A Vez do Zico

Tá certo que quando começarem os jogos do Brasil, provavelmente, irei pensar diferente. Mas eu não estou vendo graça no Brasil ganhar pela sexta vez uma Copa do Mundo. Eu gostaria de ver Togo ganhar, ou Portugal do Felipão. Melhor ainda, Japão do Zico. Zico é um cara muito pé-frio, coitado. Foi um grande jogador, mas nunca ganhou uma Copa. Jogou 3, fazendo parte, inclusive da melhor seleção do Brasil, a de 1982. Mas nem como assistente técnico, em 1998, ele deu sorte. E pior que já perdeu a primeira partida, contra a Austrália… Torço por ele. Ia ser legal vê-lo campeão do mundo. Zico merece.

Rolling Stones

Meu sogro tem 75 anos e está na minha casa:

– 1 milhão de pessoas? Tem que ser muito boa a música deles.

Minha resposta ao Seu Nesello foi a de que as pessoas não vão lá para ouvir boa música. Eles são a segunda banda mais importante depois dos Beatles, só que os Beatles não só acabaram como morreram. Não há mais possbilidades nem de uma última turnê mundial. Então, sobra os Rolling Stones – uma banda que toca junto há 40 anos e não pretende parar nos próximos 20. Quem foi ao show o fez (1) porque era de graça, (2) porque gosta de uma festa ou (3) porque tinha alguma teoria sobre aglomerações, multidões, e precisava fazer alguma experiência nesse sentido. Garanto que 95% de quem estava ali não sabe cantar mais de um verso de qualquer música deles – “Satisfaction, and I die, and die…” Sim, eu vi cantarem isso. Fã mesmo, talvez vá ao show em Buenos Aires, muito mais tranqüilo e com maiores possibilidades de se aproveitar o evento.

O fato é que Rolling Stones é um pé no saco. Pelo menos os “clássicos” que eles têm que tocar nesse tipo de show. Eu fiquei vendo e gravando até o final. Que sono! Mick Jagger tá em boa forma e canta legal. Os guitarristas parecem nunca terem ensaiado juntos. Eles sabem que a música que irão tocar é rock’n’roll e mandam brasa. Ninguém combinou nada com ninguém. Outra constatação é sobre a forma física dos músicos. Os únicos bem na foto são os próprios Rolling Stones, o resto são uns tios gordos. Serão as drogas, o cigarro, o whisky?

Meu sogro quer aprender a tocar violão.

Continuando

Sim, eu uso porto-e-vírgula, hífen e iniciais maiúsculas.
Sim, eu separo meus apostos com vírgulas.
Sim, eu tento escrever corretamente.
Sim, eu coloco o meu leite com Toddy por 1,5 minutos no microondas enquanto preparo meu sanduíche, todos os dias.
Sim, eu congelo o meu pão para não precisar comprar todos os dias e descongelo no microondas, depois de preparar o tal sanduíche.
Sim, eu tenho que tomar café vendo o Bom Dia Rio Grande/Brasil.
Sim, tenho que ter um leite fechado na geladeira e o outro em uso, para smpre ter leite gelado em quantidade suficiente.
Sim, eu guardo sempre os produtos mais novos atrás dos mais velhos para serem usado por último.
Sim, eu fervo a água do macarrão em dois recipientes (em duas bocas) para ferver mais rápido, enquanto faço o molho.
Sim, meu macarrão fica pronto em 20 minutos e não é Nissin.
Sim, eu baixo o fogo depois que estiver fervendo, pois a água não passa de 100ºC em estado líquido.
Sim, eu gosto de discutir sobre essas coisas.
Sim, eu gosto de aprender coisas novas, apesar de minha memória ser péssima.
Sim, minha tolerância é baixa.
Sim, eu morrerei de ataque cardíaco.

Virgem

Sim, eu molho a escova de dentes antes de colocar pasta e depois.
Sim, eu espremo o tubo até o final, mas ele nunca acaba. É como o buraco-negro só que ao contrário.
Sim, eu odeio sabonetes que te deixam melado, como o Dove. Gosto do Phebo que resseca.
Sim, coloco xampu na cabeça e deixo ela ensaboada enquanto lavo o resto do corpo. E faço isso de cima para baixo.
Sim, eu me visto dentro do banheiro a não ser quando tenho que pôr terno.
Sim, eu tenho que cadastrar muitos atores na ficha de um filme da locadora, pois alguém pode ser fã de um desconhecido e não encontrá-lo ao fazer a busca.
Sim, eu coloco as compras na esteira do supermercado separando os itens por limpeza, gelados e geral, para não se misturarem nas sacolas.
Sim, eu faço questão de ajudar a empacotar para não perder tempo.
Sim, eu presto atenção para que quando o caixa estiver quase acabando, eu tenha o meu cartão de crédito em mãos, pronto para entregar e dizer “crédito”.
Sim, eu faço tudo isso sempre. E muito mais.
Sim, eu sou um paranóico virginiano.

Apesar de, até então, eu não acreditar nem um pouco em horóscopo, um dia fiquei com-a-pulga-atrás-da-orelha quando li as caracaterísticas do meu signo em um livro da Zero Hora. Cheguei a ficar com vergonha que as outras pessoas pudessem ler aquilo e descobrir tudo sobre mim. Era eu, tal e qual. Todo mundo diz que o virginiano é organizado, mas descobri, em outra ocasião, que isso é um engano. Não se trata de organização, se trata de pavor de desperdícios. Seja desperdício de tempo, de dinheiro, de espaço, de comida, de qualquer coisa. Por exemplo, a minha mesa no trabalho é extremamente mal organizada, mas me peça para eu arrumar um porta-malas de carro – você poderia jurar que aquilo não iria caber. Me peça para gravar músicas em um CD – eu vou fazer questão de escolher a última música com o tempo exato para encher completamente o disco. Me peça para eu colocar algo em ordem alfabética (isso se enquadra no quisito “desperdício de tempo” ao procurar depois). E eu me divirto; pior que eu me divirto. O problema é que, como sou tão paranóico, acabo tendo pouca tolerância com quem não pensa assim.

Sim, esse sou eu.

Que time é teu?

Sempre achei (e continuo achando) ridículo o modo como um torcedor “ama” o seu time. Por que um seria melhor que o outro? Até parece que o motivo que fez a pessoa optar por um clube ou por outro foi algo baseado na razão. Se assim fosse todas as discussões entre gremistas e colorados, palmerenses e corintianos, flamenguistas e fluminenses até poderiam fazer algum sentido. Mas não. Geralmente, escolhemos nosso time quando crianças, antes mesmo de sabermos escrever nosso nome, por influência do pai, de um tio, ou de algum amigo que gosta mais de futebol do que as pessoas de nossa família.

Mesmo sem cultivar o gosto pelo esporte mais difundido no Brasil, defini os meus times desde cedo (sim, eu escolhi vários: um para cada nível de abrangência geográfica). Em Pelotas, sou Brasil, por causa do meu tio que me levava a alguns jogos na Baixada. Em Porto Alegre sou Grêmio, por influência de meu primo porto-alegrense Mateus. Em são Paulo eu tinha simpatia pelo Corinthians, pois ganhei uma camiseta de uns parentes que moravam lá. No Rio, eu escolhi o Flamengo. Este foi por causa do Zico. Todas essas escolhas se deram antes de eu entrar para o colégio. Eu também tinha uma bicicleta azul e costumo dizer que a pessoa também sofre a influência da cor de sua primeira bicicleta – no meu caso, Grêmio.

Ontem, sem nem saber direito o que estava acontecendo no futebol brasileiro – só sabia que o Grêmio estava na segunda divisão e lutava para subir de novo – meu tio (aquele Xavante) veio nos visitar e pediu que eu ligasse a TV para assisir o finalzinho do jogo Náutico x Grêmio, que definiria o destino dos times para o próximo ano. Bom, todo mundo deve ter visto notícias sobre esse jogo, então, vou pular a parte de contar como foi o final. Só vou dizer que nunca vi nada igual e nem uma final de Copa do Mundo seria tão emocionante.

A partida de ontem deve ter feito muitas crianças escolherem o seu time. Hoje, eu também escolhi de novo o meu: eu sou Grêmio, mais do que nunca, pronto para discutir com qualquer colorado.

Escolha bem no que você vai ser medíocre

Mediocridade é abrir mão da felicidade; e ser meio feliz. Mediocridade é ter meia hora de almoço, é ter meio fim de semana, é gostar de meia pessoa. Quem é medíocre tem meios amigos, usa meias palavras e meias furadas. O medíocre trabalha por dois e cobra por meio; volta pra casa à meia-hora e acha que está se doando por inteiro para alguma coisa mais importante que ele mesmo. Ele não está acima nem tampouco abaixo; está na média. O problema do medíocre é que a metade acima da média consegue lhe dar uma sobrevida, garantindo a existência da metade média ou abaixo dela. O medíocre não ama ninguém, pois não existe meio amor. Todos somos medíocres em alguma coisa. Eu só não quero ficar no meio do caminho da felicidade.

Curitiba Rock Festival (5ª e última parte)

O melhor de vir em um show destes não é ficar analisando como cada músico está tocando sua parte; se estão sendo competentes ou não. Eu não caio mais nessa furada de achar que música deve ser avaliada como um espetáculo circense, onde ficamos impressionados, ou não, com as habilidades dos malabaristas, com a ousadia dos trapezistas e com a flexibilidade da contorcionista. Eu vim pra ver a bailarina, que se move ao ritmo suave de uma linda e triste música de amor. Eu vim para ver e ouvir os caras que fizeram as músicas mais geniais e simples que ajudaram a mudar a minha forma de assimilação musical. Às vezes nem tão simples assim, mas sempre na medida da necessidade de sua expressão. Eu estou extasiado.

Além de tirar fotos, estou gravando em vídeo, com a própria câmera digital, partes de cada música, para não me esquecer depois do set list e ter um registro da vibração do momento. Não vai dar para trocar de cartão no meio dessas pessoas ensandecidas, então, preciso aproveitar a memória ao máximo sem desperdiçar espaço, pois tudo tem que caber nos meus 256mb. Eu ainda pretendo fazer um vídeo integral de toda a Across The Sea, quando eles tocarem. Pra mim, é a melhor música. Mas começa El Scorcho e eu não me contenho: filmo ela inteira.

Antes de o baterista largar a guitarra e voltar a seu instrumento, eles fazem uma improvisação programada, ao estilo da que aparece no DVD, só que aqui, os outros 3 vão para os tambores fazer barulho. É, acho que eles estão se divertindo. É o tipo de coisa que só quem toca se diverte, mas foi legal.
De repente eles saem do palco. Será esta a hora que se costuma fingir que o show acabou para esperar pelos pedidos de bis?

“Weezer, Weezer!”

Uma movimentação estranha no mezanino abaixo do meu (na ala VIP). Será que a banda está saindo por aqui? Não. É Rivers que pega o violão e se dirige a um elevado onda há um microfone. A luz do canhão ilumina o cantor e eu só vejo silhueta. Ele toca e canta Island In The Sun em uma versão ainda mais pacata. “Hip, hip”.

A banda volta ao palco, mas antes de começarem o bis, Patrick, ainda no microfone, pergunta ao público se alguém sabe tocar, na guitarra, Undone – The Sweater Song. Todos presentes respondem que sim. E agora? Como saber que está falando a verdade? O baterista aponta para um e o chama para o subir ao palco. Dão-lhe um violão. A música começa mas, de onde eu estou, não consigo distinguir muito bem o som que ele faz. Só sei que ele parece meio perdido no início mas, depois, pega o jeito e faz até chinfra com os outros. Naturalmente, ele se perde um pouco, novamente, na única mudança de harmonia que a música tem. Mas e daí? Imagina eu ali! Ia dar branco total também. De fato, ele se sai superbem e, no final, ainda se joga no chão junto com Rivers e o baixista. Esse guri nunca vai esquecer disso na vida. Ele fica assistindo o resto do show da coxia.

Apesar dos seus álbuns estarem cada vez mais populares e se distanciando da banda que me conquistou nos dois primeiros CDs (azul e Pinkerton), as 3 canções escolhidas do Make Believe empolgam e me fazem gostar um pouco mais do disco.

O show acaba com Surf Wax America. Os dois primeiros álbuns do Weezer têm somente 10 faixas cada – menos de 40 minutos. Eu costumava gravar os dois em MD, para ouvir em viagens. Mas era preciso tirar duas músicas para caberem em um só disco (na época, não existiam os MDs de 80 minutos). Eu eliminava sempre Surf Wax (do blue) e Why Bother (do Pinkerton). Hoje eu aprendi a gostar muito delas. Serviu como uma reserva especial. Depois de ouvir tanto os álbuns, elas foram duas músicas a serem descobertas.

O show acaba sem que toquem Across The Sea. Só para que eu tenha que ir vê-los outra vez, caso venham novamente ao Brasil – ou que eu esteja viajando por outras bandas. São cerca de 3 horas da manhã e eu não colocava nada na boca desde 5 da tarde. Eu lembro de ter visto uma banca de comida. Vou comer um cachorro-quente que anunciam em uma plaquinha como “dog”. Por que “dog” e não “hot dog” ou “cachorro-quente”? Descubro. É porque é frio e sem sabor. Mas pensando bem, que cachorro maravilhoso.

“I’ve got your letter. You’ve got my song.”

My Name Is Jonas (azul)
Tired of Sex (Pinkerton)
Don’t Let Go (verde)
In The Garage (azul)
This Is Such A Pity (Make Believe)
Big Me (Foo Fighters)
Perfect Situation (Make Believe)
Why Bother? (Pinkerton)
El Scorcho (Pinkerton)
Say It Ain’t So (azul)
We Are All On Drugs (Make Believe)
Good Life (Pinkerton)
Beverly Hills (Make Believe)
Buddy Holly (azul)
Photograph (verde)

Island in The Sun (verde)
Undone – The Sweater Song (azul)
Hash Pipe (verde)
Surf Wax America (azul)

Curitiba Rock Festival (parte 4)

As luzes se apagam. O alvoroço é tanto que mal se percebe os acordes iniciais de My Name Is Jonas. É claro que seria esta a música escolhida para abertura. A Freezer também abre os shows com ela (eheheh). Ela inicia o disco azul; é a música que começa a carreira do Weezer.

É nitidamente visível que o nível de partipação e satisfação cresceu exponencialmente. Chego à conclusão que, realmente, todos estão aqui só para ver Weezer: “Curitiba Weezer Festival”. Não vejo ninguém que não esteja pulando feito um louco e cantando toda a letra. Esta pode não ser a maior banda do mundo, mas o grau de devoção e satisfação dos fãs em estarem aqui, tendo esta oportunidade, são gigantescos. Para mim e para toda a platéia, é, sim, a melhor banda do mundo.

Começa a segunda canção. Brian Bell, o guitarrista, toca a introdução de Tired of Sex, que abre o Pinkerton, no teclado. Vou confessar que eu achava que o som daquilo era de guitarra, pois realmente tem uma boa dose de distorção naquele som. A escolha da música como segunda é justa; justíssima; ela é puro vigor. Mais que isso: começo a perceber que todas ganham mais força ao vivo, como geralmente tem que ser, mas como, em muitos shows cercados por um manto mítico, costumam vacilar e revelar uma banda fraca e sem coesão. Definitivamente, este não é o caso. Weezer não me desaponta. Aliás, aponta, e muito bem afiado.

O show segue com cada vez mais surpresas, como a cover de Big Me, do Foo Fighters – com quem o Weezer tem excursionado pelos EUA. Quem canta In The Garage (o hino do nerd roqueiro) é o baixista Scott Schriner, a cara do Elvis Costello. Em This Is Such A Thing, uma das únicas 3 canções do último álbum (Make Beleive) que eles tocam (graças a Deus), Brian fica nos teclados para o arranjo newordístico e o roadie 1 – sim, aquele que se esmerou tanto em consertar a guitarra que tinha mais umas 4 iguais de reserva – pega o instrumento e manda ver. Ele participa em diversas outras músicas, seja quando Brian ou Rivers assumem os teclados ou, simplesmente quando o vocalista prefere só cantar. Não sei por quê, mas isso me sensibilizou. O sonho de todo roadie é tocar com a banda para a qual trabalha. Aqui, isso é feito de uma forma tão normal, sem as apresentações geralmente usuais que, se feitas, poderiam ser interpretadas como uma tentativa forçada de demonstração de coleguismo e humanismo. Bom, coisas da minha cabeça. O fato é que acaba me passando justamente esta imagem da banda: uma banda legal, sem estrelismos e com um marketing que não inventa nada, apenas explora a verdade de cada um; o que eles realmente são.

Patrick Wilson, o batera simpático, troca de lugar com Rivers, empunha a guitarra e assume os vocais, enquanto o maior compositor do rock contemporâneo senta na bateria. Eles tocam Photograph (do verde). Cuomo usa as baquetas de forma esquisita, transparecendo total falta de intimidade com o instrumento, mas não desanda o ritmo nem comete deslizes. É o melhor show da minha vida e ainda não está nem na metade.

Curitiba Rock Festival (parte 3)

O palco começa a ser totalmente desmontado para dar lugar a Mr. Cuomo e seus comparsas. De onde estou, consigo ver perfeitamente a movimentação da equipe norte-americana e dos candangos brasileiros. Eles estão trocando tudo mesmo. Saem todos os monitores tradicionais que ocupavam completamente a boca do palco e deixam apenas um, no meio, certamente para Rivers. Eles deverão usar monitores auriculares e talvez o vocalista não goste, ou talvez esse último esteja sendo mantido como um backup, para caso de mal-funcionamento dos fones. Pode servir também para reforço do retorno do vocal, já que guitarras e baixo também são amplificadas em cima do palco e podem dificultar até mesmo a audição do que sai dos fonezinhos.
Só há dois roadies de instrumentos: um está cuidando das guitarras e outro dos teclados, baixo e bateria. Ambos têm suas lanterninhas que usam mesmo com a claridade sendo suficiente. Uma guitarra Gibson apresenta problemas na chave (a pingolinha aquela) e o roadie tem que abrí-la para soldar alguma coisa lá dentro. Espero que não cause atrasos. Ele já está nessa há uns 20 minutos e a galera começa a esboçar impaciência: “Weezer, Weezer!”.

Enquanto isso, o roadie 2 cola a pedaleira do baixista com silver tape no chão e testa dois baixos Fender. Há um careca que parece supervisionar as coisas e cuidar de detalhes diversos. Ele quer saber o que um cara com uma câmera de vídeo faz em cima do palco, no canto, esperando o show começar. O cinegrafista é contratado pelo Festival, mas é claro que, ali, não vão deixar ele ficar. Parece tudo ultraprofissional, mesmo não sendo o Weezer um exemplo de superbanda megalomaníaca. As coisas têm de funcionar, afinal de contas. Isto significa respeito po quem pagou ingresso e veio de longe, para vê-los. O gerentão também conta, apontando o dedo, quantos fotógrafos estão no fosso. Devem ter estipulado um número máximo em contrato e parece que ele vai ser rígido em fazer cumprir as exigências.

“Weezer, Weezer!”.

Tem um cara, que passeia pelo palco de vez em quando que só pode ser o Karl, do Karl’s Corner, do site oficial da banda. Não sei exatamente qual é a dele, mas deve ser amigo de longa data do Weezer. É ele que mantém o site e, no DVD, é o autor de 90% do material de vídeo, editor, diretor – enfim, fez tudo. Ele é o típico americanóide: bermudão, alto, desengonçado. É ele, sim.

“Weezer, Weezer!” Toca Pixies no som, o pessoal canta junto e se acalma um pouco.

O roadie 1 acaba o conserto da Gibson e começa a colar os set lists, é claro, com muita silver tape. Tem um violão no meio das guitarras. Não que não tenha violão em várias músicas deles, mas será que irão tocar Butterfly? Será que vão usar o flying W tradicional de seus shows? Não parece. Além de ter o logo do Festival no fundo, não há recursos na casa para esconder cenograficamente um aparato daqueles. Mas seria muito legal ver aquele luminoso ao vivo.

Curitiba Rock Festival (parte 2)

O lugar é pequeno. Um pouco maior do que o Teatro Avenida, palco dos shows da minha adolescência. Não reconheço a banda que está se apresentando. A maioria do pessoal está na rua. Olho para cima e vejo dois níveis de mezanino circundando a platéia. Muito parecido com a antiga casa de shows que me referi (mas que só tinha um nível). Vou subir para checar. Escolho o lado direito. O primeiro andar parece uma ala VIP; tem segurança na entrada, baldes de champagne e sofás pretos espalhados. É ali que está a equipe da MTV.

Vejo um escadinha que leva ao segundo patamar – vou por aqui – o acesso estava livre; ninguém me abordou. Duas ou três pessoas só. Que maravilha! Me dei! Lembrei imediatamente de um dos melhores shows que já vi, no Avenida, no mesmo ângulo de visão: Titãs, Õ Blesq Blom. Só que agora, até cadeira tem. Vou me sentar e esperar  o show principal.

Confiro o programa para identificar pelas fotos qual é a banda que está tocando. Três mulheres e um cara… Só pode ser essa tal de Biônica. Como é que uma banda pode se autocontentar com tão pouco? Horrível. “Horrorível”, como diria o Fofão. O público inerte; nem aplaudem. Sem dúvida, ninguém veio aqui pra ver este troço. A vocalista tenta parecer com o David Bowie. Que bom que acabou.

A mudança de palco é rápida e entra (deixa eu conferir no programa… Não tem foto, mas, pela ordem, esta deve ser…) a Cidadão Instigado. E realmene é, pois diz que eles são do Ceará e, para minha grata surpresa, fazem um som psicodélico, nordestino e experimental, com grande criatividade, competência e boas composições. A banda toda manda muito bem e o baterista parece o sósia do Marcos Mignon que aprece no Covernation (enfim, parece com Marcos Mignon, é claro).

Pela ordem, a próxima, e última atração antes do Weezer, será Acabou La Tequila. Sempre ouvi falar deles mas nunca ouvi o som. Achei que era algo mais swingado com metais, mas acabo descobrindo que sempre confundi o nome deles com o do Funk Como Le Gusta (espanhol, sabe como é, tudo a mesma coisa – eheheh). O baixista é aquele que saiu da formação original do Los Hermanos (aliás, alguém, algum dia, soube por quê?). A banda toca com três guitarristas (nunca confie em uma banda que precisa de três guitarristas – tocar assim significa mais uma preferência pelo embolamento sonoro do que propriamente um benefício de nuanças harmonicas ou melódicas). De fato, acho que o terceiro tá ali por amizade. Essa sim seria uma boa justificativa. O cara é dos Autoramas e antigo Little Quail. Não me pergunte o nome que esqueci. Não creio que seja ingrediente também dessa marguerita sem tequila, sem sal e azeda. Ah! O guitarrista da esquerda é o Kassin, que consta nos créditos como produtor dos últimos álbuns do Los Hermanos. No DVD dos barbudos, ele aprece durante as gravações sem fazer absolutamente nada. Convenhamos: quem ousaria produzir quem sabe exatamente o que está fazendo? Tá bem, tá bem, não conheço o cara suficiente para falar mais nada contundete. Quem sabe o cara também não tem uma amizade muito grande com todo mundo; é o melhor amigo do mundo… ? Vai saber. O que eu sei é que Bloco do Eu Sozinho e Ventura têm falhas de mixagem que não passariam pelos ouvidos atentos, por exemplo, do Osório. :) De repente, o vocalista grita: “este é o nosso hit”. A música é totalmene desconhecida pra mim. Olha lá! Tem um cara na platéia cantando!