Como desativamos um blog que tínhamos em parceria, resolvi resgatar os posts que fiz, para não excluí-los da “história”. O blog chamava-se “Torcicolo – Impressões da Primeira Fila” – sobre cinema e afins. Aqui vai o primeiro post, de 15/10/2003, uma brincadeira com a Gabi, que adora a Fantástica Fábrica de Chocolate e… balas.
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TORCICOLO enviou ao sul do sul do país um repórter, especialmente, para entrevistar Gabi Wonka, sobre o filme A Fantástica Fábrica de Chocolate. Ela é a maior fã (de sua rua) do famoso filme que adoçou as Sessões da Tarde dos anos 80.
TORCICOLO – Gabi, desde que idade você curte a Fantástica Fábrica de Chocolate e como você foi apresentada à obra?
GABI WONKA – Não lembro a idade certa mas, assim como tudo mundo (que não é cretino), conheci o filme através da Sessão da Tarde. O filme ficou na minha cabeça como um filme sobre balas, só isso. O que, pra mim, não é pouca coisa. Mas há alguns anos atrás ouvi várias pessoas (adultas, não cretinas) comentando sobre o filme e resolvi voltar a assistir. Agora percebi que de infantil o filme tem muito pouco…
TO – Qual a sua maior sensação ao ver o filme? Fome, alegria, vontade de tomar água?
GW – Ir para “um mundo de pura imaginação… Vivendo lá você é livre… Se realmente quiser ser…”
TO – Com qual personagem você mais se identifica e por quê?
GW – Gosto do velho Wonka porque ele é uma pessoa muito “doce” (desculpem, desculpem) mas, ao mesmo tempo, é completamente louco. “Se deus quisesse que a gente caminhasse, não teria inventado os patins” – como não vou gostar do Wonka? E ele chega até a ser malvado com as crianças, mas você não consegue ficar brabo com ele, como o Hannibal. Sou só eu que gosto do Hannibal?
TO – Na passagem do túnel psicodélico o que você acredita que o filme pretende transmitir?
GW – Bom, para mim passa medo, porque várias vezes eu pulo essa parte… Me assusta. Essa cena mostra o lado piradão do Wonka, algo tipo “você pode ser uma criança grande, ou um adulto pequeno, você sempre vai ser meio atormentado”. Acho que pra época serviu como uma cena experimental de psicodelia. E assim como em tudo que é psicodélico, você não pode achar um significado único. Algumas coisas foram cortadas dessa cena, mas pra mim ela é um dos jeitos que o Wonka achou de testar o medo nas crianças. É tudo planejado, pois não tem lugar no barco pro Augustus e todos ficam assustados, menos o Charlie. Quem quiser, procure The Merchant of Venice, do Shakespeare, que tem várias citações…
TO – As más línguas dizem que Willy Wonka tinha segundas intenções com o menores que aliciava, quer dizer, contemplava. Ou seja, que o filme apresentava a fórmula perfeita para pedófilos agirem. Trocando em miúdos, as crianças aceitavam doces de estranhos. O que você pensa sobre isso?
GW – Isso quer dizer que eu não deveria aceitar doces de estranhos? Me surpreende em um filme “infantil”, o dono de uma fabrica de doces dizer que “doces são bons, mas a bebida é mais rápida/eficiente”. Muitas coisas ali no filme são insinuações a outras que não fazem parte do universo infantil… É difícil saber a pretensão do diretor e do roteirista, mas acho que muitas coisas dizem mais sobre a piração de quem assiste…
TO – Qual a música mais legal?
GW – As “oompa loompa doopa-de-do” são clássicas, mas minha preferida é a Pure Imagination, que o Wonka canta quando estão entrando na fábrica.
TO – O que acontecia com as crianças que iam desaparecendo durante o filme? Para onde elas iam? Elas morriam?
GW – Elas iam para o inferno, onde vivem as crianças-artistas que nunca mais fizeram filmes legais, junto com o Macaulay Culkin e aquelas guriazinhas que apareciam no programa dos Trapalhões.
TO – O que aconteceu com os outros 3 velhos que não se levantaram da cama?
GW – Ficaram na cama.
TO – Cogitam Nicolas Cage e Johnny Depp para estrelar um refilmagem do clássico. Você concorda com alguma dessas escolhas? Qual seria sua sugestão?
GW – Nicolas Cage é uma múmia, nem pensar. Eu ouvi falar que o Johnny Depp ia fazer… O que não me agrada nem um pouco. Ele vai fazer ou alguém muito atormentado ou muito imbecil. O Wonka foi imortalizado pelo Gene Wilder, com aquela mistura de loucura e bondade pura. Não vejo o porquê de uma releitura da Fábrica. Tenho o DVD e as cores são maravilhosas, o som também… Os efeitos são toscos, mas faz parte da magia. Tenho medo que uma nova versão vire uma groselha com açúcar da Disney, cheia de efeitos que só valem pelos efeitos, e a Christina Aguilera cantando a canção dos Oompaloompas. Ooo-oo-OOOO–Ooooom. paAaaAaaA.
TO – Qual sua sensação se você encontrasse um cupom dourado dentro de uma barra de chocolate?
GW – Se eu disser, vou ter que te matar.
TO – Qual a marca de chocolate que você mais gosta?
GW – Gosto muito do Nestlé-Alpino e do Hersheys ao leite. Também qualquer sabor de Toblerone… E das rapadurinhas de Nescau da minha vó. Não, rapadurinha não é só de coco/leite/amendoim. As melhores são as de Nescau.
TO – Deixe uma mensagens para todas as crianças.
GW – We are the music makers and we are the dreamers of dreams. E não se esqueçam do que aconteceu com o homem que conseguiu tudo que queria… ele foi feliz pra sempre.