r e a segunda é a do iPhone 11 Pro. Você pode clicar nelas para ver em tamanho completo.

Tenha em mente que você deve comparar apenas o objeto em foco, já que cometi o deslize de não aumentar a profundidade de campo da RX1r para se equivaler ao iPhone. Portanto, objetos periféricos ao assunto, perdem nitidez. Não foram feitas correções de cores, a não ser às que o próprio smartphone aplica automaticamente, como HDR e os cambau. O teste aqui é de óptica e não sobre qual a imagem é entregue “de forma mais rápida do jeito que você queria”, até porque o iPhone não te dá a gama de opções de uma câmera semiprofissional.

Imagem Sony RX1r
Imagem iPhone 11 Pro

Agora, coloco, lado a lado, um corte do mesmo ponto das duas imagens, sem ampliar mais do que a qualidade original acima. Ou seja, pixels em 100%. De novo, a primeira é da Sony RX1r e a segunda é do iPhone 11 Pro. Você pode clicar para ampliar.

Detalhe comparativo. à esquerda, Sony RX1r. À direita, iPhone 11 Pro.

Não darei o veredito. Se não conseguir notar a diferença, é uma bênção! Claro, pense bem: você não vai precisar investir em uma câmera full frame e nem viajar com um equipamento que não cabe no seu bolso! Parabéns!

Terraplanista, veja para crer.

Algumas pessoas creem tanto em algo, que não importa os dados contrários, não se dobram. Vão morrer abraçados com sua crença.

Como a compreensão total, ampla e irrestrita da ciência é algo, digamos, “para cientista” e não pra pseudocientista, é difícil convencer os entusiastas de teorias conspiratórias. Sempre a paixão e a entrega incondicional falarão mais alto que as palavras de um “nerd” cientista.

Mas será que há algum jeito, forte o suficiente, de convencer os terraplanistas que a Terra é geodésica? A primeira ideia que me vem é serem passageiros em um voo espacial tripulado, que já está disponibilizado comercialmente e acontecerá nos próximos anos. Mas é caro pra chuchu. Não vai rolar.

E não é que apareceu isto para mim no YouTube?
https://www.antarcticaflights.com.au

Por 1.200 dólares australianos, um avião parte da Austrália em direção à Antártica, sobrevoa o continente por quatro horas em linha reta e volta em outras quatro. São cerca de 12 horas e meia totais em um voo charter que prova que o polo sul não é uma borda de catupiry intransponível como prega a teoria terraplanista. É também a oportunidade de compreender que só não há linhas comercias cruzando a Antártida porque não há demanda entre as cidades origem e destino que exigiriam tal rota.

E olha que legal: a próxima viagem está marcada para o dia 10 de novembro!

Então, os cerca de R$ 4500, mais um outro tanto desses para ir até a Austrália, pode ser um investimento razoável para não ficar passando vergonha pelo resto da vida. Concorda? Vai lá!