E Se Eu Não Pensasse “E Se”?

E se eu reduzisse a quantidade de leite ao invés de aumentar o Toddy?
E se eu misturasse cacau em pó no Toddy para ficar menos doce?
E se eu usasse só cacau e colocasse açúcar?
E se eu fosse diminuindo o açúcar até o ponto de ficar quase ruim?
E se eu diminuísse mais um pouco o leite, para ficar mais doce?
E se eu bebesse o leite só de dois em dois dias?
E se eu tomasse só no fim de semana?
E se fosse só uma xícara, daquelas bem pequeninhas?

E se tomasse do jeito que eu gosto, na quantidade que eu gosto, e começasse a fazer exercícios pra valer?

E se eu não fizesse mais exercícios e diminuísse de novo a quantidade de leite ao invés de aumentar a de Toddy?

“Acertou em Cheio”. Acertei?

ACE-logoEstou em um momento especial.

Sempre tive ideias de projetos fora do meu escopo profissional e estava ficando meio doente de não conseguir (talvez nem tentar) colocá-las em prática. Algumas delas estavam passando do prazo de validade — via outras pessoas as lançando e eu perdendo oportunidades. Resolvi, então, partir para a ação. Reencontrei depois de anos o Amadeu, colega de colégio. Por coincidência, além do destino tê-lo levado profissionalmente para a publicidade, também compartilhava dessa mesma minha angústia.

Ao mesmo tempo, um ex-estagiário da Incomum, Wagner, com quem já tinha ensaiado fazer esse projeto antes, me procurou novamente com seu amigo, também conhecido no colégio, Matheus, com a mesma proposta. Achei legal juntar os quatro, cada um com suas habilidades e, enfim, bancarmos algo no risco. Nasceu a Tutano — uma empresa start-up (nome da moda, para negócios tecnológicos pretensamente promissores a espera de investidores milionários – kkk).

aec-tela2Devido à proximidade do Natal, o primeiro projeto lançado foi o Acertou em Cheio. Um aplicativo para Facebook que permite criar listas de presentes totalmente personalizadas e independentes dos sites de e-commerces. Ou seja, liberdade total para inserir o que quiser, de dentro ou fora do mundo online. O sistema aceita qualquer coisa: de produtos a sentimentos. Experimente pedir um abraço. Pode ser que você ganhe mais rápido do que imagina. A ideia é distinta de tudo que existe justamente por isso. E não precisa de data especial. A sua lista fica ali, eterna, até você ganhar o item e excluí-lo. Quando um amigo for lhe presentear, certamente vai “acertar em cheio”, ou, na pior das hipóteses, se inspirar no que você publicou e lhe dar algo relacionado. 15 dias antes dos aniversários de seus amigos que estão no aplicativo, você é avisado que eles têm lista. E vice-versa — seus amigos também recebem alertas sobre o seu aniversário e irão fuçar nos seus desejos, certamente. O que eu acho mais legal na ideia, não é nem o ato de presentear em si, mas de confeccionar e manter uma lista de coisas que você gosta e deseja ter. Ali ficam registradas sua personalidade, seus requintes, suas ideias, seus sentimentos, suas sinceridades e, até, criancices.

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Acertou em Cheio é o primeiro dos nossos projetos e, claro, em constantes melhorias. A partir de janeiro, já inciaremos o segundo. A quantidade de ideias é grande, pois agora não são só as minhas, mas as dos quatro.

Para conhecer o aplicativo, acesse a nossa fan page ou nosso site. Adoraria saber o que acharam.

O Acidente da TAM — Coincidências oi

ft_ac_TAM_3054_48[1]Nunca contei isso.

Em 2007, a aeronave que fazia o voo 3054, da TAM, que ia de Porto Alegre para São Paulo (Congonhas) sofreu um acidente na aterrissagem. O fato impactou o Brasil inteiro e, principalmente, o povo gaúcho, pois grande parte dos passageiros era daqui. No dia seguinte, os jornais traziam em página dupla, as fotos das vítimas. Assim como à maioria das pessoas, as notícias do evento me aterrorizaram e tive a atenção voltada para os jornais e telejornais. Felizmente, não conhecia ninguém a bordo. (“Felizmente” é ruim de dizer, porque não houve felicidade alguma, já que tanta gente estava infeliz naquele momento e perdendo gente tão próxima.)

Eu havia feito uma música com uma letra antiga do Jefferson, baterista da minha banda, Água de Melissa. Porém, ele achara que a composição não combinava com a letra. Inspirado por aquelas 199 fotos 3×4 que estampavam os veículos de comunicação do país e pela ironia do destino de ter sua vida resumida a uma legenda de fotografia em página dupla de jornal, resolvi escrever uns versos e substituir a letra anterior. Os fiz em primeira pessoa, sob a ótica de um passageiro. Decidi que a personagem seria uma mulher. Senti a necessidade de dar um nome a ela. Pensei em um qualquer, aleatório, que coubesse na métrica e rimasse com algum número que seria sua idade. Inventei “Maria Inês”, para rimar com “23”. Juro que não me lembrava da lista de passageiros.

Há cerca de três anos, algum parafuso da minha cabeça soltou, ou prendeu, não sei. Lembrei da irresponsabilidade em ter escolhido um nome qualquer e não ter nunca verificado se realmente não havia passageiro homônimo. Fui para a internet e, pasmo, encontrei “Inês Maria Kleinowski”. Pesquisei mais a fundo, incrédulo, para encontrar a idade. Só faltava ser 23. Não era. Tratava-se de uma senhora de 49 anos. Fui atrás de parentes, pois pensei que a coincidência poderia ter algum valor para a família. Mandei e-mails para alguns com sobrenome igual, mais nunca obtive resposta.

A música se chama “Não Sou Eu (200 Fotos)” e pode ser ouvida no site da minha banda Água de Melissa ou aqui.

Fica aí, registrada, a curiosidade, seis anos depois.

Abaixo, a letra da música.

Não Sou Eu (200 Fotos)
(Cuca)

Esta da foto não sou eu
Nem sou o que me descreveu
Quem foi que veio me entrevistar
pra eu contar?

Eu não sou tinta de jornal
Em fonte bold, arial:
“Maria Inês, Porto Alegre, estudante, 23”

Só uma legenda
pra explicar minha vida inteira, vai caber?
Quem são as 200 fotos na página central?

Cadê o meu riso engraçado?
E meus poemas decorados?
O jeito que amarro o meu sapato?
Eu sou assim.

Só É Medíocre Quem se Acha Medíocre

media[1]Então, você tem uma ideia.

E ela parece ótima, genial. Mas você não consegue “vendê-la”. E acha que ela continua sendo genial, mas que é você não está sabendo utilizar argumentos eficientes para “vendê-la”. Você chega a ser presunçoso a ponto de pensar que seus “clientes” é que não tiveram a capacidade de compreensão; que você está acima deles. Acha que precisa de “clientes” de um nível mais alto. Aí, você alcança um “cliente” de um “nível mais alto”, mas seus problemas pioram. E você começa a concluir que a sua ideia genial, na verdade, é uma ideia de merda. Afinal, se o cliente-nível-mais-alto também não está comprando, é você, definitivamente, que está errado. Mas você se lança outra hipótese: se a sua ideia não parece medíocre para você, se ela está suprindo suas expectativas enquanto profissional, pessoa, gente, empreendedor, espírito, missionário, significa que está fazendo algo bom a você, algo que te faz bem, te deixa feliz e em paz consigo mesmo — sensação do dever cumprido; tudo que você quis na vida; o motivo de estar vivo. Porém, sem o respaldo da “venda”, da aceitação, você se frustra, não se retroalimenta, se acha ruim. Mas o que é ser ruim? Se você faz o seu melhor e o seu melhor lhe agrada, o que está faltando é encontrar alguém que “compre” a sua ideia e não a ache medíocre; que a valorize. Mesmo que esse alguém seja, teoricamente, “de um nível mais baixo” que suas expectativas. Se o melhor que você faz agrada a ele, se ele acha o seu melhor o melhor pra ele, vocês se acharam. Ele estará feliz e você estará feliz. Mas você deve se desligar totalmente da opinião dos outros “níveis” de pessoas que não compreendem suas ideias. Sejam elas pretensa e supostamente inferiores ou superiores.

Se o Latino é capaz de agradar milhões de pessoas, quem somos nós para dizer que ele está errado? Só estará errado, se estiver infeliz com o que está fazendo; se não for a verdade da sua natureza.

Danos Morais Contra à CEEE

Ano passado publiquei este artigo, sobre uma acusação da CEEE de que eu estava furtando energia elétrica. Fiz minha defesa e perdi. Entrei no Juizado Especial Cível e ganhei. Devido ao estresse causado a mim, a terem me colocado indevidamente no SPC e a todo o trabalho que tive que passar para provar minha inocência, resolvi acioná-los por danos morais. A sentença saiu ontem. Venci e serei indenizado. Segundo meu advogado (meu cunhado), as chances de um possível recurso deles ser atendido é mínima, pelo histórico desses tipos de causas.

Foi pelo mesmo motivo que publiquei o artigo anterior, que publico este. Que todos tenham em mente seus direitos, não só de cidadãos como de consumidores.

O Homem de Aço

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Me criei vendo e revendo Superman e Superman 2 — aqueles com o Christopher Reeve. Eu era — e sou — maluco por esses filmes. Não canso de assistir. Mostrar para minhas filhas virou apenas um pretexto para reviver minhas emoções de criança. Hoje percebo o quanto essas histórias tiveram participação na formação de meu caráter. É uma contribuição que os super-heróis têm para a personalidade de uma pessoa. Acredito nisso.

Foi assim, com toda a expectativa possível, que fui assistir “O Homem de Aço” — o novo filme da DC Comics para o personagem. E fui em grande estilo — no IMAX.

Gostei do que vi no começo. Apesar da direção de arte e fotografia com look 300-aliens-gladiador (muito em voga, e que me aborrece justamente por conta disso), o roteiro, até então, estava bacana. Mantiveram tudo de bom que existia da história do nascimento de Kal-El do filme original, mas com um ar modernoso, claro. Bem esperto! Assim, resgatam o fã antigo sem parecer boboca para a nova geração. Gostei também dos flashbacks que contam momentos do herói enquanto criança e jovem. É certo que o estilo de Nolan, co-autor da história e produtor do filme, não admitiria um storytelling cronologicamente linear.

É bacana também quando pescam passagens dos filmes de 1978 e 1980 e dão novos desdobramentos, como usar um acidente com ônibus escolar em uma ponte, ou mostrar uma briga de bar entre o herói e um encrenqueiro. Foi como dizer “olha, a gente adora respeita os filmes originais, mas agora vamos fazer do nosso jeito”.

As coisas começam a degringolar quando iniciam as lutas. Em uma conta capciosa, devem ocupar cerca de 40% do tempo da película. O problema nem é a quantidade, mas a intensidade. É tudo “over demais” (redundante assim). Não só nas consequências que, por exemplo, o soco de Zod no Superman pode causar, fazendo-o ser lançado de forma a perfurar cerca de 15 prédios, mas pelo estilo frenético de movimento de câmera. Está certo que estava no IMAX, e que cheguei a ficar meio tonto com tamanha inquietude visual, mas foi exagerado. Tudo era assim. Às vezes penso que o estilo serve apenas para mascarar efeitos e reduzir tempo de renderização.

Ao contrário das antecessoras, esta versão tem pouco de humano. É uma ficção alienígena. Não há exploração de personalidades. Os personagens não conquistam, não cativam, não se firmam. Isso é meio recorrente nos filmes de ação atuais. Fico me perguntando como antigamente se conseguia, em menos tempo (sim, porque os filmes de hoje sempre têm mais de duas horas) contar mais coisas, explorar mais os personagens, criar envolvimento maior, sem esse ritmo intenso que se convencionou agora. Hoje, se corre mais — tanto nos diálogos quanto na ação — e se transmite muito menos. Vão falar que estou velho, mas o que fica quanto você sai do cinema? Um zunido na cabeça?

Se você é fã, como eu, da saga antiga, claro, vá ao cinema ver “Homem de Aço”! Se não é, vá também. Agora, por favor, não deixe de assistir os originais.

Um Limão, Meio Limão, Dois Limões, Meio Limão…

limãoNão sou dessas pessoas que chegam em restaurantes e ficam pedindo para mudarem os pratos — “tira a cebola”; “não gosto de pimentão”; “pode trocar o molho branco por de tomate?”. O que tem no cardápio é o que o lugar faz bem feito; é aquilo que desenvolveram para te servir com perfeição. Bom… Essa é a teoria. Eu gosto de fingir que é assim e respeitá-la.

Só que, de repente, me pego dando uma de cliente chato. Tenho tomado limonada sem açúcar compulsivamente. Tipo mulher grávida, sabe? Então, quando peço as bebidas ao garçom, pergunto:

— Vocês têm limonada?
— Não.
— E suco de limão? — só para garantir.
— Também não.
— Tem limão?
— Tem.
— Tem água?
— Tem.
— Então, pode me trazer uma água sem gás e um limão inteiro?
— Claro que sim.
— Muito obrigado.

O problema é que até hoje, em cerca de 15 estabelecimentos a que fui depois do início dessa minha nova tara, nenhum conseguiu me trazer de primeira o que eu queria. O mais comum é trazerem os limões em fatias ou em canoinhas, que é como eles geralmente têm pré-prontos para colocarem nos copos. Um dia um “moço”, extremamente solícito e simpático, perguntou se eu não preferia que ele mesmo fizesse a limonada, batendo na coqueteleira. Senti que não ficaria como gosto e disse que não precisava. Ele insistiu. Repeti que não havia necessidade. Ele insistiu. Concordei para não criar uma discussão. Ele trouxe um negócio quase sem gosto de limão, que deve ter batido com água e uma rodela daquelas.

Na maior parte das vezes eu aceito o que me trazem. Da última, o cara trouxe um “pires” com duas canoinhas de limão (ou seja, meio limão e não um inteiro) e perguntou:

— Precisa mesmo ser um limão inteiro?

Pô, o que tem de tão difícil em me trazer um limão? Paciente, respondi:

— Por favor. Precisa!

Meu Deus É Um Bundão

wise+man[1]Todo mundo tem alguém com quem conversa. Alguém dentro de si com quem troca ideia, pondera as coisas, mantém um diálogo intenso e constante. Durante algum tempo chamei isso de consciência.

Mesmo tendo estudado em colégio católico, sempre me considerei ateu. Mas o tempo passa e gente vê tanta coisa na vida — vislumbra realidades, pessoas com as mais diversas crenças, energias que movem o mundo, sente coisas que nunca sentiu, vai ficando velho e com medo de morrer — que passa a considerar a hipótese de que algo maior existe. Também dá para chamar isso de cagaço. Não é bem aquilo que nos incutiram na escola e nem o que tentam nos vender diariamente pelas ruas e televisão. Eu, pelo menos, comecei a criar minhas próprias crenças energéticas e espirituais. Algo para me confortar. Não é nenhuma doutrina. Não daria para escrever em um livro, muito menos neste post. Nem sei se consigo discuti-las com alguém, pois são tão etéreas e pessoais que eu não teria vontade. É um emaranhado de sensações e sentimentos que às vezes faz sentido, outras não, e que vou moldando diariamente. Muita gente pensa assim; tem sua própria forma de ver e explicar as coisas.

Outro dia parei para pensar se esse meu deus tinha forma, se tinha voz, onde ele passava os dias; se ele era físico, uma energia, um suspiro ou uma canção. Descobri que sei exatamente como o meu deus se parece. Fiquei bastante surpreso e decepcionado comigo mesmo. Quando converso com o meu deus, vejo um velhinho, gordo, barbudo, de cabelos brancos, que mora em uma nuvem e fica sentado em um trono grande de madeira. O meu deus é o mais babaca e lugar-comum que podia existir. Ou seja, provável ser a imagem de mim mesmo.

Eu, Eu Mesmo e o Laranjal

fotoFiz uma bolha no pé.

Há exatos 13 dias, estou caminhando todas as manhãs no Laranjal. Sem falta. Pego o nascer do sol. Não sei se estou gostando do exercício, de ter um tempo para ouvir música, de colocar as ideias em dia ou do visual, que nunca se repete. Acho que é de tudo e mais um pouco. Jamais pensei que chegaria a ficar ansioso para caminhar cedo no dia seguinte. Pois é. Mas é.

O problema é ter que interromper os passos para fotografar. Já devo ter quase 100 imagens, que, mesmo com o celular, são enquadráveis. Mérito do lugar.

Mas não sou só eu, eu mesmo, a música e a natureza. Apesar de raras, há pessoas que cruzam comigo. E isso é legal de observar.

No primeiro dia, passei por um cara logo na arrancada. Ele fez questão de me olhar e cumprimentar. Pensei: “deve caminhar sempre; será meu colega; quer ser gentil”. No segundo, eu já estava acenando quando percebi que passou reto e nem olhou para mim. Vai entender. Só o vi três dias.

Tem um, sempre sentado, de mochila nas costas e jaquetão de neve. Não sei se foi parar ali através de um portal cósmico. Parece esperar uma carona que nunca chega. No meu vai e vem, passo por ele por três vezes por manhã, sempre estático no mesmo lugar.

Um outro chega mais tarde, com seus cachorros (ou ele é que seria dos cachorros?) e headphones grandes, caminhando lentamente enquanto curte seu som.

Há uma família de gordinhos (julgo serem pai, mãe e filha) que é engraçada. Ele anda sempre na frente. Não por ser mais rápido, pois a distância se mantém a mesma. Acho que não gosta é do assunto.

Tem o irmão da Gigi, o Marcos. Parece que descobriu o horário e o lugar há bem mais tempo. Assíduo como eu.

Aos sábados e domingos, é possível encontrar resquícios da noite. Gente que amanheceu na praia para ver o sol nascer. Carros fechados exalando maconha. Casais de namorados ainda nos bancos do calçadão. Mas tudo família, até hoje. Um cara, provavelmente ainda bêbado, fazia o número-um atrás de um trailer enquanto um vira-lata produzia o número-dois logo ao lado. Se eu fosse um pouco mais cara de pau, teria a melhor foto de todas.

E assim dá para conhecer mais os personagens desta vida, os cenários da nossa cidade e assimilar alguns aprendizados, como: toda a bolha sempre vira um calo.

Tudo Azul. Até Ali

20130418-230833.jpgVoei pela primeira vez por uma dessas companhias aéreas cujo preço da passagem é o principal diferencial competitivo — a Azul. A comissária de bordo, logo antes da decolagem, abordou os cavalheiros das poltronas à minha frente, de ambos os lados do corredor. “Nesses lugares ficam as saídas de emergência”, disse. “E aqui estão os prospectos sobre como operar as portas.” Senti que não ficaram confortáveis com a notícia. “São bem leves. Apenas 12kg. É preciso empurrar, firme, com o pé aqui em baixo e puxar, forte, com a mão, esta alavanca.” Uma expressão blasé, como quem diz “simples, assim”, surgiu em seu rosto. “Tenham certeza, em caso de pouso de emergência no mar ou em terra, que não há fumaça ou fogo nas turbinas antes de abrir.” Eu olhei para o lado e compartilhei um riso incrédulo com minha colega de poltrona. A tripulante ainda iria arrebatar com um final majestoso. “Me chamem caso não se julguem capazes de realizar a operação e queiram trocar de lugares.” Ouvi tudo fazendo força para acreditar que o treinamento barato que recebem é mais impactante na redução do preço da passagem do que uma possível economia na manutenção da aeronave.