A ideia que todo mundo teve mas ninguém teve

Stop motion é a primeira parada na linha da tentativa de fazer algo criativo com baixo custo. Todo mundo já pensou ou fez algo nesse estilo. O que acontece com este clipe é que a ideia é sublime, combina perfeitamente com a música e dá vontade de desistir definitivamente de pensar em um próximo trabalho em stop motion.

Será lançada no dia 22 de janeiro a coletânea produzida pela RádioComArte Daqui – Volume 3“. A Água de Melissa (minha banda) está presente com uma música do novo disco (que ainda não saiu), chamada “Sol de Nascer“, de autoria do Coelho. Também estão presentes no projeto outros 18 artistas da cidade. A relação completa, em ordem alfabética, é esta:

Água de Melissa – “Sol de Nascer”
Aluísio Rockembach – “Lugar Incomum”
Frederico Viana – “Quando o Verso Não Vem”
Giamaré – “Um Canto p’ra Ocê”
Gilberto Isquierdo – “Vida”
Gilberto Oliveira – “Navio Negreiro”
João Montovani – “Olho do Dragão”
Julinho Pinheiro – “Malawi”
Marcelinho, O’Rapper – “Conversando com Guevara”
O Reggae Daluta – “Paz, Amor e Justiça”
O Zé e Tatu – “Iassair”
Pimenta Buena – “Cameavale”
Preta G – “Negra Guerreira”
Rô Bjerk – “Tempo de Espera”
Sovaco de Cobra – “Brejeiro”
Superma Ordem – “Força e Formas”
Universo Paralelo – “Fortaleza”
Vãn Züllatt – “Samba Jacaré!”
Virginia Machado e Arion Kurtz – “Cantar”

Haverá um evento de lançamento, no dia 22, às 21h, na Casa de Música (no Shopping Lobão). Acontecerão apresentações informais dos artistas e jams sessions.

Tocante

Foi há uns 3 anos. Liguei a TV do quarto e fui escovar os dentes. A melodia ao fundo imediatamente chamou minha atenção. Era um piano. Alguma peça de Bach, chutei. Parei para ouvir com atenção, de boca aberta. A espuma escorria na pia. Cuspi. Fui pra frente da tela, mas não conseguia ver. A emoção com que aquele pianista tocava fazia meus ouvidos exigirem dedicação sensorial exclusiva.

Apesar da melodia conhecida, não lembrava de ter admirado uma performance tão tocante. E era só um piano, em um toque sublime, quase inocente, mas cheio de vida. Quando a gente se aprofunda em música, toca, estuda, compõe, a percepção vai mudando aos poucos; ganhando maturidade. Já não surpreendem frases melódicas recorrentes, letras construídas a partir de fórmulas, interpretações exageradas ou presunçosas. Apesar de amarmos cada vez mais esta arte, 80% dela passa a ser chata, comum e inócua. Porém, aquilo ali era diferente. Era a simplicidade elevada à potência da genialidade.

Acabou o programa e não falaram o nome do intérprete. “Boa noite” e eu fiquei só com aquelas notas na cabeça.

No dia seguinte, a primeira coisa que fiz foi vasculhar a Internet em busca da apresentação. Era um Programa do Jô e a sorte é que se tratava das reapresentações de férias. Portanto, sendo mais antigo, também mais fácil achar blogs ou matérias. Mas como procurar? “Pianista programa do Jô”? Nunca. Lembrei que eu desconfiava ser Bach. Inseri na sintaxe. Milhares de respostas. Fui garimpando. Até que achei. No próprio site do músico falava da participação naquela noite.

Tratava-se de João Carlos Martins. Não o conhecia até então. Curiosamente, o mesmo nome do cantor Joca Martins, irmão de meu amigo de infância. O mais incrível eu ainda iria descobrir. Era um pianista de sucesso, retornando aos palcos desacreditado, após uma série de problemas de saúde que ocasionaram a perda de movimentos nas mãos e dedos. Ele superou tudo e a todos, seu próprio ceticismo, e resolveu encarar. Tocava apenas com alguns pares de dedos, mas eu nem havia percebido. Fiquei inebriado pelo sentimento aplicado em cada tecla e ressoado na vibração das cordas daquele piano. Como explicar? Era dali que vinha a força de sua música.

Fui fisgado pelo ouvido e não pelo clichê da história. Como explicar?

Aprendi algo naquele dia.

Infelizmente, não encontrei o vídeo desta performance no YouTube, mas achei outro, de outra aparição dele no Jô. Ele toca “Eu Sei que Vou Te Amar”, mas com a introdução da peça de Bach que falei. Notem que eu não estou sozinho: até o Jô Soares foi às lágrimas, apesar do Derico ficar atrapalhando ele.

Fito Páez em Porto Alegre

Sou fã de Fito Páez. Tive a oportunidade de assistir a seu show sábado em Porto Alegre. É o segundo show dele que vejo. O anterior foi no extinto Engenho Santa Ignácia, em Pelotas, e foi sensacional. Era época do lançamento de “Circo Beat” e, além das canções deste álbum predominarem, tinham muitas também do anterior, meu favorito até hoje, “El Amor Después del Amor”. Mas o de agora foi uma verdadeira bosta.

Explico os motivos do meu desagrado:
– em primeiro lugar, o local é péssimo acusticamente para eventos musicais. É a segunda vez que vou a shows no Pepsi On Stage e continua decepcionante para quem tem um mínimo de gosto por música. Pelo menos o técnico de som teve a sensibilidade de não piorar ainda mais a situação e colocou o som em um nível aceitável para uma estrutura daquele tipo. Era impossível entender o que ele falava, e não era pelo fato de estar falando espanhol;
– em segundo lugar, o repertório foi muito mal escolhido. Até, praticamente, a metade do espetáculo, o set list não conseguiu tirar o público do bypass, para usar uma linguagem tecnico-musical;
– em terceiro lugar, foi um grande erro optar por apresentar seu ótimo e mais recente disco, totalmente gravado em piano e voz, com novos arranjos por uma banda roqueira que a acústica impossibilitou de eu compreender o nome. Tá na cara que é uma tentativa de seguir a nova proposta estética de Caetano Veloso, admitido seu ídolo absoluto;
– em quarto e último lugar, só estando no maravilhoso camarote VIP da Atlântida, com sushis e/ou tamakis à vontade para ter gostado do evento. Não era o meu caso. Eu fiquei no mezanino, bem ao lado do camarote e fiquei babando por uma das delícias do Gokan.

Espero Fito, novamente, em um teatro ou local onde seja possível se escutar todo o talento do músico. Produtores locais estavam tentando trazê-lo novamente a Pelotas, mas não vingou por falta de patrocinadores. É uma pena, pois seria no Guarani – um pouquinho melhor do que o ginasião do Pepsi On Stage.

Manja Agência de Propaganda?

Comparações músico-fonográficas para você entender a fauna da publicidade.

Criação
É formada por compositores frustrados, que tentam inserir em todos os trabalhos as idéias e inspirações que não tiveram oportunidade de lançar por si só comercialmente.

Arte-final
É o músico contratado que fica o tempo inteiro tentando mudar o arranjo original ou inserir um acorde mais complexo do que o necessário, para impressionar o compositor, pleiteando um dia ter o seu lugar.

Atendimento
É o cara da gravadora, que fica querendo que o compositor faça alterações para agradar os ouvidos do cliente, ser mais palatável e dentro de expectativas medianas.

Cliente
É o cara que na primeira chance que tiver vai comprar o seu disco pirata em um camelô.

Jorge Drexler em Porto Alegre

Apesar do show ter sido sensacional não me inspirei para escrever nada. Tem coisas que basta ver, presenciar e deu. Porém, não posso deixar passar batido um espetáculo como o do uruguaio Jorge Drexler, domingo, 20 de julho, no Teatro do Bourbon Country, Porto Alegre. Então vou me puxar.Depois de uma indiada sem sucesso para comprar os ingressos para o, então, único dia de apresentação (dia 21), a organização do evento resolveu abrir sessão extra um dia antes. Lá foi nossa solícita estagiária de Porto Alegre, Marina, tentar garantir novamente nossa presença no show. Levou mãe e namorado (pois só era permitida a venda de 2 ingressos por pessoa – precisávamos de 6) e, como estratégia, foi uma hora antes para a fila. Resultado: 100% de sucesso.

O estilo do show é o mesmo do mais recente lançamento do cantor, “Cara B” – um duplo que traz 31 registros ao vivo. Drexler usa programações junto com seu violão, que intercala, vezes, com uma guitarra semi-acústica com distorção. Em momentos, ele grava vozes e harmonias ao vivo para se repetirem ao infinito, como base para o que vai tocar. Tudo muito espontâneo, rápido e com bastante efeito performático. Aliás, a perfomance visual é show à parte. Não pelo excesso, mas pela simplicidade. A luz é muito bem feita, cheia de sacadas também. E o espetáculo corre assim, com pequenas surpresinhas a cada música, incluindo a participação de seus técnicos de som em algumas delas, tocando teremim, serrote e um seqüenciador com som arcaico e visualmente interessante.

Ele é muito carismático e se comunicou com a platéia em um bom português, cheio de bom-humor. Houve a participação de Vitor Ramil (parceiro na canção “12 Segundos de Oscuridad”), em 3 músicas do set list e mais uma no bis. O ponto mais engraçado da participação foi quando, no meio de uma música, Vitor disse “vai, Jorge” e Jorge foi. Era a hora do solo e o uruguaio, entrou em um solo improvável daqueles que a gente não sabe se é simplesmente estranho ou fora da escala. Mas era fora da escala… Quando acaba a música, ele diz: “é o primeiro solo da minha vida”. Percebeu-se. Mas o fato só serviu para deixar o show mais animado. Jorge sugere que a audiência troque as palmas por estalos de dedos, criando um clima muito mais sutil e delicado.

Me impressionou também o fato de que as pessoas cantavam junto apenas as músicas antigas e pareciam não conhecerem as novas do disco lançado em 2006, homônimo à canção em parceria com Vitor Ramil. Apesar de ser um ótimo compositor, gosto muito mais das canções recentes e achei que todos concordariam comigo. A impressão que ficou é que muita gente gosta de Drexler como expoente de uma música latina mais tradicional – como se o vissem como uma espécie de herdeiro de Mercedez Soza. As composições anteriores puxam um pouquinho mais para esse lado mesmo (eu disse “um pouquinho”), ao contrário das novas, que são mais relaxadas, livres de estilo definido. Eu gosto mais.

Uma vez, quando adolescente, eu fiquei de cara por ter perdido a chance de ver um show dos Replicantes na minha cidade. Daí em diante prometi que eu nunca mais perderia uma oportunidade de ver um concerto de quem eu gostasse. Não tenho cumprido isso à risca, mas se eu tivesse faltado ao de Jorge Drexler, certamente acordaria diferente na manhã de segunda do que acordei – um pouco pior, claro.

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Impostos para os Ouvidos – parte 2

Parece que os canalhas de Brasília estão freqüentando meu blog. Depois da minha brincadeira sobre o fim da CPMF (quando eu disse que preferia ela ao CPM-22), resolveram propôr a criação de outro imposto, disfarçado-o de contribuição (para não precisar repassar nada aos estados), nos mesmos moldes da antiga tributação sobre movimentações financeiras. Só que agora, ela se chamará CSS – nome pelo qual a banda brasileira Cansei de Ser Sexy é conhecida mundo afora. Acho que esses políticos estão querendo me provocar.

As 20 do Meu Shuffle de Hoje

1. Across The Sea (Stephen Hare, só piano – ouve-se até rangir o banco ao se mexer – versão para música do Weezer)
2. Hey Jude (Sting, Paul McCartney & Elton John – blerg – passei)
3. Crazy Beautiful (Hanson – a Gabi me faz ouvir cada coisa – mas é massa, melhor que a anterior)
4. Bah! (Doidivanas)
5. I Wanna Be Yout Dog (Émilie Simon)
6. Cada um Por Si (inétida da Doidivanas, só violão e voz pelo Felipe; uma pré-demo)
7. A Forest (The Cure)
8. Lovely Rita (The Beatles)
9. A Hora da Estrela (Pato Fu)
10. Mesmo Sozinho (Nando Reis)
11. Maybe Someday (The Cure)
12. Waste and Ready (Ben Kweller – ao vivo)
13. Vendeta (Tom Bloch)
14. The Sweater Song (Ben Kweller tocando ao vivo som do Weezer)
15. The Ascent of Satan (Ben Folds ao vivo)
16. Move It Along (The Special Goodness)
17. Esa Noche (Cafe Tacuba)
18. Cash Car Star (Smashing Pumpkins)
19. Corpo Histérico (Paulinho Moska)
20. Amada Amanta (Video Hits – acústico no Planeta Café)