Resgatando Posts Antigos – Kill Bill – Volume 1

Quando eu assisti o já clássico do Tarantino. Postado no Torcicolo, dia 1º/05/2004.

É por filmes como esse que eu tenho forças de levantar a minha bunda velha e gorda da cadeira para alugar um filme ou ir ao cinema. É por causa da possibilidade e da expectativa de ver algo diferente e incomum que eu gosto de cinema. Poucas vezes eu tenho vontade de ver algo convencional. Eu gosto de ser surpreendido. Tarantino é o rei. E olha que todo mundo disse que o filme era ótimo antes de eu ir, ou seja, achei que por eu esperar muito não gostaria tanto. Mas Tarantino é entretenimento, é sutileza, é porrada. Li que ele não escreve roteiros da forma convencional, mas como se fossem romances. Quem conseguiria, então, dirigir um de seus filmes melhor do que ele próprio? Podemos dizer que Tarantino faz isso como ninguém e que 90% das idéias devem aparecer na hora de rodar. Ouvi também que “Kill Bill – Volume 2” é melhor ainda. Estreiou nos EUA já.

Receita com ingredientes fáceis de achar mas difícil de fazer: misture “Os Irmãos Cara-de-Pau”, “Happy Tree Friends”, “Monty Phyton” e “Bruce Lee”. Coloque umas pitadas de clichês de filme de ação elevados à décima potência. Regue tudo com muito catchup, toneladas de catchup. Não esqueça de enriquecer os detalhes ornamentais inúteis à história, para contrastarem com a falta de sutileza do resto. Não esqueça do bom gosto tarantinesco pra completar. Pronto, você fez um grande filme. Serve muitas porções. Ah! Trilha sonora, como não poderia deixar de ser, nota 10.

The Happening

Eu vi o novo filme do Shyamalan. “The Happening” (ou “Final dos Tempos”, como se chama no Brasil). É um filme quase trash – o que acaba que o deixa mais trash que um filme trash, pois, hoje em dia, ser trash é ser cult, agora ser semitrash é ruim, pois fica no meio do caminho.

Porém, a história é boa. Os efeitos, ou truques de cena, parecem terem saído de um filme de Hitchcock. A inspiração no mestre não pára por aí, pois há diversos comportamentos de personagens, planos e movimentos de câmera que remetem ao diretor de “Os Pássaros” – e mais, remetem ao próprio filme de 63. Talvez essa relação esteja ainda mais evidente ao lembrar das árvores balançando e do vento soprando, recursos bastante presente no filme das aves. A referência é clara. Talvez este seja o maior mérito do filme, que é conveniente assimilar para não sair dizendo “aos quatro-ventos” que o filme é ruim. Talvez você seja ruim. : ) Talvez o filme não seja bom pra você. Talvez seja o pior de Shyamalan. Talvez, talvez…

No momento em que o personagem principal desvenda, ou acha que desvendou as circunstâncias e variáveis pelas quais o acontecimento se dá, eu visualizei um final. Não vou entrar em detalhes para não contar o filme para quem não viu: imaginei o casal tendo que se separar para não morrer, mas preferindo ficar junto e sucumbir. Repito meu argumento do post abaixo: “por que o Shyama não me perguntou?”. Eheheh. Como eu sempre digo: o fato é que o filme não é feito só do final e este me prendeu totalmente enquanto eu o via. Não fiquei pensando depois como nos melhor do diretor (Sinais, A Vila e Sexto Sentido), mas valeu enquanto durou.

Resgatando Posts Antigos – Shyamalan

Aproveitando o lançamento de “The Happening“, novo filme do diretor e roteirista (me nego a dizer “ator”) M. Night Shyamalan, aqui vai um post antigo sobre o assunto.

de Torcicolo, 29/12/2003

“M. Night Shyamalan comecou bem com ‘o sexto sentido’ e depois foi descendo ladeira abaixo. ‘sinais’ eh horrivel. vamos ver esse q vem ai…
Eduardo

Eduardo, eu pensei isso em seguida que assisti Sinais. Depois de muito tempo, comecei a matutar por que o filme não era bom. Por que ele não poupa o bom-senso e mostra a bicharada? Por que o final não é legal? Por que ele não surpreende como o Sexto Sentido?” Cheguei à conclusão, sem assistir de novo, que o filme era bom sim, aliás, muito bom. Por quê? Porque ele te prende o tempo todo – o cara é realmente o novo mestre do suspense, sem sombra de dúvidas. Lembra do cagaço quando o bichano aparece inteiro em “Passo Fundo”, a pé na plantação…? isso sem falar na tensão pela qual toda a situação é rodeada sem que vejamos ainda os aliens. É muito foda. Quando acabou o filme eu disse de brincadeira: “pô, por que o Shyama não me pediu uma opinião sobre o final do filme?”. O que eu faria? Eu deixaria os aliens só na imaginação. Sem aparecerem. Para que a fé seja colocada à prova e que a resposta ficasse com o espectador. Para o público saísse do cinema pensando: “será que eles estava ou não estavam lá? – um troço meio Orson Welles. Eu acho que seria mais legal mas, mesmo não sendo assim, é um grande filme de um grande diretor.

Resgatando posts Antigos – About Schimidt

Continuando, este foi do Torcicolo de 27/10/2003

Você está chegando aos 70 e vê que não viveu nada; percebe que as pessoas que estavam a sua volta, para as quais não dava a mínima, são aquelas que você começa a sentir falta; nota que quem gosta mais de você são aqueles que não te conhecem bem; descobre como é fácil fazer alguém feliz e que agir assim é algo que reflete em você também; atenta para todo o tempo que você perdeu, o qual poderia ter sido útil de verdade; não consegue esconder, nem de si mesmo que, naquilo que você achava que era mais eficaz, tem gente que é muito melhor. Você é um velho, babão, solitário, que percebeu isso tudo muito tarde.
É claro que não estou falando do Oscar do basquete.

Minha implicância com a tarcisemeirice de Jack Nicholson diminui depois de Confissões de Schimidt.

Resgatando posts Antigos – Entrevista com Gabi Wonka

Como desativamos um blog que tínhamos em parceria, resolvi resgatar os posts que fiz, para não excluí-los da “história”. O blog chamava-se “Torcicolo – Impressões da Primeira Fila” – sobre cinema e afins. Aqui vai o primeiro post, de 15/10/2003, uma brincadeira com a Gabi, que adora a Fantástica Fábrica de Chocolate e… balas.

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TORCICOLO enviou ao sul do sul do país um repórter, especialmente, para entrevistar Gabi Wonka, sobre o filme A Fantástica Fábrica de Chocolate. Ela é a maior fã (de sua rua) do famoso filme que adoçou as Sessões da Tarde dos anos 80.

TORCICOLO – Gabi, desde que idade você curte a Fantástica Fábrica de Chocolate e como você foi apresentada à obra?
GABI WONKA – Não lembro a idade certa mas, assim como tudo mundo (que não é cretino), conheci o filme através da Sessão da Tarde. O filme ficou na minha cabeça como um filme sobre balas, só isso. O que, pra mim, não é pouca coisa. Mas há alguns anos atrás ouvi várias pessoas (adultas, não cretinas) comentando sobre o filme e resolvi voltar a assistir. Agora percebi que de infantil o filme tem muito pouco…

TO – Qual a sua maior sensação ao ver o filme? Fome, alegria, vontade de tomar água?
GW – Ir para “um mundo de pura imaginação… Vivendo lá você é livre… Se realmente quiser ser…”

TO – Com qual personagem você mais se identifica e por quê?
GW – Gosto do velho Wonka porque ele é uma pessoa muito “doce” (desculpem, desculpem) mas, ao mesmo tempo, é completamente louco. “Se deus quisesse que a gente caminhasse, não teria inventado os patins” –  como não vou gostar do Wonka? E ele chega até a ser malvado com as crianças, mas você não consegue ficar brabo com ele, como o Hannibal. Sou só eu que gosto do Hannibal?

TO – Na passagem do túnel psicodélico o que você acredita que o filme pretende transmitir?
GW – Bom, para mim passa medo, porque várias vezes eu pulo essa parte… Me assusta. Essa cena mostra o lado piradão do Wonka, algo tipo “você pode ser uma criança grande, ou um adulto pequeno, você sempre vai ser meio atormentado”. Acho que pra época serviu como uma cena experimental de psicodelia. E assim como em tudo que é psicodélico, você não pode achar um significado único. Algumas coisas foram cortadas dessa cena, mas pra mim ela é um dos jeitos que o Wonka achou de testar o medo nas crianças. É tudo planejado, pois não tem lugar no barco pro Augustus e todos ficam assustados, menos o Charlie. Quem quiser, procure The Merchant of Venice, do Shakespeare, que tem várias citações…

TO – As más línguas dizem que Willy Wonka tinha segundas intenções com o menores que aliciava, quer dizer, contemplava. Ou seja, que o filme apresentava a fórmula perfeita para pedófilos agirem. Trocando em miúdos, as crianças aceitavam doces de estranhos. O que você pensa sobre isso?
GW – Isso quer dizer que eu não deveria aceitar doces de estranhos? Me surpreende em um filme “infantil”, o dono de uma fabrica de doces dizer que “doces são bons, mas a bebida é mais rápida/eficiente”. Muitas coisas ali no filme são insinuações a outras que não fazem parte do universo infantil… É difícil saber a pretensão do diretor e do roteirista, mas acho que muitas coisas dizem mais sobre a piração de quem assiste…

TO – Qual a música mais legal?
GW – As “oompa loompa doopa-de-do” são clássicas, mas minha preferida é a Pure Imagination, que o Wonka canta quando estão entrando na fábrica.

TO – O que acontecia com as crianças que iam desaparecendo durante o filme? Para onde elas iam? Elas morriam?
GW – Elas iam para o inferno, onde vivem as crianças-artistas que nunca mais fizeram filmes legais, junto com o Macaulay Culkin e aquelas guriazinhas que apareciam no programa dos Trapalhões.

TO – O que aconteceu com os outros 3 velhos que não se levantaram da cama?
GW – Ficaram na cama.

TO – Cogitam Nicolas Cage e Johnny Depp para estrelar um refilmagem do clássico. Você concorda com alguma dessas escolhas? Qual seria sua sugestão?
GW – Nicolas Cage é uma múmia, nem pensar. Eu ouvi falar que o Johnny Depp ia fazer… O que não me agrada nem um pouco. Ele vai fazer ou alguém muito atormentado ou muito imbecil. O Wonka foi imortalizado pelo Gene Wilder, com aquela mistura de loucura e bondade pura. Não vejo o porquê de uma releitura da Fábrica. Tenho o DVD e as cores são maravilhosas, o som também… Os efeitos são toscos, mas faz parte da magia. Tenho medo que uma nova versão vire uma groselha com açúcar da Disney, cheia de efeitos que só valem pelos efeitos, e a Christina Aguilera cantando a canção dos Oompaloompas. Ooo-oo-OOOO–Ooooom. paAaaAaaA.

TO – Qual sua sensação se você encontrasse um cupom dourado dentro de uma barra de chocolate?
GW – Se eu disser, vou ter que te matar.

TO – Qual a marca de chocolate que você mais gosta?
GW – Gosto muito do Nestlé-Alpino e do Hersheys ao leite. Também qualquer sabor de Toblerone… E das rapadurinhas de Nescau da minha vó. Não, rapadurinha não é só de coco/leite/amendoim. As melhores são as de Nescau.

TO – Deixe uma mensagens para todas as crianças.
GW – We are the music makers and we are the dreamers of dreams. E não se esqueçam do que aconteceu com o homem que conseguiu tudo que queria… ele foi feliz pra sempre.

Decifrei o Lost (de novo)

O Mito da Caverna, de Platão, explica tudo. Comparem os passageiros do avião com os que vivem na caverna. Compare os Outros com os que vivem na luz. Compare os passageiros que têm mais contato com os Outros, com os que estão cegos pela nova luz. Compare os passageiros lutando com os que matariam para não deixarem seus companheiros serem ofuscados pela nova luz.

Está tudo aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito_da_caverna

A Dama da Água (Lady in The Water)

Ponto alto do filme

Lá vem o Cuca de novo falar do Shyamalan. Sim, finalmente, eu vi A Dama da Água. Depois do filme ser açoitado pela crítica e esnobado pelos espectadores, minha expectativa com relação a ele deveria estar baixa. Mas como eu estou acostumado a esse tipo de opiniões, desprovidas de crédito algum, com relação aos filmes de Shyamalan, fui esperando ser surpreendido por algo bom, no mínimo. Também estou me doutrinando a não levar preconceitos para a sala de cinema e nem para a minha própria, o que, sem dúvida, se eu obter sucesso na empreitada, me fará uma pessoa melhor.

Por que as pessoas não gostaram, a priori?

Trata-se de uma fábula, só que transcorrida em um ambiente contemporâneo, em meio a pessoas comuns. Quem é fã do Senhor dos Anéis, certamente deve ter torcido o nariz para a história. Não tem o cenário, o figurino, os efeitos visuais, os copy+paste e nem, muito menos, a pretensão da trilogia e seus clones. Se assim fosse, todos amariam. O público convencional, realmente não está acostumado a engolir produções que não vêm, de fábrica, mastigadas, salivadas e cheias de catchup. Os personagens do filme, não questionam as sobrenaturalidades que vão acontecendo. Todos acreditam piamente na história que o protagonista Cleveland (o excelente Paul Giamatti), está embarcando. E isso, talvez seja outro motivo para o desagrado do espectador. Afinal, ninguém tem orelha pontuda, nem é anão ou morto-vivo – são pessoas como eu e você – e, segundo a realidade e o convencionalismo adotado por Hollywood, pessoas normais não acreditam facilmente nas outras e no fantástico. Mas Night Shyamalan sabia disso e, para levar às telas o conto-de-fadas que criou para seus filhos, colocou um personagem para dar um tapa-com-luvas-de-pelica em seus mais fervorosos críticos. Mr. Farber (Bob Balaban) interpreta um desse tipo. A cena em que sucumbe, devido a sua própria incredulidade diante de uma história fora dos padrões, é o ponto alto do filme.

No mais, é um filme muito bom que mostra como as pessoas de hoje dão mais atenção aos acontecimentos externos do que aqueles que se passam dentro delas mesmas.

Minha teoria sobre o Lost

Minha teoria pode coexistir com muitas outras que todo mundo fala, como eles estarem mortos e a ilha ser um purgatório… e tantas outras.

Minha teoria não diz respeito sobre o motivo deles estarem ali ou qualquer outro motivo a cerca dos eventos sobrenaturais e não-naturais que acontecem a todo o momento. Até porque, acho que nem os roteiristas sabem disso ainda.

Minha teoria só diz respeito à linha conceitual pela qual se desenvolvem as histórias e acontecimentos. Eu já tinha pensado nisso antes de começar a ver a terceira temporada e, agora, estou sendo conduzido a acreditar mais fortemente nela.

Minha teoria é a seguinte: destino. Tudo que acontece com os passageiros daquele vôo estava escrito que iria acontecer. Por isso, as conicidências com a série de números, todos os encontros pré-ilha entre os personagens; tudo eram sinais que algo conspirava para acontecer com eles; que seu futuro estava escrito. Isso explica as cenas com o vidente australiano aquele que, para Rose disse que não pode fazer nada por ela e, para Claire, que ela precisaria embarcar naquele exato vôo.

Nos 4 episódios da terceira temporada que já vi esta minha hipótese começa a ficar ainda mais explícita.

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Se você ainda não viu os primeiros episódios da terceira temporada, não leia a parir daqui!
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– Quando os Outros vêem o avião caindo, eles parecem já saber o que estava acontecendo; como se esperassem por aquilo.
– Desmond prevê que Locke irá fazer um discurso e acerta.
– Hurley diz que está tendo um deja vu.
– Desmond prevê que um raio iria cair sobre a tenda da Claire e Charlie e monta um pára-raio e salva os dois e o bebê.

O Código

O que esperar de um tema pop, em um livro pop, com repercussão extremamente pop, em uma adaptação hollywoodiana para o cinema? Pop, é claro. Eu sabia que veria o filme “O Código da Vinci” comparando o tempo inteiro com o livro. Todas as pessoas que leram – e não são poucas (cerca de 49 milhões até agora) – devem estar agindo da mesma forma. Levando isso em consideração, fiquei os 30 minutos iniciais do filme tentando esquecer que tinha lido sobre aquilo. Eu pretendia perceber o filme como um filme. Não sei se por este fato, a primeira metade me pareceu muito ruim. Entendi, então, por que o filme foi motivo de vaias e gargalhadas em sua estréia em Cannes. Todos os enigmas desvendados dentro do Louvre, no, digamos, primeiro ato, que, originalmente, levam mais de 10 capítulos para acontecer, não consomem mais do que 5 minutos de tela. No livro, já é uma baita apelação a história dos anagramas, imagine no filme. A minha próxima surpresa, foi o intervalo que o Capitólio fez depois de uma hora e 20 de projeção. Nunca eu tinha visto isso. Só quando fui ver uma sessão dupla de O Retorno de Jedi e O Império Contra-ataca, há mais de 15 anos. Claro que a pausa foi entre os dois filmes e não no meio de cada um. Quando a história dirigida por Ron Howard volta, tudo parece melhor. Cada fato acontece no seu tempo, apesar de uma certa correria ser inevitável para tentas teorias conspiratórias. A maioria delas precisou ser deixada de lado na adaptação. Aliás, adaptação bem fiel até, já que o próprio romance é bastante cinematográfico em si.

No final das contas, o filme ficou acima da média que eu esperava. Achei o fim do livro mais emocionante do que a forma escolhida para contá-lo na película.

Toda a grana disponibilizada em assessoria de imprensa e publicidade propriamente dita para aumentar a polêmica sobre o livro e o filme é claro que funcionou até para quem poderia estar à margem dos fatos. As ameaças da Igreja Católica em boicotar o projeto e as opiniões dos religiosos alimentaram ainda mais tudo isso. O que eu acredito é que o filme, mesmo cheio de teorias inventadas e, mesmo com grandes possibilidades de outras serem reais, acaba por ser de grande utilidade para a Igreja. Muita gente alheia à religião está sendo convidada a discutir sobre o assunto. Coisa que nenhuma escola católica ou mesmo outras ações da Igreja vêm conseguindo fazer com sucesso. A mensagem que o filme deixa, bem mais explicitamente do que o livro é que, às vezes, a fé é a única coisa que resta para as pessoas se agarrarem.

Dois Filhos

Mais faísca atrasada impossível. Só agora vi o aclamado, unânime e mais recente megasucesso do cinema nacional.

A saga da família Camargo não obteve nenhuma crítica desfavorável (que eu tenha lido), mesmo dos mais ácidos jornalistas. A Globo promoveu uma verdadeira campanha publicitário-jornalística, com segundas intenções ainda não muito claras pra mim. O fato é que com tanta gente falando bem é impossível assistir a “fita” com isenção no olhar. Minha cabeça era uma mistura de grande expectativa com rejeição pré-concebida, devido à grande exposição midianesca (adoro inventar palavras). As entrevistas que acompanhei narravam praticamente toda a história, inclusive sugerindo sensações para os mais diversos momentos. É claro que emoções agendadas não fazem parte do meu rol de sensações. Ou seja, a hora em que morre o irmão e o final de sucesso não me tocaram como sugerido. Minhas partes marcantes ficaram por conta de quando Luciano aparece em frente ao espelho, já crescido – como se estivesse ali para preencher uma lacuna deixada e dar prosseguimento ao sucesso que estava latente – e com relação à chamada música brega.

A popularidade desse e de diversos outros estilos me fez questionar com que direito eu e pseudodonos da arte e da “cultura” deste país temos a audácia de levantar a voz contra estilos musicais que, dentro de sua simplicidade, trazem a verdadeira alma do povo (do real povo) brasileiro.  Estou falando de letras que narram exatamente a vida, as sensações e os sentimentos de pessoas que existem e que realmente vivem ou viveram aquilo que é cantado intensamente, dentro de sua humilde e respeitável simplicidade.

Me contradizendo, do alto de minha arrogância “cultural”, mesmo sem conhecer os demais filmes que têm chances de serem indicados ao Oscar, aposto que 2 Filhos de Francisco não será. Não é pra tanto. Não é tudo o que falaram. A não ser que a Globo tenha mais poder do que suponho.